23 de jan. de 2021

ENTREVISTA DE DOMINGO: Advogado Cristiano Augusto Vasconcelos Calixto


"Advogados que 
estudam o Direito, que possuem
conhecimento geral das várias áreas do conhecimento humano e são destemidos, sem envolvimentos em fatos que maculem a sua conduta pessoal, social e profissional, sendo, então, e de fato, vencedores na carreira. A advocacia é um 
sacerdócio e nem sempre se traduz em acúmulo de bens materiais." A afirmação é do cidadão e advogado Cristiano Augusto Vasconcelos Calixto, homenageado na primeira ENTREVISTA DE DOMINGO de 2021 no BLOG DO ILIVALDO DUARTE.

Corintiano fanático e fundador  de uma associação em Campo Mourão, ele conta nesta entrevista um pouco da sua história iniciada em Jandaia do Sul e comenta sobre vários assuntos, entre eles advocacia, política, Campo Mourão, sua paixão pelo time do parque São Jorge e religião, inclusive, ele conta como foi o processo para sua conversão, quando deixou de ser ateu.  "Duas coisas me aproximam de Deus: o senso de Justiça e a boa música", confirma Cristiano Calixto, acrescentando que "O viver bem é dádiva dele, que está sendo muito generoso e bondoso comigo. A vida deve ser com intensidade, vibração, energia, conquistas, e, especialmente, com saúde e alegria. Penso que o segredo da longevidade é a alegria - pura e genuína."

Ótima leitura, excelente viagem nesta ENTREVISTA DE DOMINGO - projeto iniciado em 2009 para valorizar gente da nossa terra, verdadeiras Celebridades como gente que fez, gente que faz. Viva a cultura! Viva a nossa gente! Viva a história!


QUEM É CRISTIANO AUGUSTO VASCONCELOS CALIXTO?
Sou filho de Rubens Vasconcelos Calixto e Hilda Carnelos Vasconcelos. Nasci em Jandaia do Sul, Paraná, em 14/07/1958 - dia e mês da revolução francesa. Sou  casado desde 06/04/1991 com Maria Eugênia Santini Vasconcelos Calixto, a qual gerou, amamentou e zelou o filho amado, o Guilherme Augusto Santini Calixto. 

COMO SE DEFINE? Centrado, reservado e perfeccionista levo a maior parte do tempo pela razão, pura e simples, mas, em algumas situações, a emoção é incontida e as lágrimas e o embargo de voz brotam sem dificuldades ou constrangimentos.

COMO ACHA QUE OS OUTROS VEEM VOCÊ? Um chato, muito teimoso, conservador e até mesmo ignorante, mas geralmente reconhecem a minha conduta pessoal de viver sem lesar a quem quer que seja, e atuando profissionalmente com seriedade, zelo e dedicação.

ONDE E COMO FOI SUA INFÂNCIA? Precisamente em 1960 meus pais Rubens Vasconcelos Calixto e Hilda Carnelos Vasconcelos, agora octogenários, vindos de Jandaia do Sul (Abaixo, algumas imagens da cidade).

chegaram em Fênix (abaixo, algumas imagens da cidade).

Eles chegaram em Fênix trazendo sonhos e esperanças nos seus ofícios - meu pai era cartorário, notário e registrador e minha mãe, professora primária- acompanhados de dois meninos (eu e o mano Rômulo César, um recém-nascido), e, depois, chegaram mais quatro (Maria Valéria, Rubens Humberto, Joaquim José e o Paulo Domingos), completando os seis filhos do casal. 

A infância mantém-se inesquecível por inúmeros fatos e acontecimentos. Alfabetização - embora já soubesse no primeiro dia de aula ler e escrever pela dedicação e exigência dos pais, sendo minha mãe a primeira professora formal; leituras de enciclopédias, livros, revistas e jornais impressos, geralmente com dois ou três dias de atraso na entrega (quem poderia, aqui no interior, nos anos 60, imaginar computadores, tabletes celulares, smartphones, Face Time, WhatsApp, lives, etc.). 
Os passeios em família, primeiro num Jeep, e, depois, numa rural Willys Overland,
verde, 4 x 4, tração e com reduzida, na qual, com 10 ou 11 anos, meu pai ensinou-me a dirigir. Até hoje nunca provoquei um acidente de trânsito com muitas idas e vindas a Campo Mourão que é a Sede da comarca pelo ofício de meu pai, onde, também, ganhei meu primeiro relógio de pulso (possuo-o ainda hoje, com mais de 50 anos, funcionando) adquirido da relojoaria do seu José Fuchs.  
Numas dessas viagens, no interior da Sapataria Paulista, ouvimos a notícia do acidente aéreo que vitimou o ex-presidente Castelo Branco (18/07/1967).

Lembro de Jandaia do Sul pelos parentes paternos, e Iracema do Oeste, pelos maternos, em vias sem pavimentação - ou poeira, ou lama, com pontes de madeiras ou balsas, sem alternativas terrestres. 

Nesta época teve a chegada do homem na lua em 1969 – o astronauta Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na superfície lunar. Ah, também na década de 60, além de dirigir, aflorou, espontaneamente, outra paixão, o Corinthians Paulista, embora meu pai seja santista, e a mãe, palmeirense. Incontáveis foram os jogos do amado Timão acompanhados pelo rádio Philco, Transglobe, de seis pilhas grandes, em ondas médias, curtas e tropicais. Um tempo de narradores do quilate de Fiori Gigliotti (Foto): "Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo", e no final do jogo "Fecham- se as cortinas e termina o espetáculo", e dos narradores José Silvério e Osmar Santos. 

Fiquei triste quando se deu um acidente de trânsito em 1969 ceifando a vida de dois jogadores do Timão: Lidu e Eduardo, com grande repercussão nacional. Para os curiosos, este fato deu vida ao apelido de porco ao torcedor palmeirense pelos corintianos. A diretoria do Palmeiras discordou do pedido de substituição dos dois jogadores falecidos no acidente de trânsito para aquele campeonato paulista. 

Pelo mesmo aparelho de rádio ouvimos notícias do assassinato de presidente americano, John F. Kennedy, em 22/11/1963, em Dallas, no Texas. Tive o privilégio, depois, de visitar aquele local. Também recordo da  Copa do Mundo em 1966, na Inglaterra. O Brasil caiu na primeira fase; do milésimo gol do Pelé em novembro de 1969, contra o Vasco da Gama. Tinham ainda na infância os inúmeros banhos nos rios Ivaí, Corumbataí, Ururau e no Dez, no município de Fênix - muitas vezes escondidos da mãe, porém, quando descobertos, as sanções de antanho: surras educadoras e castigos moderados.

