31 de jan. de 2024

ENTREVISTA DE DOMINGO: padre Jorge Wostal: " Ser padre é a minha vida, a minha vocação, por isso sou feliz"


A homenagem de agosto de 2021, no "Dia do Padre", no mês vocacional, aqui no BLOG DO ILIVALDO na ENTREVISTA DE DOMINGO  foi para o padre Jorge Wostal. Polonês naturalizado brasileiro, que chegou ao nosso país em setembro de 1970 e iria completar no próximo dia 5 de junho a expressiva marca de 58 anos de vida sacerdotal. 
De 1985 a 2002, padre Jorge foi pároco da Catedral São José em Campo Mourão e impulsionou a evangelização com a participação dos fiéis em diversas pastorais e movimentos, nas construções do  Centro Catequético e Cúria Diocesana, entre outros. 
O leitor irá conhecer um pouco deste sacerdote - em entrevista publicada aqui no Blog em 7 de agosto de 2021,  desde os tempos de infância e a vida em regime comunista, até suas passagens e curiosidades em diversas paróquias por vários estados brasileiros. 
Padre Jorge, com a imagem de Nossa Senhora do Roccio, padroeira do Estado do Paraná, presente recebido esta semana direto do Santuário da Virgem do Roccio, em Paranaguá. E foi no Paraná, na cidade de Jardim Alegre, no Vale do Ivaí, Diocese de Apucarama, na Paróquia Nossa Senhora do Roccio, que ele iniciou sua jornada de evangelização em solo brasileiro. 
PADRE JORGE,  ONDE O SENHOR NASCEU E COMO FOI SEU BATISMO?  Em 1º de agosto de 1942. no terceiro ano da segunda guerra mundial, nasci na Alta Silésia, cidade chamada de Piekary.
Meu pai era mineiro, trabalhava em minas de carvão mineral, numa profundidade de 800 metros. Minha mãe, toda a sua vida, cuidava da casa e da educação dos filhos. 

A vida do povo durante a guerra, não era fácil.  Nossa família era abençoada por Deus, porque, a gente tinha uma cabra que nos sustentava com o seu saboroso leite.  Meus pais eram pessoas profundamente religiosas. Conduziram uma vida difícil, mas cheia de piedade.  A Santa Missa e a oração do terço davam-lhes forças, para não desanimar. Lembro-me que meu pai rezava o terço ou cantava Salmos andando, enquanto a gente fazia os deveres da escola.

O amor à Igreja era muito importante. Não podia criticar um padre ou falar mal da Igreja: "Ele sabe o que faz", essa era a resposta dos pais. 

Em oito de agosto de 1942, fui levado à Igreja Nossa Senhora de Piekary para ser batizado. No batismo recebi o nome de Jorge Afonso. Pelo Batismo, Deus aceita o homem para ser seu filho adotivo, dando-lhe gratuitamente a graça da fé.

Nossa Senhora de Piekary.

É preciso lembrar que a Igreja sofreu muito com a incompreensão e perseguição do comunismo. Não tinha liberdade de expressão, os católicos eram desprezados e ridicularizados pela propaganda ateia do comunismo. Mas a Igreja oferecia motivos para criar condições dignas de vida para a maior parte da população. Todos eram contra o regime comunista, cumpriam suas obrigações com a Igreja, muitas vezes só para mostrar que eram contra o regime comunista.

COM QUANTOS ANOS RECEBEU O SACRAMENTO DA

PRIMEIRA EUCARISTIA? No 3º ano do primário, com 10 anos de idade, fiz a minha Primeira Comunhão. Neste mesmo dia, 25 de março de 1952, juntamente com outras 300 crianças, recebi o Sacramento de Iniciação Cristã, a Eucaristia. Lembro-me que todos os domingos a gente ia a Igreja duas vezes, de manhã para a Santa Missa e a tarde para a celebração das vésperas. Depois das vésperas, à tarde, vieram para nossa casa os padrinhos do batizado, e a mãe fez um “café verdadeiro”. A casa encheu-se de um sabor delicioso. Porque normalmente, o nosso café era feito de centeio ou tomava-se chá, de vários tipos de ervas. Foi neste dia que ganhei o meu primeiro terno. Antes, só usava o que sobrava do irmão mais velho. Como já havia feito a primeira comunhão, então podia ser coroinha para ajudar na celebração da Eucaristia.

COMO FOI SUA ATUAÇÃO DE COROINHA? Como coroinha, ajudava duas vezes por semana na Missa, às 6 horas da

manhã. Após a Santa Missa, buscava o leite e ia para casa, tomava o lanche, embrulhava outro lanche para a sacola e corria para a escola. As aulas começavam às 8 horas, terminando às 15 horas. O intervalo para o lanche era às 11 horas. Chegado este momento, tirava o lanche da sacola e o saboreava, tomando um copo de leite ou chá que ganhava da escola. O lanche era pão de centeio com banha de porco.

No tempo do Advento, ia todos os dias à missa (que se chamava em latin, Rorate Coeli) e levava uma lamparina, como todas as outras crianças. Era sempre muito frio, com muito gelo e neve. Quem tinha uma lamparina mais bonita, ganhava um presente. Eu nunca ganhei este presente, a minha lamparina era inferior, de papel.

No mês de maio, todos os dias do mês, ia a Igreja às 18 horas para cantar a ladainha de Nossa Senhora. Todo o mês de outubro não faltava a recitação do terço, na Igreja às 18 horas. Aos domingos, sempre participava da Missa de manhã e à tarde. Às 15 horas era vésperas – cantava os Salmos e depois tinha a bênção do Santíssimo.

Terminando a sétima série, escola primária, entrei no primeiro ano de Liceum, que dava direito, após quatro anos, de ingressar na universidade.

E VEIO A CRISMA? Isso, na oitava série, o padre que dava aula de religião na escola, avisou que iríamos ser crismados. Então cada um precisava escolher o nome de um santo que seria um protetor durante a vida do crismado. Eu gostava muito da história do Santo Stanislau

Kostka (foto). Este santo, quando jovem, querendo ser Jesuíta, saiu da casa dos pais, que eram muito ricos, e foi para Roma. Lá ele ingressou na Companhia de Jesus. Ele, na hora que foi perguntado porque havia desistido das riquezas deste mundo, respondeu: “Ad Maioram Natus Sum” – Para as coisas mais grandes eu nasci.

QUANDO JOVEM, O QUE O SENHOR FAZIA NESTA ÉPOCA? Como cada jovem do meu tempo, participava de jogos.  Minha paixão era jogar xadrez e pingue-pongue. Entrei também no grupo teatral, na paróquia, junto com os colegas de classe. Na décima série fiz o curso de motorista, meio ano estudando mecânica e três meses estudando leis de trânsito. Por causa disso quase reprovei na disciplina de língua francesa. Meu irmão tinha uma moto, e eu podia

usá-la, se ele me emprestasse. Para se divertir e ganhar dinheiro, fazia fotos, revelando-as em casa. Nas férias, trabalhava como ajudante de pedreiro e depois como pedreiro na construção da casa de meu primo. Como a maioria dos  jovens, era colecionador de selos, fazia parte do grupo filatelístico.

O QUE ERA O EXAME MADUREZA E COMO SE DEU SUA ENTRADA NO SEMINÁRIO? Em maio de 1960, chegou o exame de madureza de todos os 11 anos de estudo. Lembro-me que no exame de geografia, peguei três temas para responder: 1º A indústria no Japão, 2º Os minerais da Polônia e 3º As plantações no Brasil. Respondi que o Estado da Bahia é o maior produtor de cacau (foto), Amazonas –  produtor de borracha e Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Paraná, plantações de café. Ganhei nota 10.

Depois que fiz o exame e passei, recebi o diploma de madureza. Então podia dar a entrada de documentos para ingressar na universidade. Levei, junto com 3 colegas de classe, meus documentos para o seminário.

