Tom Jobim
Como canta o poeta e a tradição, março chegou com promessas de mais chuvas, que neste fevereiro vieram com muita força, estragos, destruição, incertezas. Nestes tempos de maior instabilidade climática tudo parece vir com mais intensidade (mais chuvas, mais secas, mais raios, mais ventos...) e nem sempre no momento apropriado aos nossos interesses, especialmente para quem tem a vida sob céu aberto, os agricultores.
Graças a Deus, mais uma grande safra está sendo colhida, trazendo “promessas de vida”, de desenvolvimento econômico para todos que, direta ou indiretamente dependem da agricultura. Sim, graças a Deus, pois, por mais bem preparado que seja o solo, a semente, o plantio, a boa colheita não está em nossas mãos, depende do tempo, depende de Deus para os que acreditam. E tem horas que parece mesmo que Deus está dormindo na barca agitada pelos ventos contrários, águas turbulentas...
Consolamo-nos com as palavras humildes de Bento XVI em sua despedida, confessando que ele também viveu momentos de mar agitado, de ventos contrários... ”e o Senhor parecia adormecido”.” Tenho me sentido como são Pedro com os apóstolos no barco no mar da Galileia: o Senhor nos deu muitos dias de sol e de brisa suave, dias em que a pesca foi abundante; e houve momentos em que as águas eram agitadas, e o vento, contrário, como sempre tem acontecido ao longo de toda a história da igreja - e o Senhor parecia estar adormecido. Não obstante, eu sempre soube que naquela barca estava o Senhor, e que a barca da igreja não é minha, não é nossa, mas é Dele - o Senhor não a deixará afundar.”
E nestes tempos de crise ampla, geral em todos os setores temos que fugir dos perigos-wei- e aproveitar as oportunidades-ji- para fazer todos os arrastões necessários para solucionar os problemas. Para os chineses a palavra crise é representada por dois ideogramas- wei-ji, que significam perigo e oportunidade. E são tantos perigos a nossa volta, mas são também tantas oportunidades de buscar saídas, de sair da acomodação, do imobilismo e juntar forças em vista de um bem maior, da vida, da saúde das pessoas e do planeta.
"Amar a igreja também significa ter a coragem de fazer escolhas difíceis, sofridas, tendo sempre em vista o bem da igreja, e não o meu", afirmou Bento XVI. Que nós também possamos fazer nossas escolhas, mesmo que difíceis e sofridas, em vista do bem comum e não só dos nossos interesses pessoais. E abrir nossos braços mostrando que o amor vai muito além do nosso eu, do nosso umbigo...
E especialmente nos momentos de dificuldades, incertezas, dúvidas, possamos acolher seu convite e “renovar sua confiança firme no Senhor. Eu gostaria que nós todos nos entregássemos como crianças aos braços de Deus. E tenham certeza de que esses braços nos apóiam para que possamos caminhar todos os dias, mesmo em tempos de provações.” “Que viva sempre em nossos corações, no coração de cada um de vocês, a certeza jubilosa de que o Senhor está perto, de que Ele não nos abandona, de que Ele está perto de nós e nos envolve em Seu amor.”
Como a história da criança que brinca calmamente num navio agitado pela tempestade. Ao perguntarem se não tinha medo responde confiante: o meu Pai é o capitão do navio! Que nós também saibamos confiar no capitão do navio de nossa vida... Que Deus nos ilumine hoje e sempre!Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br
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