Enquanto a crise no mundo árabe faz o preço do petróleo disparar provocando aumentos generalizados, nesta semana no Senado brasileiro continuaram as “sérias” discussões sobre como manter o equilíbrio fiscal, equilibrar as contas, impedir a volta da inflação…
Acabou o clima de festa eleitoreira da economia, de maior crescimento do PIB (não aparece na hora de calcular o salário mínimo…),de recordes na arrecadação de tributos (só em janeiro mais de 91 bilhões), de gastança pública (despesas do governo federal cresceram 15% acima da inflação em 2010), de crédito fácil em até 84 meses, de conquista de apoio do povo às custas de “bolsas” sem ensinar a caminhar com as próprias pernas, desestimulando mesmo a trabalhar…
Se o PT fosse oposição chamaria a crise econômica atual de “herança maldita” do outro governo, mas agora chama de “ajustes fiscais” o aumento na taxa de juros, a restrição do crédito, o corte “profundo” dos 50 milhões de reais no orçamento da união, o mínimo “mínimo” sem acompanhar a inflação... Quando oposição, o PT prometia dobrar o valor do salário mínimo, argumentava que era socialmente injusto… Mas agora que estão do outro lado “balcão de negócios”, falam de austeridade…
Dissem que, elevando-se o mínimo a R$ 560,00 o governo teria gasto extra de R$ 3,5 bilhões. Mas, cada vez que o Copom eleva os juros em 0,25%, o custo da rolagem da dívida pública cresce algo como R$ 4 bilhões (Dilma fala em aumentar 0,75). Cobre os R$ 560,00 e sobra dinheiro. Mais uma vez o governo privilegia banqueiros e rentistas em detrimento do trabalhador de salário mínimo.
Então, porque não dão o exemplo e começam “AUSTERIDADE” em casa? Por que não aplicam o mesmo índice de aumento para si mesmo, os representantes do povo? Porque não cancelam o aumento de mais de 60% votado sem muitas discussões no apagar das luzes dos trabalhos legislativos em 2010? E já que voltam a formar comissões para debater as tão sonhadas “reformas” em todos os setores que pensem no povo que estão representando e votem medidas que enxuguem a máquina do governo, cortem gastos, impeçam que o suado imposto dos contribuintes saia pelos ralos do poder, melhorem o sistema eleitoral, agilizem a justiça para punir os culpados…
Por falar em lentidão da justiça, uma ação do MPF acusa Lula e o ex-ministro da Previdência Amir Lando (PMDB) de improbidade administrativa. No final de 2004, segundo ano do primeiro governo Lula, 15 dias após assinar acordo com o BMG, (o banco de Minas que em 2005 apareceu no mensalão) o INSS enviou 10,6 milhões de cartas (custo de R$ 9,5 milhões), informando aos brasileiros aposentados que podiam obter empréstimos consignados com juros reduzidos. O MPF pede à Justiça que condene Lula e Lando a devolver o dinheiro ao Tesouro…
E a devolução das “doações” do BMG aos mensaleiros… Mas esse é outro processo na justiça em lento julgamento. Infelizmente o povo tem memória curta, já relegeu muitos “ficha suja” e estão até presidindo comissões de justiça (Cunha em Brasilia, Justus no Paraná…).E o povo vai continuar pagando a conta… Já estão falando na volta do CPMF com outro novo NOME. Não basta os quase cinco meses de trabalho (40% de carga tributária) que são “doados”ao governo pelos trabalhadores e não retornam em benefícios. Pagamos impostos de primeiro mundo e temos apagões em todos os setores: saúde, educação, estradas, portos, aeroportos…Prá onde vai tanto dinheiro???
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC.