Sou casado e não tenho filhos, ainda. Meu pai é Adimir Aleixo - foi professor por longos anos- e minha mãe é a dona Carmen - Carmen, em latim, é o nominativo de poema, significa poema. Tenho um irmão, que é administrador de empresas e uma irmã, professora na UTFPR de Campo Mourão.
Onde o Senhor estudou e iniciou sua vida profissional?
Toda a minha formação foi em escola pública. Estudei até a quarta série numa escolinha rural, chamada João Perneta, em classe multisseriada -estudávamos todos juntos, da primeira à quarta série- e meu pai era o professor. Depois estudei nas escolas de Luiziana e vim para Campo Mourão para cursar Ciências Contábeis. Acabei mudando para o curso de Letras, justamente porque trabalhava na área de educação.
O que o Senhor faz hoje profissionalmente?
Sou professor do curso de Letras da Fecilcam, tenho mestrado em Estudos Literários, mas ministro disciplinas como Língua Latina, Semântica e Lingüística. Meu primeiro trabalho como professor foi na escola Dom Bosco, no Lar Paraná. Como estou na direção da Fecilcam, tenho apenas duas aulas em sala.
Como surgiu a sua candidatura à diretoria da Fecilcam?
Minha primeira candidatura, a de 2005, foi fruto da insatisfação de um grupo de colegas com os rumos que a Fecilcam havia tomado. Em 2003 já tínhamos percebido que o nosso local de trabalho não estava bem.
Quais são os seus planos para este segundo mandato?
Os objetivos para o próximo período estão na proposta que apresentamos aos professores, agentes e estudantes, durante a campanha: dar maior visibilidade à Fecilcam na comunidade da nossa região; vamos nos empenhar mais nos aspectos do ensino, principalmente para dar mais qualidade ao que se deve aprender (avançamos muito na pesquisa e na extensão) .
Quais as principais conquistas a frente da Fecilcam?
Democratizamos mais a Fecilcam nesses últimos quatro anos. E serviço público deve ter esse caráter, pois não tem um dono. O dono é a população que paga impostos. Saímos de 66 professores efetivos para 110. Tínhamos 51% de aulas com professores temporários. Conseguimos organizar mais grupos de pesquisa. Ampliamos o programa de Iniciação Científica, criamos algumas regulamentações para evitar o “compadrio”. Mas principalmente retomamos a natureza pública da Fecilcam.
Quantos professores a Fecilcam tem atualmente?
A Fecilcam tem, hoje, 110 professores efetivos e próximo de 40 temporários, tem 44 agentes universitários, que fazem o trabalho de suporte para as atividades acadêmicas e 2.309 matrículas na graduação. São mais de 80 professores efetivos com mestrado e doutorado. Somos em 86 professores com o regime de dedicação exclusiva, trabalhando somente n a Fecilcam.
Qual é o momento atual da Fecilcam?
Tenho convicção de que vivemos nosso melhor momento. É claro que não se deve a mim, ou ao professor Éder. Deve-se à conjunção de nossa vontade de trabalhar com dois governos que tem ajudar muito mais a Educação. O Governo Requião tornou mais pública a escola que o governo anterior tentou destruir. Há mais recursos.
O Senhor acredita que muitos ainda não sabem que a Fecilcam é gratuita e pública?
Como o Senhor analisa o crescimento da faculdade Integrado?
Acho excelente o crescimento do CIES. Tem um quadro de professores muito bem qualificado e traz desenvolvimento para a região. Conheço a professora Conceição e sei que o objetivo do CIES não é apenas ter lucros com o ensino. Se fosse assim não disponibilizaria tempo para pesquisa, não organizaria eventos científicos, não contrataria professores com mestrado e doutorado. Não sou contra as escolas privadas (desde que o Estado não as financie, claro, em detrimento das públicas). Mas sou contra as escolas de formação à distância. Para mim, curso de graduação tem que ser presencial. Admito até flexibilidade para atender grupos em condições especiais. Mas tem que ser presencial. Nada de telecentros ou provas pelos correios.
Qual o seu esporte preferido,
Sou corinthiano.
O nível educacional mudou muito nos últimos anos?