E DAÍ ,VEIO A VISITA DA POLÍCIA SECRETA NA SUA CASA?  Minha mãe me perguntou o que eu iria fazer depois de ter feito o exame de madureza, que dava direito a entrar na universidade e também já havia recebido a identidade. Na hora que disse que iria para o seminário, ela olhou-me e disse: “Pensa bem o que vai fazer, o negócio é muito sério”.  A Polícia Secreta veio em minha casa conversar com o meu pai, para saber porque ele deixou o filho ingressar no seminário. O pai respondeu, de medo deles, como diz no Evangelho “Os pais do cego”: “Ele já tem 18 anos, já pode decidir sozinho, não posso fazer nada, ele sabe o que faz”. E, assim comecei uma vida nova.

COMO FOI A VIDA NOVA NO SEMINÁRIO?  No dia 1º de

setembro de 1960, entrei, junto com 70 jovens para o seminário. Era o ano propedêutico, em Tarn-Góry.  No seminário, encontrei tanta gente nova, todos os rapazes muito inteligentes e religiosos. Eu pensei: “Não sou como eles, mas com a graça de Deus e ajuda de Nossa Senhora do Piekary, também vou ser igual”.

Depois do primeiro ano de estudo, passei para o primeiro ano de Filosofia, no seminário maior da Silésia, na Cracóvia. Lá encontrei um ambiente muito diferente. Cracóvia (foto) é Capital Cultural do país. Existe muitos monumentos históricos, muitos seminários religiosos e três seminários diocesanos – da

Arquidiocese da Cracóvia, de Czestochowa e da Silézia. Eu gostava muito do seminário, era um tempo maravilhoso. No terceiro ano de estudo, dirigi o grupo de fotógrafos do seminário, e assim ganhava dinheiro para pagar a mensalidade do seminário.

Terminando a Filosofia, recebi a “Tonsura” – corte de cabelo que faz a gente fazer parte do clero. Também fui vestido com a roupa de padre (batina). No 1º ano de Teologia, recebi as quatro ordenações menores, depois a ordenação de subdiácono e no último ano a ordenação diaconal.

COMO SEMINARISTA FAZIA PEREGRINAÇÕES? Sim, como estava num país muito católico, no  santuário de Czestochowa, uma vez por ano realizava-se uma grande peregrinação. 
Os jovens percorriam a pé a longa estrada. É uma comunidade de oração, que estreita ainda mais os laços de amizade: as cidades, as vilas, as fazendas se apressam à acolher os peregrinos com solicitude e alegria. É um povo que caminha com coragem e perseverança. Eu fiz esta peregrinação dez vezes com os jovens da paróquia. 
Uma vez por mês, ia para assistir o concerto da Filarmônica da Cracóvia. Na Igreja acadêmica de Santa Ana, ia assistir às conferências acéticas pregadas pelo arcebispo de Cracóvia, Dom Karol Wojtyla (foto), que seria no futuro, o Papa João Paulo II. Ajudava também nas celebrações solenes na Catedral, fazendo parte da liturgia, onde o arcebispo Wojtyla era celebrante.

QUANDO FOI A ORDENAÇÃO? A ordenação é um grande acontecimento na vida de um jovem, da sua família e de  toda a comunidade paroquial. No dia 5 de junho de 1966, junto com mais 25 diáconos, no dia de Pentecostes, na Catedral de Cristo Rei, em Katowice, recebi a ordenação sacerdotal.  

Uma semana depois, no domingo da Santíssima Trindade, no dia 12 de junho de 1966, foi a primeira Missa na cidade natal do novo padre. O neopresbítero recebe a bênção do seu vigário, do pai e da mãe, na casa paroquial e depois, em procissão vai para a Igreja. A primeira Missa era cantada em latim, acompanhado pela Orquestra Sinfônica e o Coral da Basílica de Nossa Senhora de Piekary.

Naquele tempo, todas as cerimônias, na Igreja, começavam sempre com a invocação do Espírito Santo: “Veni creator Spíritus”. Nesta Missa também o novo padre pede ao Espírito Santo a iluminação para toda a vida sacerdotal. O sermão era do meu professor de Teologia Fundamental, padre Afonso Skowronek. Depois da Missa, sempre tinha como ação de graças, a bênção do Santíssimo. Com o cântico “Te Deum laudámus”, terminou a minha primeira Missa.

Após a celebração na Igreja, todos os convidados, padres e parentes, foram convidados para a festa na casa dos pais do neopresbítero. Para esta festa, ganhei 16 perus de uma senhora fazendeira e muitas outras coisas dos amigos da família. No segundo dia de festa, foram convidados os funcionários da Igreja: sacristão, organista, secretário, cozinheira e os professores da escola.   No terceiro dia, junto com  os meus colegas da escola, os coroinhas e o grupo de jovens da paróquia, terminamos a festa da primeira Missa. Como lembrança da Ordenação imprimi, escondido por causo do comunismo, os santinhos, que distribuí para todos dando a bênção do padre neopresbítero.

E ENTÃO O SENHOR COMEÇOU A TRABALHAR NA PARÓQUIA? Depois da festa da primeira Missa, recebi o decreto do Bispo para trabalhar como padre auxiliar, na Paróquia de Kamien e no mês de agosto, na Paróquia de

Naklo.  No mês de agosto recebi o decreto do Bispo para ser Vigário Cooperador, na Paróquia São José, em Katowice. Naquela paróquia trabalhava, além do vigário, mais quatro padres cooperadores, e um padre professor que morava na paróquia.

Fiz, nas férias, um curso de especialização para trabalhar com pessoas portadoras de deficiência: surdos e mudos. Trabalhei em Katowice, com essas pessoas confessando e rezando Missa com gestos. Também, como cada padre, era professor de catequese, tinha 25 aulas por semana. Trabalhei com jovens da paróquia, dirigindo um coral. Era muito bom trabalhar como padre, era feliz e realizado. Se alguém fosse me falar naquele tempo, que eu abandonaria este trabalho e viajaria para o Brasil, para ser missionário não sei o que eu iria fazer com esta pessoa.

Para não ficar orgulhoso ganhei, do coveiro da paróquia, uma caveira (cabeça) que depois de envernizá-la, deixei-a na minha escrivaninha. Cada vez que olhava para ela lembrava-me da minha vocação e do meu futuro. E assim ficava mais humilde.

COMO FOI ESTA VOCAÇÃO MISSIONÁRIA E SUA VINDA PARA O BRASIL?  No verão de 1968, bateu a porta da casa paroquial, um padre do Brasil, pedindo abrigo, cuja  mãe estava internada na casa dos velhinhos, mantida pela minha paróquia. Ele se chamava padre Tadeu

Ziemski (foto) e estava chegando do Brasil, onde era missionário desde o fim da segunda guerra mundial. Ele veio para a Polônia visitar sua mãe, que estava doente.

Padre Tadeu exercia sua função de sacerdote na Diocese de Apucarana (PR).  Já que ele estava indo à sua terra natal, seu Bispo pediu-lhe que chamasse algum padre para a Diocese de Apucarana. Ele me falava diariamente sobre seu trabalho no Brasil e da grande necessidade de padres no Brasil.

Estudando a encíclica do papa Pio XII (foto)  “Fidei Donum” e depois os documentos do Vaticano II, onde a Igreja pede aos padres diocesanos para trabalhar nas missões, então pensei: “por que eu não posso ser missionário?”.  Depois de 10 dias de conversa, sem pensar muito, resolvi que iria para o Brasil como padre missionário, já que éramos em seis padres na paróquia. Então ele escreveu uma carta em português e polonês, e mandou-me assiná-la. Assim começou a maior aventura da minha vida.

