“Você ganha força, coragem e confiança a cada experiência em que enfrenta o medo. Você tem de fazer exatamente aquilo que acha que não consegue”
Eleonora Roosevelt
O medo está relacionado a estágios cronológicos da vida. O medo da criança, o medo de um jovem e o medo de um idoso.
As crianças se machucam com frequência, haja vista não apenas o corpo e mente em formação, mas por não terem consciência dos perigos quando correm, saltam ou colocam o próprio corpo para todo tipo de ação, como o de subir em um muro. Elas buscam criar ou se envolver em situações desafiadoras sem terem noção que podem comprometer a integridade física. As mães – sempre elas felizmente – vão ao encontro do bebê que chora, elas verificam que ele não tem febre, está com a frauda limpa, não tem dor de ouvido nem cólica. Olhando para o teto, sendo há pouco paparicada, a criança de repente percebe instintivamente que todo mundo some (ou ela acorda após um bom sono), sem ver alguém perto, e é naquele momento que ela soa a campainha do choro como sinal para se livrar do medo. O medo do escuro, do bicho-papão, do pai Noel não lhe trazer presente, a dor de um dedo cortado que poderá levá-la morte até que a mãe lhe diga que tudo irá passar.
O medo juvenil de não saber como é a primeira vez, de achar que o mundo desabará na cabeça deles quando o primeiro amor não é correspondido ou terminou, da “cola” escondida para sair-se bem naquela prova de Sociologia, ou de Matemática, ou de Português, ou... De todas as disciplinas. Medo do boletim repleto de notas vermelhas ou baixas, e de ficar de castigo, do tipo cortar internet, nada de grana pra pizza ou para pôr crédito no celular e muito menos balada. Eles têm receio de não viverem intensamente o presente, pois o passado, por serem novos, não existe e o futuro é longínquo, tão distante que não se pode enxergá-lo e ele pode esperar enquanto o presente é hoje, o agora, já! Demorou...
Idosos acordam bem cedo para aproveitarem o dia, o tempo, voltam-se mais para o passado que está mais presente e palpável do que o real do cotidiano. A mente e o corpo se envergam, o medo não é o de ficarem velhos, postos que já são, mas de a velhice se acabar, principalmente quando dá sinais esporádicos, frequentes ou permanentes e irreversíveis, na audição diminuída, da respiração ofegante, da vista embaçada.
O medo deve ser estiolado, esperar que ele passe é arriscado. É preciso enfrentá-lo. O pior do medo é fazer de conta que ele não existe de tal maneira que o medo que se tinha seja substituído por outro maior, então a apreensão de outrora dá lugar ao pânico, como:
Não perguntar pelo medo da resposta, ficando sem saber. Não ir pelo medo de não voltar, e ficar. De não amar por medo de não ser amado, afugentando-se no vazio sem amor. Do medo de não ter pelo perder, e jamais adquirir. Do medo da ilusão pelo desiludir, tornando-se incapaz de idealizar. De viver, pelo medo de morrer e sequer poder sobreviver. Do medo da traição pelo não atrair-se, e traiçoeiramente ficar só por ausentar-se da própria companhia. Do medo de não ser compreendido e não comunicar-se, esperando que todos ouçam o silêncio covarde. O medo de supor não ter nenhum e ter todos eles, e ajoelhar-se na mais covarde sujeição, disposto a morrer renunciando a própria vida, transformando o começo no fim, sem o existir.
Fases de Fazer Frases
Calço o percalço e não alcanço o avanço.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Sexta passada, a Tribuna noticiou o grande interesse dos jovens de C. Mourão e região em solicitarem o título de eleitor, mesmo não sendo obrigados por estarem entre 16 e 18 anos incompletos. Na matéria Responsabilidade e Cidadania a reportagem menciona relatos, nas entrevistas o argumento é o direito e a vontade de se praticar a cidadania.
É um fato muito importante, afinal não se pode generalizar a crítica aponta o jovem incapaz de sabe votar. O jovem tem o direito de participar da escolha dos candidatos, a moçada não está isolada da realidade brasileira resultante da ação ou omissão dos governos que atinge a vida deles.
Reminiscências em Preto e Branco
Fisicamente era magro e baixo, miúdo. Tinha a fala e voz mansas. Seu gestual era sempre de calmaria. Mais ouvia do que falava, era atencioso, possuía paciência para escutar, diferenciava inteligência e sabedoria, ciente que todo sábio é inteligente, mas todo o inteligente necessariamente não é sábio. Era um professor que fazia, multiplicava e cultivava bem as amizades, pelo afeto, respeito e ensinamentos. O professor municipal de C. Mourão Lindauro Ferreira Duarte proferiu a última aula e despediu-se da vida aos 71 anos. Ensinou com exemplos edificantes, perenes, a alcançarem outras gerações.
José Eugênio Maciel é professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras.
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