Sim, mudou muito nos últimos 20 anos. E, ainda que muitos digam o contrário, mudou para melhor, em minha opinião, porque tem mais povo nas escolas. Mas está longe do que deveríamos ter. Muito longe. Ainda recebemos estudantes na Fecilcam que não sabem ler e escrever textos com mínima complexidade. Quase sempre frutos das políticas neoliberais que, nos últimos anos, esculhambaram a formação escolar.
O campus da Fecilcam é um sonho que vai ser realizado?
Vamos construir o novo campus. Ou num terreno que está sendo viabilizado na BR 369, em frente ao Seminário São José, doado por um proprietário, ou no terreno onde hoje está o Colégio Agrícola. Nossos próximos desafios são a construção desse campus e a ampliação de cursos.
O que o Senhor, ainda não fez, que gostaria de fazer?
Terminar minha segunda gestão como diretor da Fecilcam. Tenho poucos sonhos pessoais. Vou fazer um doutorado para, se possível, aprender mais e melhorar minha profissão. Meus estudantes merecem isso.
O Senhor será candidato a algum cargo nas próximas eleições?
Não sei se vou me dedicar à vida pública fora da educação. Pode acontecer, mas não estou pensando nisso agora.
Conte-nos um pouco sobre a sua vida estudantil e política.
Fui um estudante sem muito brilho. Comecei a me conscientizar sobre o mundo nos dois últimos anos da Faculdade de Letras. Passei a militar politicamente nos grupos de jovens da Igreja Católica com 18 anos e nunca mais parei. Fui dirigente sindical da APP-Sindicato e milito partidariamente desde os 20 anos, quando fundamos o PT em Campo Mourão.
O que mudou na militância: Saíram os "caras pintadas” e o poder subiu muito na cabeça dos jovens líderes?
Os “caras pintadas” foram mais “caras pálidas” da Vênus Platinada (a Rede Globo ). É assim que leio os eventos de 1992. A Globo elegeu Collor e depois ajudou a derrubar, quando percebeu o movimento. Mas ajudou a levar estudantes para a ruas. Não foi um movimento consistente. Por isso não durou. Operários fazem lutas mais consistentes e sua consciência de classe é mais arraigada. Lindenberg Farias - líder estudantil na época- não foi o único que se elegeu deputado ou vereador ou prefeito, mas quase todos ligados à UNE e ao PC do B.
Ética em uma frase é...
Uma postura de classe, de grupo social.
Ser diretor da Fecilcam é .....
Uma tarefa engajada.
Os professores da Fecilcam são....
O melhor grupo com quem já trabalhei, profissionalmente.
Política é....
Necessária, mas não suficiente.
O governo Nelson Tureck é.....
Como uma onda no mar (como diria o Djavan )
O governo Lula é .....
O mar, que sustenta algumas ondas. Umas boas, outras nem tanto.
O que o Senhor mais gosta em Campo Mourão?
Gostava de andar pelas ruas, tranqüilo, há 15 anos. Gosto da cordialidade da maioria da população. A gente cumprimenta e as pessoas correspondem. Não gosto do trânsito.
Cite três personalidades esportivas de Campo Mourão?
Considero a Rose, que foi do atletismo, um exemplo. Foi minha aluna no Dom Bosco. Gosto do trabalho do professor Paulinho, pela paixão ao esporte, e tenho assistido aos jogos do Futsal, que, em minha opinião, é o que tem de mais expressivo hoje.
Cite três personalidades mourãoenses?
O Mário Lima (Marião do PT), a dona Jacira, que cuida de crianças sem família e o meu amigo Joseval, diretor da Escola Ivone Castanharo.
Cite três políticos de destaque...
Professora Vilma, Elmo Linhares (foto) e a professora Lígia Puppato (que vem fazendo um excelente trabalho na nossa Secretaria do Ensino Superior)
A Campo Mourão do presente é.......
Uma encurzilhada, onde podem se encontrar boas lideranças.
A Campo Mourão do futuro será....
A cidade onde teremos mais uma universidade paranaense.
Qual o seu recado aos leitores do BLOG DO ILIVALDO DUARTE?
Tenho uma admiração e respeito pelo seu trabalho há muito tempo. Principalmente porque você é filho de um servidor público municipal com quem trabalhei durante um período. Sei um pouco da sua história também. Fiquei feliz por ter sido convidado para esse bate-papo. Honrado. Gostaria de compartilhar boas coisas com mais gente. Por isso tenho feito de tudo para divulgar os trabalhos da Fecilcam. Obrigado e um abraço.