“Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa tudo sempre passará. A vida vem em ondas, como o mar, num indo e vindo infinito... Tudo muda o tempo todo no mundo. Não adianta mentir, nem fugir...”
Realmente, vivemos num mundo em constantes mudanças, incertezas, tudo muda o tempo todo no Brasil, no mundo. A vida vem em ondas. As civilizações nascem, crescem, tem seu apogeu, sua decadência... E a velha afirmação se torna cada dia mais universal: Nunca antes na história do Brasil, do mundo...
- A Inglaterra, cujo império já governou o mundo, tida modelo de correção e seriedade, que já teve líder que duvidou da seriedade do povo brasileiro, revela ao mundo uma rede de grampos de escutas telefônicas que invadiam a vida de pessoas para abastecer os jornais com notícias maldosas... E um dos responsáveis era assessor do primeiro ministro...
- O país que se julga mais poderoso do mundo da atualidade, os EUA, sustenta sua economia em cima de uma das maiores dívidas interna do mundo, uma dívida tão grande que só a ameaça de calote já balança com a segurança monetária mundial...
- A emergente China que aponta como uma das maiores economias mundiais e quer recuperar o poder que sua civilização já teve no passado, treme sob a ameaça de calote e quebra dos EUA, a quem está ligada numa ligação de vida e morte, como um abraço de afogados... Compra os títulos da dívida dos EUA e eles compram seus produtos...
- O país apontado como o possuidor da maior reserva petrolífera do mundo, a Venezuela, deixa seu povo viver em situação de pobreza...
- A seleção do país que se julga modelo de futebol para o mundo, que tem os jogadores mais bem pagos do mundo, perdeu quatro gols em um jogo... numa semifinal de copa... para desgosto de milhões de brasileiros perplexos...
- E as sucessivas denúncias de superfaturamentos, apadrinhamento de empreiteiras de parentes, amigos, correligionário traz a tona a velha sensação de que nunca na história do Brasil se roubou tanto... Que nunca houve tanta impunidade... Que corrupção é coisa natural neste país... Que mudam os governos troca os partidos prometendo resgatar a ética na política, mas o poder parece corromper...
Ao passar da ditadura para a democracia, a liberdade de expressão revelou muitos escândalos, antes encobertos. Sob Collor parecia que atingíamos ao cume da bandalheira. O povo, os “caras pintados” nas ruas levou à deposição do presidente e a esperança do aperfeiçoamento do regime e a esperança os políticos não ousariam reincidir no crime e os eleitores não elegeriam mais pseudo-salvadores da pátria e agentes políticos de ficha suspeita. Que engano!
Sucederam-se os governos e os escândalos, uns se sobrepondo aos outros, novas denúncias encobrindo as “antigas”. Foram pegos com a mão no dinheiro do povo ministros, senadores, deputados, prefeitos… E sucederam-se escândalos que já vão sendo apagados de nossa memória curta: Mensalão, Aloprados, Sangue sugas, DNIT... Jeitos novos de roubar o dinheiro do povo foram inventados: contratos de serviços superfaturados, cheios de aditivos e de serviços mal feitos, de publicidade não feita, assessorias milionárias, lobbies, invasão de conta de caseiros, favorecimento de empresas de parentes, despesas com cartões de crédito, aposentadorias milionárias, funcionários fantasmas, mordomias, viagens... Burattis, Waldomiros, Dirceu, Delúbios, Erenices, Pagots foram peças acessórias de uma máquina para se manter no poder...
Um clima de descrença, de dúvida, desesperança invade nosso coração... Até onde vão chegar ao assalto aos cofres públicos? Quando veremos o suado dinheiro dos impostos mais caros do mundo voltar para o povo na forma de boas e seguras estradas, saúde que qualidade, educação de valores...
E as perguntas do jornalista da Folha de S.P, Fernando de Barros e Silva inquietam a todos nós... “Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que a indignação resulta apenas numa uma carta enviada à Redação ou numa coluna de jornal? Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo?” Por quê?
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br