ENTREVISTA DE DOMINGO: Ivone Maggioni Fiore

"Fico feliz e me sinto realizada como pessoa e como profissional, em ter feito parte de uma história de construção e fortalecimento de uma rede de proteção e de garantia de direitos das pessoas mais vulneráveis no lugar em que moro", afirma a assistente social, líder comunitária Ivone Maggioni Fiore, homenageada deste mês aqui no Blog do Ilivaldo na ENTREVISTA DE DOMINGO.  Ivone conta nesta entrevista uma linda história de vida e serviços prestados em várias entidades, com forte valorização da vida, da inclusão social, da família e da religiosidade. Ela começou sua experiência comunitária muito cedo, no Centro de Tradições Gaúchas - CTG, ainda criança, sempre com atividades ligadas a cultura gaúcha. Na adolescência, esteve no grupo Soasevili, com diversas ações comunitárias, ligada à Igreja Católica. "Fiz a escolha certa da profissão, pois Serviço Social é a minha vida. 

QUEM É IVONE MAGGIONI FIORE? Uma filha de Deus, com muita fé, com hábitos simples, automotivada, que ama a vida e tudo o que ela contém. Apaixonada e dedicada em tudo o que faço. Sou uma das filhas de Lirio e Edite Maggioni, casada com Valmor Fiore há 29 anos e mãe de dois filhos (João Fernando e Natália).

COMO ACHA QUE OS OUTROS TE VEEM?Como uma pessoa acessível, simples, comprometida com o outro, um tanto sonhadora e utópica, que busca realizar o que sonha.

ONDE E ONDE FOI SUA INFÂNCIA?  Nasci no Rio Grande do Sul, na cidade de Campo Novo e vim com meus pais para Campo Mourão, quando tinha um ano de idade, em 1970. Residimos até 1981 na então denominada “Encruzilhada dos Gaúchos”, próximo ao que hoje conhecemos como o parque industrial da Coamo. Até os doze anos de idade vivi na fazenda, com uma vida bem rural, estudei um tempinho na escola rural e depois no Colégio Vicentino Santa Cruz. Tive uma infância muito feliz, com brincadeiras e cultura do meio rural. 

- Nota do Blog: Campo Novo é uma cidade gaúcha que foi habitada por índios cainguangues e o primeiro habitante foi João Vicente de Souza, em 1834, acompanhado por um grupo de desbravadores. Dedicavam-se a exploração da erva-mate. Inicialmente foi distrito de Cruz Alta, mais tarde de Palmeira das Missões e , finalmente pertenceu a Três Passos. E em 1959 tornou-se município.

ONDE ESTUDOU E QUE CURSOS FEZ? O ensino fundamental foi no Colégio Vicentino Santa Cruz, o primeiro ano do ensino médio no Colégio Afirmativo. O

magistério no Colégio Estadual João de Oliveira Gomes (foto) em 1985 e o Serviço Social na Universidade Estadual de Londrina (UEL) em 1992.  Fiz especialização em Psicopedagogia na Fecilcam em 1996, especialização em Serviço Social e Políticas Públicas na Universidade de Brasília em  2001.   Também tenho formação em Terapia Comunitária pela  Universidade Federal do Ceará em  2001, em Mediação e Arbitragem em Conflitos Familiares pela ISBL em Londrina no ano de 2004,  em Relações Familiares pela Associação dos Magistrados do Paraná em  2000.

COMO FOI SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL. Então, vamos lá. Professora de Educação Infantil (1987), diretora da Creche Santa Rita de Cássia Campo Mourão (1992/1993). Conselheira Tutelar de Campo Mourão, exercendo o cargo de Presidente (1993/1997). Diretora da Secretaria

Municipal de Bem Estar Social de Campo Mourão (1997/1998).  Assistente Social da Apae de Campo Mourão (1998 a 2018). Coordenadora Estadual de Assistência Social da Federação das Apaes do Paraná (2014 a 2020).  Conselheira Nacional de Assistência Social (2018/2020). Coordenadora Nacional de Assistência Social da Federação Nacional das Apaes desde 2018. Organizadora e palestrante em Conferências Municipais e Regionais nas áreas da Assistência Social: direitos da Criança, pessoa com deficiência, terceira idade. Atuei na implantação dos Conselhos  das referidas áreas em Campo Mourão e Região. 

