O jornalista Ricardo Kotscho publicou, em sua coluna (http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/2008/12/20/a-farra-dos-vereadores-por-que-nao-medicos/comment-page-14/) uma pergunta de um leitor questionando se, ao invés de o Senado aprovar a lei que cria mais de sete mil novos vereadores, não seria melhor que fossem criados mais de sete mil vagas para médicos atenderem no SUS?
Ainda segundo o jornalista, o custo de um vereador de cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro gira em torno de R$ 5 milhões ao ano. Em Campo Mourão, não há dados oficiais sobre o assunto, mas não é crime perguntar: quanto custa um vereador para os cofres públicos do Município? E não esqueça que, quando dizemos custos, não abrangemos só o subsídio recebido pelo legislador no final do mês, mas, ainda os valores gastos com salários de seus assessores.
Ao falarmos em Assembléias Legislativas ou Congresso Nacional, os números são ainda mais assustadores. Quando tais dados vêm à tona, a sociedade civil organizada se pergunta, não sem razão, se realmente é necessário que os políticos recebam para representar seus eleitores. O que se deve analisar, neste sentido, é o que os economistas chamam de relação custo-benefício, que se trata de um indicador que relaciona os benefícios que um projeto ou proposta apresenta, expresso em termos monetários, com os custos dos mesmos. A pergunta que fica para você, leitor, é o quanto recebemos efetivamente em saúde, educação, segurança, geração de emprego e renda mediante ações dos parlamentares de todos as esferas, se compararmos o quanto gastamos para mantê-los no poder.
Não vou aqui levantar quanto um vereador, deputado ou senador ganha, mesmo porque os valores variam muito. Mas a realidade é que a função de representante do povo deixou de ser algo voluntário, em benefício da comunidade e tornou-se um meio de vida, algo almejado pelo contra-cheque e outras possibilidades de lucro e não pela essência da função.
É inegável que alguns legisladores trabalham em benefício daqueles que o elegeram, através de projetos importantes e interessantes para as cidades, e o país muito evoluiu após o fim da ditadura militar graças às ações desses homens e mulheres. Mas é inegável também que há muitos atos e fatos que nos fazem questionar e colocar ainda mais no escuro a credibilidade de nossa classe política. Como não gosto de dar o pão quentinho e pronto para o café-da-manhã na mesa do leitor, prefiro fazê-lo pensar. Para ter uma ideia do que estamos falando sobre a chamada relação custo/benefício de nossos políticos, convido você, leitor, a presenciar, pessoalmente ou pela televisão, a sessão de uma câmara de vereadores, assembléia ou até mesmo no Congresso Nacional.
Apenas uma visita será suficiente para a revisão de conceitos e, principalmente, para a conscientização de que, ao teclar nosso voto nas urnas eletrônicas a cada dois anos, somos também responsáveis por aqueles que colocamos nas altas esferas para nos representar. Às portas de um novo processo eleitoral, fica o convite e a possibilidade de um novo olhar sobre a política nacional, onde deixamos de ser pólo passivo para atuarmos ativamente pelo bem de nosso país.
Nery José Thomé, escreve aos sábados na Tribuna e neste BLOG.
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