1 de fev. de 2011

COLUNA DO PROFº MACIEL: E se eles não tivessem morrido?


“Não desejo morrer pela paralisação progressiva das minhas faculdades, como um homem vencido. A bala de meu assassino poderia por fim à minha vida. Acolhê-la-ia com alegria”.
Mahatma Gandhi

Há 63 anos, 30 de janeiro, Mahatma Gandhi foi assassinado. Um dos mais fascinantes personagens da História mundial, protagonista da independência da Índia. Adepto da não-violência – “Não-violência é a lei de nossa espécie, assim como a violência é a lei do bruto. O espírito, dormente no bruto, não sabe de nenhuma lei que não a do poder físico. A dignidade de homem requer obediência a uma lei mais alta, a força do espírito”. – foi vítima do fanatismo religioso e político entre hindus e mulçumanos.
Figura física magra apoiada no cajado, óculos redondos e pequenos, calvo, fino bigode, trajando roupas brancas que, conforme as vestes, lembravam fraldas, espelhavam o desapego material, haja vista a maneira simples como vivia. Tanto assim que, ao visitar o rei da Inglaterra, no Palácio de Buckingham, o soberano perguntou-lhe como estava a Índia e Gandhi respondeu apontando para os membros descarnados e para a tanga deselegante: “Olhe para mim, e saberá como está a Índia”.
Foi necessário Gandhi ser assassinado para que efetivamente a Índia conquistasse a sua independência.
Na História mundial ou a de uma tribo se encontra o drama entre povos em si ou contra outros, mártires e heróis, conquistas e revezes, o que torna praticamente inevitável a morte para que haja a ruptura, a concretização de ideais sonhados?
A crucificação de Jesus Cristo possibilitou o surgimento do cristianismo e da religião. E se ele prosseguisse pregando a palavra, morresse idoso, qual seria o papel dele na história?
Assim como Gandhi e Jesus, Martin Luther King sabia que a vida corria tanto perigo que seria iminente uma tragédia. Decidido a mudar a história dos Estados Unidos e contribuir para a causa mundial pelo fim do racismo, Luther King não recuou. A morte dele no dia quatro de abril de 1968 foi crucial para que os negros começassem a ser tratados como gente. O enforcamento de Tiradentes teve enorme influência na luta pela autonomia do Brasil, pois ele deu a própria vida pela causa libertária do povo.
As grandes causas em favor de um mundo fraterno, de dignidade, paz e justiça só se conquistam com muita luta e morte? A História adverte neste sentido. Entretanto, existe uma notável exceção, Nelson Mandela. Ele é o personagem vivo mais importante da atualidade e do século anterior. Viveu para libertar e conduzir o seu povo sul africano. Não sem drama, o martírio lhe custou 27 anos de prisão. O prêmio Nobel da paz concedido a Gandhi e Mandela foi uma forma de o mundo se redimir das vezes que não deu a atenção até que os rumos da história proporcionassem transformações.
Luther King proferiu um dos mais emocionantes e importantes discursos, “Eu tenho um sonho”, a mensagem confirma o seu posicionamento em favor da não-violência, inspirado em Gandhi. O pastor estadunidense, noutro momento, se referiu ao indiano: “Gandhi foi infalível. Se a humanidade tem de progredir, Gandhi é imprescindível. Ele viveu, pensou e agiu inspirado por uma visão da humanidade evoluindo para um mundo de paz, e harmonia. Se o ignorarmos, o risco será nosso”.
Fases de Fazer Frases (I)
Verbalizar não basta, é preciso que as palavras tenham vida.
Fases de Fazer Frases (II)
O vazio do tédio só pode ser preenchido pela angústia profunda.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Nos Classificados deste Jornal chamou atenção o anúncio no subtítulo Diversos: “Pastel & Cia. Vende-se, motivo: Não é do ramo”. É a sinceridade nos negócios. Foi no último dia 18.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Há muitos anos, a Gazeta do Povo publicou um anúncio que parecia piada, mas estava na página de classificados: “Vendem-se malas. Motivo, viagem”.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
É comum anúncios trazerem o motivo da venda, evitando suspeitas indevidas, do tipo alguém põe à venda um estabelecimento comercial, se o ponto é bom, então qual a razão para vendê-lo? Se o motivo aparece, enganos podem ser evitados.
Olhos, Vistos do Cotidiano (IV)
Ao saber que o anúncio seria cobrado pelos centímetros um senhor pão duro, queria comunicar o falecimento da mãe dele. Ao saber que cabiam mais dizeres pelo mesmo preço, não titubeou, com o pesar, acrescentou: “Vendo Chevette 78”.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Nem sempre o novo para existir significa que o velho tem que desaparecer. Um dos herdeiros da Faber Castel, ao ser perguntado se a fábrica de lápis que tinha não estaria fadada a desaparecer, o empresário respondeu com uma pergunta pertinente: “Se você deixar numa gaveta durante 50 anos caneta e lápis, qual dos dois irá funcionar com certeza?”
Reminiscências em Preto e Branco (II)
O novo não invalida o velho. Quando surgiu a fotografia entusiasticamente se afirmou que os pintores morreriam de fome, pois tudo seria instantâneo e “perfeito”. Com a modernidade das câmeras digitais qualquer um fotografa. E pintar um quadro?

José Eugênio Maciel é Colorado, mourãoense, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras. Escreve sua coluna aos domingos no jornal Tribuna, republicada durante a semana neste BLOG.

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