5 de fev. de 2013

COLUNA DE CIDA FREITAS: De tragédia em tragédia


De tragédia em tragédia o povo brasileiro vai aprendendo os deveres e direitos de um cidadão. Se a educação não ensina, a dor faz aprender.

Especialista diz que País não fiscaliza estabelecimentos, não se preocupa em aprovar lei nacional e não induz faculdades a ensinarem prevenção a futuros profissionais” (fonte: UOL).

Em 2006, cento e cinquenta e quatro pessoas morreram no desastre aéreo com o avião da Gol que caiu em Mato Grosso. A mídia mostrou todas as imagens de um desastre que mutilou tantas famílias.
Como sempre acontece após uma tragédia, buscam-se os culpados. Então veio à tona o grande problema: Insuficiência no número decontroladores de voo que obrigava muitos deles a trabalharem mais que o tempo permitido. Também se falou bastante sobre a precariedade da malha aeroviária brasileira e do “ponto cego” em determinada região brasileira.
Em 2007, cento e noventa e nove pessoas perderam a vida, carbonizadas dentro de um avião da TAM que não conseguiu frear no problemático aeroporto de Congonhas em São Paulo. Motivo maior apresentado na época: Irregularidades na pista que permitia a formação de poças de água da chuva e pista muito curta para pouso de aviões grandes.
Agora, 235 jovens, na flor da idade, cheios de sonhos,perdem a vida em uma boate no Rio Grande do Sul,fato que está mexendo com o coração de cada brasileiro de bom senso.
A nós não resta outra alternativa se não pedir a Deus que acolha aqueles jovens e que conforte o coração de seus familiares. Não há como não chorar ao ver tantos pais desesperados enterrando seus filhos que eram toda sua esperança.Quem perdeu um ente querido pode-se acostumar com a dor, mas curá-la, nunca!
Nós podemos também analisar nosso comportamento enquanto cidadãos. Será que estamos atentos ao que se passa a nossa volta? Será que temos a coragem de denunciar quando percebemos algo que possa prejudicar alguémou será que nos acomodamos no silêncio dos que não querem se incomodar? Será que prestamos atenção em nossos filhos a ponto de saber com quem andam o que fazem e quelugares frequentam? Será que temos coragem de denunciar injustiças ou nos calamos para proteger alguém?
Todos os holofotes se voltam agora contra os donos da boate onde ocorreu a tragédia e a mídia insiste em dizer que o alvará estava vencido. Mas se venceu é porque havia um alvará .
A questão é: Como um estabelecimento consegue alvará para iniciar suas atividades sem atender as normas mínimas de segurança? – O problema não é somente dos proprietários da boate, é preciso questionar as autoridades que fazem vista grossa ou para favorecer alguém ou por falta de pessoal competente, ou por não se preocupar com a população.
O problema maior é a falta de politização do povo brasileiro que vive indiferentecomo se as coisas acontecessem à sua revelia. Não nos ocorre que somos parte dessa engrenagem, que temos que fazer nossa parte, que não basta escolher nossos representantes e esperar sentados que as coisas aconteçam... Sercidadão é muito mais que escolher representantes e pagar impostos.
Pois é, se não desenvolvemos a cultura do querer saber, do querer participar, a dor nos ensina que é preciso querer.
Nunca mais se falou na malha aeroviária do Brasil. Nunca mais se falou nos controladores de vooe nem nas condições dos aeroportos. Será que os problemas foram sanados? E algum de nós se preocupa com isso? Os que usam mais o transporte aéreo se preocupam com isso?
Agora, com a tragédia de Santa Maria, a União se movimenta, os Estados se movimentam, os Municípios se movimentam para averiguar as condições dos clubes e casas de show. Até quando irá essa preocupação? Fogo de palha que se apagará quando a mídia deixar de nos fazerchorar com depoimentos dos pais e comdolorosas imagens da tragédia? 
E nós, enquanto pai e mãe, enquanto cidadãos, enquanto cristãos, o que aprendemos com mais essa tragédia?.                                                                  Cida Freitas

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