Organizadora, docente e conferencista   em capacitações, encontros, cursos, seminários   sobre:  prevenção e tratamento da dependência química, prevenção de deficiências, políticas públicas em especial da Assistência Social, fases de vida da pessoa com deficiência, direitos da pessoa com deficiência, relações familiares e Interpessoais, adolescência e terceiro setor. Assessoria para organizações do terceiro setor com atuação na Assistência Social, por meio da empresa Águia Desenvolvimento Humano e Social.

NAS ATIVIDADES COMUNITÁRIAS, QUAL É SUA PARTICIPAÇÃO VOLUNTÁRIA? Sim, o voluntariado me encanta. Sou fundadora desde 199, fui  vice-presidente, presidente, diretora secretária e atualmente vice-diretora executiva da CTR (Comunidade Terapêutica Redenção) em Campo Mourão para tratamento de dependência química. . Fundadora e líder do Fórum das Entidades de Campo Mourão. Fundadora do Conselho Municipal da Assistência Social de Campo Mourão em 1993, fui presidente por

diversas gestões e conselheira, atualmente atuo como conselheira municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Fundadora e atuei como presidente do Nucress (Núcleo do Conselho Regional de Serviço Social de Campo Mourão). Membro conselheira municipal da pessoa com deficiência de Campo Mourão. Membro do Conselho Fiscal da Aecam (Associação dos Meninos de Rua de Campo Mourão) em 1998. Fundadora e  atuação no Conselho Municipal da Cidade no Município de Campo Mourão, e Fundação e Desenvolvimento do Fórum Regional da Assistência Social em Campo Mourão. Assessora Regional da Rebidia (Rede de Informação da Pastoral da Criança).  Fundadora da Aapac (Associação dos Amigos da Pastoral da Criança em Campo Mourão). 

Atuação Geradora no Gerando Saúde Mental Campo Mourão, conselheira municipal da Habitação, membro do Comitê Gestor do Bolsa Família, membro do Plano Municipal de Habitação com fins Sociais  (PHLIS), atuação na coordenação regional de prevenção e saúde da Feapae (PR). Participei da Comissão para criação e aprovação pelo MEC, do curso de graduação em Serviço Social da Faculdade Unicampo (Campo Mourão). Membro do  Comitê Municipal Intersetorial de Saúde Mental em Campo Mourão. E também importante, sou tradicionalista gaúcha e participação ativa do CTG Índio Bandeira em Campo Mourão.

IVONE, É MUITO FORTE NA SUA JORNADA A PARTICIPAÇÃO RELIGIOSA. COMO É ISSO? Sou membro leigo da igreja católica. Fiz parte da primeira geração do Grupo Soasevili (Somos Jovens Semeadores de Vida e Libertação) na Catedral São José em Campo Mourão, onde ajudei a organizar e  coordenar vários encontros de Adolescentes Emaús entre 1983 a 1989. Atuei na Pastoral da Criança terapêuta comunitária em rodas de conversa e como

assessora na área da política da criança e adolescente na implementação do Estatuto da Criança e Adolescente. Também com participação na formação e capacitação das líderes da Pastoral da Criança e implantação da fábrica da farinha multimistura na Pastoral. Juntamente com o esposo, exercemos a coordenação na Paróquia São Francisco de Assis do Encontro de Casais com Cristo ( ECC). Sou leiga palestrante em cursos de noivos, encontros e formações de jovens, adultos, famílias e casais, e também como catequista, na Catedral São José.

