CAMPO MOURÃO, 70
ANOS DE VIBRAÇÃO
“Mesmo que as pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos
devem ser amigos para sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar
as mesmas recordações”. Vinícius de Moraes
Existiu
um dia o silêncio? Na densa mata e antes do desbravador no inóspito deste
lugar?
Quais
foram as primeiras vibrações desta terra?
Vibração
é som, tinido do vento que toca árvores, expande nos campos, ondula rios.
É
timbre do canto dos pássaros. O ruído dos animais.
Vibrar
tinido, movimento na vila das primeiras casas toscas e caminhos vicinais.
Do
tempo passado, presente e a vibração do que virá.
É
a voz dos mourãoenses, expressões da
gente reunida, entrelaço de gerações.
A
que trago desde o nascer aqui, viver e convicto mourãoense.
A
reminiscência em preto e branco e colorida, trajetória de sons.
O
tique-taque do relógio na parede da sala de espera do escritório
contábil do meu pai.
Do
tempo fracionado, minutos, horas. Somatório engendrado dos anos, décadas.
Dormir,
acordar com ruído da serra fita cortando toras, tábuas na Serraria Trombini.
Da
janela do meu quarto via filas de caminhões aguardando a vez de descarregar.
Na
mesma empresa soava forte a sirene anunciando início, fim da jornada
laboral.
Da
casa dos meus saudosos pais Elza e Eloy, no mesmo quarteirão o encher da caixa
d'água.
Ela
abastecia com sobra toda a cidade, juntamente com a do Lar Paraná. Ambas
presentes.
O
badalo do sino da Igreja Matriz, (não era Catedral), ainda
tijolos à vista: fé e hora.
No
chafariz, jorro d'água em aspersão. Cenário do retrato de toda a família:
Eu
no colo da minha mãe, então éramos 10, ganharia mais dois irmãos na prole.
Chafariz
próximo da rodoviária, hoje Biblioteca, ponto de táxi:
O
estridente barulho do telefone tocando, misturado ao da estação.
Sinar
acionado pelo seu Pedro da Escola Adventista, está no mesmo
lugar, não de madeira.
Da
nossa pioneira Colmeia na nota de falecimento, uma pausa que silenciava:
Todos
que estivessem ouvindo o rádio, para
saber quem morreu.
O
som das antigas máquinas, datilografia e impressão desta Tribuna.
Dos
entregadores diários no início da madrugada e antes do amanhecer.
Exemplares
arremessados nos jardins, pátios, colocados debaixo das portas.
Lida
a notícia, ela corre de boca em boca, “tá na Tribuna “
A
toada do Jornal que hoje faz 49 anos!
Som
ouvido há 29 anos a partir e notadamente
desta Coluna.
A
melodia da nossa gloriosa Banda Municipal. A famosa alvorada que tocava
bem cedo: A despertar Campo
Mourão no aniversário de emancipação
política e administrativa...
…
Campo Mourão, modelo do Paraná!
Quais
são nossos sons de hoje?
As
vibrações do amanhã?
O
choro ao nascer de novos mourãoenses.
O
choro da despedida enlutada.
Do
engenho mecânico que semeia, cultiva, colhe e transporta o que vem do
campo.
Do
diálogo, mourãoenses reunidos à realizar sonhos.
Vibrações
inquietas ou aplausos.
A
algaravia dos estudantes de todas as escolas de todos.
A
voz da expedição, dos pioneiros, primeiros moradores.
A
entonação da História que segue, se ergue, prossegue.
O
som do desenvolvimento harmônico.
O
som dos sinos da paz.
Como
vibração da música, da poesia, da prosa.
Toda
a arte das palavras contadas, romanceadas, das crônicas.
Da
dicção da saudação entre mourãoenses.
Som
eloquente das mãos irmanadas de e para Campo Mourão:
Parabéns!
É a entoação dos 70!
José Eugênio Maciel, mourãoense, filho de pioneiros, professor, sociólogo, advogado, membro da Academia Mourãoense de Letras e do Centro d Letras do Paraná.
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