Era igualmente rotineiro naquele tempo fazer, depois das aulas matinais, pequenos fretes com carroção tracionado por animais (hipomóvel) - um par de burros, de propriedade de amigos, transportando cereais, mudanças de colonos e animais para o abate. 

Lembro que por orientação materna – católica fervorosa -, fiz a primeira comunhão, na antiga igreja de madeira, cuja celebração se deu pelo pároco Lotário Wélter, o conhecido Padre Lauro, e fui coroinha, aquele que auxilia o padre a celebrar a missa - na igreja matriz entre 1968/1969. 

Naquele final de década assisti em Fênix a construção e inauguração do Grupo Escolar Santo Inácio de Loyola, da caixa d´água elevada e seu reservatório, da implantação da rede elétrica municipal - pois as casas não tinham energia e eram iluminadas por lampiões à gás (uma modernidade), à querosene e velas, enquanto as serrarias e o comércio eram abastecidos por vapor e motores à diesel. Do aeródromo (pista de pouso de aviões), com voo inaugural pelo governador Paulo Cruz Pimentel, o qual reputo como o melhor do Paraná - e sua comitiva. Assistimos, naqueles anos 60, o evento Missões da Igreja Católica, com vários padres levando a palavra de Deus ao seu rebanho, formalizando batismos e casamentos religiosos. Lembro-me também das lições do tio Édison Calixto de como pesquisar palavras no dicionário -
o bê antes do cê... o gê antes do aga... -; do avô paterno, Joaquim Calixto, regulando o seu  teodolito, usado na agrimensura, para que eu enxergasse mais longe. Recordo da bicicleta Caloi, azul, aro 22, presente do papai Noel num daqueles natais, e com ela muitas vitórias nas corridas escolares - era imbatível, sem modéstia -, aprendendo, inclusive, dirigi-la de costas, o que ainda consigo.

Lá também vi e andei pela primeira vez numa máquina de colher cereal, de propriedade do agricultor Hiroshi Yamaguchi (o seu Nélson), cujo produto era ensacado e deixado na própria lavoura para depois ser transportado numa carreta ou caminhão ao armazém. Embora não tenha tido labor na roça - atividade rural -, participei de algumas colheitas manuais do algodão - fardos e fardos, ganhando por arroba colhida -, café - da lavoura às tulhas e terreirão -, milho e feijão – com trilhadeira ou debulhadora -, e,
num período mais antigo ainda, vivi a colheita e processamento do hortelã - a primeira lavoura após a derrubada da mata virgem - do campo ao alambique - quando se extraia a menta, armazenada em tambores de 200 litros. 

Também tenho boas lembranças da propriedade rural do meu avô materno, José Carnelos, onde tinha lavoura de café, soja, pecuária e o fabrico manual de telhas e tijolos na olaria. Havia as pescarias com meu pai nos rios Ivaí e Corumbataí, registrando que há mais de meio século ele já proibia jogar qualquer material naquelas águas ao argumento que o rio não é depósito de lixo - um ecologista e ambientalista quando não se falava nisso. Assistimos o processo de fabrico artesanal do melado e rapaduras de cana de açúcar – do engenho, pela moenda, ao tacho, na fervura, e a disposição nos litros e nas bancadas. 

Existia o tempo da pamonha, reunindo-se familiares e amigos para sua feitura; no tempo de férias escolares eu e o mano Rômulo íamos para fazenda do seu Girlon Marques de Azevedo - amigo dos meus pais, e portador duma caneta Parker 51, usando apenas tinta verde (talvez o responsável pelo meu amor à caneta de tinta molhada), quando montávamos em bezerros e burros, tomávamos leite direto da vaca ainda na ordenha, na mangueira em um copo de vidro e com açúcar cristal, ajudávamos fazer o queijo mineiro, além de brincar do nascer ao pôr do sol. Enfim, foi uma infância de muitas e boas experiências e aprendizados, sem qualquer acidente pessoal ou familiar, ou seja, um tempo inesquecível.

ONDE ESTUDOU E QUE CURSOS FEZ? Iniciei o estudo formal em Fênix, pelo primário - fazendo, inclusive, a quinta-série, pois não tinha idade para ingressar no ginásio, tendo sido orador da turma de formandos.

Depois, em março de 1970, fui morar em Jandaia do Sul, no Vale do Ivaí, com meus avós paternos, cursando o ginasial até 1973. Frequentava o Estádio Hermínio Vinholi nas partidas com mando pelo Jandaia Esporte Clube, que certa vez, jogou contra o Coritiba e esteve em um dos treze jogos da Loteria Esportiva (deu o visitante, barbada!). 

Estudei o científico de 1974 a 1976 no Colégio São José, em Apucarana,  em período áureo da minha existência.
Encerrado o segundo grau, eu e mais dois irmãos fomos em março de 1977 para Curitiba fazer o cursinho pré-vestibular Dom Bosco, e eu, paralelamente, iniciei em maio daquele ano, no Banco Bamerindus como caixa executivo , em meu primeiro emprego formal. Ingressei na Faculdade Face, no curso de Comércio Exterior, por não ter sido aprovado no vestibular de Direito, como sempre desejei, para ser advogado. 

Felizmente, em julho de 1980, prestei o vestibular na Universidade Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo (RS) - foto abaixo -  e fui  aprovado. Desisti do curso de Comércio Exterior e do emprego de bancário, e em agosto daquele ano deixei a capital paranaense rumando ao estado gaúcho, aonde, em 20 de dezembro de 1985 - lá se vão 35 anos, cuja saudade é amenizada pelos encontros anuais com os colegas sob a batuta da incansável Comissão de Formatura - obtive a colação de grau em Ciências Jurídicas e Sociais, fazendo a inscrição provisória na OAB/PR em março de 1986, e desde então exerço a advocacia privada. 

Pela necessidade de trabalhar, ter renda e por um pouco de 'boa vida', confesso, que não dei continuidade à vida acadêmica - mestrado ou doutorado -, sem, contudo, deixar de estudar a ciência jurídica cotidianamente - 'O Direito está em constante transformação. Se não o acompanha você será cada dia menos Advogado (Eduardo Couture)'.

QUAL FOI SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? Primeiro, com subordinação, office boy em um escritório de contabilidade, em 1973, por alguns meses; depois, com carteira assinada, o emprego no Bamerindus, em Curitiba como caixa executivo, de maio/1977 a julho/1980. Durante o curso de Direito, em São Leopoldo (RS), laborei de novembro/1981 a novembro/1984 no Banco do Crédito Nacional SA (BCN), também como caixa. No quinto ano do curso de Direito, fui convidado pelo professor Luiz Felipe Lima Magalhães (foto), duas vezes presidente da Seção da OAB/RS - a estagiar em seu escritório de Advocacia em Porto Alegre (RS) sob a direção da sua esposa, doutora Marina Magalhães - a primeira secretária executiva Adjunta do Conselho Federal da OAB. 