O QUE MAIS GOSTA DE FAZER PROFISSIONALMENTE? Fiz a escolha certa da profissão, Serviço Social é a minha vida, todos os lugares que atuei foram especiais, desde a Creche Santa  Rita de Cassia, atual  Cedus - meu primeiro emprego, recém formada, onde contribui com ao

reordenamento da entidade, e depois fiz parte de um dos primeiros Conselhos Tutelares do Brasil, trabalhamos muito para a implementação do Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente em nossa região, foi um trabalho pioneiro e que teve um grande impacto em nossa cidade, como fruto de ações conjuntas da sociedade organizada, entidades socioassistenciais e do poder público conseguimos resgatar e promover muitas  crianças e adolescentes que moram na praça central e nas ruas de Campo Mourão.   Fico feliz e me sinto realizada como pessoa e como profissional, em ter feito parte dessa história de construção e fortalecimento de uma rede de proteção e de garantia de direitos das pessoas mais vulneráveis do lugar em que moro.  Na Apae trabalhei 19 anos lugar que me levou a estudar, amadurecer e acumular a experiência que tenho hoje e que posso partilhar com as 2.182 Apaes espalhadas por todos os estados desse país. Em suma, gosto de atuar em espaços coletivos que eliminem barreiras e promovam as pessoas em situação de exclusão social, à condição de cidadãos dignos, lugar em que todos os humanos devem estar.

O QUE FAZ ATUALMENTE? Atuo como Coordenadora Nacional de Assistência Social na Federação Nacional das Apaes – Fenapaes. A Rede Apae Brasil, é constituída por Organizações da Sociedade Civil,  com  2.182 Apaes filiadas, realizo trabalho de assessoramento com foco na organização e qualificação dos serviços, programas e projetos de  Assistência Social tanto no atendimento, quanto na Defesa e Garantia de Direitos. Faço a programação e ministro capacitações presenciais e virtuais para a Rede Apae. Participo da realização de estudos e pesquisas no campo da deficiência e políticas públicas para esse público. Como voluntária estou na diretoria da CTR- Comunidade Terapêutica Redenção e na liderança do Fórum das Entidades de Campo Mourão.

QUAL DECISÃO MARCOU SUA HISTÓRIA E SUA VIDA?  A escolha da profissão, meu casamento e a decisão pela maternidade.

QUAIS CONQUISTAS DESTACAM-SE  NA SUA VIDA? Um casamento feliz. A boa convivência com nosso filho e filha. Vínculos fortes com a minha família extensa. Amizades sinceras, uma rede social que me apoia e que posso apoiar também. Sou realizada profissionalmente, estou fazendo exatamente o que desejava fazer. Vitória contra o câncer.

DESDE QUANDO É APAIXONADA PELA VIDA E ASSISTÊNCIA SOCIAL?  Apaixonada pela vida, desde que me lembro, rsrs, gosto de viver. Todas as fases da minha vida foram muito felizes, desde a infância até agora. Obviamente que tive sofrimentos e não foram poucos nem pequenos, mas encaro as dificuldades sempre como fator de crescimento, aprendizagem e fortalecimento pessoal. Quanto a ser apaixonada pelo serviço social, desde que entendi que existia uma profissão que atuava junto as questões sociais, as contradições da sociedade, as políticas públicas, me interessei, mas a paixão mesmo foi amentando a cada desafio colocado para minha atuação profissional.

QUEM FOI O “CULPADO”? Penso que muitas pessoas. Meu pai sempre teve uma militância comunitária, depois quando participei do Grupo Soasevili, com as religiosas consagradas,  que conduziam o grupo, íamos na Vila Guarujá e numa comunidade no Jardim Aeroporto. Lá conversávamos com as pessoas, ouvíamos suas dores e

necessidades, e juntos buscávamos soluções com às famílias. Mas até então não sabia que existia uma profissão que se constituiria em uma mediação ou apoio técnico para as pessoas. Já tinha iniciado o curso de pedagogia, quando uma vizinha (Romana Tanaka) Assistente Social, me falou sobre a profissão. A partir desse dia, empenhei todos os meus esforços, fiz vestibular na UEL e passei. Pedi demissão do meu trabalho, pois era professora de educação infantil, tranquei minha faculdade de pedagogia e iniciei o curso, do qual completo 29 anos de formada em 2021.