O bispo de Katowice, na hora que fui pedir a liberação para trabalhar no Brasil, mandou-me uma carta dizendo: “Isso vai ser possível somente após dois anos”. No retorno do padre Tadeu ao Brasil, ele entregou ao seu bispo a minha carta, e ele me respondeu com alegria que iria pagar a minha passagem e desde já me considerava como padre da sua Diocese.

E A PREPARAÇÃO PARA VIAGEM AO BRASIL, FOI FÁCIL, RÁPIDA?  No regime comunista, receber passaporte e viajar

para o exterior era quase um caso impossível para quem não era adepto ao comunismo. Os padres, a Igreja, eram considerados os maiores inimigos do regime. Durante este tempo, esperando o passaporte, fui transferido para a Paróquia Jozefowiec e depois para a paróquia Pstrazna. Depois de dois anos de espera recebi o passaporte. 

Nesta paróquia, no mês de julho me despedi de todos os padres da turma. Em 13 de agosto de 1970, depois da festa de despedida com meus pais, irmãos e amigos, peguei um trem de Katowice  para Viena, capital da Áustria, e no dia seguinte para Roma. 

Durante duas semanas, enquanto aguardava o navio que me levaria para o Brasil, conheci quase todos os monumentos históricos, e principalmente os da Igreja em Roma. Em Gênova, peguei o navio ‘Eugênio C’, que era uma “cidade flutuante”. 

Todos os dias, na capela do navio, rezei a Santa Missa numa Igreja perto do porto. Durante a viagem o navio parou em Barcelona, onde celebrei uma Missa, numa Igreja perto do porto. Depois, o navio parou também em Lisboa, onde tomei o café mais saboroso até agora.

QUANDO CHEGOU EM SOLO BRASILEIRO? Durante a viagem, vendo só as águas do oceano, peguei a doença do mar, mas tinha médico e tomando remédio, sarei. Graças a Deus! Pensei que fosse morrer. Depois de 10 dias da viagem,  cheguei no Rio de Janeiro.... 

e no outro dia desembarquei no porto de Santos.

Era dia em que a Igreja celebrava a festa da Natividade de Nossa Senhora: 8 de setembro de 1970.

Esperei no salão do porto, o padre Tadeu, de Apucarana. O padre não apareceu para me buscar, conforme o combinado. Isto aconteceu devido o navio ter adiantado em dois dias a viagem, por causa do bom tempo. Minha sorte foi que, no mesmo navio, viajavam as irmãs do Pime e o padre desta congregação veio buscar as irmãs. Eu, perdido, quase chorando, fui convidado para ir com eles  para o Colégio deles, em São Paulo. No dia seguinte, me compraram passagem, e viajei com as irmãs do Pime, para Ibiporã, perto de Londrina.

Chegando lá, o pároco me levou para Apucarana. Graças a Deus, cheguei são e salvo no meu destino, sem saber falar a língua portuguesa.

Em Apucarana, encontrei o padre Tadeu que ia para Santos me buscar, conforme estava combinado. Que surpresa quando me encontrou, já em Apucarana. E assim viajamos para Jardim Alegre, no Vale do Ivaí no Paraná.

A VIDA DO SENHOR MUDOU ENTÃO A PARTIR DE JARDIM ALEGRE?  Cheguei na noite de 10 de setembro de 1970 na casa paroquial, junto com padre Tadeu, em Jardim Alegre - ele era pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rocio na cidade de Jardim Alegre, Diocese de Apucarana. Na foto abaixo, padre Tadeu e o bispo Dom Romeu Alberti.

 Começou para mim, uma vida totalmente diferente. Não sabia que seria tão diferente. O primeiro problema era aprender a língua portuguesa, para poder me comunicar com os outros. 

É VERDADE QUE O SENHOR FICOU ASSUSTADO AO VER O POVO COMENDO ARROZ E FEIJÃO TODO DIA? Sim e como fiquei surpreso, pois vi que todos os dias tinha que comer feijão e arroz.  Este tipo de comida, na minha terra, tinha somente no dia de penitência – sextas-feiras. Pensei: “Oh, meu Deus, agora vou começar a jejuar, fazer aqui a penitência, todo santo dia”.

COMO O SENHOR FEZ PARA ENTENDER E FALAR MELHOR A NOSSA LÍNGUA? Para entender mais facilmente o costume e a língua, assistia televisão todas as noites e naquele tempo, só tinha um aparelho de TV que era na casa do

Padre. Então, todos os dias a noite depois da Missa, a casa paroquial ficava cheia de gente para assistir a novela, e eu no meio deles. Que loucura, eu padre, assistindo novela! Mas gostava muito, pois começava a entender a língua. Eram as novelas: “As pupilas do senhor Reitor” e depois, “Irmãos coragem”.

Meu pároco, padre Tadeu, recebia da Alemanha sua aposentadoria, porque, no tempo da guerra era prisioneiro, no campo de concentração. Com este dinheiro construiu o primeiro hospital de Jardim Alegre.  Em primeiro de novembro, veio o bispo de Apucarana para inaugurar o novo hospital de Jardim Alegre. Neste hospital, depois de dois meses, o padre Tadeu veio a falecer.

QUANDO FOI A POSSE COMO PÁROCO DE JARDIM ALEGRE? Foi no dia de São José, em 19 de março de 1971, quando veio dom Romeu Alberti, bispo da Diocese de Apucarana, e deu-me posse como pároco de Jardim Alegre.

O primeiro pároco desta paróquia foi o padre Ladislau Ban (Foto), da Hungria. O segundo foi o padre Tadeu Ziemski. Eu fui o terceiro pároco dessa paróquia. 

NOTA DO BLOG - A Paróquia Nossa Senhora do Rocio foi criada em 15 de agosto de 1966 e instalada em 15 de novembro de 1966, pelo então bispo Dom Romeu Alberti. Foi desmembrada da Matriz de Ivaiporã.

Até 1964, Jardim Alegre foi distrito de Ivaiporã. A cidade começou a ser formada no começo dos anos 50 com o nome de patrimônio "Três Machados". O nome foi trocado para "Rancho Alegre" e finalmente Jardim Alegre. Os "Três Machados" na verdade, não tem nada a ver com a ferramenta, mas sim uma relação aos irmãos "Machado" que eram proprietários das terras que também pertenceram a Família Barbosa Ferraz da colonizadora "Ubá". Até 1979, Jardim Alegre tinha como distrito a localidade de Ubá do Sul, que virou município e passou a se chamar Lidianópolis. A Paróquia Nossa Senhora do Rocio pertence a Diocese de Apucarana.

E A ADAPTAÇÃO PARA APRENDER O PORTUGUÊS? A paróquia de Jardim alegre tinha 20.000 habitantes, com 18 capelas. A Igreja Matriz estava em construção. Meu maior problema era não saber falar quase nada em português.  Lembro-me que num certo dia, veio um pedreiro me perguntar se podia comprar areia. Eu não sabia o que significava a palavra “areia”, mas sabia o significado das palavras: podia e comprar. Corri no quarto e procurei no dicionário o significado daquela palavra. Depois, voltei dizendo-lhe que podia comprar areia. Assim, se espalhou a notícia de que o padre era inteligente, já sabia falar a língua portuguesa. Foi um sofrimento muito grande. Só Deus sabe o quanto

sofri.  Logo depois comecei a confessar, batizar e celebrar casamentos. Andava de batina preta, como era o costume, e rezava cinco ou seus missas aos domingos. Para o dia da posse, mandei imprimir santinhos com a minha foto, como lembrança da posse do novo pároco de Jardim Alegre.

UM FATO TRISTE FOI A MORTE DO PADRE TADEU? Com certeza, às 8 horas da manhã, na véspera da festa de São Sebastião, depois do Glória, durante a Santa Missa, o padre Tadeu sentiu-se mal e foi à sacristia, onde caiu quase morto. Foi levado para o hospital que ele mesmo havia construído. O médico, após examiná-lo, constatou que já estava morto.

