"Desde pequeno algo em mim me encantava na vida sacerdotal e na Igreja. Claro que não entendia nada, e nunca tive a oportunidade de conversar sobre isso dentro de casa e nem mesmo na catequese. Pouco se falava sobre vocação no ambiente do meu dia a dia. Com isso penso que, quando há o chamado de Deus, ele sempre encontra um jeito de nos aproximar do seu coração." A afirmação é do jovem sacerdote Adilson Mitinoru Naruishi, atual pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Campo Mourão.
Padre Adilson está completando este mês uma década como servo de Deus e recebe homenagem aqui no Blog na tradicional ENTREVISTA DE DOMINGO.
Ele conta um pouco da sua história, da sua vocação e das realizações nas dimensões sociais, educacionais e evangelizadoras nesses dez anos de padre. Ótima leitura com o desejo de que possamos rezar e agradecer a Deus por sua vocação, sua santidade e fidelidade, e agente de transformação para o bem das pessoas e do reino de Deus.NOTA DO BLOG - Na manhã do sábado, 17 de dezembro 2022, padre Adilson foi surpreendido com uma homenagem especial pelo jornalista Ilivaldo Duarte, no programa Tocando de Primeira, na Rádio Colmeia FM. Para assistir ou rever o programa, copie ou acesse https://www.facebook.com/colmeianewsfm/videos/901472397930635 QUEM É ADILSON MITINORU NARUISHI? Sou filho de Carlos Mitinori Naruishi (in memoriam) e Aparecida da
Silva Naruishi. Nasci no dia 26 de maio de 1981 em Campo Mourão e sou o
caçula de sete irmãos, dos quais duas mulheres (Clarice e Cleunice) e quatro irmãos homens (Aulino, Paulo,
Claudinei e Edson).
COMO SE
DEFINE? Como é difícil falar de nós mesmo. Sou um sonhador.
Gosto de muitas coisas. Me considero uma pessoa alegre, disposto, ansiosos,
prestativo, curioso, perfeccionista, observador, confiante, criativo,
tolerante, extrovertido, flexível, honesto, otimista, determinado, pontual,
persistente, observador, ponderador, altruísta, realista, leal, sensível,
prático, bem humorado, empático, amante da vida.
COMO ACHA
QUE OS OUTROS TE VÊEM? Gostaria que os outros
vissem isto em mim. Sei que tenho muitas
pessoas boas ao meu lado, que caminham
comigo, que gostam de mim. Essas mesmas pessoas as vezes tem medo de estarem ao
meu lado, pois a primeira impressão é que sou uma pessoa muito séria, bravo.
Mas aos poucos vão descobrindo que não sou mal. Gosto de pensar que as pessoas
gostam de mim. Que se surpreende comigo.QUAL SEU ESTILO? Sou meio maluco. As vezes coloco as pessoas em algumas enrascadas com meus improvisos. Tenho que aprender muito ainda a ser uma liderança. Sinto falta disso. Às vezes me confundo com o tradicional e o moderno. Mas no geral sou prático.
ONDE E ONDE
FOI SUA INFÂNCIA? Nasci quando meus pais viviam em uma comunidade chamada Alto Alegre
(aqui em Campo Mourão). Muito novo vim para cidade. Moramos muitos anos no
Jardim Aeroporto. Depois mudamos para o Mato Grosso.
Minha infância foi bem
dividida. Não tenho amigos de infância porque sempre tive que deixá-los para
traz. Tenho poucas lembras marcantes. Gostava muito de brincar e estudar. Sempre
gostei de coisas estranhas.
Meu primeiro animal de estimação foi uma Ema, mas
meus pais não quiseram que eu criasse. Acabei soltando ela, pois disseram que
ela iria crescer. Nem sabia que bicho era. Depois tive uma tartaruga, mas tive
que soltar ela, pois descobri que ela cresceria e daria muito trabalho.
Lembro que
minha infância sempre foi muito alegre. Mesmo nas dificuldades financeiras da
minha família, nunca me deixaram faltar nada. As vezes não tinha tudo que eu
queria, mas eles me ensinaram a lidar com essa realidade, talvez por isso
acabei tendo que me tornar uma pessoa criativa.
Meus pais me
ensinaram a ser honesto e trabalhador.
Hoje o que me orgulha em relação a meu
pai, é encontrar seus antigos patrões e ouvir deles que o meu pai foi um grande
funcionário. Minha mãe sempre muito dedicada, prestativa, guerreira, mulher de
fé, forte. Não tem como pensar nela sem se encher de orgulho.ONDE ESTUDOU E QUE CURSOS FEZ? Minha primeira educação foi na Escola
Maria do Carmo Pereira em Campo Mourão. Depois teve as mudanças, até voltar
novamente para Campo Mourão. Conclui o Ensino Médio no Colégio Unidade Polo.
Como seminarista me formei em Filosofia (licenciatura) pela PUCPR – Campus
Maringá e Teologia (bacharelado) na PUCPR – Campus Londrina. Também tive a
oportunidade de fazer uma especialização em Cultura e Meios de Comunicação pela
Faculdade de Ciências Sociais e SEPAC Paulinas – PUC São Paulo.