O QUE LEVA A GOSTAR DA SUA PROFISSÃO? A esperança de que as condições de vida das pessoas possam ser melhores. Não dá pra ser plenamente feliz, vendo outros

seres humanos vivendo em situações de exclusão, discriminação, violação de direitos, negligências, entre tantas vulnerabilidades. Claro, não tenho a ilusão de que vou mudar o mundo, mas minha profissão tem um projeto ético e político que busca a ampliação da liberdade, a promoção da autonomia, o  desenvolvimento das pessoas e o exercício da cidadania ativa; a  defesa dos direitos humanos, da democracia, da participação política, da  defesa da equidade e da justiça social, e a  universalização do acesso a bens e serviços e políticas sociais. Assim nos diferentes espaços de atuação buscamos implementar esses princípios. É um grande desafio pois trabalhamos como apoios, mediadores, para que cada cidadão seja o protagonista de sua história.

O QUE MAIS TE MOTIVA NO SERVIÇO SOCIAL? Presenciar a promoção e a inclusão social das pessoas, ver o quanto as pessoas podem crescer e desenvolver suas potencialidades. As políticas públicas oportunizam meios

para o exercício da cidadania dos brasileiros mais vulneráveis. Quando as ofertas dessas políticas são consistentes fico motivada por ver a sociedade mais humana mais igualitária, pessoas vivendo com dignidade, isso nos motiva a continuar o caminho.  No entanto, o contrário também acontece, a depender das políticas de governo, que fragilizam as ofertas das políticas sociais, mas a motivação continua no sentido de resistir por meio dos espaços coletivos e democráticos.

E OS DESAFIOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL? Atualmente o aprofundamento das complexidades das questões sociais, com a pandemia, aumento da fome, da violência, do tráfico de drogas, da discriminação, da desigualdade social e o encolhimento de orçamento público nos três níveis de governo, para as políticas sociais, tem se tornado um grande desafio não só para minha profissão, mas para o conjunto da sociedade brasileira.

E AS EXPERIÊNCIAS COMUNITÁRIAS? Minha experiência com questões comunitárias começou muito cedo, primeiro foi no Centro de Tradições Gaúchas - CTG, ainda criança, sempre com atividades ligadas a cultura gaúcha. Na adolescência como já mencionei por meio do Grupo Soasevili, tínhamos diversas ações comunitárias, ligada à Igreja Católica.

Todas as ações estão muito ligadas à minha profissão, sempre com intuito de fomentar e implementar uma rede de cuidado e proteção, acabo me envolvendo na construção de diferentes serviços. Infelizmente, em nosso país, o Estado não dá conta de tudo, e segundo o preceito constitucional, a sociedade pode contribuir colaborativamente com a atenção às populações vulneráveis.

Assim, diante de alguns vazios de serviço e de sofrimentos de famílias inteiras em decorrência da dependência química, fomos juntando pessoas que gostariam de dedicar seu tempo livre no resgate dessas vidas cheias de potenciais que acabam perdidas pela doença. E foi assim que começamos a Comunidade Terapêutica Redenção –

CTR. São 23 anos de trabalho, mais de 1.700 pessoas acolhidas. Tudo isso custa muito esforço e renúncias, muitas vezes queríamos estar em casa descansando, ou com os familiares, mas uma vez começado o trabalho não temos como parar.

Atualmente, os recursos financeiros são mais escassos, esse fator tem exigido muito de todos os voluntários. Mas posso dizer que o esforço empenhado gera muitos frutos em nós voluntários e para as famílias atendidas pela entidade. Meus filhos aprenderam muito com a CTR. A grande satisfação é vermos pais de família que passaram pelo tratamento, hoje cuidando de seus filhos, netos e esposa, exercendo sua profissão de forma digna. Assim também como adolescentes que passaram na CTR, e hoje são profissionais formados com família e bons empregos ou mesmo com suas empresas contribuindo com a sociedade. Por outro lado, é triste quando lembramos daqueles que não conseguiram vencer essa luta.

Quanto ao trabalho voluntário junto ao Fórum das entidades, começamos pela necessidade de fortalecermos as entidades de Campo Mourão, zelarmos pela qualidade dos serviços ofertados. É um trabalho conjunto que tem dado certo. Outros trabalhos voluntários que me proporcionaram realização pessoal foram na Pastoral da Criança, por meio da Rede Brasileira de Informação - Rebidia, que coordenei aqui na diocese de Campo Mourão. No início da década 1990, a implementação do Estatuto da Criança e do adolescente. Nesse trabalho tínhamos formações e orientações pessoalmente com a doutora Zilda Arns e sua equipe.