Terminado o curso, voltei para este Centro-Oeste do Paraná onde dei meus primeiros passos como advogado autônomo, na comarca de Engenheiro Beltrão, período em que fui iniciado na ordem maçônica em 1986 - atualmente remido, sendo, na sequência, convidado pelo doutor Edison Alves - com quem muito aprendi na profissão, tornando-se amigo e, depois, padrinho de casamento - à parceria em seu escritório, a qual se deu até setembro de 1995 quando mudamos para Campo Mourão - um quarto de século nesta cidade, adotada de coração. 

Além da Advocacia privada, presto assessoria jurídica, sem concurso, para Câmaras municipais e prefeitos desta região da Comcam. Também atuo em assessoria eleitoral de campanhas de candidatos ao executivo e ao legislativo desta região, onde ganhamos algumas eleições e perdemos outras. Simultaneamente exerci, por um mandato, a vice-presidência da Subseção da OAB de Campo Mourão e fui Conselheiro outros três mandatos consecutivos, e outro de Ouvidor - durante três anos, sem remuneração, num dos períodos mais tristes da Advocacia ao ouvir (receber) denúncias de cidadãos lesados por advogados, com minúsculo mesmo -, resultando, por minha iniciativa, notícias criminais e representações por falta ética.

Em Campo Mourão participei de mandatos na Associação Comercial e Industrial (Acicam), onde empresários, que geram empregos e rendas, discutem os melhores caminhos e alternativas para o fortalecimento da nossa cidade e região. Pedi para sair do Conselho em 2017 quando assumi a Secretaria municipal, porém continuo associado. Exerci, também, por duas vezes - setembro/2001 a setembro/2003 – e agora - janeiro/2017 a dezembro/2020 - o cargo de Secretário do Controle, Fiscalização e Ouvidoria de Campo Mourão, a convite do prefeito Tauillo Tezelli.

O QUE MAIS GOSTOU DE FAZER PROFISSIONALMENTE?  Advogar sem qualquer reserva ou temor. A Advocacia não é uma profissão de covarde (Sobral Pinto) -. Aceito o múnus confiado pelo contratante, sempre escrevi e falei o que pensei sobre o tema sub judice, cujos argumentos, confesso, nem sempre foram acolhidos, mas deixei escrito o que pensava. Lamentei que a minha tese de inscrever os dados do devedor de alimentos nos bancos de informações cadastrais (Serasa, Seproc), não tenha sido inicialmente aceita pelo Judiciário, tanto no juízo como no "ad quem", como podia o comprador de uma geladeira, estando inadimplente, ser inscrito nos órgãos de proteção de crédito e o devedor de alimentos à criança não? Depois, o legislador e a construção pretoriana corrigiram esta injustiça. Registro ainda que em 1992 patrocinei, em vanguarda, uma das primeiras ações eleitorais declarando a inelegibilidade do candidato ficha suja, a teor da Lei Complementar n°64/1990. 

Outra situação, sui generis, àquela época, consistiu na obtenção de um alvará judicial para posse de cargo eletivo estando o cliente -político- recolhido à prisão. Consigno, igualmente, que as incontáveis consultas formuladas por inúmeros colegas sobre os mais variados temas me enchem de orgulho e satisfação. Alguns, com gratidão, depois responderam que minhas orientações foram judicialmente acatadas. Felizmente, as conquistas profissionais foram frutíferas e reconhecidas, pois edificadas em bases sólidas, mantendo, por isso, clientes com mais de trinta anos de fidelidade.

O QUE FAZ HOJE?  Estou em Campo Mourão desde julho de 1995, participei dum escritório de Advocacia, e, precisamente em 15 de janeiro de 2001, dei início à carreira solo, em escritório próprio - são 20 anos no mesmo lugar, recebendo a companhia do incipiente advogado Luciano

Tonet, atualmente no Ministério Público do Ceará. Quando em agosto daquele ano fui convidado pelo prefeito Tauillo Tezelli a ocupar a Secretaria Municipal de Controle, Fiscalização e Ouvidoria, aceitei o honroso convite e assumi o cargo em setembro/2001, ficando o escritório sob os préstimos da doutora Tatiana Messias do Silva - recém-formada. Em setembro de 2003, deixei a função pública retornando à advocacia, cumprindo ser anotado que com a saída da doutora Tatiana, procuradora municipal concursada - veio somar e nos ensinar a doutora Luciene Carneiro da Silva até agosto de 2012. Novamente, em 2016, o prefeito Tauillo Tezelli, eleito para o seu terceiro mandato, me convidou para assumir a referida Secretaria, o que se deu de janeiro/2017 até dezembro/2020. Tenho a consciência de ter colaborado com o nosso município. O escritório profissional, neste último período de licenciamento junto à OAB/PR, contou com a doutora  Haylla dos Reis - desde setembro de 2012 - e o doutor Murilo de Abreu Santos - em março de 2017, igualmente recém-formados nos seus respectivos ingressos. A volta à advocacia, sem peias, é revigorante e motivadora.

DESDE QUANDO É APAIXONADO PELA ADVOCACIA?  Cheguei bem aos 62 e oxalá tenha muitos à frente, porém

Deus é o Senhor de cada um dos meus dias. O viver bem é dádiva dele, que está sendo muito generoso e bondoso comigo. A vida deve ser com intensidade, vibração, energia, conquistas, e, especialmente, com saúde e alegria. Penso que o segredo da longevidade é a alegria - pura e genuína. Pela Advocacia a paixão é natural. Sempre almejei ser advogado militante. Meu pai, como dito, sempre foi notário e registrador, e na minha infância, quando chegava um advogado no cartório para um serviço eu procurava conversar com ele. Era uma espécie de semideus. Advogado por paixão, ponto!

A área de atuação profissional,  especialmente no interior, é muito difícil de especialização. Aprendi muito cedo com um dos melhores profissionais que conheço, Dr. Lauro Fernando Pascoal, que o advogado deve ser comparado à parteira - aquela que auxilia a parturiente na hora da chegada do bebê, deve estar quando o cliente precisa e não pode deixar a criança morrer. Vale dizer, o atendimento deve se dar na segunda-feira, na quinta-feira, no domingo, na sexta-feira maior e a qualquer hora, inclusive à noite, e a expressão não deixar a criança morrer é manter-se íntegro, idôneo, com prestígio ético, social e profissional. Logo, somos quase forçados a atender e resolver as mais variadas questões e interesses dos clientes, da elaboração de um simples contrato de locação, de compra e venda, de doação, de inventário, de divórcio, até o manejo dum recurso extraordinário ao STF, ou especial, ao STJ. As demandas impõem muitos estudos e o cliente deve ser atendido.