COMO FOI SUA TRAJETÓRIA? Profissionalmente não tive a oportunidade de trabalhar muito. Cedo fiz
uma
experiência administrativa no escritório diocesano da RCC em Campo Mourão.
Depois, decidi ir para o Japão, pois para lá já tinha indo meu pai e meus
irmãos. Alguns ainda estavam lá na época. Em janeiro de 2000 embarquei para o
Japão pela primeira vez. Fiquei até dezembro do mesmo ano. Depois voltei para
lá em dezembro de 2002 e retornei para o Brasil em junho de 2003.Costumo
pensar que a vocação ela já é plantada dentro de nós no dia da nossa concepção.
Não que seja uma predestinação, mas como uma forma de vivermos o amor de Deus
em nossas vidas. Ao longo dos anos vamos nos descobrindo, nos conhecendo e
vendo como melhor podemos viver nossa fé.
Não são os
méritos humanos que nos coloca na frente de Deus para sermos chamados para esse
ministério. Se assim fosse, homem algum poderia ser padre, pois até hoje, nunca
encontrei um padre santo. Todos somos cheios de defeitos, fragilidades,
pecados, etc. Mas mesmo assim Deus nos escolhe. E aqui está a beleza do amor de
Deus e sua misericórdia. Àquele que muitas vezes é desprezado pelo mundo, é
reconhecido por Deus como uma pedra preciosa, pois Deus vê no ser humano o que
nenhum outro consegue enxergar.
Costumamos
valorizar as pessoas por aquilo que ela faz e produz. Deus a partir do que
somos em nossa essência. Isso é muito bonito.
Existe uma
frase da oração do ano da Misericórdia (2015-2016) que diz:
“Vós quisestes que
os Vossos ministros fossem também eles revestidos de fraqueza para sentirem
justa compaixão por aqueles que estão na ignorância e no erro: fazei que todos
os que se aproximarem de cada um deles se sintam esperados, amados e perdoados
por Deus.” Essa é a verdade do ser padre que me anima em todos os momentos.
Por isso posso
dizer que desde pequeno algo em mim me encantava na vida sacerdotal e na
Igreja. Claro que não entendia nada, e nunca tive a oportunidade de conversar
sobre isso dentro de casa e nem mesmo na catequese. Pouco se falava sobre
vocação no ambiente do meu dia a dia. Com isso penso que, quando há o chamado
de Deus, ele sempre encontra um jeito de nos aproximar do seu coração.
Foi durante
minha catequese que comecei a refletir um pouco mais sobre o assunto. Na época
já morava no território do Santuário Nossa Senhora Aparecida na Vila Urupês.
Nessa paróquia fiz a primeira Eucaristia e a Crisma.
Lembro que
um dia um catequista chegou para três amigos, entre eles estava eu, e disse: um
de vocês será padre e outro irá casar. Nunca pensei que o ser padre seria para
mim. Mas naquele momento, penso que Deus já estava falando claramente para mim,
eu que não queria escutar.
DESDE QUANDO ESTÁ ENVOLVIDO NA IGREJA?Durante
minha adolescência, após a crisma, comecei a me envolver pastoralmente mais com
a Igreja. Esses dois amigos e eu, começamos a participar do grupo de
Adolescente (Shalom Adonai – RCC) do Santuário. Mas a intenção era só
participar mesmo.
Os dois amigos foram chamados para participar do grupo de
canto. Um dia eu fui no ensaio deles (lembro
que era para a Campanha da
Fraternidade de 1997). (foto, o cartaz da CF 1997). Chegando lá, não tinha o que fazer, peguei o microfone e
comecei a ensaiar juntos. Pronto, a partir daquele momento, super desafinado,
comecei a participar do grupo do ministério de música. Fiquei porque todos eram
ruins, então, a minha desafinação não fazia diferença.
Foi a partir
desse momento que comecei a me aproximar do padre Reinaldo Kuchla (Foto). Ele era um
homem difícil de conviver, mas seu testemunho, criatividade, dedicação e amor
pelo servir, de certa forma foi inspiradora para mim.
Em 1999,
quando dom Mauro já era bispo coadjutor da diocese, eu peguei uma carona com
ele voltando de um TLC em Araruna, para Campo Mourão. Lembro que foi a viagem
mais longa que já fiz na minha vida.
Quando entrei no carro, antes mesmo de
perguntar meu nome, ele perguntou: você nunca pensou em ser padre? Naquela hora
eu congelei, e um filme passou em minha cabeça. Minha resposta foi curta e
única: não!
Não lembro o
que conversamos depois, só lembro que aquilo ficou ecoando em mim o tempo todo,
e me deixou inquieto.
Depois fui participar
de um encontro de jovens em Umuarama, nessa época eu estava namorando e me
preparando para fazer vestibular. Durante o encontro, o pregador pediu que
todos os jovens que sentisse no coração o desejo de discernir a vocação, que se
ajoelhasse, e os amigos que estivesse do lado, estendesse as mãos e rezasse por
ele. Naquele momento me acanhei por causa da namorada que estava ao meu lado. Um
amigo se ajoelhou, e naquele momento eu dizia para Deus que mesmo não
ajoelhando, que ele me desse uma resposta e me encorajasse para tomar a
decisão.