Ainda na Pastoral da Criança, fiz  parte do programa de Terapia Comunitária. Recebemos a formação na área por meio de parceria com a Universidade Federal do Ceará e depois, atuei cerca de 12 anos, como terapeuta Comunitária, realizando semanalmente rodas de conversa em comunidades como a Vila Guarujá, Paroquia São Francisco de Assis e na CTR. Foi um tempo de muito aprendizado.

São muitas vidas impactadas com essas ações, inclusive a minha, pois poder estar com as pessoas e ser um canal de promoção do bem-estar, é disso que se trata.

COMO USA A TECNOLOGIA?  Com ela tudo fica mais rápido, ágil, econômico e eficiente.  Hoje economizamos muito tempo e energia com a utilização das ferramentas tecnológicas, pois num mesmo dia podemos fazer reuniões, palestras com vários cantos do Brasil, sem sair de casa. No meu trabalho, conseguimos atingir um número muito maior de pessoas com determinadas ações. É claro precisamos nos adaptar a toda essa realidade.

COMO ANALISA ESTE MOMENTO DA PANDEMIA? A pandemia em decorrência do coronavírus, mudou radicalmente a minha vida . Eu estava com a agenda lotada de viagens e de uma semana pra outra, isso já há um ano, a rotina me fez confinada no escritório da minha casa. Trabalhando intensamente, pois as demandas aumentaram principalmente quando se trata de trabalhos com as populações já vulnerabilizadas.

A pandemia traz muita dor e sofrimento, muitas famílias perderam mais de cinco de seus membros, hoje falamos dos órfãos, das viúvas e viúvos da pandemia, a configuração das famílias muda, a organização das comunidades muda, a economia mundial, as relações de trabalho e de sobrevivência, a religiosidade muda, as crianças e adolescentes que estão confinados por tanto tempo com certeza teremos uma geração diferente. Será um aprendizado para todos, e penso que para seguimos com menos sofrimento, a sociedade e o Estado precisam se guiar por princípios éticos, de igualdade, de respeito aos direitos humanos.

CITE TRÊS PERSONALIDADES EM CAMPO MOURÃO.  São  muitas pessoas que admiro em nossa cidade, pena que você só pediu 3, mesmo assim posso mencionar 4?

- Elza Moreira Hanel – Empreendedora social, parceira da vida que com sua garra, coragem e determinação é um baluarte na defesa e garantia dos direitos da criança e do adolescente. Aprendi muito e sigo aprendendo com essa guerreira.

- Amani Spachiski de Oliveira – Teólogo, filosofo, escritor, empreendedor social e amigo  um grande companheiro de caminhada, muitas ações realizamos, Amani se foi cedo demais, nossa cidade não é a mesma sem Amani.

- José Turozi – Exemplo de trabalho e compromisso com o voluntariado, motivação, visão de futuro e a fé nas pessoas, são a marca desse grande cidadão.

- Jurema Pereira – Professora, psicopedagoga, alfabetizadora incrível, amiga, alegre divertida e verdadeira, pessoa com valor inestimável, seu compromisso com o desenvolvimento infantil e o bem estar das famílias, não é menor que a competência com que realiza seu trabalho. É o tipo da pessoa que a gente quer ficar perto 24 horas.

MELHOR TURMA ONDE TRABALHOU OU CONVIVEU? Sendo bem sincera mesmo, todas as equipes, foram maravilhosas, sempre fui muito abençoada, e  tive o privilégio de trabalhar com equipes  multidisciplinares o que nos proporciona crescimento invariavelmente.

QUEM É EXEMPLO PARA VOCÊ?  Edite Maria Maggioni -minha querida mãe, a quem devo minha vida e de quem lembro todos os dias. Agradeço a Deus por ter essa pessoa incrível que me ensinou desde os primeiros passos até as grandes atitudes enquanto mãe, esposa e profissional que sou.

Lirio Maggioni – Meu pai, exemplo de cidadão. Seu  compromisso com o desenvolvimento local e o pioneirismo de suas ações são minha inspiração. Ensinou-me a cultivar minhas raízes culturais, a colocar-me a serviço da comunidade.

