QUEM É GILSON MENDES DE GOIS? Nasci em
Nova Cantu (PR), em 14 de Novembro de 1964, sou casado com Cecília Regina Sefrin de
Góis há 24 anos e pai de Daniela Natália e Rafaela e avô do Gustavo.
COMO SE DEFINE? Ainda um sonhador.
ONDE E COMO FOI A SUA INFÂNCIA? Minha infância foi
em Nova Cantu, na
zona rural daquela cidade, num lugar conhecido por Rio do Peixe. Aliás foi lá
mesmo que eu nasci. Até os seis anos de vida, eu transitava entre a casa dos
meus avós maternos e dos meus pais, quando viemos definitivamente morar em
Campo Mourão, pois quando eu tinha um ano, meus pais moraram aqui durante
alguns meses. Cresci lá na Vila Rio Grande (Rua Porto Alegre), Depois nos mudamos para
o Jardim Tomazi, pertinho do Asilo, onde eu vivi até os 14 anos. Em 1978, nos
mudamos para a Vila Urupês, local que vivo até hoje.
COMO FOI SUA ATUAÇÃO NA JUVENTUDE E ONDE? Na juventude, eu atuei em
grupos de jovens da antiga
Paróquia Nossa Senhora Aparecida, hoje Santuário
Diocesano. Também militei no movimento estudantil até os 20 anos de idade,
vivíamos o fim da ditadura civil/militar que foi deflagrada em 1964.
Era uma época de sonhos todo jovem tem certeza que vai mudar o mundo
para melhor; e eu não era diferente, era um idealista, um sonhador e tinha
certeza de que o Brasil era o melhor país do mundo.
QUE HISTÓRIAS OU FATOS LEMBRA? Uma das histórias marcantes envolvendo a
história mourãoense e a minha, foi o fato ocorrido quando da pretensão da
empresa Kepler Weber em instalar em Campo Mourão uma fábrica. Me lembro
nitidamente (só não tenho certeza do ano, se 1973 ou 1974). Mas o fato é que
reuniram todas as crianças do município no Cine Plaza, mostraram-nos como era a
empresa, como a mesma influenciaria no desenvolvimento da cidade e da região,
distribuíram brindes, revelaram que a “pedra fundamental” da empresa estava
inaugurada. Nos encheram de esperança, depois, por mistérios inexplicáveis,
simplesmente não ocorreu a instalação da referida empresa. Mesmo eu sendo criança,
lembro disso como uma grande frustração que marcou minhas lembranças.
DESDE QUANDO EM CM, POR ONDE PASSOU E O QUE
FAZ HOJE? Cheguei em Campo
Mourão definitivamente em 1970. Nos primeiros anos, moramos em diversos lugares
da
cidade, Vila Rio Grande, Lar Paraná, depois voltamos para o Jardim Tomazi e
finalmente fomos para a Vila Urupês. Em 1997 eu e minha família fomos tentar a
vida em Curitiba, foi uma aventura - inclusive fui pizzaiolo na Capital- que só serviu para aumentar o apreço por
Campo Mourão.
COMO FOI SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? Minha trajetória profissional se
deu até hoje no serviço público. Inicialmente no Município onde comecei com
Agente de
Saúde no ano de 1985. No ano seguinte fui para o Secretaria Estadual
de Saúde, na qual permaneço até hoje, trabalhando no Hemonúcleo, como auxiliar
de enfermagem.
Todavia, sou professor de Língua Portuguesa e Inglês, pois me graduei
em Letras no ano de 1998, pela Fecilcam. Em 2014 me tornei professor
de História pela Unespar, mas nunca exerci esta profissão admirável.
O QUE FEZ NO SEU TRABALHO QUE NÃO FARIA DE NOVO? Definitivamente: não trabalharia em desvio de função.
E A SUA ATUAÇÃO NA COMUNIDADE? Minha atuação na comunidade se deu e se
dá essencialmente em voluntariado na Igreja Católica, colaboro com algumas
instituições de assistência, assim como faço parte do Conselho Municipal de
Cultura.