O padre Tadeu ficou no campo de concentração de Dachau,

na Alemanha (foto), durante a segunda guerra mundial, onde a maioria dos prisioneiros morriam de fome ou pelo trabalho forçado. Desta prisão, padre Tadeu, adquiriu uma doença estranha que nenhum médico conseguia detectar.

Cheguei no hospital e celebrei o sacramento dos Enfermos e dei à ele, a absolvição geral, porque o médico havia me comunicado que o padre Tadeu acabara de falecer. Chorei pela primeira vez no Brasil, como criança, porque gostava dele como um pai e também tinha medo que após a morte dele, o bispo me mandasse embora de volta para a Europa, pois eu não sabia falar corretamente a língua portuguesa.

No domingo às 9 horas, havia sido marcada a missa da

Festa de São Sebastião, mas foi celebrada a missa de corpo presente do padre Tadeu, presidida por Dom Romeu Alberti (foto), bispo de Apucarana. No final da Missa, Dom Romeu avisou o povo que o padre  Jorge iria ficar no lugar do padre Tadeu, pois este era o seu testamento, seu desejo.

NO PRIMEIRO NATAL NO BRASIL O SENHOR CONHECEU O NOSSO CHURRASCO? No dia de Natal, fui  convidado,  junto com o padre Tadeu para ir à casa do prefeito participar da festa de Natal. A festa era na serraria dele. Na 

chegada, vi um buraco no chão, com lenha acesa e em cima, pedaços de carne de boi - queimando. Ao lado, tinha uns cachorros e os assadores com copo de bebida na mão e cigarro na boca. Eu pensei: “Que povo bondoso, até os cachorros, no dia de Natal terão uma comida mais gostosa”.  Porque existe uma lenda que fala, que na noite de Natal, quando Jesus nasceu, até os bichos falam e merecem comida mais gostosa. Como fui surpreendido quando, sentados nas tábuas que serviam de banco, naquele barracão da serraria, no lugar da mesa de tábuas cobertas de papel e buracos no meio para colocar os espetos, trouxeram esta carne assada – o churrasco, para  comermos. Não gostei daquela carne “suja”, por causa da sujeira do local e vendo o jeito de preparar.

Voltei para casa com fome. O Padre Tadeu pediu para que a

empregada fizesse uma sopa para mim. Ela disse: “não foram numa festa com churrasco?” Padre Tadeu respondeu: “Padre  Jorge não gostou do churrasco e não comeu nada”. Este foi o meu primeiro Natal no Brasil, quase passando fome.

TEM UMA HISTÓRIA DO PRIMEIRO MILAGRE. COMO FOI? Num sábado, veio na casa paroquial, um seminarista com uma carta do padre da paróquia de Grandes Rios, cidade vizinha de Jardim Alegre. Na carta, o padre me pedia para ir atender uma enferma, pois ele precisava viajar para um retiro. A pessoa que estava doente, pertencia ao um patrimônio chamado Rosário, afastado uns 60 quilômetros de Jardim Alegre. 

Convidei o presidente da comissão da Igreja, o seu Mozart, para viajar comigo até a casa daquela enferma. Quando chegamos na casa, o filho daquela senhora me explicou: “Padre, a nossa mãe não sabe falar a língua portuguesa. Ela sempre morou numa colônia, onde se falava a própria língua”Naquele instante, pensei: “Se for a língua alemã, italiana, francesa ou ucraniana, eu me viro. Mas se ela falar em japonês, eu estarei perdido”. O rapaz me respondeu: “A minha mãe só sabe falar a língua polonesa”.

Então, pedi que todos se retirassem do local para que eu pudesse ficar a sós com a enferma, para poder ouvir a sua confissão. Na hora que comecei a falar em polonês, a velhinha começou a chorar, dizendo: “Em minha vida inteira, pedi a Nossa Senhora que não me deixasse morrer sem antes poder fazer uma confissão com um padre que falasse a minha língua. Os padres daqui não entendem o que eu falo. A presença do senhor aqui é um verdadeiro milagre por meio de Nossa Senhora”.

Ainda sem acreditar que fosse uma realidade a minha presença, chorando, aquela enferma segurou fortemente as minhas mãos, para ter certeza que seria real tudo que se passava. E eu também comecei chorar. Depois da confissão, rezei com ela e cantei um cântico que ela conhecia: “Serdeczna Matko”.  - Em português, significa "Mãe carinhosa". 

Copie e cole no seu navegador para ouvir a música: 
https://www.youtube.com/watch?v=KBUqLiSbfG0

Os familiares, chorando, assistiram assustados a celebração do Sacramento dos Enfermos, e agradecendo a Deus por este milagre acontecido. Esta passagem, contei um dia na Rádio do Vaticano, quando fui visitar a Basílica de São Pedro, em Roma.

O PRIMEIRO SERMÃO NÃO SE ESQUECE? E como! Eu não sabia ainda falar corretamente e não tinha coragem de fazer o sermão, com medo de errar. Podia escrever o sermão e lê-lo, mas tinha medo de acostumar a ler o sermão, que tem de ser feito de cabeça e coração, e nunca lido. Até hoje, não escrevo meu sermão, falo de coração e de cabeça. Então sempre, nas missas, depois do Evangelho, o leitor fazia a leitura de uma mensagem do Evangelho.

Num domingo chuvoso, apareceu pouca gente na Igreja e eu criei coragem para fazer o sermão. Na cidade não existia asfalto. No dia de chuva, não dava para andar de tanto barro. Minha batina ficava vermelha de barro. Então, pedi a Deus que me desse a coragem para fazer meu primeiro sermão. E comecei o sermão: “O povo de Jardim Alegre não têm fé, ou é tão pobre que não têm dinheiro para comprar um guarda roupas, que não custa tão caro. Porque se tivessem fé, pegava o guarda roupas e viria à Igreja”.  

O povo começou a rir. Pensei que estavam contentes porque eu já sabia falar em português. Depois da Missa, o português, seu Antônio, veio na sacristia e quis pegar o guarda roupas da sacristia, falando: “Padre, eu tenho muita fé, mas não aguento levar o guarda roupas para à missa”. Assim, eu entendi meu erro, confundi guarda roupas com guarda chuva. Mas ganhei coragem e daí para frente, sempre faço a homilia na celebração da Santa Missa.

O SENHOR FEZ FILOSOFIA COM OUTROS PADRES?  Os padres da paróquia de Ivaiporã me convidaram para estudar junto com eles em são Paulo. Todas às segundas-feiras íamos à São Paulo participar das aulas e fazer as

provas. Após dois anos de estudo, no dia 28 de dezembro de 1974, recebemos o diploma de Licenciatura em Filosofia.

A maior dificuldade para acompanhar este estudo foi a falta de domínio da língua portuguesa. Este estudo foi muito bom para que eu pudesse me aperfeiçoar na língua portuguesa e conhecer o sistema de ensino superior no Brasil. Este diploma me deu direito de  ser professor. Muitas vezes recebi convite para ministrar aulas, mas não aceitei. Gostaria de dar aulas, como fazia na minha terra, como catequista. Mas aqui no Brasil, como padre, não posso abandonar a paróquia, a minha Igreja, que tanto precisa de mim.

DEPOIS, O SENHOR QUIS SER MISSIONÁRIO NO AMAZONAS?  Pedi ao bispo que me deixasse ir trabalhar no Amazonas e ele me dizia: “Você não aguenta, porque lá nem os brasileiros aguentam”. Depois de pedir, quase meio ano, ele me deixou ser missionário no Amazonas. No dia primeiro de janeiro de 1976, o bispo de Apucarana, deu posse ao novo pároco de Jardim Alegre - padre Aristides Deretti.  Com minha fé e coragem, fui para Belém, viajando de ônibus 3 mil quilômetros. Chegando na casa de meu colega que era vigário de uma paróquia naquela cidade, fui com ele de embarcação à Santarém e depois à Manaus, capital do Amazonas, para ficar trabalhando lá como missionário.

