14 de jan. de 2013

COLUNA DO PROFESSOR MACIEL: Frasear (II)


Para terminar o que principiou no domingo passado, seguem as Frases de Fazer Frases. No último domingo foram 31 e hoje (13/01)as demais: 32 Quando juntos, corpos que se ( atraem, se distraem corporificados no desejo, prazer e gozo. 33 O adágio é apanágio ágil sem ágio.34 Mesmo sendo a última que morre, a esperança é a primeira que ressuscita.35 Um segredo para ser bem guardado implica em jogar a chave fora.36 Na reta a retaguarda é resguardada pelo retardatário reticente 37 Ter jardim não significa ter a primavera. Como a vida: a morte não nos pertence. 38 A galinha é a única que tem pena do galo. 39 Não falta nada a quem não tem nada a nada dá por falta. 40 O neologista sempre quer proferir a última palavra, nova e novamente. 41 O vaga-lume pode vagar a lume? 42 As orelhas devem ser puxadas quando quem carece de ouvir não escuta. 43 Julgar deve preceder de avaliar. Porém, nem toda avaliação implica em julgamento. 44 Insana insinuante e sinuosa, insolente em sua insipiência insólita. 45 Pode se debochar do debuxo, assim como quem debuxa pode debochar também. 46 O ideal é enxergar com os próprios olhos. Ver com olhos alheios é preferível, a ser cego.47 Nem a verdade nem a mentira têm medo uma da outra. Quando não estão sozinhas. 48 Antes de encontrarmos todas as verdades, no trajeto será preciso desvencilhar das mentiras. 49 Que frio! Calafrio. Roupa de fio. Pássaro sem pio. Vento apaga a chama do pavio. 50 Antes o atrapalho do pensamento do que o dito atrapalhado. 51 Não roubei o tempo de alguém, pois jamais poderá devolvê-lo. 52 Quando lhe roubarem o tempo, não perca tempo tentando reavê-lo, perceba que nem tudo lhe foi roubado. 53 Pouco se dá valor para o tempo herdado. Já o tempo conquistado é valor por si só. 54 Tempo perdido pode não fazer falta, posto que se perdesse aquilo que sequer foi usado nem ao menos pela falta. 55 A morte é o partir para sempre, a significar o sempre repartir em vida. 56 No jogo, o ataque das palavras pode ser revidado com o silêncio. 57 Não dizer tudo que sabe poderá ser interpretado como se soubesse menos que falou. 58 Se tropeçar nas palavras, escolha outras para se manter em pé. 59 O primo prima pela prima. A prima não prima pelo primo. Primorosamente primários.  60 Lá tente. Lá, tente. Latente, lá, atenta ativa. Tentativa latente. 61 O mentiroso carece ter boa memória para não ser desmentido por ele mesmo. 62 A descoberta é a invenção do conhecimento cobrem e fazem um novo ser humano. 63 O nada de um ser humano somado aos seus semelhantes é multiplicação positiva, o tudo.  64 Nada é mais remoto quando se tem o controle-remoto. 65 O faceto tem faceta foceira na face faceia. 66 O “seguro morreu de velho”, seguro que não era velho. 67 Quem procura a certeza em tudo, perde-se no caminho da dúvida. 68 Contam-se votos. Descontam-se votos. Tudo é votivo? 69 No torpor é que sentes se eram torpes os entorpecentes. 70 Quem me vir indo pode não me ver vindo. 71 Quem não conhece o que escolhe é acolhido pelo desconhecido. 72 Quem não conhece e não escolhe, é escolhido pelo desconhecido que escolhe. 73 Ao votar, o eleitor só vê a foto dos candidatos. Bom se enxergasse o retrato do próprio povo. 74 Se o eleitor votou no menos pior, com a escolha feita, se tornou um eleitor menos ruim? 75 Palavras não fogem ao se pretender falar. Elas espantam ante a ausência de boas  companhias vocabulares. 76 Nem tudo que resta é sobra, mas toda sobra é sempre o que resta? 77 Só adivinho o divino com o vinho da vindita. 78 A imitação perfeita é plágio perfeitamente disfarçado. 79 Também nas curvas o homem deve se manter reto. Nas descidas da vida, se manter em pé. 80 Tristeza máxima é perder o senso de humor mínimo. 81 A maior riqueza é não ter o que perder.  82 Nada é mais sombrio do que viver se sentido morto. 83 A memória está no baú não encontrado, mas que existe. 84 Absolutamente é a mente absoluta, que absolutamente não mente. 85 O manjado marmanjo comia manjar. Manjar de anjo, não para marmanjo manjado. 86 Tem quem a vida inteira tenha desejado sapatos do defunto. Mas morreu descalço. 87 Jornalista não pode jamais ter aversão dos fatos. Ele deve sempre ter a versão dos fatos. 88 Se fosse levar todos os desaforos para casa, não conseguiria entrar nela. 89 Quando se dá, toda atenção a alguém, descobre-se que ela não tinha nada a dizer. 90 Atenda a tenda que tende a tender tendo tencionada. 91 A decepção é proporcional à expectativa. 92 A repentina convicção ante ao que não se cria até então se chama milagre. 93 O pior dos enganos é tentar enganar-se a si. É como reconhecer estar velho ou feio diante da própria imagem. O autoengano será trocar o espelho por um novo, supondo melhorar a imagem voltando a ser novamente belo. 94 O diferente é ser indiferente, como dar parecer sem aparecer. 95 Economizar palavras não quer dizer saber poupá-las. 96 Só não inveje de alguém que não se inveje de ti. 97 Se ninguém invejares de ti, faça o mesmo em relação a ele. 98 A inveja, se é demais, se torna passível do alvejar. Não invejar na gera ânimo de alvejar. 99 Faça de tudo um pouco. De pouco em pouco tudo se faz. 100 O muito é não fazer nada. E quem nada faz aos poucos, se desfaz em tudo. 101 Quem confunde nobreza com luxo, confunde também estômago com bucho. 102 Toda lógica tem a sua lógica, que também pode não ter lógica. 103 O murmúrio, que era murmurinho, murmurava no muro. 104 Devem-se calcular os riscos em tudo, mas calcular tudo também é um risco. 
José Eugênio Maciel, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras.

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