8 de dez. de 2022

DAS OBRAS que procedem da caridade


"POR COISA NENHUMA deste mundo, nem por amor de quem quer que seja, se deve praticar o mal.
É livre, porém, interromper uma ação boa ou substituí-la por outra melhor para prestar serviço a quem precisa; assim não se destrói a boa ação mas transforma-se em outra de maior valor.
Sem a caridade de nada vale nenhuma obra exterior. Tudo, porém, o que dela se inspira, por pequeno e desprezível que seja, produz abundantes frutos; mais que a ação, Deus pesa a intenção.
Muito faz quem muito ama. Muito faz quem faz bem. Bem faz quem serve ao interesse comum mais que à vontade própria.
O que, muitas vezes, parece caridade é concupiscência porque, raras vezes, a inclinação natural, a vontade própria, a esperança de recompensa, o amor às comodidades deixam de influir em nossas ações.
Quem possui a verdadeira e perfeita caridade não busca a si em coisa alguma mas seu único desejo é que em tudo se realize a glória de Deus.
A ninguem inveja, porque nao aprecia nenhum prazer particular, nem em si mesmo quer alegrar-se, mas, em Deus, acima de todos os bens, coloca a sua felicidade.
A nenhuma criatura atribui bem algum, mas tudo refere a Deus, fonte perene, donde promanam todos os bens, fim beatífico, em que descansam todos os Santos.
Oh! Quem tivera uma centelha de verdadeira caridade! - Das obras que precisem da caridade, livro Imitação de Cristo (Tomas de Tempos).

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