No fim do
encontro, voltando para casa, já dentro do ônibus, esse amigo deu a notícia que
iria para o seminário. Quando ele passou abraçando cada um, eu disse em seu
ouvido: não fala para ninguém, mas eu também vou.
Quando
chegamos em casa, ligamos um para o outro, e ficamos a madrugada toda no
telefone conversando sobre o assunto, rezando e decidindo o que iriamos fazer
no dia seguinte.
No outro
dia, fomos até a casa da assessora do nosso grupo, a Dona Ana, compartilhamos
com ela, e ela nos levou até o padre Reinaldo. O padre Reinaldo imediatamente
ligou para o bispo e falou de nós, pedindo para marcar um dia e irmos na cúria.
No dia marcado, fomos até o bispo que nos acolheu muito bem. Após isso, a coisa
começou a ficar complicada. Como contar para os pais e família. Como deixar
tudo, os sonhos, os projetos, a namorada, etc.
Em relação
ao falar para as pessoas, foi mais fácil que eu imaginava. Todos acolheram
muito bem e me apoiaram muito. Menos a namorada.
A primeira
coisa que marcou bastante minha decisão foi o término do namoro. Lembro que era
véspera da Páscoa. Ela havia preparado uma cesta enorme com chocolates para me
dar. No fim, meus amigos comeram os chocolates e eu nem um bombom.
Depois tinha
o apego a um sonho que tinha realizado, a aquisição de um carro. Quando voltei
do Japão, realizei o sonho de todo jovem, ter um carro. Na época
era um carro
maravilhoso. Um Santana 2000 da VW. Ele era usado em nossas missões, passeios
com a família, festas com amigos, etc. Eu me achava o cara com aquele carro. Certo dia, as irmãs da Copiosa Redenção me pediram para levar algumas jovens em
um encontro vocacional em Ponta Grossa. Assim fiz. Na volta, já noite, quando
chegamos perto de Turvo - 38 km de Guarapuava), do nada, o carro começou a pegar fogo. Deu tempo de
tirar nossas coisas. Algumas pessoas pararam para prestar socorro. Tentaram
apagar o fogo até com extintores de caminhão e nada. Parece loucura, mas a
impressão é que era para pegar fogo só no carro mesmo. Sinal disso é que uns
rapazes levaram minha carteira embora, depois voltaram para devolver, sem o
dinheiro, mas com todos os documentos. Depois teve o fato de que era inverno, o
mato seco e o carro pegando fogo no acostamento, com os pneus derretendo, o
fogo corria no meio do mato e não queimava nem a grama. Eu fiquei sentando do
outro lado da rodovia, só vendo o carro terminar de pegar fogo. Não tinha
seguro. Só sobrou a lata do carro. Ficou irreconhecível.
Em uma
conversa que tive com Dom Mauro na época que estava sendo acompanhado, uma das
coisas que eu disse a ele era do meu apego ao carro. Depois eu vi que quando
Deus quer um projeto para nós, nada pode ficar no meio. Ele nos liberta
verdadeiramente do que pode atrapalhar nossas decisões.
Enfim, fiz
um estágio, e no dia de entrar para o seminário, não tive coragem. Com todas as
coisas prontas, eu desisti. No lugar de ir para o seminário, fui para o Lar Dom
Bosco, conversar com minha madrinha de oração, a irmã Severina, da Copiosa
Redenção. Lá passei a noite e no dia seguinte voltei para casa.
Dom Mauro
ficou insistindo comigo. Ele acreditava que
eu poderia ser um padre. Então
remarcamos um outro dia. Padre Reinaldo Kuchla passou em casa e me levou para a
casa do bispo, onde fazíamos o propedêutico na época. Era outubro de 2001. Fiz
o propedêutico na casa dele com outros 11 jovens até dezembro.
Em fevereiro
de 2002 fui fazer filosofia no Seminário São José. Não foi um ano fácil.
Confesso que era muito rebelde com algumas normas da casa e da formação. Eu não
era obediente e não consegui me conter diante de algumas coisas que eu não
achava certo. Isso fez com o reitor da época me mandasse embora do seminário
(outubro de 2002).
Dom Mauro me
chamou para conversar e pediu para que eu continuasse a filosofia. Assim eu
fiz. Fiquei morando na casa de meus pais e todos os dias pegava carona com os
professores e ia para o seminário fazer as aulas e assim conclui o primeiro ano
do curso.
No fim do
curso, dom Mauro me chamou para voltar para o seminário, mas meus planos eram
outros. Eu já estava com a passagem comprada para voltar para o Japão. Na época
ele disse para eu ficar e entrar no seminário que ele me ressarciria o dinheiro
gasto. Mas eu fui teimoso e fui embora. Disse a ele que iria renovar meu visto
e voltaria.
Fiquei lá
até junho. E aqui vejo um sinal de Deus. Quando voltei para o Brasil, trouxe
dinheiro suficiente para comprar outro carro, dessa vez trabalhando bem menos
tempo, consegui comprar um VW GOL 3ª geração bem melhor do que o primeiro carro
que tive.
Foi aí que
percebi o que Deus realmente queria de mim. Terminei aquele ano, e despois do
meu retorno, continuei com uma boa amizade com Dom Mauro. Ele me chamava para
levá-lo nas celebrações em outras cidades e sempre fazia questão de me
reconquistar para a vocação. Dom Mauro ficou insistindo comigo.
