“Uma tarefa se torna difícil se você mesmo tiver que fazer”
Frase de pára-choque de caminhão
De vermelho, um lindo vestido nem longo nem curto. Sandálias de saltos altos, marrons. Unhas vermelhas bem pintadas. Cabelos negros, finos, compridos. Eu só pude reparar naquela bela mulher depois que observei que o pneu dela estava furado e o carro estacionado numa curva sinuosa da estreita estrada no trecho entre Corumbataí do Sul e a localidade de Bourbônia.
Elegante, apesar de muito preocupada naquela tarde de quinta-feira, por volta de 16 horas, fazia muito calor. Com uma mão ela tentava fazer uma ligação do celular. Nem sinal. Com a outra mão acena para mim. Faz sinal. Passo por ela propositadamente e paro o carro pouco a frente, observando se a mulher não seria uma “isca” para me assaltar, cena de filme, bandidos sairiam do mato e eu cairia na armadilha.
Sem perigo a vista, dou ré. Ela foi logo dizendo com uma voz rouca e cheia de charme: “moço, o pneu está furado e eu tentei, mas não consigo trocar. Pra falar a verdade eu não tenho força para tirar a porca”.
A chave de roda já estava colocada. Disse a ela que na borracharia o aperto quando feito eletronicamente, tudo “fica mesmo muito apertado”. Porém, caso eu não conseguisse usando as mãos ensinaria um velho truque aquela jovem mulher.
Mais do que prestativo, não queria decepcioná-la. Com as mãos desaperto a primeira porca. Era eu observado o tempo todo e atentamente pelos olhos castanhos e envolventes da linda mulher. Ela então me pergunta como tinha tanta força. Respondi que não, as mulheres é que são muito delicadas e não possuem o hábito de trocarem pneus, “só isso”.
- E como é a sua técnica que dizer ter, caso não conseguisse tirar as porcas com as mãos?
- Fácil! Quer aprender?
- Claro!
- Se apóie segurando no carro e ponha o pé direito pisando na chave de roda. Assim. Isso!
O peso do corpo dela, ao pisar no lado direito da chave de roda fez com que a outra porca afrouxasse. Disse que aquela técnica é importante para apertar a porca com o pneu estepe até chegar numa borracha e certificar se está tudo bem apertado.
Ela ficou surpresa e feliz. Tanto é assim que colocou o pé, apoiando-se no carro e “pisando” bem na chave de roda, enquanto um vento repentino e abafado a fez inutilmente evitar que o vestido levantasse. Fiz de conta que não vi nada. Quase.
Pneu trocado, o furado e o macaco com a chave de roda, tudo guardado, digo à moça que poderia seguir viagem. A dama agradece afetuosamente e me chama assim: “Quanta atenção, um verdadeiro galã”.
Não me lembro de alguma mulher ter me chamado de galã, uma dama de vermelho. Talvez fosse momentaneamente naquela estrada naquele momento sem movimento algum e ela desesperada sem poder ter com quem contar. Um galã de um filme mexicano em preto e branco, dublagem ruim. Galã sim, se comparado com o macaco.
Tal fato aconteceu há alguns anos, que lembrei ao olhar a chave de roda do meu carro, com a ideia-chave do vestido ao vento de uma encantadora mulher.
E antes de terminar, não me esqueço da bela trepada que ela deu para afrouxar a porca, desequilibrando-se quando tentou segurar o vestido a se movimentar rápida e repentinamente por causa do vento.
Fases de Fazer Frases (I)
Quem não faz nada com as ideias que tem, costuma ter muitas.
Fases de Fazer Frases (II)
Não é preciso prestar atenção nos próprios erros. Os inimigos se encarregam disso, embora hiperbolicamente.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Descaradamente um motorista estaciona em frente ao Banco do Brasil na vaga destinada aos portadores de necessidades especiais. Ao observá-lo não me contive e perguntei se ele era cego. –“Claro que não!” – me respondeu asperamente. Então o retruquei, “é cego sim, não ‘viu’ que esta vaga é destinada especificamente para quem tenha alguma deficiência física”.
Mal-humorado, ele resolve retirar o carro do local, antes, porém, resolve olhar bem para mim dando a entender que não gostou nada da minha intromissão. Paciência!
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Perdemos a identidade brasileira em várias situações, de há muito ou presentemente. Somos estrangeiros em nosso próprio Brasil. Mas, ainda assim, tem o pão com mortadela acompanhado com tubaína, deliciosamente eles resistem nos balcões das mercearias à beira de estrada, longe do “x” burguer e Coca-cola.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Lá pelos anos 70 um polaco de Roncador alegremente informa o compadre que tinha comprado um corcel. O compadre perguntou qual era a cor:
- Cor de carvão.
- Preto, então?
- Não! Carvão aceso!
- Vermelho, então!
- Isso!
