O
fascínio pela radiocomunicação iniciou no banco escolar, mais especificamente
nas aulas de português. As várias noites e madrugadas que passou com o seu inseparável
companheiro, um radinho a pilha que ganhou da mãe, o despertou para o meio. Com
o tempo adquiriu naturalmente habilidades em comunicação apenas pelas horas que
passava ouvindo programas radiojornalísticos. Desde garoto era um sucesso com o
‘jornalzinho’ falado da escola. Pudera, o rádio já era um vício em sua vida.
Ele
é pequeno no tamanho, mas gigante na voz. Estamos falando de Gerson Maciel, 47,
um dos radialistas mais bem conceituados de Campo Mourão. Em homenagem ao Dia
do Radialista, comemorado oficialmente no dia 7 de novembro, a ‘Revista Estação’
conversou com Maciel, que falou de sua paixão descomunal pelo meio.
O
caso de Maciel com o rádio é bastante antigo. Está em seu sangue. Ele dormia
com o aparelho na cabeceira da cama. Os rádios da mãe não paravam inteiros.
“Ela comprava e eu os desmontava inteirinho. Eu tanto gostava de ouvir rádio
como gostava do aparelho. Então eu dormia e acordava ouvindo rádio”, disse. Na
época, lembrou, as programações não eram 24 horas como hoje, ou seja, a meia
noite as transmissões eram encerradas.
Mas
apesar de cultivar a paixão desde muito cedo, foi apenas aos 17 anos, em meados
de 1986, o primeiro contato com uma rádio profissional, na época a Rádio
Colméia (AM), onde transmitia flashes do esporte – curtas informações. Até hoje
ele trabalha na emissora. Faz muito sucesso com o programa ‘Feirão Colméia’, há
25 anos no ar. Seu grande incentivador
foi Idevalci Ferreira Maia, o conhecido professor Idê da cidade. “Ele sabia que
eu tinha facilidade e desenvoltura com a comunicação e me levou com ele para os
jogos escolares, na época em Umuarama. Voltando de lá me apresentou ao pessoal
da rádio. Eles gostaram de mim e foi aí que minha carreira iniciou”, recordou.
A preferência de Maciel no rádio sempre foi por reportagens e programas
esportivos.
Desafio
Os
desafios ao comunicador do rádio são inúmeros. No entanto, para Maciel, talvez
o maior seja o de se manter no mercado. “Sempre existiram, porém hoje é mais
comum, pessoas que apenas têm admiração
pelo rádio e veem no meio uma chance financeira, ou até mesmo por questões
políticas, acabam se sobrepondo ao radialista”, polemizou, se referindo aos
conhecidos ‘picaretas do mercado’, pessoas inabilitadas e muitas vezes inaptas
que mesmo assim ocupam o espaço.
Credibilidade
Com
28 anos de carreira, a credibilidade profissional na vida de Maciel, surgiu
naturalmente. Porém, o radialista disse que sempre se preocupou com isso.
Segundo ele, o comportamento inadequado de alguns profissionais acaba
respigando em toda a classe. “Alguns,
por serem ótimos profissionais e terem um bom relacionamento com o público e
políticos abusam um pouco e acabavam manchando a classe. Eu sempre tracei um
paralelo, de como fazer para ser igual a ‘este’ e não ‘aquele’”, disse.
Cobertura marcante
Qual
radialista que não carrega na memória a cobertura mais marcante de sua vida. Com
Maciel não é diferente. Entre tantas, ele destacou para as transmissões dos
jogos da extinta Adap de Campo Mourão no Campeonato Paranaense de 1996. O time foi
vice-campeão da competição, deixando grupos muitos maiores e mais fortes para
trás. “Além deste, tivemos muitos outros momentos especiais”, argumentou.
Futuro
Apesar
de tantas mudanças nos meios de comunicação, Maciel vê o futuro das rádios AM’s
com otimismo. Segundo ele, havia uma preocupação quando a FM surgiu. Havia
temores de que a AM perderia espaço, o que não ocorreu. “Com a chegada da
internet imaginou se também que poderia ser o fim. Mas pelo contrário foi bom
porque hoje a AM está na internet”, disse.
Ainda
segundo ele, a adesão do padrão AM com FM, onde a rádio AM pode passar para FM,
melhorará a qualidade de transmissão, principalmente em termos sonoros. “Então
eu não vejo com pessimismo. Se não melhorar em termos de chegar a mais lugares,
pelo menos acredito que vai se manter”, explicou.
O Dia do Radialista
Com
a mudança imposta por uma lei federal em 2006, os radialistas passaram a ter
duas datas para comemorar, além do tradicional Dia do Rádio (25 de setembro). O
dia 21 de setembro virou uma data simbólica e 7 de novembro a oficial. A
mudança aconteceu em decorrência a uma homenagem ao músico e radialista Ary
Barroso.
O
profissional radialista trabalha com os meios de comunicação, especialmente com
o rádio, como o próprio nome sugere, embora possa atuar com televisão e afins.
Apesar de a primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil ter ocorrido em
1922, no estado do Rio de Janeiro, a profissão foi regulamentada apenas em
1978, pela lei 6.615.
Além
das transmissões e locuções pelo rádio, o radialista acaba desempenhando diversas
outras funções dentro do setor de trabalho, podendo ser responsável, ainda,
pelas áreas de direção, roteiro, criação, entre outros. Ademais, é importante
lembrar que o ouvinte não pode ver a pessoa através do rádio, o que torna a sua
voz o único instrumento para atrair a atenção.
Algumas
características desejáveis para o exercício da profissão de radialista:
* Boa
dicção; * Domínio pleno da língua portuguesa falada; * Empatia; * Boa expressão;
* Saber trabalhar sob pressão; * Agilidade de raciocínio; * Sensibilidade; * Boa
voz; * criatividade; * Facilidade em
lidar com o público; * Estar diariamente atualizado; * Conhecer as necessidades
e os desejos do público.
Fonte: Revista Estação. Texto jornalista Walter Pereira.
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