QUEM FOI O “CULPADO” PELA ESCOLHA DA ADVOCACIA?  A liberdade, o sentir-se livre no ir e vir; no direito inalienável de falar e escrever sem reservas, tendo, ao término da lide, o sentimento da moderação no êxito, e a força revigorante no revés.

COMO FOI SER ADVOGADO NESSE TEMPO DE PANDEMIA?  Exatamente neste período de pandemia estava licenciado da OAB pela função pública exercida, porém assisti que novos procedimentos, introduzidos em razão da pandemia decorrente do coronavírus, devem ser efetivamente

implementados, especialmente as audiências não presenciais. Sempre critiquei a presença do encarcerado na audiência – altíssimos custos pecuniários ao Estado pelo transporte dele da prisão à sala de audiência, e muitas vezes, a sua volta ao presídio, além dos riscos a todos os envolvidos ou não, inclusive aos cidadãos que estão no interior dos fóruns por outras razões e questões. Graças à tecnologia, a sua defesa, constitucionalmente assegurada, pode ser exercida por vídeo sem qualquer prejuízo. 

Aliás, por oportuno, impõe-se intensa reflexão pela sociedade organizada sobre a desnecessidade da presença de deputados e senadores nas sessões do Congresso, dos deputados distritais e estaduais nas Assembleias, e dos próprios vereadores nas Câmaras, implicando em imensurável economia aos cofres públicos - o dinheiro do povo – nestes deslocamentos pessoais. 

Vamos pensar e refletir, com seriedade, sobre isto e muitas outras questões de interesse público. Não é justo o que se faz com a classe empresarial e com os trabalhadores para mantença das mordomias dos políticos e algumas categorias de servidores públicos. Devemos repensar, com urgência, o custo Brasil, pena de imensuráveis e infindáveis sofrimentos do povo brasileiro.

O QUE MUDOU NA PROFISSÃO E NO PERFIL DE ADVOGADO? Na profissão, a mudança substancial foi o acesso à tecnologia – sempre digo que é impossível, hodiernamente, não elaborar uma excelente peça, pois as decisões dos tribunais regionais e dos próprios STF e STJ, de ontem, são publicadas incontinenti, facilitando, sobremaneira, o estudo do caso específico, pela contemporaneidade. Sempre fui apaixonado pela pesquisa, e, diferente dos meus primeiros passos nos anos 80, quando se dava pelas revistas especializadas, especialmente a Revista dos Tribunais (RT), cujos acórdãos eram de meses pretéritos -, hoje se dá de forma eletrônica, quase que simultânea aos julgamentos nos diversos Areópagos. Anoto, também, que desde o início da minha

advocacia deu-se gênese à Constituição Federal em 1988, a Lei Complementar n° 64/1990, quanto à inelegibilidade de determinados candidatos, o Código de Defesa do Consumidor (CDC),  tenho que seja um dos melhores normativos legais em favor do cidadão, que deixou de comprar produtos vencidos, com defeitos. Deu oportunidade de verificar cada serviço ofertado e efetivamente prestado (bancos e telefônicas com grande demanda), tendo, também, maior celeridade na resolução do problema específico, além do Código Civil de 2002. Em outro vértice, a maior dificuldade nas últimas décadas reside no exagerado número de advogados, causando, sob o enfoque econômico, mais desânimo e apreensão ao
profissional. E para constatação desta realidade cito que nos anos 80 ou 90 um advogado atendia em média cem famílias, nas suas mais variadas necessidades jurídicas, enquanto que nos dias atuais em cada família praticamente há um advogado, o que impõe limite de ganho e renda. Embora haja sim uma demanda maior de busca de direitos, pelo cidadão, o excesso de profissionais impõe limitação de renda ao advogado militante. Mas, a persistência, com denodo, garra e estudos, permite ao profissional construir seu futuro com dignidade.

O ADVOGADO DE HOJE É MELHOR QUE O DE ONTEM?  Com todo respeito, a todos, entendo que não. Temos colegas jovens que demonstram a vocação ao exercício da Advocacia pelo
estudo jurídico contínuo, pela pesquisa dos porquês dos fatos sociais que ditam o norte da legislação, pela assiduidade no seu escritório, pela transparência com o constituinte, pelo respeito aos demais colegas, mas estes são minoria pelo que percebo. Da maioria, porém, as suas petições não encerram um convencimento por falta de conteúdo jurídico, revelando a má formação educacional de base. O desconhecimento da língua portuguesa, da história, da geografia, da economia, da antropologia, da política nacional tem efeitos devastadores, diminuindo o valor do Advogado na sociedade. A erudição do Advogado, ao lado da ética e da conduta ilibada, sinaliza à almejada segurança que o cidadão (cliente) pretende para sua causa.

QUAIS OS PREDICADOS PARA SER UM EXCELENTE ADVOGADO?  Pretendo chegar lá e obter este título de excelente. Mas, daqui onde estou, posso relatar que

sempre busquei espelhar-me naqueles advogados que estudam o Direito, que possuem conhecimento geral das várias áreas do conhecimento humano e são  destemidos, sem envolvimentos em fatos que maculem a sua conduta pessoal, social e profissional, sendo, então, e de fato, vencedores na carreira. Digo sempre que a advocacia é um sacerdócio e nem sempre se traduz em acúmulo de bens materiais.

QUAL MELHOR EQUIPE COM QUEM TRABALHOU OU CONVIVEU? Agradeço a Deus pelos companheiros de jornada em todas as áreas. Nos dois bancos - Bamerindus e BCN - onde laborei, encontrei colegas que se tornaram amigos, agora com mais de quarenta anos; na Secretaria da Fiscalização de Campo Mourão tive ótima colaboração dos servidores e chefias. Na própria Advocacia, aos vários colegas que muito contribuíram para o meu aprendizado e crescimento profissional. Cultivo a frase que ninguém evolui sozinho, a colaboração recíproca torna-se imprescindível e fundamental.

QUAIS MELHORES ATIVIDADES JÁ FEZ E POR QUÊ? Meus melhores momentos resultaram do exercício da Advocacia. Por meio dela contribuímos para uma sociedade mais

igualitária, evitando a lesão do direito do cidadão. Busquei mais a Justiça que o próprio Direito – adepto de Couture "Lute sempre pelo Direito, mas quando este confrontar a Justiça, lute por esta". E por isso, travei bons combates contra corruptos, malfeitores e criminosos. Convicto, ainda, que o patrocínio de ações de adoção de crianças, por brasileiros e até estrangeiros, dando-lhes um lar e uma família, sem a cobrança de honorários, deu-se a recompensa divina.

