Há muitos anos, ao terminar a palestra que proferi como aula inaugural de início do ano letivo para todas as turmas da nossa FECILCAM – Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão, um estudante vem em minha direção e eu, cercado por muitos estudantes que gentilmente me receberam na época, percebi que ele tinha o firme propósito de dialogar comigo. “Professor Maciel, aplaudi a sua fala, gostei muito! Mas o que quero mesmo é dizer que sou fã do Estive Nólocal, acho que você poderia citar mais frases, provérbios, enfim o que ele tem escrito, ele é sensacional!”.
Antes que eu pudesse de fato compreender se era ironia ou aquele jovem conhecia o Estive Nólocal através de alguma pesquisa bibliográfica (nem se pensava na internet naquela época) o estudante complementa, “sem dúvida o Estive é um grande pensador que merece ser citado sempre! Eu já li a respeito dele em um livro que agora não lembro o nome...”.
Sem que eu tenha premeditado, sopraram nos meus ouvidos a citação que transcrevi acima, logo depois do título da Coluna de hoje. Coincidência ou não, o Estive Nólocal assume que tenta ser proverbial, embora não ligue para o provérbio, o verbo é o que lhe interessa. E por falar em título, ele está devidamente entre aspas, por se tratar de um jogo de palavras parecidas até no som, (que ouvi nos tempos de menino, considero ainda engraçado, mesmo que não possa fazer outros rirem) entre um nome próprio e um verbo para o sujeito e a situação modificada: quando o verbo se torna sujeito no mesmo momento em que o o sujeito deixa de ser nome próprio para se tornar verbo.
Estive como nome próprio se origina do grego, que por sua vez tem etimologia na atividade de estivador, que significa inteligência, poder de comunicação. E Estive também se relacionado como sinônimo de alguém que “diz tudo o que vem na cabeça dele”, o que, aliás, é bem típico do Estive Nólocal, embora ele diga tudo o que lhe vem à cabeça, não seja exatamente dizer sem pensar, é o que vem da cabeça, da cabeça boa dele. E Estive tem a ver com estivar: “Colocar carga; arrumar a carga no navio” ou “despachar na alfândega”.
Mas não tem nada escrito sobre o Estive Nólocal, eu já verifiquei, nada absolutamente, creio que sou o único a citá-lo, daí o meu espanto quando aquele estudante fez tal afirmação. Em outra ocasião, sem me lembrar quem foi, me perguntaram o que quer dizer “b.d.C”. Vamos lá com a sintética informação da sigla com pontos: b: bem; d: depois; C: Cristo. Ou seja, “bem depois de Cristo!”. Sim, Estive Nólocal surgiu bem depois de Cristo. E Estive sempre esteve no local – escrito tudo junto e com acento para “dar um toque diferente”, sabe se lá porque. Ele escreve sempre por ter estado no local que tenha relação com o provérbio, o provérbio que chega até mim “assoprado” nos meus ouvidos e, quando aparece, quase chega a ser raridade, acabo aproveitando os ditados dele, quando as citações encaixam com o texto.
Suponho, sem muita convicção, que o Estive Nólocal (b.d.C.) já merece uma biografia.
Frases de Fazer Frases (I)
Me aposso do que posso, como me apego no que pego.
Frases de Fazer Frases (II)
É sempre inconveniente colocar em pratos limpos quando tem quem passa fome.
Fases de Fazer Frases (III)
Subjetivo é o súbito subjacente.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Na contagem retroativa do aniversário desta Coluna – dia 10 de julho serão 25 anos de existência – hoje faltam 16 dias! E antes de chegar o dia 10 do mês que vem, agradeço e destaco duas manifestações sobre esta publicação, do poeta Gilmar Cardoso e Ilivaldo Duarte, transcritos trechos a seguir.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
O poeta e escritor, membro do Centro de Letras do Paraná, escreveu para a “Tribuna Livre”, espaço deste Jornal, em que analisa os 25 anos desta Coluna. Antes de tudo a gratidão a ele, transcrevo um trecho do mencionado Artigo, que fiz encaminhar a todos os meus contatos. Gilmar Cardoso, obrigado!
Após cercar-se dos fatos e acontecimentos diários, José Eugênio Maciel dá-lhes um toque próprio, incluindo em seu texto elementos como ficção, fantasia e criticismo, elementos que o texto essencialmente informativo não contém. Com base nisso, pode-se dizer que a sua crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e podemos considerá-lo como sendo um poeta dos acontecimentos do dia-a-dia.
O mais belo triunfo do escritor é fazer pensar os que podem pensar. MACIEL faz! Tem talento e competência de sobra para isso.”
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Na última quinta o blogue do Ilivaldo Duarte postou texto dele em referência a esta Coluna. Primeiramente agradeço ao ilustre jornalista e membro da AML – Academia Mourãoense de Letras, pelas congratulações. A emoção veio à tona, principalmente por ele citar os meus saudosos pais Eloy e Elza os quais tanto me orgulho pelo amor e educação que proporcionaram a mim. Segue o trecho dos dizeres do Ilivado:
“Parabéns amigos leitores da Tribuna! Parabéns! Parabéns aos leitores conhecidos ou anônimos, parabéns aos de perto, da nossa cidade ou de longe, de algum rincão espalhado por este mundo abençoado por Deus”. “José Eugênio Maciel está gravando o seu nome na história da nossa cidade, da nossa comunicação e do nosso jornalismo ao atingir 25 anos de colunismo, aqui na Tribuna. Parabéns!”
Reminiscências em Preto e Branco
Não faz tanto tempo assim, pelo povo e oficialmente, toda cidade o local de chegada e saída dos viajantes de ônibus era rodoviária. Então começaram com a expressão terminal rodoviário. Não escaparam nem as prostituta (encurtado para puta) intituladas ou chamadas de profissionais do sexo. E mais recentemente o que é assim uma bobagem (evidentemente interesses comerciais poderosos) de chamarem estádios de arenas. Da minha parte, aqui remo contra a maré, “fico prostituto da face”. José Eugênio Maciel, professor, sociólogo, advogado, membro da Academia Mourãoense de Letras e do Centro de Letras do Paraná.
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