Certo dia
ele estava decidido que era para eu voltar para a formação e me ligou várias
vezes naquela semana. Foi muito insistente. Até que um dia, ele ligou na minha
casa, porque eu não atendia mais as ligações dele no celular e falou com
minha mãe e depois comigo. Naquela noite ele foi na minha casa jantar e naquele
dia eu entrei no seminário pela segunda vez, levado pelo próprio bispo
(fevereiro de 2004).
ENTÃO QUEM FOI O
“CULPADO”? Não sei se posso culpar Deus, mas a vocação nasce
do coração dele. Claro que por traz de uma vocação tem várias testemunhas, como
a minha família, o padre Reinaldo Kuchla, meus amigos, Dom Francisco Javier,
meus formadores, especialmente o padre Jurandir. Mas compreendo que a vocação não
é apenas uma questão de sentir que fui chamado ao sacerdócio. É preciso lembrar
que é a Igreja que chama ao sacerdócio. Só sentir ou fazer uma escolha pessoal
não é suficiente.
Certo dia, quando escrevia minha carta de admissão ao seminário, dom Mauro fez questão que eu escrevesse: Deus chama, eu respondo e a Igreja confirma. Hoje sei que se não fosse dom Mauro em minha vida, sua insistência, carinho, amizade e confiança, com certeza eu não estaria nessa vida.QUAIS
FUNÇÕES EXERCE HOJE NA IGREJA CATÓLICA? Hoje na diocese sou pároco da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro no Jardim Copacabana, em Campo Mourão; sou Chanceler da diocese; membro
do Colégio de Consultores e do Conselho de Presbíteros; sou assessor
eclesiástico da Pastoral da Comunicação da diocese – Pascom; responsável pelo
Jornal Servindo e o setor de comunicação da diocese; membro do
conselho de pastoral da diocese; professor de Catecismo da Igreja Católica no
Seminário Propedêutico. Na Igreja sou Missionário da Misericórdia desde 2016. Em Campo Mourão sou presidente do Lar de Idosos São
Joaquim e Sant’Ana.
Imagens da posse da nova diretoria do Lar dos Idosos e da entrega da Comenda 10 de Outubro a entidade pelo Poder Legislativo de Campo Mourão.
COMO É A SUA
ROTINA? Não tenho uma rotina fixa. Uma coisa que não me
adapto muito é com agenda. Parece estranho, porque disse que sou uma pessoa que
gosta das coisas em ordem, mas quando se trata de agenda e horário, como tenho
muitas funções, acabo fazendo uma programação diferente a cada dia. Onde
chamam, lá estou. Seja em hospital, visita aos doentes, bênçãos, etc.
Mas
normalmente meu dia começa às 7:30 com a oração da manhã. Após a oração, vou
ver minhas mensagens e as notícias do dia. Não tenho uma pessoa que trabalhe na
casa paroquial. Então faço meu café e saio para a missão. E costumo voltar para
casa no final do expediente, normalmente as 20h.
Na
segunda-feira dou aula no seminário de manhã. A tarde procuro revezar entre
secretaria paroquial e cúria diocesana.
Terça-feira
é nosso dia de descanso, normalmente
passo na Cúria para fazer algumas coisas,
ou vou no Lar (lá tem trabalho todos os dias).
Nos outros
dias revezo entre paróquia e cúria. Normalmente na quinta-feira são os dias de
reuniões de padres e na cúria, então, sempre estarei por lá.
Nas horas
vagas, gosto de assistir filmes e séries. Aos domingos, aproveito para almoçar com
a família. Gosto de estar na casa da mãe. Lá eu sou só o Adilson, não tem
protocolos. Deito e durmo no chão, ando descalço, é uma maravilha.
QUAIS OS
DESAFIOS ATUAIS EM SER PADRE? Posso
garantir que minha formação em 2012, quando fui ordenado, não me preparou para
ser padre nos dias de hoje, não que falharam, mas o mundo mudou bastante.
Estamos
em um tempo marcado pelo progresso
científico e tecnológico. Vivemos há pouco
uma pandemia, descobriram-se curas para doenças, o mundo tornou-se pequeno por
causa da evolução das comunicações, etc. Dá a impressão de que o homem se sente
muito dono de si, capaz de dominar a criação e considera-se praticamente sem
limites. Brota no homem a auto-suficiência. Parece que o homem sente que não
precisa mais de Deus. Isso é nítido no meio dos jovens. Como é difícil falar
com eles hoje sobre fé.Percebo duas situações complicadas nos dias de hoje, por um lado um apateísmo,
onde pessoas pouco importa se Deus existe ou não, para ele é indiferente. Por
outro lado, temos uma customização da fé, quando pessoas até acreditam em Deus,
mas um Deus adaptado ao seu jeito de ser e viver. Não aceitam a doutrina na sua
totalidade, só pega pra si o que lhe apraz.
Existe
também muitas cobranças em relação ao padre. Qualquer coisa que falamos ou
fazemos, sempre acaba sendo motivo de crítica para alguém. O padre tem que
ser
um super homem. Não respeitam nossa fraqueza, nossos limites. Entendo que somos
pessoas públicas, somos formados para servir, mas também temos limites e
fraquezas. Seria tão melhor se as pessoas nos amassem por quem somos e não por
aquilo que fazemos.