QUAIS VITÓRIAS E CONQUISTAS DESTACA NA SUA VIDA? Vitórias foram várias. Manter-me na trilha da virtude, longe dos vícios (nunca fumei e nem bebi além do

socialmente admitido), sempre ao lado dos meus familiares, foi a maior delas. Outra vitória, conquanto tenha tido uma experiência anterior com a gaúcha Silvia Helena - um casamento de 10 meses e 14 dias, interrompido, precocemente, pela passagem dela a outro nível de vida em novembro de 1987, preservando, porém, um bom relacionamento com os seus familiares,   consiste na mantença do matrimônio decorrente de outro amor à primeira vista, por mais de trinta anos, permanecendo viva aquela paixão do primeiro olhar à Maria Eugênia, e do qual profetizei aos amigos, e depois padrinhos, Rui e Iriani Ghellere (foto), em 12 de agosto de 1990: com ela vou me casar - e em oito meses estávamos legalmente unidos. 

Como resultado nasceu o amado filho Guilherme Augusto, graduado em engenharia florestal. 

Além da vitória profissional, ralando muito, é verdade, mantendo uma forma de atuação coerente, atualizada e consentânea à realidade do cotidiano forense e social, as alterações do comportamento humano, nas últimas décadas, se dão à velocidade da luz. 

Por exemplo, conquanto o homossexualismo seja reportado à Grécia e a Roma antigas, há milênios, a união homo-afetivos, legalmente admitida, dá um desconforto aos contemporâneos de cabelos brancos, mas a vida segue, impondo ajustes, adequações e reformulações de conceitos na recepção democrática do novo. E sabemos, muito há por chegar. Quem viver verá!

TEM TRAJETÓRIA ESPORTIVA?  Esta é facílima de responder: não tenho trajetória esportiva. Como crítico que sempre fui, denomino-me como perna de pau, sem vocação à prática do futebol. Todavia, participei de alguns jogos amistosos, geralmente iniciando no banco de reservas, ou, então, para completar a esquadra – esta é antiga -. Outros esportes então, nem pensar... Não sirvo de exemplo - adotei a teoria do meu pai: tartaruga anda devagar e passa dos duzentos. Ponto!

QUAL SEU ESPORTE PREFERIDO? Como espectador, o futebol, especialmente os jogos do Corinthians – deixo de receber honorários na hora do jogo. Numa oportunidade, o cliente ligou às 21h25 para buscar os honorários, em

dinheiro vivo, pois estava na iminência de ir para a rodoviária e embarcar para São Paulo, sem volta, quando lhe disse: vai começar o jogo do Timão, depois você me paga. E pagou por depósito bancário dias depois. Na adolescência, além dos jogos do Timão, assistia as corridas de Fórmula 1 com Emerson Fittipaldi, Wilson Fittipaldi, José Carlos Pace - vítima fatal de um acidente aéreo, nas disputas com Nike Lauda, Jackie Stewart,  o escocês voador, Carlos Reutemann,  o argentino, Clay Regazzoni e Gilles Villeneuve, canadense que morreu em um treino de classificação na Bélgica, em 1982. Depois chegaram Nélson Piquet, Airton Senna da Silva - assisti, ao vivo, em 1989, o último Grande Prêmio do Brasil no autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Porém desde aquele acidente fatal em Ímola, na Itália, em 1° de maio de 1994, ceifando a vida do Senna, deixei de assistir as corridas da categoria. Enfim, não aprecio outros esportes.

TIME DO CORAÇÃO? Facílima a resposta: Sport Clube

Corinthians Paulista, fundado em 1° de setembro de 1910. Esta questão de torcedor tem muitas características. Em geral, os torcedores dos vários times de futebol podem ser inseridos numa escala daqueles que torcem, mas sequer sabem o nome dos jogadores atuais da agremiação ou qual será o próximo jogo, até aqueles, mais  apaixonados, que vão as vias de fato (brigas ignorantes), sabendo tudo sobre o seu time. Porém, inconfundivelmente, o corintiano é diferente, é único e sem igual: desde o ventre materno já é corintiano, ou seja, nasce corintiano, duma paixão pela vida toda, diferente dos demais que viram flamenguistas, santistas, gremistas, coxas-brancas, palmeirenses.

Tenho a questão como um fato científico: se não for corintiano não sabe o que é ser torcedor; trata-se de um estado de espírito, de paixão, de alma, de uma religião. Como torcedor? um corintiano nato, de rir e chorar, contudo sem jamais abandonar. Enquanto o jogo não acaba não saio da frente da tevê ou do rádio.

QUE TRAVESSURAS JÁ FEZ PELO SEU CORINTHIANS? Procuro na minha vida sempre aliar o útil ao agradável. Como tenho paixão por viajar a novos lugares sempre que posso vou para onde o Timão jogará. E, assim, posso citar jogos, sem ordem cronológica,

principiando, todavia, por inesquecível, o primeiro jogo presencial, em Londrina (PR) no antigo estádio Vitorino Gonçalves Dias em 1975, e, depois, na inauguração dos refletores do estádio do Café, naquela cidade, em agosto de 1976 com  mais de 22.000 torcedores naquela noite. Em Curitiba foram inúmeros jogos, tanto contra o Athlético, quanto contra o Coritiba. Em Maringá, várias vezes, inclusive na derrota para o Cianorte, por 3 x 0, pela Copa do Brasil em 2005. No Beira-Rio, em Porto Alegre, em uma vitória por 2 x 0 sobre o Internacional. No Estádio Olímpico Nilton Santos, o "Engenhão" no Rio de Janeiro, contra o Flamengo, com empate de 1 x 1 na despedida do Petkovic em 2011. Em São Paulo no ano de 2017, na vitória de 3 a 2 sobre o Palmeiras no Itaquerão, hoje Neo Química Arena, onde se deu a abertura oficial da Copa do Mundo 2014.

De  forma ímpar, a viagem ao Japão em dezembro de 2012, com o Irmão, amigo e fiel torcedor Walter Merege, assistindo aos dois jogos, a semifinal contra o Al Ahly, e a final, com o Chelsea, ambas vitórias por 1 x 0, sagrando-se bicampeão mundial. 

Lá também visitamos a cidade de Hiroshima - o Museu da Paz -, onde se deu a explosão da primeira bomba atômica (06.08.1945). Acredita-se que entre 50 mil e 100 mil pessoas morreram no dia da explosão. Foram histórias reais e maravilhosas.