COMO ENTROU A CULTURA E EDUCAÇÃO EM SUA VIDA? A educação chegou um pouco
tardiamente em minha vida, pois comecei a estudar aos nove anos. Penso que a
partir de então, a cultura veio como conseqüência, pois como desde o princípio,
minha inclinação para literatura começou a se materializar, foi como uma trilha
natural que não poderia deixar de ser seguida.
COMO ENTROU A ACADEMIA DE LETRAS EM SUA VIDA? Minha ida para a
Academia Mourãoense de Letras (AML), foi uma das maiores surpresas da minha
vida. Isto ocorreu no ano de 2003 e foi surpreendente, porque era um ilustre
desconhecido como escritor (ainda sou), risos...
Mas eu tive meu primeiro
romance (A coruja e a lagarta) escolhido num concurso da Secretaria Estadual de
Cultura, do qual apenas dois foram selecionados no Paraná para publicação no
memorável ano de 2002.
Lembro que neste ano, Campo Mourão mostrou uma grande força literária,
pois tivemos outros dois selecionados em outras categorias literárias – o
Osvaldoir Capeloto com Poesia e o saudoso Amani Spachinski de Oliveira com
contos infantis.
Não posso afirmar com certeza, mas no meu coração, há uma quase certeza
de que teve o dedo do Amani na minha indicação para a Academia.
QUAL A IMPORTÂNCIA DA AML EM SUA VIDA E PARA A SOCIEDADE? Depois que
assumi a cadeira 11, cujo patrono é o professor Domingos José de Souza, posso dizer que fui um acadêmico muito dedicado, como sou
com todos
meus compromissos e assim, logo na primeira eleição da nova
diretoria, passei a fazer parte da mesma sendo tesoureiro por dois
mandatos consecutivos. Depois vice-presidente e por fim, tive a honra de ter
sido presidente desta instituição no biênio 2010/12.
Como importância, destaco o amadurecimento através do contato com outros
acadêmicos tanto da própria casa como de outras Academias do Paraná, o que
sempre ajuda a aprimorar o nosso fazer literatura. E o fato de ser membro
da
AML, sem dúvida traz um orgulho incomensurável ao escritor e membro que dela
participa.
Para a sociedade, penso que as Academias de Letras em geral e a nossa
tem o importante papel de zelar pelo vernáculo pátrio, nossa tão amada língua
portuguesa, bem como incentivar a criação literária em nossa região.
COMO AVALIA A GESTÃO DO PRESIDENTE JAIR ELIAS A FRENTE DA ACADEMIA MOURÃOENSE DE LETRAS 2014/16? Sobre a gestão do ex-presidente da AML, Jair
Elias, posso dizer, sem medo de ser injusto com as anteriores, que foi
historicamente a melhor gestão que
tivemos frente a nossa Academia, senão
vejamos, ele conseguiu, evidentemente, com o apoio de todos os acadêmicos,
cumprir a quase totalidade das metas traçadas, as quais seriam: completar as 40
cadeiras, bem como fortaleceu a instituição do ponto de vista formal, mas penso
que sua maior vitória, foi a de projetar a Academia Mourãoense de Letras a um
patamar superior, inserindo-a na história mourãoense de forma sólida e com o
devido reconhecimento da sociedade local.
QUAL SUA EXPECTATIVA DA PRÓXIMA GESTÃO DA AML TENDO ESTER DE ABREU PIACENTINI PRESIDENTE? Em relação à próxima diretoria, ora comandada
por Ester de Abreu Piacentini, não tenho nenhuma dúvida que também será uma
excelente administração, tendo em vista a experiência, a coragem e o
empreendedorismo de nossa nova presidente. Penso que teremos outra gestão muito
positiva e desejo a ela muita sorte na empreitada.
QUAIS, ENTRE TANTAS, SÃO EXPERIÊNCIAS QUE NÃO SAEM DA MEMÓRIA? Eu tenho
muitas e memoráveis experiências: casamento, nascimento das filhas, do meu
primeiro neto, alegrias em família. Mas tenho duas que são muito marcantes e
relacionadas à literatura.
A primeira ocorreu em 1992 quando eu venci dois concursos literários da
fundação cultural de Campo Mourão, o de contos e o de histórias infantis. Posso
dizer que a certeza de que eu me tornaria escritor ocorreu com este fato.