O QUE MAIS
TE MOTIVA NA SUA IGREJA? A fé das pessoas
simples. Como é bonito ver as pessoas se aproximando de Jesus na humildade e
simplicidade, sem preconceitos, sem discriminação. Ser acolhedores. Isso é
sinal de conversão. Isso é ser de Deus, é ser como Jesus. Ver a disposição das
pessoas sendo protagonistas de evangelização. Que se envolvem com a vida
pastoral. Que compartilha a igreja com os outros. Que abrem as portas para que
todos possam entrar e ajudam elas a se sentirem bem. Isso é bonito na igreja.
QUAIS FATOS FORAM MARCANTES NO SEU SACERDÓCIO? Minha ordenação que foi um
grande passo na fé. Depois a experiência do Ano da Misericórdia. Vivi
experiências extraordinárias no confessionário. Moram milhares de pessoas que
atendi nesses anos como missionários. Poder absolver pessoas de pecados que são
reservados a Santa Sé. E não foram poucos. Ainda hoje sou procurado para alguns
atendimentos. Pessoas de várias partes do Brasil, mas tenho que manter sigilo.
A última
experiência marcante foi a ida na Santa Casa no Domingo de Ramos de 2020
(05/04/2020).
Segue o
testemunho:
O PADRE QUE
NÃO QUERIA CELEBRAR A SEMANA SANTA
Como em
todos os anos, esperava que em 2020 tivéssemos uma belíssima celebração de
Domingo de Ramos, para proclamarmos a abertura da Semana Santa e a entrada
triunfal de Jesus em Jerusalém, mas nem tudo é como a gente quer.
A grande
tristeza veio com a notícia de que por razão
da pandemia Covid-19 as igrejas
estariam fechadas e os fiéis não poderiam participar presencialmente das
missas. Isso me deixou profundamente desolado e sem vontade de celebrar, fui
até pedir a dispensa para o bispo das funções que deveria exercer nesse
momento. E o que ele disse? “O momento é difícil para todos. Acho que aquele
nosso povo que está sempre ao nosso lado ficará contente em acompanhar as
celebrações, mesmo que mais breves. Pense nisso.”
Suas
palavras não me agradaram, porque minha vontade era não celebrar nessas
circunstâncias. Mas resolvi ser obediente, afinal, é melhor errar com a igreja
do que acertar sozinho.
Organizei as
celebrações e deixei Deus conduzir, avisando as pessoas para não se preocuparem
que iria dar tudo certo. Então, Deus começou a entrar em ação.
Primeiro
pediu para arrumar um carro para fazer um passeio com o Santíssimo pelas ruas
da paróquia, para abençoar os ramos e as pessoas que não puderam estar na
igreja. Estranho porque pelas Sagradas Escrituras, Jesus entrou em Jerusalém
montado em um jumentinho.
Fizemos como
Deus pediu. Organizamos tudo, pedimos para as pessoas colocarem ramos nas
portas ou portões e quando Jesus passasse, que saíssem nas janelas ou portas.
Terminada a missa, lá vou "eu" solenemente levar Jesus para as ruas.
Enquanto
passava de carro pelas ruas da comunidade estava maravilhado. Ver a emoção das
pessoas, a receptividade, a fé estampada no rosto das pessoas era tudo muito
forte. Percorremos toda paróquia. Até que chegou a hora de ir para a Santa
Casa, onde as vítimas do Coronavírus estão sendo tratados.
A princípio
a ideia era chegar na porta do hospital, rezar, abençoar e ir embora. Mas Deus
sabe o que faz. Ele foi me conduzindo pelos corredores do hospital, o
jumentinho agora era eu que trazia nas mãos o Rei dos Reis, e nos ombros o peso
da responsabilidade. Os corredores daquele hospital se tornaram as ruas de
Jerusalém, onde funcionários iam saindo das portas dos quartos, de trás dos
balcões, parando por um momento o que estavam fazendo, e o mais surpreendente,
nem todos eram católicos, talvez alguns nem cristãos eram, mas estavam ali,
porque algo diferente estava acontecendo.
Mas faltou
os ramos! Não, os ramos estavam ali. Eram os estetoscópios, termômetros,
jalecos brancos, verdes, azuis, canetas e prontuários, vassouras e baldes,
cadeiras de rodas e macas, cada um apresentava a Jesus o que tinha no momento.
Por onde Jesus passava era possível ouvir no silêncio daqueles corredores
gigantes o múrmuros de preces que se levantavam a Deus. Não era o grito do povo
que outrora proclamava: “Hosana ao Filho de Davi”, mas as esperançosas orações
que replicava o eco da voz do próprio Jesus no alto do Calvário quando rezava o
Salmo: Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes (Sl 21).
Lagrimas,
emoções tomavam conta das pessoas. Expressões de tristeza e cansaço se
transformavam em esperança, afinal o Senhor da vida estava ali para cumprir sua
promessa: "pedi e vos será dado, batei à porta e ela vos será aberta,
procure e encontrareis" (Mt 7,7s), ou então “eis que estarei convosco
todos os dias, até o fim dos tempos" (Mt 28,20).