Valmor Fiore – Meu esposo e meu companheiro da vida. Me apoia e colabora comigo em todos os projetos, por mais difíceis que sejam. Valmor é um ser humano que tem um coração gigante, cheio de misericórdia e empatia. Um profissional competente e comprometido com o que faz. Aprendo com ele todos os dias. Suas atitudes enquanto ser humano me surpreendem positivamente com frequência.

QUAL SEU ESPORTE PREFERIDO? Não sou muito ligada em esporte, em competições, mas como atividade física faço diariamente caminhada.  

TIME DO CORAÇÃO?  Sport Club Internacional.

MELHOR TIME QUE JÁ VIU JOGAR?  Raramente assisto futebol, mas um elenco que gostei de assistir foi a seleção brasileira da Copa do Mundo de 1994. O Brasil foi tetracampeão, ganhando a decisão nos pênaltis em jogo emocionante contra a Itália, conquistando um título mundial após 24 anos.

VAPT – VUPT

 ÉTICA: Justiça e verdade.

MÚSICA: Com almas iguais – Joca Martins e  Rogerio Mello, Grito dos livres – Dante Ramon Ledesma.

AUTOR: Para conhecimentos gerais e descontração - Laurentino Gomes; Para crescimento na fé  - José Antonio Pagola

LIVRO: Jesus Aproximação Histórica - José Antonio Pagola,
Editora Vozes.

CAMPO MOURÃO NA SUA VIDA:  Amo essa cidade, é o melhor lugar pra se viver.

FAMÍLIA: Proteção, lugar de segurança e crescimento.

RELIGIÃO: Um canal da minha ligação com Deus e com a comunidade de fé.

"GOLAÇO" QUE MARCOU NA SUA VIDA E COMEMOROU MUITO:  são dois gols: o nascimento dos meus filhos.

ESPERANÇA: De um mundo mais igualitário e justo.

SONHO:  Estar geograficamente mais próximo de meus pais.

SAUDADES. DE QUEM  E DO QUÊ?  Meu irmão Fernando Maggioni, falecido. E de dançar um bom baile gaúcho assim que  acabar esta pandemia.

QUAL VIAGEM GOSTARIA DE FAZER E PAÍS A CONHECER?  Macchu Picchu no Peru, Itália, e voltar ao Vale dos Vinhedos, e na região dos Sete Povos das Missões no Rio Grande do Sul, muitas vezes rsrsr.

SE PUDESSE VOLTAR NO TEMPO, O QUÊ JAMAIS TERIA FEITO? Com certeza teria dado mais atenção ao cuidado com minha saúde/corpo, esgotei minhas energias de tanto trabalho e envolvimento em tantas coisas, que meu corpo não suportou e adoeceu. Estou aprendendo com a doença do câncer que nossa vida não é uma corrida, mas  sim uma caminhada, que todo o percurso feito é tão importante quanto a chegada. 

Assim precisamos viver nosso cotidiano com escolhas que possam beneficiar os outros e a si mesmo. Que o corpo precisa de cuidados, boa alimentação, exercícios físicos, descanso, fatores que eu negligenciava. Hoje tenho algumas limitações físicas em decorrência do tratamento e da doença, mas já me adaptei e vida que segue.

COMO É A SUA ROTINA? Ao acordar, a primeira hora é para oração diária. Depois do café da manhã já inicio meu trabalho com intervalo para almoço. Trabalho em média 10 horas por dia, faço uma hora de caminhada e descanso. Essa rotina com a pandemia, porém sem isolamento social. A rotina muda bastante pois tenho viajado aos estados, realizando capacitações junto às Apaes. Nesse caso, fico em média uns quinze dias por mês fora de casa.

Nos finais de semana, estudo um pouco, passeio na casa de parentes e amigos, e  vou à missa. O domingo é reservado para meu sogro e sogra, em geral passamos com eles.

O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA: Momento de desafios em meio a uma pandemia com isolamento social. Para quem sempre trabalhou para inclusão social, agora tendo que permanecer em isolamento, difícil mesmo.