Frase de pára-choque de caminhão
De vermelho, um lindo vestido nem longo nem curto. Sandálias de saltos altos, marrons. Unhas vermelhas bem pintadas. Cabelos negros, finos, compridos. Eu só pude reparar naquela bela mulher depois que observei que o pneu dela estava furado e o carro estacionado numa curva sinuosa da estreita estrada no trecho entre Corumbataí do Sul e a localidade de Bourbônia.
Elegante, apesar de muito preocupada naquela tarde de quinta-feira, por volta de 16 horas, fazia muito calor. Com uma mão ela tentava fazer uma ligação do celular. Nem sinal. Com a outra mão acena para mim. Faz sinal. Passo por ela propositadamente e paro o carro pouco a frente, observando se a mulher não seria uma “isca” para me assaltar, cena de filme, bandidos sairiam do mato e eu cairia na armadilha.
Sem perigo a vista, dou ré. Ela foi logo dizendo com uma voz rouca e cheia de charme: “moço, o pneu está furado e eu tentei, mas não consigo trocar. Pra falar a verdade eu não tenho força para tirar a porca”.
A chave de roda já estava colocada. Disse a ela que na borracharia o aperto quando feito eletronicamente, tudo “fica mesmo muito apertado”. Porém, caso eu não conseguisse usando as mãos ensinaria um velho truque aquela jovem mulher.
Mais do que prestativo, não queria decepcioná-la. Com as mãos desaperto a primeira porca. Era eu observado o tempo todo e atentamente pelos olhos castanhos e envolventes da linda mulher. Ela então me pergunta como tinha tanta força. Respondi que não, as mulheres é que são muito delicadas e não possuem o hábito de trocarem pneus, “só isso”.
- E como é a sua técnica que dizer ter, caso não conseguisse tirar as porcas com as mãos?
- Fácil! Quer aprender?
- Claro!
- Se apóie segurando no carro e ponha o pé direito pisando na chave de roda. Assim. Isso!
O peso do corpo dela, ao pisar no lado direito da chave de roda fez com que a outra porca afrouxasse. Disse que aquela técnica é importante para apertar a porca com o pneu estepe até chegar numa borracha e certificar se está tudo bem apertado.
Ela ficou surpresa e feliz. Tanto é assim que colocou o pé, apoiando-se no carro e “pisando” bem na chave de roda, enquanto um vento repentino e abafado a fez inutilmente evitar que o vestido levantasse. Fiz de conta que não vi nada. Quase.
Pneu trocado, o furado e o macaco com a chave de roda, tudo guardado, digo à moça que poderia seguir viagem. A dama agradece afetuosamente e me chama assim: “Quanta atenção, um verdadeiro galã”.
Não me lembro de alguma mulher ter me chamado de galã, uma dama de vermelho. Talvez fosse momentaneamente naquela estrada naquele momento sem movimento algum e ela desesperada sem poder ter com quem contar. Um galã de um filme mexicano em preto e branco, dublagem ruim. Galã sim, se comparado com o macaco.
Tal fato aconteceu há alguns anos, que lembrei ao olhar a chave de roda do meu carro, com a ideia-chave do vestido ao vento de uma encantadora mulher.
E antes de terminar, não me esqueço da bela trepada que ela deu para afrouxar a porca, desequilibrando-se quando tentou segurar o vestido a se movimentar rápida e repentinamente por causa do vento.
Fases de Fazer Frases (I)
Quem não faz nada com as ideias que tem, costuma ter muitas.
Fases de Fazer Frases (II)
Não é preciso prestar atenção nos próprios erros. Os inimigos se encarregam disso, embora hiperbolicamente.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Descaradamente um motorista estaciona em frente ao Banco do Brasil na vaga destinada aos portadores de necessidades especiais. Ao observá-lo não me contive e perguntei se ele era cego. –“Claro que não!” – me respondeu asperamente. Então o retruquei, “é cego sim, não ‘viu’ que esta vaga é destinada especificamente para quem tenha alguma deficiência física”.
Mal-humorado, ele resolve retirar o carro do local, antes, porém, resolve olhar bem para mim dando a entender que não gostou nada da minha intromissão. Paciência!
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Perdemos a identidade brasileira em várias situações, de há muito ou presentemente. Somos estrangeiros em nosso próprio Brasil. Mas, ainda assim, tem o pão com mortadela acompanhado com tubaína, deliciosamente eles resistem nos balcões das mercearias à beira de estrada, longe do “x” burguer e Coca-cola.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Lá pelos anos 70 um polaco de Roncador alegremente informa o compadre que tinha comprado um corcel. O compadre perguntou qual era a cor:
- Cor de carvão.
- Preto, então?
- Não! Carvão aceso!
- Vermelho, então!
- Isso!
José Eugênio Maciel, professor, escritor, advogado, sociólogo e membro da Academia Mourãoense de Letras.
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