Quando me
dei por conta estava com Jesus na porta da UTI de isolamento do Covid-19. O que
fazer? Parei ali diante daquela porta fechada e comecei a rezar. Me veio no
coração o rito de chegada na igreja após a procissão de ramos. O padre de fora
faz sua foz ressoar: “Ó portas levantai vossos frontões, elevai-vos bem mais
alto antigas portas, afim de que o Rei da glória possa entrar.”
Mas eu não
estava na igreja, achava que aquele rito não fazia sentido ali, naquele
momento, naquele lugar, afinal esse rito já caiu em desuso a muito tempo nas
liturgias de nossas comunidades. Mas para minha surpresa, lá de dentro alguém
diz: “Quem está aí? Quer falar com alguém?” Era a mesma resposta que se segue
no rito, mas em outras palavras.
Então
percebi que estávamos realizando naquele momento a verdadeira liturgia da vida.
Aquela que fomos convidados a celebrar nesse tempo de isolamento social, onde
igrejas estão vazias de pessoas, mas cheia da fé daqueles que não puderam ali
estar.
Com esse
sinal então comecei a rezar. Dizia a Jesus: “Senhor, entra nessa UTI, fala para
essas pessoas, toca com tua unção cada doente, cada profissional da saúde,
independente da fé, do credo...” Eu rezava consagrando todos a Jesus, e aí veio
o momento mais forte. Achei que iria entrar no setor de isolamento daquela UTI,
mas não podia. Tive que ficar ali mesmo.
Na igreja,
quando as portas se abrem, o padre com o povo entra solenemente, mas ali não
podia. Uma barreira invisível me impedia naquele momento de entrar e fazer o
que eu queria fazer naquele lugar. Por isso eu me dizia internamente que queria
levar Jesus para as pessoas que não podiam ir até Ele.
Foi então
que Ele (Jesus) me disse forte no coração: “não é você que me leva às pessoas,
sou Eu que levo você onde quero e até onde você pode ir”.
Nesse
momento não me contive emocionalmente diante de uma presença tão forte de Deus
em minha vida. Entre lágrimas, fechei os olhos e vi nitidamente o Senhor
segurar nas mãos daqueles médicos e enfermeiras que ali estavam, e entraram,
enquanto eu ficava ali na porta na minha insignificância, apenas a rezar.
Não sei o
que será essa semana santa. Só sei que desde a quarta-feira de Cinzas eu pedi
para Deus fazer a vontade Dele em minha vida e que minhas penitências me
ajudassem a experimentar com força no coração a sua infinita Misericórdia.
Para mim o
viver é Cristo, e agora, depois dessa forte experiência, morrer é lucro
(Filipenses 1,21 – meu lema de ordenação).
Rezemos
pelos verdadeiros heróis que estão arriscando suas vidas nos hospitais, nas
UTI’s, nas ambulâncias, nos carros funerários e nos cemitérios, e mesmo sem
saber, dizem como o profeta: Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não
me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei
que não sairei humilhado (Isaías 50,7).
UMAS
E OUTRAS
QUAL SEU
ESPORTE PREFERIDO? Não sou
muito dado ao esporte. Gosto de pedalar.
TORCE PARA ALGUM TIME? Torço apenas
para o Brasil. Gosto de ver a seleção jogar.
QUAL O
MELHOR TIME QUE JÁ VIU JOGAR? Vou dizer do melhor jogo que já assisti. Foi um
jogo de Brasil e Japão nas Olimpíadas de 1996 (Foto). O Japão ganhou. Eu estava
assistindo o jogo com meu pai, foi o único. Nunca vi ele tão feliz quanto
aquele dia. Isso me marcou muito.
CITE QUATRO
PERSONALIDADES EM CAMPO MOURÃO E POR QUÊ?
RELIGIOSO: Pe. Reinaldo Kuchla – foi um empreendedor, visionário,
criativo, forte, de fé, homem de ótima oratória e grande pregador.
Para conhecer um pouco da vida do padre Reinaldo, copie no seu navegador e leia esta homenagem: https://ilivaldoduarte.blogspot.com/2009/12/entrevista-de-domingo-padre-reinaldo.html
CIVIL: Dona Hedir
Vecchi – Mulher simples, de caridade, de fé
extraordinária, humilde, um coração maravilhoso. Uma pessoa que posso dizer que
verdadeiramente é cristã, uma santa no meio de nós (vale a pena fazer uma
história dela).
Saiba um pouco da história de vida da dona Hedir, acessando e copiando esta homenagem:https://ilivaldoduarte.blogspot.com/2010/04/entrevista-de-domingo-hedir-vechi.html
SAÚDE: Dr. Francisco
Fernandes Claudino – tem gente que acha ele um louco, mas é preciso reconhecer
o bem que ele fez e faz pela cidade. Quantas pessoas tiveram acesso a um
atendimento médico graças a generosidade desse homem.
Dr. Claudino recebendo título de Cidadão mourãoense, ao lado do vereador Edson Batilani.
COMUNICAÇÃO:
Ilivaldo Duarte – homem de visão e grande observador; assertivo na
comunicação; grande registrador de histórias; grande comunicador e motivador de
coisas boas.