Depois de um mês, não sei o que aconteceu, fiquei muito doente. Fui ao médico, em Belém, que após me examinar, disse-me: “Padre Jorge, vai embora daqui. Aqui o senhor vai sofrer muito. Se quiser ajudar a Igreja do Brasil, volta para o Sul, lá você poderá ser muito útil. Aqui, nem os brasileiros aguentam”. E assim, retornei à Apucarana para o hospital.

EM APUCARANA, QUAL FOI SUA MISSÃO? Retornei para Apucarana e fiquei no hospital da Providência, das Irmãs Vicentinas. No hospital, pensei que não iria poder trabalhar mais no Brasil. Graças a Deus, aos bons médicos e as Irmãs, recuperei todas as doenças, principalmente a da “cabeça”. Para ser missionário não precisava ir tão longe.

Pedi ao Bispo de Apucarana que me desse uma paróquia, até que eu recuperasse totalmente a saúde. Ele me

mandou para Igrejinha – Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Era uma comunidade abandonada por problemas causados pelo Padre, que abandonou o sacerdócio.

Depois de um mês, veio o Bispo de Pico, visitar a Diocese e me deu posse como pároco, porque o bispo diocesano de Apucarana estava ausente. Assim comecei o meu trabalho novamente na Diocese de Apucarana.

No Bairro Igrejinha, em Apucarana, existia um barracão que servia como Igreja Matriz. A antiga Igreja, no dia em que veio o padre Vitor Coelho, de Aparecida do Norte, desabou. Foi um milagre, ninguém morreu.

Com aprovação do Conselho Paroquial de Economia, tomei a decisão de construir a nova Igreja Matriz. Não foi fácil, mas com a ajuda de toda a cidade de Apucarana,  conseguimos construir a Igreja.  Na falta de recursos, juntamente com a ajuda da comunidade, fazia na casa paroquial, os vitrais artístico coloridos. Na fábrica dos vitrais, em Curitiba, onde encomendei alguns vitrais, ganhava os cacos de vidros coloridos, que eram estrangeiros, e fazia o mosaico para os restante da Igreja.

Depois da inauguração da Igreja, chamei o Padre Vitor Coelho, de Aparecida do Norte, para trazer a Imagem de Nossa Senhora Aparecida. Foi uma grande festa para Apucarana. Assim, a Igrejinha tornou-se o Santuário de Nossa Senhora Aparecida. 

APÓS QUANTOS ANOS NO BRASIL O SENHOR SE TORNOU "BRASILEIRO"? Depois de cinco anos de permanência no Brasil, conforme a legislação em vigor, entrei com o pedido de naturalização. Depois de um ano de espera, chegou o aviso que a minha naturalização estava concedida.

Fui chamado para comparecer perante o Juiz da Comarca de Apucarana, que depois de me examinar se sabia ler e escrever em português, concedeu-me o documento de naturalização brasileira.

Quando sai do Fórum de Apucarana, com muita alegria, encontrei um guarda, conhecido, que falou-me: “Padre, agora o Senhor é brasileiro, então eu tenho uma arma para lhe vender, quer comprá-la? Eu lhe respondi rindo: “Não, porque já tenho uma que ganhei como herança do padre Tadeu”. Na verdade, não pode confiar nas armas quem confia em Deus. E assim me tornei um brasileiro armado.

QUANDO O SENHOR FOI PARA  ROMA E ENCONTROU O PAPA JOÃO PAULO? No fim do ano de 1979, fui para minha casa

passar o Natal com a família. Na volta, passei em Roma para visitar o Santo Padre. Participei da Santa Missa de Ano Novo, na Basílica de Pedro. Era a Missa pela Paz no mundo. O Cardeal Ladislau Rubim, que era Prefeito da Congregação das Igrejas Orientais, deu-me um entrada para a audiência com o Papa.  

Na primeira audiência geral do ano, na quarta-feira, fui na sala de Paulo VI. Quando o Papa passou, beijei o “anel de pescador” e disse-lhe: “desejo falar com a Vossa

Santidade”. Ele me respondeu: “fale com o padre Estanislau” - padre que  era o secretário do Santo Padre. Me dirigi a ele e disse-lhe: “desejo falar o Papa e ele me mandou falar com o Senhor”.  E ele me disse: “eu te chamo depois da audiência”.

Terminada a audiência, estava quase chorando. Pensando

que não iria ter a oportunidade de falar com o Santo padre. Achava que o secretário teria me esquecido. De repente veio um guarda-suíço, abriu a porta e me disse: “segue-me”. As pessoas ali presentes, olhavam com inveja para mim, e eu andando ao lado do guarde até chegar ao Papa.

Chegado aquele tão esperado momento, o Santo Padre abraçou-me e disse-me: “onde se viu, um padre deixar a sua paróquia e passear no Natal!” Depois levar  bronca, disse ao Santo Padre: “Eu sou missionário no Brasil e estava voltando da casa de meus pais”. Então ele disse-me: “Estou estudando a língua portuguesa, irei visitar o Brasil no próximo ano”. Recebi uma bênção e um abraço do Papa e me despedi.

Depois de três dias, fui na redação do L’Olesvolve Romano” para receber as fotos que havia tirado com o Papa. Fui o primeiro brasileiro a tirar fotos com o novo Papa. Graças a Deus!

E DE APUCARANA, O SENHOR MUDOU DE ESTADO NOVAMENTE?  Terminada a construção da Igreja Matriz no Santuário Nossa Senhora Aparecida em Apucarana, decidi ir trabalhar como missionário em Mato Grosso do Sul, já que no Amazonas, não tinha dado certo. Pensei: “no

Amazonas era muito difícil para trabalhar, mas no Mato Grosso do Sul não vai ser tão difícil!”.  Na Quarta-feira de Cinzas, no ano de 1980, fui para a Diocese de Dourados. Passando o Rio Paraná, no Mato Grosso do Sul, o clima e o costume do povo é totalmente diferente, é um outro Brasil. Chegando em Dourados, fui morar na casa episcopal. Naquela paróquia precisava começar tudo, não tinha nada. Comecei construir uma casa paroquial, na nova paróquia de Bom Jesus, no Jardim Flórida (foto).

Realizava encontros e retiros em Campo Grande, e muitas vezes em Cuiabá. Uma vez peguei o ônibus para viajar para Rondônia, com um padre Italiano, que era pároco de Bandeirantes, perto de Campo Grande. A viagem durou uma semana, porque naquele tempo estavam fazendo o

asfalto e na hora que chovia não dava para passar. Depois de visitarmos Rio Branco, capital do Acre, retornamos para Cuiabá, de avião. Uma vez fomos de trem, de Campo Grande para Corumbá. Foi uma viagem inesquecível. Me lembro do calor e o gosto da cerveja, na beira do rio a meia noite.

Reformei a Igreja e construí o Salão Paroquial. As terças-feiras ia no Seminário Franciscano, em Rio Brilhante, para tomar banho na piscina e descansar. Numa noite, roubaram o carro - um fusca que era do senhor bispo.

Numa capela, distante 60 quilômetros, perto do Paraguai, antes da Missa, chegou um forasteiro e começou a me empurrar, falando-me: “Você é muito bonzinho, é o único que não apanhou aqui!” E eu mudo, sem falar nada, com muito medo, fui me afastando e ele me empurrando. Eu sou corajoso, mas naquele momento tinha medo de “apanhar” dele ou morrer. Porque naquele lugar já tinham matado um padre.