COMO FOI A IDEIA DA FUNDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS CORINTIANOS? 
Retornando, em 2002, da casa dos meus pais em Fênix (PR), pensei que deveria dar início à uma Associação de Corintianos. A  ideia vingou, culminando com um Estatuto devidamente registrado no serviço de Títulos e Documentos desta cidade e comarca. Temos centenas de sócios (assinaram uma folha de adesão), com várias campanhas de benemerência às entidades assistenciais, além de dois desfiles no aniversário da cidade - uma novidade real, pois nestes eventos sempre estão as escolas (públicas e particulares), as polícias (civil e militar), os bombeiros, os atiradores do nosso Tiro de Guerra. Mas os 
corintianos foram únicos (novidade) -. Mas deve, sim, continuar com novas atividades de benemerência e filantropia em favor do gênero humano como expressamente previsto no seu estatuto.

ÍDOLO?  No geral, o maior brasileiro de todos os tempos: Dom Pedro II (foto) - sugiro que pesquisem sobre seus feitos e amor à pátria, e poderão me dar razão, hodiernamente, como exemplo de cidadão do bem e perseverante pela vida e pelo trabalho, o maestro João Carlos Martins, que é sensacional, completo. Na música, Tom Jobim, João Donato e João Gilberto; nos esportes, Mané Garrincha, o mais genial de todos os jogadores de futebol, Nélson Piquet, indescritível na Fórmula 1 e o Guga, no tênis.

QUAL O MELHOR TIME QUE JÁ VIU JOGAR? Time do Corinthians em 2012, campeão invicto da Liberadores e bi mundial. 

Mas se a pergunta fosse sobre qual seleção, responderia: Brasil de 1970 - assisti pela televisão, preto e branco (a colorida chegou aqui somente em fevereiro de 1972), todos os jogos -, sabendo a escalação dela, por completo, com destaque ao artilheiro Jairzinho, o camisa 7, com 7 gols, em todas as 7 partidas.

CITE TRÊS PERSONALIDADES ESPORTIVAS EM CAMPO MOURÃO. Principio por Idevalci Ferreira Maia, o professor Idê, pelos seus ensinamentos técnicos a centenas de jovens nas aulas de educação física, em colégios públicos, formando atletas, mas, especialmente, formando cidadãos. Indico, ainda, o professor Itamar Tagliari, atleta do futebol de salão, fazendo e levando a história de Campo Mourão para várias cidades do Paraná e do Brasil. E também o professor Jair Grasso, que também é referência esportiva desta cidade, levando o nosso handebol a vários títulos.

Na seleção mourãoense de handebol masculino, há algumas décadas, em pé, o primeiro à esquerda professor Idê  e o último professor Jair Grasso.

CITE TRÊS PERSONALIDADES EM CAMPO MOURÃO. Residimos aqui desde setembro de 1995, um quarto de século, e, portanto, para não cometer injustiças, indicarei pessoas deste período, por contemporâneas, em ordem alfabética para erradicar qualquer discriminação.  José Aroldo Gallassini, à frente da Coamo, pois mundialmente reconhecida no agronegócio, com incalculáveis benefícios à cidade e toda região.  Rui Antônio Cruz, na magistratura paranaense, como um farol a todos os juízes, e respeitado pelos advogados, além da sua declarada paixão por esta cidade. Tauillo Tezelli, reconhecido político na sua comunidade e recém reeleito, pela vontade popular, para um quarto mandato à frente do executivo municipal - acredito que, aqui, jamais haverá outro prefeito detentor de quatro mandatos -.

QUEM É CIDADÃO EXEMPLO E POR QUÊ? Uma cidadã, minha mãe, Hilda Carnelos Vasconcelos. Pela sua

incansável e diuturna luta em favor da família - o marido, seis filhos, treze netos e cinco bisnetos;  pelo seu espírito cristão - católica fervorosa -, sempre pronta e disposta a ajudar a todos. Exemplo de trabalho, doação, renúncia, ética e alegria. Ela não consegue terminar de contar uma piada sem primeiro dar risada. Meu exemplo. Obrigado por tudo, sempre.

A CAMPO MOURÃO DO PRESENTE É? Um lugar para todos que querem estudar, empreender, crescer, progredir, prosperar, e, também, descansar, até a chegada do translado à morada eterna - caso não seja cremado.

A CAMPO MOURÃO DO FUTURO SERÁ? O lugar ideal para se viver, desde que todos façam, desde agora, a sua parte e cumpram o seu dever, sem delegar a terceiros o que é obrigação própria. Penso que a nossa cidade deverá ter um foco econômico próprio no ramo industrial para geração de empregos, de ser "A capital do...", assim como a moveleira está para Arapongas, a confecção para Cianorte, o boné para Apucarana, e neste processo o Codecam (Conselho de Desenvolvimento de Campo Mourão) tem um relevante e uma fundamental importância. Não podemos deixar de pensar em novos cursos superiores - a indústria sem chaminé - a graduação da juventude local e de outras paragens deste país que aqui chegarem.

COMO FOI A EXPERIÊNCIA DE SER SECRETÁRIO
DE 
FISCALIZAÇÃO NA GESTÃO DO PREFEITO TAUILLO TEZELLI? Nas duas vezes, quando convidado, senti orgulho haja vista que dezenas de outros mourãoenses poderiam ser escolhidos e cumprirem o múnus com mais propriedade.  Percebi ao assumir a responsabilidade do cargo e procurei, sempre, dar exemplo na condução da coisa pública, reduzindo ao máximo os custos operacionais. E do outro lado, elevar a eficiência nos serviços em favor da comunidade. Sempre digo que o Estado não comercializa animais, nem cereais, e não fabrica nada, vivendo, apenas e tão somente, dos recursos (tributos) recebidos do contribuinte, daí porque a necessidade e obrigação do bom atendimento mantendo

um ambiente funcional harmonioso, descentralizado e respeitoso. Adotamos práticas na condução dos trabalhos obedecendo os normativos legais, tratando a todos, indistintamente, sem favorecimentos ou perseguições. Tenho a consciência de ter cumprido o cargo com zelo, dedicação, pontualidade e fidelidade - quanto à eficiência deixo para os críticos se manifestarem -. Jamais deixamos de atender o cidadão, o contribuinte ou o servidor que nos procurasse. Neste último mandato, sem a nomeação de diretor da Secretaria e indicando servidores de carreira para os três postos de chefia - Tributos, Postura e Vigilância - economizamos mais de R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais) a título de salários, e não usamos o valor de diária em qualquer viagem. Espero ter dado uma parcela de contribuição a Campo Mourão, que tão bem nos acolheu, pessoal e profissionalmente. 