Eu estava muito feliz e para coroar tudo, minha filha caçula,
Rafaela
nasceu exatamente no dia da premiação. Lembro nitidamente de ter deixado minha
esposa no antigo hospital Anchieta e ir receber a premiação naquele dia 22 de
dezembro. Eu era a pessoa mais feliz do mundo.
O outro fato ocorreu quando de nossa viagem para o lançamento do meu
primeiro livro em 2002. Foi quando eu conheci o Osvaldoir Capeloto (foto) - um dos
maiores poetas do Brasil e ponto-, e pude começar naquele dia uma convivência
mais apurada com o Amani Spachinski de Oliveira, que já conhecia, mas até então
não tínhamos relacionamento.
Pois bem, além da alegria do fato de irmos até Curitiba para um
lançamento estadual de nossos livros, ocorreram alguns contratempos. A empresa
de ônibus vendeu duas passagens duplicadas e a saída atrasou. Ocorre que aquele
era o último
horário. Aí o Osvaldoir e eu decidimos que iríamos na frente na
antiga salinha de estar que os ônibus leito ainda tinha. Pois bem, fomos
“proseando” até perto de Palmeira, quando o sono nos venceu e dormimos no
assoalho do ônibus.
Estávamos cansados, mas o dia que nascia, quando chegamos em Curitiba,
naquele 02 de setembro, prometia ser memorável, como foi.
QUAL O ESPORTE PREFERIDO, ÍDOLO E TIME? Meu
esporte favorito, como o da
maioria dos brasileiros é o futebol. Meu time, desde 1978 é o Santos. E por
incrível que pareça, não tenho ídolos no futebol apesar de ter visto jogar
grandes gênios. Meu ídolo esportivo foi Ayrton Senna.
COMO ANALISA A CULTURA ATUAL EM CM E NO BRASIL? Bem, como historiador, poderíamos analisar a cultura por diversos
ângulos, já que a própria palavra ´cultura´ traz várias interpretações. Mas
acho que não é o caso da pergunta.
No que diz respeito as manifestações artísticas culturais de Campo
Mourão, penso que estamos bem, estas manifestações continuam ocorrendo ou
acontecendo de
forma a nos premiar sempre com novos talentos e manifestações
legítimas do modo de viver do mourãoense.
Todavia, penso que poderia ser melhor, apesar de estarmos entre as
melhores gestões culturais do Paraná e do Brasil. Acredito que dá para melhorar
e aqui estou falando pontualmente de mais investimentos tanto do setor público,
como do privado, pois talentos temos muitos. Mas talentos, no meio artístico,
não brilham por si, principalmente no inicio de uma carreira. Precisam de um
suporte, de um apoio para conseguir voar sem ajuda e se firmar no mundo
artístico até atingir o reconhecimento do público.
QUAL MANCHETE FICOU NA HISTÓRIA DE SUA VIDA? Uma coisa que marcou muito
minha memória foi uma manchete mundial que chocou o mundo. Eu estava
trabalhando com a equipe do Banco de Sangue em Barbosa Ferraz. Quando fomos
almoçar, a televisão do restaurante não falava de outra coisa. Era 11
de setembro de 2001. Eu disse para meus colegas de trabalho, apesar de ainda
não ser historiador: estamos diante de um fato que vai mudar a história.
Acredito que aquela ousadia monstruosa de uma organização terrorista,
apesar de repugnante, deveria ao menos ter servido como alerta sobre valores
que o mundo ocidental acreditava imutável, como a própria segurança da América,
nosso modo de vida que não olha para o outro e nem dá o devido respeito
(cultura, religião, opção sexual, cor, etc).
Mas parece que não serviu muito, pois o mundo continua da mesma forma,
exceto pelo aumento de vozes que se calaram por séculos, que gritam por meio do
terrorismo. Não há aqui um juízo sobre se está certo ou errado. Mas acredito
que se há de buscar as razões para estas revoltas estarem aflorando agora de
forma tão brutal.
QUAIS MOMENTOS FICARAM NA HISTÓRIA DE SUA VIDA? Geralmente os momentos bons estão relacionados a vida familiar:
casamento, vitórias dos filhos, etc. E as tristezas, geralmente tem a ver com a
perda de entes
queridos, que sempre nos machuca muito.
