Mais uma vez na história representantes do mundo estão reunidos no Rio para debater o futuro do planeta Terra e de toda a humanidade. E mais uma vez os dirigentes de grandes potências não estão presentes... Mas a presença da sociedade organizada na cúpula dos povos e representantes de 186 dos 193 países-membros da ONU são uma esperança. Estão inscritos para falar na cúpula 76 presidentes, 6 vices, 44 primeiros-ministros e 7 vice-primeiros-ministros. O grande desafio é os 186 países participantes chegarem a um acordo sobre os temas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU bem como sobre o fortalecimento do programa das Nações Unidas para o Ambiente (Pnuma). Especialmente, quem vai pagar a conta...
A Eco-92 deu ao mundo as convenções do clima e da biodiversidade, a Agenda 21, a Declaração do Rio. Na época, foram negociações duras, mas no final do encontro os governos se comprometeram a se posicionar nessas questões. Infelizmente, a maior parte dos compromissos acordados em 1992 ainda não saiu do papel. Evoluímos pouco nas ações políticas, mas a consciência ambiental cresceu.
Infelizmente, apesar da maior consciência da crise ambiental, a situação é muito diferente de 1992 e bem menos favorável à tomada de grandes decisões. Há menos apoio político para as questões de meio ambiente e desenvolvimento do que há 20 anos uma vez que a maior parte dos países está preocupada com suas próprias crises econômicas. Ao mesmo tempo, a necessidade de tomar decisões é muito mais urgente do que há 20 anos, pois os indicadores de que estamos vivendo uma crise ambiental estão mais claros hoje.
O impasse é no contexto geopolítico. Os países ricos já não são ricos como há 20 anos, estão mais preocupados em resolver suas próprias crises e não querem mais financiar os pobres. Os países emergentes tem dinheiro, são economias pujantes, como o Brasil, a China, a Índia, mas eles ainda estão se desenvolvendo e não querem abrir mão de seu crescimento econômico. Além do mais, não se pode querer que os emergentes desempenhem o papel dos ricos nessa transição e paguem pela sujeira que eles produziram.
Representantes da sociedade dos mais distantes pontos do planeta, falando as mais diversas línguas se unem para pensar em soluções concreta se duradouras que permitam o desenvolvimento sustentável e vida para todos. A Rio+20 atrai milhares de pessoas e chama a atenção do mundo todo, mas questões de ordem política e econômica vão dificultar maiores progressos. Algumas questões são de tamanha gravidade que transcendem os limites de um país, pois vivemos num mundo globalizado onde cada vez mais os problemas ultrapassam as fronteiras. Como continuar buscando o crescimento econômico ilimitado, usando os recursos limitados que servem à sustentação da vida da terra? Como garantir a todos o acesso aos bens e serviços básicos, como os que a natureza nos oferece gratuitamente e cada vez mais escassos, como ar limpo, clima estável e água potável? Quando vamos medir o crescimento de um país pelo PIB do desenvo lvimento humano, da sustentabilidade do meio ambiente?Como garantir que as novas tecnologias e a inovação para mudanças na produção de energia, a produção de alimentos, água potável, e serviços ecológicos básicos que começam a escassear não se tornem o novo valor monetário de dominação e exploração dos povos?
A Rio+20 é o momento no qual serão compartilhados o conhecimento e a experiência com vistas à transição bem-sucedida para uma economia mais verde e uma maior economia de recursos. O desafio consistirá em reconciliar a realidade econômica emergente com os valores sociais e a ética necessários para gerar uma economia verde equilibrada e abrangente. Que Deus ilumine a todos! Que cada um possa fazer a sua parte com amor e o cuidado à vida, à Humanidade e à Mãe Terra!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br
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