NOTA DO BLOG: Múnus Público é uma obrigação que deve ser exercida por alguém atendendo o poder público, em razão de lei. A palavra múnus tem origem no latim e significa dever, obrigação. 

 VAPT-VUPT

AUTOR: Marcus Vinicius de Moraes - ou, Vinicius de Moraes, o poeta, dramaturgo, jornalista, diplomata, cantor e compositor.

LIVRO: A Carta Magna, a nossa Constituição Federal - a "Bíblia civil", assim nominada pelos escritos do meu pai há mais de sessenta anos.

NOTA DO BLOG - "A Constituição mudou na sua elaboração, mudou na definição dos poderes, mudou restaurando a Federação, mudou quando quer mudar o homem em cidadão. E só é cidadão quem ganha justo e suficiente salário, lê e escreve, mora, tem hospital e remédio, lazer quando descansa. Num país de 30 milhões 401 analfabetos, afrontosos 25% da população, cabe advertir: a cidadania começa com o alfabeto".  Assim o presidente da Assembléia Nacional Constituinte, deputado Ulysses Guimarães, referiu-se à atual Constituição brasileira, no início do discurso proferido por ocasião da promulgação da Carta, em 5 de outubro de 1988. Fonte: Agência Senado

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2008/09/29/em-discurso-historico-ulysses-guimaraes-comemora-a-promulgacao-da-carta-de-1988

MÚSICA: Uma das minhas paixões e diversões. Escrevi, outrora, que prefiro a música ao feijão: este alimenta o corpo, finito e àquela, a alma, imortal. Contudo devo deixar

registrado que, também neste aspecto, sou muito chato, ignorante mesmo, e absolutamente intolerante. Aprecio, quase que com exclusividade, a bossa nova (Foto), algumas músicas da MPB, o choro, e um pouco de jazz e blues. Embora seja um cidadão do interior, nem por isso deixo de dizer que nunca ouvi e não ouço, sob qualquer argumento e circunstância, o gênero caipira, sertanejo, rapp, pancadão, pagode, e até mesmo o rock in rol, a propósito, não tenho nada contra quem goste . A música deve nos aproximar do Criador, da beleza, da alegria e da poesia. Aliás, duas coisas me aproximam de Deus: o senso de Justiça e a boa música.

ÉTICA: Sem prolixidade: não fazer nada reprovável ou ilegal mesmo quando não tiver ninguém observando.

POLÍTICA: Diziam os gregos, há milênios: zoon politikon, ou seja, o homem é um animal político. Toda sociedade é política - que não pode ser confundida com o político. Aliás, há o adágio popular que "Deus criou a política, e o diabo, o político"-, traçando o seu caminho de desenvolvimento e prosperidade. 

Quanto aos efeitos da política sempre invoco uma frase de Ulisses Guimarães: “Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública”. Imaginemos o nosso Brasil como seria com os bilhões de recursos públicos desviados! Indescritível, porém muito próximo do paraíso.

FAMÍLIA: O porto seguro do cidadão. A família bem estruturada irradia paz, gera energia contínua, cria uma força constante, sendo a sede do amor sem limites. As várias famílias, portanto, formam a legítima comuna, onde tudo acontece no viver em sociedade.

RELIGIÃO: Em todas as eras, locais e recantos do planeta a crença numa entidade superior moveu a humanidade, propiciando o surgimento das religiões - cristãs ou não -,

com um poder imensurável de apaziguar a convivência em sociedade, pois, em sua maioria, pregam o amor fraternal, do querer bem, da solidariedade, e também conduzem à reflexão espiritual, preparando-nos para o depois da morte. E como todos nós morreremos, com invencíveis incertezas para onde iremos, a religião, por seus ensinamentos, nos dá caminhos e rumos como um alento e uma esperança de recompensa na vida futura ao lado do Criador. Como é doce, alegre e suave acreditar nisso!

UMA ESPERANÇA:  Viver por mais um tempo, com saúde e  exercendo a Advocacia, com horários mais tranquilos e mais flexíveis, porém, com a mesma responsabilidade nas causas assumidas.

UM SONHO: Um país melhor, com menos desigualdade

social, assistindo uma vertiginosa escalada na educação - os analfabetos funcionais causam a ruína da própria sociedade -. No geral, invoco uma frase do Caetano Veloso (Foto) que resume a questão: Gente é pra brilhar; não para morrer de fome. Que todos, indistintamente, possam fazer as suas refeições, diárias e sem limitações.

ALGUM FATO OU CURIOSIDADE QUE GOSTARIA PARTILHAR? Embora tenha sido criado e formado sob inspiração cristã, além da própria família, meu segundo grau e faculdade ocorreram em instituições dirigidas por religiosos - o Colégio São José, em Apucarana e a Unisinos, por jesuítas, em São Leopoldo (RS). A certa altura, em razão de alguns acontecimentos na vida de terceiros - um amigo, mais humano e fraterno não há, experimenta, às vésperas do natal, o suicídio de um filho. Presenciei uma família extinta num acidente de trânsito, com três crianças, absolutamente inocentes, falecidas no interior do veículo. Assistimos várias mortes pelo desabamento de um morro, incluindo crianças e idosos e entendi que Deus não existia, proclamando-me publicamente como ateu. 

Ocorre que, precisamente em 24 de junho de 2007, na cidade do Rio de Janeiro, após o show "Música nas Estrelas"dos músicos João Donato e Paulo Moura, no Planetário municipal na Gávea, fui apresentado ao Donato.

Recebi dele o convite para o almoço com os seus familiares, o que se deu. 
E após todas estas emoções, de volta ao hotel onde estava
hospedado, ouvi da recepcionista, que pela manhã havia me indicado o local aonde se daria a apresentação musical, e chamando inclusive um táxi para o meu deslocamento, ao término da sua jornada laboral, alguns questionamentos sobre o evento, relatando-lhe o encontro com João Donato e o dia inesquecível, quando dela ouvi:
o senhor é uma pessoa iluminada. Deus gosta muito do Senhor... Você cria caso com Ele à toa. Deu-se, então, a REVELAÇÃO, pois ela - um anjo com trajes de recepcionista - não me conhecia, e, com certeza, desconhecia (ou não!) a minha condição de ateu até aquele momento. Esses encontros - com o Donato, com a recepcionista e com Deus - resultaram num livreto, ainda não lançado, para que todos saibam como o Criador se revela - Deus proporciona aos homens, nas coisas criadas, um permanente testemunho de si mesmo (Romanos, 1, 19- 20).