Em se falando de coisas boas, no campo individual, o que marcou muito
minha vida foi o fato de vencer o concurso que publicou meu primeiro livro em
2001 (publicado em 2002). E mais recentemente, a aprovação de publicação de
mais dois romances por uma editora do Rio de Janeiro. Penso que estas vitórias
estão consolidando minha carreira de escritor.
NB: No dia 1º de junho, Gilson lançará a obra "O Destino da Cecília".
QUAL JOGADA QUE, SE PUDESSE VOLTAR NO TEMPO, JAMAIS TERIA FEITO? Ninguém
é perfeito, cometi alguns erros no campo pessoal, que me arrependo
profundamente, contudo, também tenho a convicção de que se não os cometesse,
não saberia dessa amargura. Isto parece ironia, mas é uma verdade cristalina.
ÉTICA EM UMA FRASE É... Para um individuo ter sua ética testada ele
precisa passar por uma situação de conflito.
Filosoficamente, ética tem uma definição diferente, mas para mim eu
adotei a seguinte diretriz: faço para os outros, aquilo que acredito que para
mim seria bom, em todas as situações de conflito, assim, sempre durmo tranqüilo
e creio que minha atuação na sociedade, apesar de imperfeita é satisfatória.
Então, deixando de ser prolixo, em uma frase: Dar aos outros aquilo que
gostaria de receber.
CITE TRÊS PERSONALIDADES ESPORTIVAS EM
CAMPO MOURÃO. Idevalci Ferreira
Maia, Itamar Tagliari e
Ilivaldo Duarte.
CITE TRÊS PERSONALIDADES (FORA DO ESPORTE) EM CAMPO MOURÃO. Amani
Spachinski de Oliveira (in memoriam), José Aroldo Galassini e Mara Cristina dos
Santos Oliveira.
O QUE AINDA NÃO FEZ QUE, SE TIVESSE CONDIÇÕES, AINDA GOSTARIA DE FAZER? Eu
gostaria de viajar para outros países.
JOGO RÁPIDO
MÚSICA: Porto Solidão com Jessé.
UM LIVRO: Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa
UM AUTOR: Gilson Mendes de Góis (risos) o outro seria Cristóvão Tezza.
UM PROFESSOR: Vera Alice de Oliveira Basso.
UM SONHO: Ser Prêmio Nobel de Literatura (risos)
SAUDADE? DO QUÊ E DE QUEM? De todos os meus avós que se foram.
MOMENTO INESQUECÍVEL? São muitos (graças à Deus)
HOBBY: Praticar a arte do bonsai.
MANIA: Se tenho, os outros que digam!
PROGRAMA: Tocando de primeira. (Abaixo, com Jair Elias no Tocando de Primeira em homenagem a Gilmar Cardoso, fundador da cadeira número 01 da Academia Mourãoense de Letras)
TÍTULO:Professor
FRUSTRAÇÃO: Ainda nenhuma.
FAMÍLIA É: O pilar mais forte de qualquer sociedade ou cultura.
RELIGIÃO É: Um apoio para qualquer sociedade ou cultura.
A CAMPO MOURÃO DO PRESENTE É: Eterna promessa de progresso.
A CAMPO MOURÃO DO FUTURO: Uma promessa a ser cumprida.
O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA É... De mudança para melhor, de alegria e de muita esperança...
QUEM GOSTARIA DE VER HOMENAGEADO AQUI NO BLOG? Mara Cristina dos Santos Oliveira.
QUAL O SENTIMENTO DE RECEBER ESTA HOMENAGEM E PARTILHAR UM POUCO DA SUA
VIDA E DA SUA HISTÓRIA? Feliz, mas tenho certeza de que não merecia.
QUAL PERGUNTA QUE NÃO FOI FEITA QUE GOSTARIA DE TER RESPONDIDO? Foram
muitas, mas ainda bem que você não me perguntou sobre a política no país.
Porque eu teria muita pouca coisa boa para falar.
QUAL O RECADO PARA OS LEITORES DO BLOG? Leiam muito, sejam felizes e
dêem aquilo que acham bom para si.
NOTA DO BLOG: no próximo dia 1º de junho, quarta-feira, Gilson Góis irá lançar sua mais nova obra. Parabéns.