23 de jan. de 2010

COLUNA DE NERY THOMÉ: O que o povo brasileiro pensa sobre o MST


Pense rápido: quando você ouve as palavras invasão, violência, prejuízo no campo e degradação da propriedade privada, o que lhe vem à mente? Para mim, há uma só resposta: as ações do MST – Movimento dos Sem-Terra em nosso país sobre a pretensa bandeira de luta em busca da reforma agrária.
Entrevistados pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística – Ibope, em pesquisa feita a pedido da Confederação Nacional de Agricultura, declararam que, ao ouvir a sigla que denomina o movimento social que existe há mais de 25 anos, lembram imediatamente das palavras invasão (69%) e violência (53%), sendo que apenas 38% associam as ações do movimento à luta pelos direitos.
A pesquisa foi feita para avaliar como a população brasileira encara o MST e sua aprovação quanto à criação da CPI Mista no Congresso Nacional cujo objetivo é investigar a origem e aplicação de seus recursos.
Segundo a pesquisa, 92% da população brasileira considera ilegal as invasões de propriedades feitas pelo MST, sendo que 85% dos participantes diz concordar com o dever de nossas autoridades em zelar o direito à propriedade, garantido pela Constituição Federal, usando para isso força de polícia (72%). Como o povo brasileiro já é conhecido por sua índole pacífica, 69% dos entrevistados diz ser contra o uso de armas pelos fazendeiros para defender suas terras.
Os resultados da pesquisa não surpreendem ninguém, afinal, sabemos que as ações do movimento mais atrapalham do que estimulam a reforma agrária, pois as mesmas prejudicam o desenvolvimento social e econômico do país.
Denúncias sobre as atrocidades e ilegalidades cometidas pelo MST pipocam aqui e ali, mas, infelizmente, uma parte significativa do governo federal prefere fazer como aquela figura já conhecida de três macacos que não ouvem, não enxergam e não falam nada. Ou melhor, como diz o ditado, pior cego é aquele que não quer ver.
Embora existam alguns exemplos de reforma agrária bem sucedida, os bons resultados são obscurecidos por denúncias diversas, que vão desde assassinatos, a devastação e destruição de áreas invadidas, depredação dos bens de propriedades, entre outras situações que, a cada dia, aumentam a tensão no campo e causam prejuízos ao desenvolvimento do setor que mais tem colaborado para que o país seja considerado o celeiro mundial.
Esta mais do que na hora também de cobrarmos de nossos representantes uma atitude mais consciente e séria para debater um assunto que é tão importante para o desenvolvimento do país.
Com a aproximação de mais um período eleitoral, veremos se a venda continuará tapando a visão de nossos representantes, pois iremos escolher o Presidente da República, governadores, senadores, deputados estaduais e federais. Mas quem realmente precisa retirar a venda somos nós eleitores, pois não é possível encarar tudo sob a ótica de que, como não faz parte de minha realidade, os problemas no campo não me atingem. Ledo engano. Como ainda é o agronegócio o responsável pelos nossos bons resultados na economia interna e externa, os a falta de apoio e investimento no setor poderá ser sentida futuramente, quando faltar comida nos lares brasileiros ou seus preços estiverem muito altos.
Nery José Thomé (foto) é engenheiro agrônomo e jornalista em Campo Mourão.

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