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7 de ago. de 2012
COLUNA DA PROFESSORA MARIA JOANA: Nunca antes na história do país...
Realmente, nunca houve na história jurídica do Brasil um julgamento desta envergadura. Sete anos após a primeira denúncia, 2615 dias após o maior escândalo do governo Lula vir à tona, o começa o maior julgamento dos 122 anos da história do Supremo, o órgão máximo do Poder Judiciário no Brasil. O número de réus envolvidos é o maior de um processo já julgado pela Corte. Há ainda a expectativa de que o julgamento venha a ser o mais longo e o mais tumultuado até hoje do STF. Também a complexidade do caso chama a atenção: foram ouvidas mais de 600 testemunhas de acusação e defesa em diversos Estados brasileiros e até no exterior. Os autos da Ação Penal 470 somam mais de 50 mil páginas.
Reavivando a memória, grupo de 38 réus do mensalão é acusado de ter mantido um suposto esquema de desvio de verba pública e pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo Lula. O tribunal vai analisar acusações relacionadas a sete crimes diferentes: formação de quadrilha, lavagem ou ocultação de dinheiro, corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, evasão de divisas e gestão fraudulenta. No banco dos réus, aparecem importantes figurões petistas, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino, e políticos de outros partidos que ajudaram os petistas a chegar ao poder. Também estão na lista o tesoureiro de campanha petista Delúbio Soares e o publicitário Duda Mend onça, além de Marcos Valério, apontado como operador do esquema
Paulo César Nascimento, professor do Instituto de Ciência Política da UnB reflete a preocupação de todos os brasileiros conscientes: “Esse julgamento será um paradigma, um marco no país. Se absolver em massa, o Judiciário corre o risco de ter a sua credibilidade manchada. Por outro lado, se condenar ex-funcionários do alto escalão do governo, o tribunal estará dando um recado histórico contra a impunidade”.
Para cientista político David Fleischer, também da UnB: “Esse julgamento será um divisor de águas. Independentemente do resultado, já mostra à sociedade que a corrupção não passa mais em branco. Não acredito que vá evitar que surjam novos casos, mas certamente servirá de exemplo para inibir a ação de corruptos.”
Para o jornalista Josias de Souza, "O veredicto definirá a vocação do país. Pode consolidar a máxima segundo a qual ninguém é punido no Brasil acima de certo nível de renda e de poder. Ou pode fornecer aos historiadores matéria prima para um grand finale” ”A ausência de castigo fez sumir a idéia de vergonha na cara. Deu lugar olhares de orgulho que reluz a sordidez como galardão da esperteza. A canalhice já não busca refúgio na vergonha. Ao contrário, traz estampada na testa uma tabuleta indecente: “Malversei sim, e daí?”. “A história da miséria brasileira pode ser lida na face dos políticos impunes”. Para Josias o STF t em a chance de mostrar se o “Brasil é o país do futuro ou do faturo”.
Nas pesquisas de opinião entre aos que tem acesso à internet, a condenação é a maioria. Entre os eleitores, muitos semi analfabetos, e terrível a reeleição de nomes que despontam no campeonato de corrupção do país, na terrível mentalidade do “rouba, mas faz...”“ isso sempre foi feito no Brasil...” Mas num país onde a mais longa greve dos professores das universidades federais não incomoda a população e se arrasta por meses ameaçando a perda do semestre algo está muito errado. Enquanto isso os caminhoneiros paralisaram o país, atingiram o bolso dos consumidores e em sete dias foram ouvidos pelo governo...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br
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