Padre Adilson com o casal Ilivaldo e Rosângela.
O MUNDO
DIGITAL "INCOMODA" OU "AJUDA"? Mesmo incomodando, ajuda. A era digital veio para nos mostrar coisas
que estavam muito distantes de nós. Pena que as vezes nos afasta daquilo ou
daqueles que estão ao nosso lado.
COMO OBSERVA O INTERESSE DOS CIDADÃOS PELA VIDA E PELA IGREJA? A
pandemia fez muitas pessoas repensarem a sua fé. Fez muitas pessoas a
recorrerem e se aproximarem de Deus. Mas inda é preciso fortalecer essa fé. A
Igreja não pode ser um clube, mas tem q ser vista como casa de Deus.
COMO FOI A
EXPERIÊNCIA DE TER VIVIDO ESTA PANDEMIA? Eu não parei durante a pandemia. Tive que
continuar minhas atividades. Naquilo que faço, não teve folga. Mesmo
trabalhando em casa, ou no escritório de portas fechadas, muitas coisas
precisavam de soluções. A vida pastoral da igreja não parou. Depois tivemos que
lidar com a fragilidade humana, participando na vida das pessoas ao visitar os
doentes, os enlutados, etc.
No geral a pandemia trouxe grandes prejuízos, mas
também grandes lições. Percebemos o quanto o outro faz falta. Como pequenos
detalhes podem mudar nossa percepção das coisas. Que o tempo é muito breve. Que
não temos controle sobre nada. Que não somos donos do mundo. Mas ao mesmo
tempo, nos mostrou o quanto podemos ser melhores. Como existe solidariedade nas
pessoas. Que quando queremos, podemos fazer o bem a tantas pessoas. Mostrou que
temos o coração bom. Que somos generosos. Que ainda sabemos amar e que existe
empatia na humanidade. Basta sabermos aproveitar e explorar esses potenciais.
AUTO-CONHECIMENTO
MELHOR
EQUIPE COM QUEM TRABALHOU? Posso fazer referência a
uma equipe que convivi. Foi a minha turma de propedêutico de 2004. Éramos muito
unidos, companheiros, alegres.
QUEM SÃO PADRES EXEMPLOS NA SUA VIDA SACERDOTAL? Os padres Reinaldo Kuchla e Jurandir Aguilar.
QUAL
CERIMÔNIA, QUAL CELEBRAÇÃO MARCOU SUA VIDA? Missa para
os Missionários da Misericórdia em Roma, com o Papa Francisco no dia 8 de abril
de 2018. Tive a oportunidade de abraçar, conversar e receber a bênção do Santo
Padre.
Exéquias de
Dom Mauro na Catedral de Cascavel. Teve um momento que fiquei sozinho com o
corpo dele dentro daquela catedral enorme. Foi uma despedida muito dolorosa. Um
grande amigo, pai, irmão, estava a sós comigo. Ele no silêncio me falou muitas
coisas.
CHEGAR A 10
ANOS COMO PADRE É? Amadurecer na ideia de que o sacerdote deve ser um
homem de Deus. Como padre temos o selo do sacramento. Passada aquela empolgação
do primeiro momento, das primeiras horas da ordenação, começamos a compreender
com mais verdade que a nossa vontade, as nossas faculdades devem estar imbuídas
dos sentimentos de Cristo.
Não salvamos
o mundo, pois a salvação vem de Deus. Com o tempo aprendemos que não podemos
conceber que a solução dos problemas do homem esteja nos meios humanos ou no
padre como pessoa humana, por mais preparado e carismático que sejamos. Hoje,
passados 10 anos, vejo que devo unir minhas ações e palavras a uma profunda
vida eucarística. Lembro de uma reflexão que fiz em um retiro (2020): “preciso
me fazer vítima e oblação, como sacerdote, para servir a Cristo na missão da
salvação das almas, pois a minha presença entre meus irmãos, deve ser como a da
sentinela da manhã, anunciador das coisas do além, uma contínua recordação de
Cristo para as almas, que encarna o amor de Deus neste mundo”.
Hoje sei que
passado esse tempo, não perdi minha própria objetividade ou identidade, mas sei
que aquilo que almejo só se encontra definitivamente no céu, meta e objetivo
último de nossa peregrinação nesta terra, pois o sacerdote é servo de Cristo
porque é, a partir dele, por ele e com ele. E justamente nesta buscar pelo
sagrado que percebemos que precisamos construir a caridade, porque a caridade é
a virtude que de algum modo antecipa o céu aqui na terra.
QUAL O
PRESENTE E FUTURO DO SACERDÓCIO? Um dia
desses eu dizia para os seminaristas que terminavam o propedêutico, que buscar
esse caminho de vida, que um dia melhor nos tocou o coração, tem muito mais a
ver com santidade e amor as coisas do alto, do que com uma capacitação técnica,
resultados
ou uma mera recompensa. Não é a formação que nos faz padres, mas o
amor de um Deus que nos conhece e nos chama como somos. O padre é o homem que
verdadeiramente fez uma experiência de vida, que o impulsiona para frente e um
dia poder dizer as palavras de São Paulo: combati o bom combate, terminei minha
corrida e guardei a fé (eu complemento: e valeu a pena).