Estou trabalhando em home office. Todas as atividades são

virtuais, sendo uma nova realidade que tivemos todos que aprender da noite para o dia. Estou iniciando uma pesquisa de mestrado que é também um novo desafio, além de continuar na batalha pela implementação da Política de Assistência Social na Rede Apae Brasil e a defesa do Sistema Único de Assistência Social , 

Na vida pessoal, além dos cuidados para não me contaminar com a coronavírus e cuidar de minha saúde. Os  filhos estão numa fase muito bacana - o menino terminando a faculdade e a menina na adolescência, fazendo suas escolhas para a vida.  Eu e meu esposo completamos 29 anos de feliz matrimônio e vivendo a fase do envelhecimento de nossos pais, honrando suas histórias e usufruindo da presença de cada um.

QUAL PROJETO GOSTARIA DE REALIZAR? Efetivar a pesquisa de mestrado, poder continuar disseminando informações que possam contribuir com a vida das comunidades.

QUE LEGADOS GOSTARIA DE DEIXAR PARA OS OUTROS?  Que mais pessoas acreditem que o mundo pode ser melhor e se empenhem para fazer dele um lugar com mais igualdade e fraternidade para que as pessoas possam ter sua dignidade humana preservada. 

Deixar obras e resultados da luta pela inclusão social dos humanos que ainda hoje no século XXI, não são considerados como tal, bem como as ações de restauração de vidas humanas destruídas em virtude de sofrimentos vividos.

Creio que estamos aqui nesse mundo por um grande propósito de deixar o “cheiro” de Deus por onde passamos e isso implica em promover a vida, a igualdade, o que requer o desenvolvimento da empatia, virtude tão falada e pouco vivida em nossos dias.

A empatia significa colocar-se no lugar do outro vendo-o

como igual, aceitando suas diferenças, sem julgamentos e condenações. Só há empatia quando temos tolerância e aceitação das diferenças, a empatia implica no sentimento de igualdade. Eu traduziria empatia como, uma palavra moderna para Amor Ágape. Com esses princípios busco viver e trabalhar.

SER CONVIDADA PARA ESTA ENTREVISTA DE DOMINGO?
Um privilégio de poucos. Uma grande honra.

RECADO AOS LEITORES. Tenho um lema de vida: “Ainda que eu tenha o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que eu tenha toda a fé, a ponto de mover as montanhas, se eu não tenho o amor eu nada sou”. I Cor 13,2.

A respeito desse amor do texto, entendo o amor ágape,

amor caridade, amor compaixão, ou seja, o próprio Deus, que enviou seu filho Jesus Cristo para incidir em nossa história, para que pudéssemos enfim conhecer um pouco mais sobre o amor.  Desta forma, de nada valem grandes ou pequenos feitos na vida, o que vale é o que fundamenta tais ações, pensamentos ou palavras. É esse Amor que me fortalece, que me guia, ilumina, inspira e protege. É esse Amor que busco em meus dias, e de gotinha em gotinha vou experimentando e aprendendo um pouco mais sobre Ele a quem ouso chamar de Pai.

QUAL PERGUNTA NÃO FOI FEITA QUE GOSTARIA DE TER RESPONDIDO?   Você é um excelente entrevistador, penso que perguntou sobre todas as áreas.  Senti vontade de falar sobre a importância da família extensa e dos amigos. Família extensa e amigos são pessoas que pensamos para festas, alegrias e comemorações, para algum favor do dia a dia, sim essa experiência eu sempre tive com meus amigos e familiares.

Mas quero registrar aqui a grande experiência que vivi em

decorrência de um câncer de mama. Foram dez meses de tratamento intenso, dor e sofrimento físico. Contudo em nenhum momento a tristeza esteve comigo, pois os familiares e a “legião” de amigos que, reservavam minutos, horas ou dias para rezar por mim ou comigo, para mandar uma mensagem no whatsApp, bilhetes, presentes, uma ligação telefônica, uma visita, me ajudar nos cuidados, me dar um banho, trocar um curativo, fazer uma comidinha especial. Enfim, acredito que tanto carinho recebido potencializou o efeito da medicação e a cura veio com benção dos céus. Para todos esses amigos e familiares, rogo a Deus que os recompensem e conceda a paz.

- Nota do Blog: 

Ivone Maggioni Fiore, filha do céu. Por tudo isso e muito mais..... Viva!