“Do negro livre, do negro artista, pouco se conhece”.
Sociólogo Diegues Júnior
Abdias do Nascimento não aceitava, não se conformava ser, mas não poder ser. Lutou para poder ser, brava, corajosa, lúcida e exemplarmente. A morte dele, aos 97 anos, ocorrida no último dia 24, tem um grande significado que certamente transcende os limites da vida quase centenária. Abdias viveu intensamente a luta pelas causas e sonhos com indômita bravura, discernimento e determinação.
Tornou-se um dos mais expressivos líderes ativistas em favor de uma sociedade brasileira fraterna, igualitária e que respeitasse a enorme e rica diversidade cultural. As origens familiares como o de ser descendente de escravos, o levaram a publicar muitos livros em que colocava a reflexão crítica do negro no Brasil. Em O negro Revoltado, ou em Orixás: deuses vivos da África são alguns dos muitos livros que publicou, fruto da militância e do estudo histórico-cultural que tinha como matriz a sua formação de professor, tanto é assim que, entre outros cargos e funções de destaque, foi professor benemérito da Universidade do Estado de Nova Iorque.
Poeta, ator, foi também político, exercendo as funções parlamentares como deputado federal e senador representante do Rio de Janeiro. O exílio iniciado em 1968 e que durou dez anos, imposição da ditadura militar, não o afastou do Brasil, o fez mais aguerrido no seu retorno.
Sem desmerecer a questão ideológica racial, tanto atual quanto histórica, Abdias era muito pontual e prático no cotidiano nas suas lutas, como na fundação do TEN – Teatro Experimental do Negro e na criação do 20 de novembro (2006) oficialmente como o dia da consciência negra (em São Paulo).
Fases de Fazer Frases (I)
Na solidão a luz que não pode se apagar é o brilho de quem está só.
Fases de Fazer Frases (II)
Levo o que é leve. Trago o que não trago. Importo com o que suporto e não transporto.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
“Nesta manhã ao ler o jornal Tribuna, em específico sua coluna, me emocionei a ponto de não conter as lágrimas”. Assim começa a carta de agradecimento do ator Valdir Rocha, quando se manifesta sobre o Artigo publicado nesta Coluna a respeito dele, domingo anterior (O Valdir era uma pedrinha). Valdir relembra o como ator profissional e termina dizendo: “E é por este motivo que suas palavras não são simplesmente uma boa crítica, mas um abraço amigo que diz ‘vá em frente, você está no caminho certo’”. Não carecia agradecer, mas registro a atenção do amigo Valdir Rocha, grande artista teatral, sem dúvida.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Pesquisa de campo que ouviu os ciclistas nos dias 17,18 e 19 passados, realizada pelo Rotaract na ciclovia do Lar-Paraná constatou, 63% preferem andar de bicicleta pela avenida presidente Kennedy. Disseram que o uso pelos pedestres especialmente para caminhadas inviabiliza a sua correta utilização. (O fato foi noticiado na Coluna do Ely).
A pesquisa é válida em termos quantitativos, embora pelo senso comum seja facilmente visível comprovar o uso indevido da ciclovia. Tanto é assim que, há mais de dois anos este escrevinhador antes mesmo da entrega oficial da referida via discorreu sobre o tema neste espaço, intitulado Para quem via a ciclovia. O texto terminava afirmando: Apesar de óbvio é preciso ressaltar, a ciclovia é para os ciclistas! Quanto aos pedestres, que têm direito de se exercitar, lá é que não podem continuar, deveriam caminhar pelas calçadas, as muitas calçadas que em muitos trechos simplesmente inexistem ou estão construídas irregularmente, cheias de obstáculos, calçadas também dos comerciantes.
À época o apresentador Ricardo Borges, da TV Carajás, leu trechos do Artigo e comentou a respeito.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Prossegue a enorme repercussão o depoimento da professora Amanda Gurgel, do Rio Grande do Norte, quando ela falou em audiência pública na Assembleia Legislativa daquele Estado. O vídeo está entre os mais vistos. Em oito minutos ela sintetizou a grave situação da escola pública brasileira, “estão me colocando numa sala de aula com um giz e um quadro para salvar o país?”. No domingo anterior, bem articulada e com um conteúdo digno de elogio, a professora concedeu entrevista ao vivo no Domingão do Faustão. É, professor faz parte da dança dos anônimos.
Olhos, Vistos do Cotidiano (IV)
Chega a ser estúpido e não pode ser chamado de jornalismo mas a imprensa esportiva de um modo geral, ao iniciar o campeonato brasileiro, que, aliás, só teve uma única rodada até o presente momento, já tem quem, mostrando a pontuação dos times, enfatiza os que “estariam classificados na Libertadores”, ou que “hoje estariam rebaixados”. Isso mesmo, com uma rodada! É possível afirmar, quando muito, lá pela décima rodada, alguma tendência ao rebaixamento, só se estiver o time muito ruim e com problemas enormes. E outra idiotice de jogadores, técnicos, dirigentes e novamente a imprensa (não todos, é verdade), a luta obcecada pela Libertadores, quando o mais importante é o próprio título de campeão brasileiro, e a referida competição internacional é mera consequência.
Reminiscências em Preto e Branco
Os rios secam na memória quando não mais bebemos as boas lembranças. O futuro se evapora e volta como chuva só para encharcar nossos olhos d água do que fomos e não mais podemos ser.
José Eugênio Maciel é mourãoense, filho de pioneiros, colunista do jornal Tribuna do Interior, professor, sociólogo, escritor, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras.