De tragédia em
tragédia o povo brasileiro vai aprendendo os deveres e direitos de um cidadão.
Se a educação não ensina, a dor faz aprender.
“Especialista diz que País não fiscaliza
estabelecimentos, não se preocupa em aprovar lei nacional e não induz
faculdades a ensinarem prevenção a futuros profissionais” (fonte: UOL).
Em 2006,
cento e cinquenta e quatro pessoas morreram no desastre aéreo com o avião da
Gol que caiu em Mato Grosso. A mídia mostrou todas as imagens de um desastre
que mutilou tantas famílias.
Como
sempre acontece após uma tragédia, buscam-se os culpados. Então veio à tona o
grande problema: Insuficiência no número decontroladores de voo que obrigava
muitos deles a trabalharem mais que o tempo permitido. Também se falou bastante
sobre a precariedade da malha aeroviária brasileira e do “ponto cego” em
determinada região brasileira.
Em
2007, cento e noventa e nove pessoas perderam a vida, carbonizadas dentro de um
avião da TAM que não conseguiu frear no problemático aeroporto de Congonhas em
São Paulo. Motivo maior apresentado na época: Irregularidades na pista que
permitia a formação de poças de água da chuva e pista muito curta para pouso de
aviões grandes.
Agora,
235 jovens, na flor da idade, cheios de sonhos,perdem a vida em uma boate no
Rio Grande do Sul,fato que está mexendo com o coração de cada brasileiro de bom
senso.
A
nós não resta outra alternativa se não pedir a Deus que acolha aqueles jovens e
que conforte o coração de seus familiares. Não há como não chorar ao ver tantos
pais desesperados enterrando seus filhos que eram toda sua esperança.Quem
perdeu um ente querido pode-se acostumar com a dor, mas curá-la, nunca!
Nós podemos também analisar nosso
comportamento enquanto cidadãos. Será que estamos atentos ao que se passa a
nossa volta? Será que temos a coragem de denunciar quando percebemos algo que
possa prejudicar alguémou será que nos acomodamos no silêncio dos que não
querem se incomodar? Será que prestamos atenção em nossos filhos a ponto de
saber com quem andam o que fazem e quelugares frequentam? Será que temos
coragem de denunciar injustiças ou nos calamos para proteger alguém?
Todos
os holofotes se voltam agora contra os donos da boate onde ocorreu a tragédia e
a mídia insiste em dizer que o alvará estava vencido. Mas se venceu é porque
havia um alvará .
A questão
é: Como um estabelecimento consegue alvará para iniciar suas atividades sem
atender as normas mínimas de segurança? – O problema não é somente dos
proprietários da boate, é preciso questionar as autoridades que fazem vista
grossa ou para favorecer alguém ou por falta de pessoal competente, ou por não
se preocupar com a população.
O problema
maior é a falta de politização do povo brasileiro que vive indiferentecomo se
as coisas acontecessem à sua revelia. Não nos ocorre que somos parte dessa
engrenagem, que temos que fazer nossa parte, que não basta escolher nossos
representantes e esperar sentados que as coisas aconteçam... Sercidadão é muito
mais que escolher representantes e pagar impostos.
Pois é, se
não desenvolvemos a cultura do querer saber, do querer participar, a dor nos
ensina que é preciso querer.
Nunca mais
se falou na malha aeroviária do Brasil. Nunca mais se falou nos controladores
de vooe nem nas condições dos aeroportos. Será que os problemas foram sanados? E
algum de nós se preocupa com isso? Os que usam mais o transporte aéreo se
preocupam com isso?
Agora, com
a tragédia de Santa Maria, a União se movimenta, os Estados se movimentam, os
Municípios se movimentam para averiguar as condições dos clubes e casas de
show. Até quando irá essa preocupação? Fogo de palha que se apagará quando a
mídia deixar de nos fazerchorar com depoimentos dos pais e comdolorosas imagens
da tragédia?
E nós,
enquanto pai e mãe, enquanto cidadãos, enquanto cristãos, o que aprendemos com
mais essa tragédia?. Cida
Freitas
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