A partir destas situações, comecei a me desanimar e pensei em voltar para um lugar mais civilizado. Antes de ir para Dourados, o bispo de Maringá havia me convidado para trabalhar na sua Diocese. Então decidi voltar para o Paraná, na Arquidiocese de Maringá.

FOI PARA QUAL CIDADE? Para a cidade Uniflor, que é uma cidade muito bonita. O padre vinha de Cruzeiro do Sul aos domingos celebrar a Santa Missa. A Igreja era dedicada a Imaculada Conceição. Era mal construída.

Chamei um engenheiro para vistoriar aquela obra e ele assustou toda a população. O telhado estava para cair, porque a parede já tinha aberto meio metro.

Decidi, firmemente, derrubar a Igreja e construir uma nova. Para derrubar a Igreja, acabamos com os cabos de aço da prefeitura e dos fazendeiros vizinhos. Não foi fácil. Em maio, o arcebispo de Maringá veio para benzer a pedra fundamental da nova Matriz de Uniflor. Pedi ao bispo para ele voltar em 8 de dezembro, dia da padroeira da paróquia, para inaugurar a nova Igreja. Lembro-me que ele olhando para mim, perguntou: “De que ano?” E eu lhe respondi: “deste ano senhor Bispo!” No dia 8 de dezembro, ele voltou para inaugurar a nova matriz de Uniflor.

COMO ENTROU CAMPO MOURÃO NA SUA HISTÓRIA?A Igreja foi construída pela mesma firma de Apucarana, com o dinheiro que veio do católicos alemães – Adveniat. Depois fui pedir ao arcebispo de Maringá para me deixar sair para trabalhar na diocese de Campo Mourão. Quando

cheguei aqui em Campo Mourão, fui recebido pelo bispo Dom Virgílio de Pauli (foto), e pedi a ele para trabalhar em Campo Mourão. E ele me falou: “Padre Jorge, Deus te mandou aqui - você caiu do céu!”.

No 2º dia do Natal, 26 de dezembro de 1985, o presidente da comissão de Cruzeiro do Sul me trouxe com a minha mala para Campo Mourão.

 Depois de Jardim Alegre, Apucarana, Dourados, Cruzeiro do Sul, a paróquia São José foi a minha quinta.  No dia 29 de dezembro de 1985, na Missa das 9 horas, Dom Virgílio de Pauli deu-me posse de pároco da Catedral. Era o último domingo do ano, dia da Sagrada Família. Nesta celebração, pedi as orações dos fiéis presentes para eu cumprir bem a minha missão em Campo Mourão.

A paróquia da Catedral era muito grande, abrangia quase toda a cidade. Existia apenas as paróquias Nossa Senhora Aparecida (Vila Urupês) e Nossa Senhora do Caravágio (Lar Paraná). Era mais ou menos 30 mil habitantes, com as capelas rurais.

Para começar o meu trabalho, no dia 02 de fevereiro de 1986 convoquei a primeira assembleia paroquial, realizada no salão paroquial São José. Todas as lideranças da paróquia encontravam-se presentes, juntamente com o bispo diocesano Dom Virgílio. Expliquei a todos como deveria ser o trabalho na comunidade paroquial, de acordo com as normas da pastoral orgânica da Igreja no Brasil e o Plano Pastoral da diocese. Disse-lhes que a paróquia

deveria ter vida pastoral participativa, com os serviços paroquiais e pastorais. A assembleia decidiu, depois de votação, que para participar melhor na liturgia da Santa Missa e nas outras celebrações, o padre iria imprimir um livro de cânticos e orações com o nome: “Oração da Família Paroquial”. Todos entenderam os meus esclarecimentos e se comprometeram fazer o levantamento das famílias para conhecer melhor a realidade da paróquia.

QUAL FOI O RESULTOU DESTE LEVANTAMENTO? No dia 23 de abril, estava pronto o levantamento das famílias. A partir dele dividi o território paroquial em seis comunidades, nomeando um responsável para cada uma. Fiz um mapa de toda a área paroquial dividida em comunidades e entreguei-o para cada um dos responsáveis pelas comunidades, que receberam os nomes dos quatro evangelistas (São Mateus, São Marcos, São Lucas, São João),  São Paulo -  o primeiro missionário dos gentios, e Santa Terezinha - padroeira das missões.

O SENHOR INCENTIVOU A CRIAÇÃO DE NOVAS PARÓQUIAS? No Jardim Aeroporto, exista uma capela de material, que não comportava toda a população. Eu ia todos os domingos a noite celebrar a Santa Missa. Levei da Catedral os móveis para a sacristia, máquina de escrever, altar e a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Fui a Curitiba e comprei um sacrário muito bonito. Foi também providenciado a instalação de alto falantes. Tudo isso foi uma preparação para criar a nova paróquia. Dom Virgílio aceitou meu pedido e decidiu criar a nova paróquia. No dia 18 de maio de 1986 dia de Pentecostes,  foi instalada a nova paróquia sob o título Divino Espírito Santo. O primeiro

vigário era o Diácono José Maria de Mendonça (foto). Passou a pertencer a nova paróquia as capelas rurais Campo Bandeira, Barreiro da Frutas, Água da Cascata, Cristo Rei e Boa Esperança. Assim a paróquia da Catedral ficou menor e eu podia atender com mais atenção a Catedral.

GUTIERREZ -  No dia 5 de abril de 1987, Dom Virgílio de Paulli, a meu pedido, aceitou criar a paróquia de São Francisco de Assis no Jardim Gutierrez. Esta comunidade possuía todas as condições necessárias para ser transformada em paróquia. Eu estava com muita atividades, não aguentava mais de tanto “correr”. Tinha que atender, além da Catedral, todas as capelas – rezava 6 missas aos domingos. Era necessário a

criação desta paróquia que se encontrava sobre a responsabilidade das irmãs Santa Ana. O primeiro pároco da paróquia São Francisco de Assis, nomeado pelo bispo, foi o padre  André Gautrou (foto acima). Para a nova paróquia, passou a pertencer as capelas rurais Alto São João, Piquirivaí, Vila Guarujá e Cama Patente. E assim eu podia pensar mais no trabalho da Catedral, que precisava tanto do padre.

ALVORADA - Dom Virgílio de Pauli em 15 de dezembro criou a paróquia no Jardim Alvorada. A paróquia tem com padroeira Santa Rita de Cássia e foi desmembrada das paróquias Nossa Senhora Aparecida e  São José - Catedral. A paróquia Catedral entregou para a nova paróquia o Jardim Modelo e uma parte da Av. Capitão Índio Bandeira, na altura da garagem da Viação Garcia, saída para Maringá. O padre Alberto Bermareje (foto) foi nomeado por Dom Virgílio para ser o 1º pároco da nova paróquia de Santa Rita de Cássia.

ONDE O SENHOR COMEMOROU SEUS 25 ANOS DE SACERDÓCIO? Depois de 25 anos de ordenação é bom fazer uma ação de graças pela vida e graças recebidas neste tempo. O Jubileu sacerdotal de prata fui celebrar, na minha terra natal, com os 25 colegas de ordenação. Fizemos, um

retiro no convento dos padres dominicanos, em Tyniec (foto), perto da Cracóvia. No dia 5 de junho de 1991, celebramos a solene missa em ação de graças. Após o meu retorno para o Brasil, fiz uma festa para comemorar os 25 anos de sacerdócio na paróquia. Celebrei a Eucaristia em ação de graças, juntamente com os concelebrantes Dom Virgílio, bispo diocesano, padre Janusz, pároco da paróquia Divino Espírito Santo e padre Sebastião, pároco da paróquia São Francisco de Assis. 

QUANDO SURGIU A CÚRIA DIOCESANA? A Cúria Diocesana de Campo Mourão funcionava no prédio da casa de encontros do Lar  Paraná. A Mitra Diocesana tinha uma casa na frente da casa paroquial da Catedral. Dom Virgílio pediu-me que fizesse um projeto, para construir a Cúria Diocesana. A Cúria deveria ter o escritório do bispo, secretária e sala para o vigário geral, secretariado de jovens e da pastoral da criança. No segundo piso projetei a sala de reuniões e dois apartamentos para futura morada dos padres ou irmãs. Depois que elaborei a planta, o engenheiro que o bispo indicou assinou e preparou os documentos necessários para a construção. Todas as despesas da construção ficaram por conta da Mitra Diocesana.

Depois de um ano de construção, a obra ficou pronta. A inauguração foi em 8 de dezembro de 1994 - dia da Imaculada Conceição. 

COMO FOI O EVENTO DOS 50 ANOS DA CATEDRAL SÃO JOSÉ?

 Toda a reforma da Catedral foi para celebrar o grande Jubileu de 50 anos da paróquia São José de Campo Mourão. 
No dia 8 de dezembro de 1942 foi criada a paróquia São José de Campo Mourão, pelo monsenhor Manoel Koenner, prelado de Foz do Iguaçu. A paróquia São José de Campo Mourão foi desmembrada da paróquia Santa Ana de Pitanga. Foi nomeado o primeiro vigário padre Aloisio Jacobi (Foto), da Congregação do Verbo Divino e padre Alberto Frisch, como coadjutor.

Para celebrar este Jubileu, chamei os freis Capuchinhos de Ponta Grossa, para preparar a paróquia para este evento. Dom Virgílio e eu celebramos a Eucaristia pelos 50 anos da vida paroquial, no dia 8 de dezembro de 1992, na festa da Imaculada Conceição, com o povo de Campo Mourão. 

Cada Igreja conforme a tradição cristã deve ter sinos para chamar o povo à louvar a Deus. A Catedral tinha dois sinos velhos quebrados e mandei para São Paulo para serem reformados, fundir com mais dois sinos novos em bronze. No dia 18 de setembro de 1994, Dom Virgílio, durante a Santa Missa deu a bênção dos novos sinos da Catedral. A firma instalou os quatro sinos colocando-os na torre, dois cada uma, com acionamento eletrônico com painel na sacristia.

O SEMINÁRIO NOSSA SENHORA DE GUADALUPE FOI IMPORTANTE NA DIOCESE? Em 13 de janeiro de 1997, na reunião do clero, ficou decidido que a diocese de Campo Mourão devia ter o seminário maior de Filosofia (foto). Existe uma antiga casa de encontro no Lar Paraná que após uma reforma seria para este fim. Os padres pediram-me para fazer esta reforma. Elaborei, então, um projeto depois de vários estudos e apresentei ao senhor bispo. Ele gostou. Para o prédio servir como seminário, precisava construir moradia para as irmãs. 

Depois de um ano de reforma, a casa ficou nova para receber 25 seminaristas em cinco dormitórios com banheiros e um apartamento para o reitor, uma biblioteca, sala de estudo, sala de aula e uma belíssima capela. E também uma moderna cozinha com grande refeitório. Para as irmãs foram construídos seis novos apartamentos. No início das aulas de 1997, foi celebrada a Santa Missa em ação de graças pedindo a proteção e a bênção à padroeira Nossa Senhora de Guadalupe, para começar vida nova no seminário.

A MORTE DE DOM VIRGÍLIO DEIXOU O SENHOR MUITO TRISTE? Sim, sem dúvida, no dia 21 de fevereiro de 1999, no hospital Interclínicas de Campo Mourão, faleceu Dom Virgílio, nosso bispo diocesano de Campo Mourão. Ele sofreu derrame cerebral e depois de 11 dias permanecendo na UTI, não recuperando a consciência, no domingo, às 10 horas da manhã, foi para a casa do Pai.   A comunidade paroquial da Catedral se dividiu em grupos na Igreja para permanecer em oração. Quando o povo estava fazendo o velório, eu com os pedreiros preparávamos,  na capela do Santíssimo, o túmulo. Esta sepultura tinha sido combinada com ele quando ainda estava vivo. Ele me falava muitas vezes: “Padre  Jorge, prepara-me um túmulo na Catedral!”. E eu respondia-lhe: “O Senhor tem que morrer primeiro. Eu prometo que vou fazer um túmulo!”. E assim cumpri a promessa. No dia 22 de fevereiro foi o enterro de Dom Virgílio, com a participação dos bispos do Paraná, padres e uma multidão de fiéis. 

O SENHOR RECEBEU O TÍTULO DE MONSENHOR? Sim, no dia 19 de março de 1999, dia do padroeiro, recebi o título de Monsenhor. Dom Virgílio, antes de falecer, havia solicitado a Santa Sé o título honorífico de Capelão do Santo Padre. Eu acho que assim ele queria agradecer pelos serviços prestados na comunidade paroquial, de Campo Mourão. 

O título chegou

de Roma para a Cúria Diocesana e foi entregue no dia 19 de março, na hora da Santa Missa, celebrada pelo bispo Dom Virgílio e concelebrada por mim. A entrega do documento foi feita pela irmã de Dom Virgílio- Carmem de Pauli. Também, em nome do saudoso bispo, agradeceu-me pela ajuda que eu sempre dei ao seu irmão falecido. Depois de receber o título, agradeci as palavras bonitas e elogios. 

SUA PASSAGEM PELA CATEDRAL EM QUASE 20 ANOS FOI MUITO INTENSA.  Sim, junto com os fieis fizemos bastante coisas e os movimentos tiveram muitas ações. Depois da morte de Dom Virgílio, fui pedir ao bispo para me deixar sair da paróquia da Catedral. Ele pediu para que eu ficasse mais dois anos. Eu aceitei – para o bem da Igreja-, mas depois de dois anos, no dia 1º de janeiro de 2.002, despedi-me do povo e fui para a Arquidiocese de Maringá. Durante
16 anos em Campo Mourão (nunca fiquei tanto tempo em uma paróquia) fiz muita coisa: celebrei quase 15 mil missas, batizei 5.550 crianças e jovens,  celebrei 1.670 casamentos, preparei 5 mil crianças e jovens para fazer a primeira Comunhão e 3.354 para à crisma. 
Graças a Deus, a comunidade de Campo Mourão ficou animada e organizada. Deixei a Catedral de cabeça erguida, por tudo o que Deus me permitiu fazer. Mas não muito orgulhoso, porque: “Fui o servo inútil e fiz tudo o que deveria fazer!”. Amém! Aleluia!. 
NOTA DO BLOG - abaixo, a trajetória do padre Jorge do nascimento e todas as paróquias por onde atuou nesses 55 anos de sacerdócio.
O SENHOR FEZ MUITAS VIAGENS INTERNACIONAIS?  A pedido de Dom Virgílio, fui viajar para a Austrália para pregar missões e arrecadar fundos para o seminário diocesano. Depois segui pela Antártica até a Nova Zelândia, lá tomei uma cerveja preta muito gostosa. Depois peguei o avião, linhas Australianas Quantas, até Melbourne na Austrália. De lá fui para o Oeste. Na cidade Perth, estava me esperando o padre Julião para me levar na paróquia dele, onde eu ia pregar as missões para preparar a grande festa de Nossa Senhora de Fátima, no dia 13 de maio.

Durante um mês, todos o dias, fiz pregações de manhã e à noite, visitando, também, muita gente daquele país. Dia 13 de maio de 1.993, foi a grande festa de Nossa Senhora de Fátima, com a procissão e a Santa Missa. Esperando a festa de Corpus Christi, fui para à  China, com a passagem que eles me ofereceram.

 Em 2.001 viajei para a minha terra natal para celebrar, juntamente com o colegas, os 35 anos de ordenação. Que

alegria, depois de tantos anos, encontrar os colegas. Todos eles são párocos com até quatro padres cooperadores. A celebração da Santa Missa, em ação de graças, foi em Leszczyny, na paróquia onde um dos colegas era pároco. A pregação foi feita pelo padre Podlejski, da arquidiocese de Viena, na Áustria,  que era catequista do pároco. Depois da celebração Eucarística tiramos uma foto com  todos os participantes, como lembrança da festa.

Conheci e viajei muitas vezes para a Europa. Em uma das viagens, visitamos o Santuário de Fátima  em Portugal, passamos por Madri, na Espanha, depois Barcelona, Saragoza, Campos Santos, e o Santuário de Lourdes, na França.
PADRE JORGE, QUAL A SUA MENSAGEM AOS FIÉIS? Eu sou feliz e tenho certeza da minha vocação desde a minha ordenação, que foi com 25 padres. Um abandonou o
sacerdócio e um ficou "louco", este louco sou eu que deixei tudo e vim para o Brasil, deixando vida boa na Polônia. Rezem por nós padres para realizarmos da melhor maneira nosso sacerdócio. Vou exercer o sacerdócio até quando Deus quiser, pois ser padre é a minha vocação, é a minha vida.  E a gente sabe que não vai ficar muito tempo em uma paróquia, por isso precisamos ser humilde, fazer as coisas simples e chamar o povo para a evangelização. Mas reze por nós, porque cada um tem sua cruz, e o padre também tem. Sou um padre feliz e valeu a pena os meus 55 anos dedicados a Deus e a sua igreja. Tive inúmeros momentos bons e uma grande jornada nessas décadas todas. Deus abençoe a todos, sejam felizes e confiem sempre em Deus.
RESUMO TRAJETÓRIA DO PADRE  JORGE WOSTAL
 · 1º de agosto de 1942:  Nasceu em Piekary (Polônia).
 ·8 de agosto de 1942:  Batismo na Igreja Nossa Senhora de Piekary.
 · 25 de maio de 1942:  Recebe a Primeira Comunhão, com outras 300 crianças.
 · 1º de setembro de 1960: Entra para o seminário, em Tam-Góry na Polônia.
 ·        5 de junho de 1966: Ordenação sacerdotal na Catedral de Cristo Rei, em Katowice.
 ·        12 de junho de 1966:  
Celebra a primeira missa na cidade natal, Piekary.
 ·        12 de junho de 1966: Padre auxiliar na Paróquia de Kamien.
 ·        Agosto de 1966: Padre auxiliar na paróquia de Naklo.
 ·        Agosto de 1966: Vigário Cooperador na Paróquia São José, em Katowice.
 ·        Férias de 1966: Curso de especialização para trabalhar com surdos e mudos.
 ·        Verão de 1968: Conhece o Padre Tadeu Ziemski, missionário no Brasil.
 ·        13 de agosto de 1970: Inicia sua viagem de Katowice com destino ao Brasil.
 ·        8 de setembro de 1970:  Chega ao Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.
 ·        10 de setembro de 1970: Chega com o Padre Tadeu na cidade de Jardim Alegre (PR).
 ·        18 de Janeiro de 1971: Morre o Padre Tadeu, responsável pela sua vinda ao Brasil.
 ·        19 de Janeiro de 1971: Dom Romeu anuncia como substituto do Padre Tadeu.
 ·        19 de março de 1971: Toma posse como 3º vigário de Jardim Alegre.
 ·        28 de dezembro de 1974: Recebe o diploma de Licenciatura em Filosofia.
 ·        1º de janeiro de 1976: Despede-se da paróquia de Jardim Alegre.
 ·        Janeiro de 1976: Inicia trabalho missionário em Manaus, Estado do Amazonas.
 ·        Março de 1976: Pároco da paróquia Nossa Sra. Aparecida, em Igrejinha.
 ·        Janeiro de 1979: Encontra-se, pela primeira vez, com o Papa João Paulo II.
 ·        Fevereiro de 1980: Vigário da paróquia Bom Jesus, Dourados (MS).
 ·        14 de julho de 1980: Recebe o documento de naturalização brasileira.
 ·        Ano de 1980: Vigário na paróquia São Judas Tadeu, em Cruzeiro do Sul.
 ·        26 de dezembro de 1985: Recebido em Campo Mourão por Dom Virgílio de Pauli.
 ·        29 de dezembro de 1985: Toma posse como pároco da Catedral de Campo Mourão.
 ·        18 de maio de 1986: A seu pedido, Dom Virgílio cria a Paróquia Divino Espírito Santo, no Jardim Aeroporto.
 ·        5 de julho abril de 1987: É criada, a seu pedido, a paróquia São Francisco de Assis, no Jardim Gutierrez.
 ·        7 de setembro de 1987: Dá início a Renovação  Carismática Católica na Paróquia da Catedral São José.
 ·        5 de agosto de 1989: É entregue a carta da agregação do Movimento Serra.
 ·        19 de março de 1991: Inaugura o Centro Catequético, um prédio com 1.500 M2.
 ·        5 de junho de 1991: Celebra, na sua terra natal, 25 anos de ordenação sacerdotal.
 ·        8 de dezembro de 1992: Festeja o Jubileu de Ouro da Catedral São José.
 ·        Maio de 1993: Faz viagem missionária de dois meses à Austrália.
 ·        Setembro de 1995: Realiza as Santas Missões, com os Freis Capuchinhos.
 ·        8 de dezembro de 1994: Inaugura o novo prédio da Cúria Diocesana.
 ·        Fevereiro de 1997: Inaugura o Seminário Nossa Senhora de Guadalupe.
 ·        19 de abril de 1997: Participa da ordenação sacerdotal do sobrinho, padre Adam Olczyk.
 ·        21 de fevereiro de 1999: Falece Dom Virgílio de Pauli. 
 ·        19 de março de 1999: Recebe o título de Monsenhor.
 ·        Janeiro de 2000: Participa, em Roma, do Jubileu dos Padres no Ano Santo.
 ·        Dezembro de 2000: Participa, em Roma, do Jubileu do Movimento Serra.
 ·        07 de dezembro de 2000: Tem o seu segundo encontro com João Paulo II.
 ·        5 de junho de 2001: Celebra, na Polônia, 35 anos de ordenação sacerdotal.
 ·        21 de janeiro de 2002: Após 16 anos, despede-se da paróquia São José.
 ·        Fevereiro de 2002: Chega a Diocese de São José do Rio Preto (SP). 
 ·        Fevereiro de 2003:  
Pároco da Paróquia Cristo Redentor, Goioerê (PR).
 ·        5 de junho de 2006: Comemora seu 40º aniversário de ord. Sacerdotal, na Polônia.
·        Fevereiro 2010: Pároco na Paróquia Divino Espírito Santo, Fênix (PR).
·        Agosto de 2013: Pároco da Paróquia Santa Cruz, Campo Mourão (PR).
·      Janeiro de 2019: Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, no Jardim Tropical.
·      Agosto 2021: Comemora 55 anos de sacerdote.

AGRADECIMENTO DO BLOG DO ILIVALDO ao professor e ministro da Eucaristia Agnaldo Feitoza, amigo do

homenageado há muitos anos, cuja publicação sobre o padre Jorge, foi fundamental para a realização desta homenagem na ENTREVISTA DE DOMINGO.  Segundo Agnaldo, "O padre é a pessoa mais feliz do mundo, porque na sua consagração não acontece como no matrimônio, onde uma criatura se dá a outra criatura. No sacerdócio a criatura é assumida pelo próprio Deus. Que o testemunho de vida sacerdotal do padre Jorge Wostal, sirva de entusiasmo para todos nós, nesta caminhada rumo à vida eterna. Que vivifique em nós o amor pelos sacerdotes, que se doam plenamente ao serviço da comunidade."