4 de mar. de 2011

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: SONHEM com um mundo novo! Jovens que têm fome e sede.....


Nesta semana, um sinal de esperança para a união dos povos. Foi realizado em Roma o encontro Agenda de Convivência. Cristãos e Muçulmanos para um Futuro Juntos, promovido pela Comunidade de Santo Egídio, aproximando homens de fé e estudiosos, bispos e imãs (religioso muçulmano,cristãos e muçulmanos)...

São testemunhas diretas da revolução, para muitos imprevisível, que está invertendo os eixos do Norte da África. "É o momento de uma reflexão séria a ser feita juntos, cristãos e muçulmanos, a partir de temas concretos como a cidadania e a identidade religiosa; o papel das raízes espirituais; a cultura do “conviver”, explicou o professor Andrea Riccardi, fundador da comunidade de Trastevere, ao abrir os trabalhos .

Do encontro surgiu uma certeza: não é sobre o petróleo, sobre o gás ou sobre os lucros que se constroem verdadeiras relações entre Ocidente e aquele mundo. Ter relações só com as oligarquias e ser identificado com estas ou com os seus regimes corruptos não ajuda o Ocidente a construir uma relação com quem exige democracia, particularmente os jovens. "Uma geração – observa o patriarca de Alexandria do Egito, cardeal Naguib – que, graças às redes sociais, se encontraram nas praças para gritar o seu desejo de valores como justiça, liberdade, paz e igualdade".

"São jovens que têm fome e sede de liberdade, de direito, de dignidade", observou o arcebispo de Argel, dom Bader. "Nós, como bispos norte-africanos, defendemos as suas instâncias de liberdade e de futuro". O que preocupa não é tanto o possível desvio islamista dos protestos, mas sim "a liberdade que os futuros governos deixarão ao povo, nas Constituições que irão redigir, na aplicação dos direitos, incluindo o da liberdade religiosa". O perigo é se, no fim, a Sharia [lei islâmica] será aplicadaÉ esse, de fato, um dos pontos nos quais se joga o futuro dessa "revolução" diferente.
Por enquanto, no Egito, observa-se que o movimento é laico. O elemento religioso está presente, mas como riqueza da identidade nacional dos povos. O teólogo sunita Mohammed Esslimani, que viveu instante por instante os dias do protesto da "Praça da Libertação" no Cairo não tem dúvida disso. Ele relatou o caso de uma jovem cristã que pôs no chão o seu precioso foulard [lenço de seda] para permitir que um jovem islâmico pudesse rezar. Ou do jovem copta, também ele na praça, apesar do apoio do Papa dos coptas, Shenuda III, ao presidente Mubarak. Gestos simples, mas significativos.

“É quem destrói que tem medo. É ingênuo quem atira. Ao contrário, é sábio e não ingênuo quem tem a coragem de dialogar. De escavar profundamente nas razões do outro. Encontrará tantas coisas em comum" disse Dom Vincenzo Paglia, bispo de Terni, na Itália. Para o politólogo Francês, Olivier Roy, um dos maiores especialistas da Europa sobre o Islã, “A primavera árabe não irá se deter. É um processo irreversível. Poderá até haver momentos de pausa, mas começará novamente: a comparação mais plausível é com as revoluções de 1848 na Europa". "É a demonstração que estamos às vésperas de uma nova sociedade mundial. Antes, a Tunísia, agora o Egito, a Líbia, amanhã talvez a Argélia. Prevejo uma sucessão de contestações também no Ocidente". E profetisa esperançoso: Sonhem com um mundo novo!!!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC.

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