SAUDADES... DE QUEM? De Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Tom Jobim) - o primeiro que quero encontrar do lado de lá -, por sua genialidade musical, e do tempo da adolescência com toda minha família sob o mesmo teto.

UM GOLAÇO QUE MARCOU NA SUA VIDA? Exercer a Advocacia, diuturnamente, sem peias, sem amarras e sem temor. Dela obtive recursos para formar minha família e aquisição de alguns bens materiais, sendo em razão deste ofício, ainda que minimamente, útil em favor do gênero humano.

O QUÊ JAMAIS TERIA FEITO E SE PUDESSE VOLTAR NO TEMPO? Difícil de responder. Sempre procurei não lesar ninguém, e minhas ações foram, na maioria das vezes, planejadas, e, por isso, não carrego arrependimentos ou culpas. Todavia, para responder, objetivamente, jamais negaria a existência de Deus.

QUAL DECISÃO MARCOU SUA HISTÓRIA E SUA VIDA? A

decisão de ser Advogado - a emoção da colação do grau em Ciências Jurídicas e Sociais em dezembro de 1985 somente foi ultrapassada, com significativa vantagem, pelo nascimento do filho amado, Guilherme Augusto, em outubro de 1992 -, dando ensanchas às minhas realizações pessoais, sociais e profissionais.

QUAL É O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA? De paz e tranquilidade. Mesmo depois dos sessenta muito ainda pode e deve ser feito; contudo, num ritmo mais moderado, apreciando o que realmente vale a pena, mesmo porque, como diz meu pai: "Ali na esquina está o nosso problema".  Viver um dia de cada vez, intensamente e com alegria.

QUAL  VIAGEM GOSTARIA DE FAZER?  Meu cromossoma de viajar ganhou dos demais quando fui concebido. Viajar é sensacional e não tem preço, e o Papai do Céu permitiu-me inúmeras viagens tanto pelo nosso Brasil, como por outros países. O leste europeu ainda consta da programação - a Rússia, por sua história -, assim como alguns países da Ásia - o Vietnã, pela guerra lá travada nos anos 60/70, e a China, por suas muralhas -, e levaremos o planejamento delas adiante, juntamente com o nosso filho, Guilherme Augusto, que domina a língua inglesa e tem um compreensível italiano.

QUAL PROJETO AINDA GOSTARIA DE REALIZAR?  Quando penso como foram os meus dias e as minhas lutas, desde a tenra infância, sinto-me realizado pessoal, familiar, profissional e materialmente. Porém desejo advogar até onde Deus permitir - mesmo que alguém faça a digitação das minhas construções jurídicas -. Estamos pensando na construção duma pequena casa, sem muitos cômodos, e, especialmente, sem escadas, rampas e degraus para, quando mais idosos ficarmos, termos acessibilidade e locomoção, ampla e irrestrita, sem dependência.

COMO É RECEBER ESTA HOMENAGEM NA “ENTREVISTA DE DOMINGO”... Este convite recebi com ímpar satisfação, ficando até mesmo emocionado, confesso. Existem milhares de pessoas nos relacionamentos pessoal, social e profissional do Ilivaldo Duarte - coordenador da assessoria de Comunicação da Coamo, pedagogo e bacharel em Direito, jornalista e comunicador na imprensa escrita, falada e digital - que podem e devem ser entrevistados, nos mais variados assuntos e temas, além de mais preparados, daí porque a eterna gratidão pelo honroso convite. Oxalá eu tenha correspondido.

Nestas imagens, Cristiano em 2020 participando no programa Tocando de Primeira na Rádio Colméia FM ao lado do jornalista Ilivaldo Duarte e do médico e empreendedor Marcos Antonio Corpa.

RECADO AOS LEITORES. Primo e luto, sem tréguas e sem transigências, pela liberdade, especialmente de expressão

e de pensamento. Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la; (Voltaire) -.  Assim, firme neste posicionamento, espero não ter  ofendido a quem diferente pensa das minhas respostas e posições, enquanto as críticas que por certo chegarão poderão ter o condão de sinalizar novos rumos, ou, então, ser completamente ignoradas, sem ofensas. O ser humano ainda é a melhor criação do Pai celestial. "Trabalhando só pelos bens materiais construímos nós mesmos nossa prisão"(Exupéry), e a vida deve ser plena, a cada segundo, mesmo porquê o tempo não volta e o futuro é incerto.

QUAL PERGUNTA NÃO FOI FEITA QUE GOSTARIA DE TER RESPONDIDO? - Você, caro Ilivaldo Duarte, além de estudioso, é muito perspicaz e sensível na sua linha de trabalho e indagação, enxergando o que poucos veem. De maneira geral, oportunizou-me uma salutar e saudosa viagem no tempo, provocando reencontros com familiares, amigos, colegas e conhecidos. Propiciou comparativos entre o passado - as estradas não pavimentadas, de poeira e lama; o ferro de passar roupa a carvão, o escovão de ferro de lustrar os assoalhos caseiros - e o presente com todas as suas tecnologias eletrônicas, além de permitir mostrar a minha caminhada, com seus altos e baixos, e, assim, quase tudo fora exposto. 

Mas, vamos lá, faltou o questionamento sobre a vida futura, depois da passagem. E então, respondo que acredito, sem resquício de dúvida, que todos nós prestaremos contas das nossas ações e dos nossos atos ao Criador, e, em razão disso, devemos levar uma vida ilibada, sem lesar a quem quer que seja, sendo solidário à causa humana em todas as oportunidades, praticando o bem, a benemerência, cultuando as virtudes, e dando pouquíssima importância aos bens materiais, que aqui ficarão, sem apelo.


3 comentários:

  1. Grande pessoa que tive o prazer de conhecer e trabalhar. Um ser humano especial, sem sombra de dúvidas, um vitorioso. Veio de uma família maravilhosa e constitui outra semelhante. A esposa, companheira de sempre e que muito auxiliou esse valente nestas conquistas da vida. Parabéns pela entrevista!

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  2. Tive o prazer de ler cada palavra dita aqui, fiquei impressionado com as verdades porque muitas delas tive o prazer de acompanhar, vc meu amigo um verdadeiro profissional do direito, um ser humano verdadeiro autêntico, amigo de primeira hora que nunca deixou de entender um amigo nas horas difíceis, como amigo ou profissional, fico feliz por vc e sua família, parabéns pela trajetória profissional e políticas, abraço de seu amigo Claudionor j Ferreira

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  3. Dr. Cristiano Calixto, dentro da simplicidade e grandiosidade de ser humano, tem minha admiração pela linda história que escreveu até aqui. Seja sempre abençoado por suas virtudes que são inúmeras.

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