Imagino que
o futuro do sacerdócio continuará sendo aquilo que é a sua essência, pois não
foi a igreja que inventou o padre, foi o próprio Jesus que o constituiu. Pode
parecer uma utopia, mas o padre vai continuar sendo o homem de oração, o homem
que escuta e medita a Palavra para aderir com amor ao que Deus quer dele; o que
celebrar os sacramentos com o fervor e a unção das coisas sagradas com que
lida, sabendo que para ser homem de Deus deve fazer um esforço particular e
resistir à vertigem da atividade constante e acelerada a que o mundo nos
submete. O padre vai continuar sendo o homem de Deus.
Penso que
jamais a igreja vai permitir que a identidade do sacerdócio seja perdida ou esquecida.
Pode até ter
algumas mudanças em questões periféricas do ministério sacerdotal,
mas a essência será a mesma, que e levar Jesus para o homem e a humanidade para
Deus. Lembro de uma história do sacerdote de São João Maria Vianney: Quando ele
foi a Ars pela primeira vez, se perdeu. Então ele pediu a um pastorzinho que
encontrou para guiá-lo e ele o levou para a cidade. O cura de Ars então disse
aos pastorzinho: “Você me mostrou o caminho para Ars, agora vou lhe mostrar o
caminho para o céu”. Essa é a essência do padre.
VAPT-VUPT
UM "
GOLAÇO" QUE MARCOU NA SUA VIDA E COMEMOROU MUITO. Minha ida na
Santa Casa no dia 05/04/2020. Lá eu vi de verdade Deus e sua ação.
SER
PADRE É... ser um dom do amor de Deus pelos outros.
DOM
VIRGÍLIO: servo da misericórdia.
DOM MAURO: servo
da vocação. DOM BRUNO: servo
da eucaristia.
DIOCESE DE
CAMPO MOURÃO: Sinal da santa cruz.
ÉTICA É... valores
que orienta o comportamento da pessoa para o bem.
MÚSICA: Viver para mim Cristo (Fábio de Melo) e Que santidade de vida (Pe. Jonas
Abib).
AUTOR.
Augusto Cury, Anselm Grün e Raniero Cantalamessa.TEÓLOGO: Joseph
Ratzinger.
LIVRO:
Mostra-me o teu rosto (Ignácio Larrañaga) e Confissões (Santo Agostinho).
FAMÍLIA
É... presente de Deus pra mim.
RELIGIÃO.
Caminho seguro para o céu. UMA
ESPERANÇA... o céu.
UM
SONHO. Ser bom para todo.
SAUDADES...
DE QUEM E DO QUÊ? Dom Mauro e do Japão.
Para rever ou conhecer um pouco da história de vida de dom Mauro Aparecido dos Santos, terceiro bispo da Diocese de Campo Mourão (1999-2007), copie no seu navegador: https://ilivaldoduarte.blogspot.com/2013/11/entrevista-de-domingo-dom-mauro.html
SE PUDESSE
VOLTAR NO TEMPO, O QUÊ JAMAIS TERIA FEITO? Ter brigado
com algumas pessoas.
QUAL PROJETO GOSTARIA DE REALIZAR? Viajar o
Brasil com um motorhome celebrando missa em todos os lugares (tipo uma pastoral
rodoviária).
QUAL VIAGEM
GOSTARIA DE FAZER E PAÍS A CONHECER? Fazer um
cruzeiro e conhecer a China.
QUE LEGADOS
GOSTARIA DE DEIXAR PARA OS OUTROS? Caridade.
O MOMENTO
ATUAL DA SUA VIDA É... Uma bênção
de Deus. Só alegria.
SER
CONVIDADO PARA ESTA ENTREVISTA DE DOMINGO? Sinal de
carinho muito grande.
RECADO AOS
LEITORES. Neste tempo de advento que estamos vivendo, a igreja nos convida à
vigilância e a conversão, que consiste em abrir a mente e o coração para fazer
o bem a todos. O evangelho de Lucas nos apresenta a parábola do pai que recebe
o filho que partiu para longe e esbanjou a sua herança. Mas, depois de
reconsiderar, toma a decisão de voltar e pedir perdão: “Sim, eu me levantarei e
irei para meu Pai” (Lc 15,18). O texto nos mostra que o filho arrependido foi
recebido pelo Pai Misericordioso que lhe restaurou a dignidade de filho.
Aqui está o
grande sentido do natal. Somos chamados a mudar, a reconciliar e a arriscar-nos
a pôr em prática a lei do amor fraterno. As duas atitudes do encontro devem nos
mover para sermos pessoas novas. A primeira é a do Pai que acolhe, purifica,
perdoa e recria a comunhão entre todos. Segundo a do filho que reconhece sua
fragilidade, o amor que existe no coração do pai, e volta para casa. Não há
tempo a perder: é hora da mudança exigida pelo evangelho do encontro, da
abertura de mentes e corações.
No final do
advento, só poderemos celebrar o verdadeiro Natal, se todos os crentes e
pessoas de bem unirem esforços para fazer brilhar o esplendor da dignidade
humana que nos convida para sair de nossa escuridão. Para isso, é preciso
construir pontes e derrubar muros, e construir um mundo que seja casa de todos.
Esse é o nosso desafio, vamos aceitá-lo!