8 de mai. de 2021

ENTREVISTA DE DOMINGO: Maria Giselta Silva Veiga

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Aos 50 anos iniciei minha vida profissional fora do lar, apesar de considerar meu desempenho como esposa de agricultor por 43 anos, ser uma profissão, já que participava diretamente das atividades no campo, principalmente durante a colheita e planta", diz a escritora, jornalista, artista plástica e  com atuação em psicoterapia,  Giselta Silva - na imagem ao lado de sua mãe. Ela é homenageada neste início de maio, em fim de semana do Dia das Mães, e conta um pouco da sua história na ENTREVISTA DE DOMINGO, aqui no Blog do Ilivaldo Duarte.

QUEM É MARIA GISELTA DA SILVA VEIGA? Sou uma mulher autêntica, mãe e avó dedicada, que prioriza a harmonia e o bem-estar da família. Sou filha de João Luiz e Juracy da Silva. Sou divorciada, mãe de  Jacques Johny, Sheila Mirelly e Moisés James. Nasci em um dia 19 de janeiro em Alvorada do Sul, no Norte do Paraná e resido em Campo Mourão.

COMO SE DEFINE? Uma pessoa dinâmica, comunicativa, porém discreta.

ONDE E ONDE FOI SUA INFÂNCIA? Em Centenário do Sul (PR), até aos 7 anos (primeira infância).

Segunda infância em um sítio na região de Mamborê (PR). 

Dos 12, até o momento em Campo Mourão, minha cidade do coração!

ONDE ESTUDOU?  Artes plásticas no ateliê Joyce Queiroga em Campo Mourão. Qual rendeu uma exposição de telas com 23 obras (trabalhos autorais) vendidas no primeiro ano do curso ( CM. 2002); Comunicação Social – Jornalismo no Centro Universitário Assis Gurgaczs /FAG
Cascavel Pr. (2010/2014); Curso de Fotografia e Memória Artística – (Cascavel – 2011); Curso de Fotografia e Registros Documentários – Centro Universitário (FAG. Cascavel – 2012); Curso de Formação em Reprogramação Biológica na “Valente Cursos em Saúde Terapêutica”.  (Cascavel - 2014); Curso Tratamento para Seletividade e Recusa Alimentar de Pessoas com Autismo e Desenvolvimento Atípico. Realizado pela AMA. (Associação de amigos do Autista- São Paulo 2015)

CONTE-NOS UM POUCO DA SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL.  Fiz o caminho inverso, como a maioria das mulheres da minha geração.  Primeiro me casei e tive três
filhos, só depois deles já casados e encaminhados profissionalmente, voltei aos estudos.  Aos 50 anos iniciei minha vida profissional fora do lar, apesar de considerar meu desempenho como esposa de agricultor por 43 anos, ser uma profissão, já que participava diretamente das atividades no campo, principalmente durante a colheita e planta, na logística entre Coamo e agricultor. 
Se quebrasse uma peça do maquinário, ou faltasse semente para concluir uma área, lá estava pilotando uma camioneta cheia de poeira, cumprindo a missão solicitada. Tarefas que eu fazia com prazer.

Porém eu sentia a necessidade de fazer o curso superior tão sonhado. E, foi nesse espaço de tempo que desengavetei meus sonhos e, me joguei de corpo e alma aos desafios pertinentes ao que estava proposto.  

Senti medo – com certeza sim, porém, esse sentimento foi parceiro no fortalecimento do meu desempenho. Recomeçar aos cinquenta, em plena era da informática, o desafio maior sem sombra de dúvidas, era acompanhar o uso da tecnologia a favor de todos objetivos.  Manter o equilíbrio necessário diante desses desafios me fez acreditar que havia muito trabalho pela frente e, minha autoestima e poder de superação seriam primordiais. Se a vida começa aos cinquenta, a minha estava, de fato recomeçando.

 O QUE MAIS GOSTOU E GOSTA DE FAZER PROFISSIONALMENTE? Sou movida a emoção, por isso gosto de gente. Durante o curso de Jornalismo fui assessora de Imprensa e Comunicação da Orquestra de Violas da FAG. (na época com 38 componentes), pude juntar duas grandes paixões: Gente e Música.  Ali, assistida por duas colegas do curso, acompanhamos por um ano os trabalhos da Orquestra.  Com algumas viagens, shows na Expovel e apresentações que ficaram marcadas, como a visita à Itaipu Binacional, com apresentação da Orquestra e músicos do Paraguai com instrumentos totalmente produzidos de sucata e utilizados por crianças carentes.  No mesmo período, fiz assessoria de Imprensa e Comunicação na Emater durante a Feira Show Rural em Cascavel. Experiência ímpar que levo para a  vida. 

De todas as minhas formações, a que mais gosto de atuar é na psicoterapia. Meu professor do curso constatou (trechos do livro Amizade. Com) que eu já era terapeuta antes mesmo de minha formação. Reconhecida autodidata, fui avaliada pelos colegas do curso, com louvor.

O QUE FAZ HOJE? Sou empresária, administro um espaço voltado à saúde e bem-estar, em que também atendo como psicoterapêutica minha maior paixão. Tratar a alma das pessoas, trabalhar as emoções, é o que me realiza como ser humano a serviço da vida. Essa atividade me completa. Também atuo como diretora de Marketing na CMEG. Câmara da Mulher Empreendedora Gestora de Negócios de Campo Mourão.


DESDE QUANDO É APAIXONADA PELA VIDA E  PELAS  LETRAS? Desde que estava sendo gerada no ventre da minha mãe. Com ela compartilhei tudo o que sou hoje. Não conheço mulher mais corajosa da sua geração. A palavra medo ela interpretava como desafio e objetivo de realização. Meu Pai (minha referência de carinho e afeto), um “cowboy” com seu inseparável revolver 38 que carregava no coldre em sua “goiaca” (cinto de couro com bolsos e fivela), sempre na estrada com a sua comitiva de tropeiros transportando boiadas, entre os estados de São Paulo e Paraná.

QUEM FOI O “CULPADO”? Minha mãe Dona Juracy Ramos,
definitivamente é minha maior e melhor referência que tenho. Nos anos cinquenta ela acompanhava tudo o que acontecia no Brasil e no mundo através do Rádio, inclusive as novelas. Em se tratando de cultura, conhecimento e paixão pela vida. Ela sim soube viver sem medo de ser feliz! Fui criada por um pai machista e uma mãe feminista, sou o resultado dessa mistura maravilhosa da qual muito me orgulho.

COMO É A SUA ROTINA? Trabalho com prestação de
serviço, atividades na piscina (Hidroginástica e Natação Infantil) do meu espaço é o carro-chefe, além da locação de salas. Com o isolamento diminuiu consideravelmente, a solução foi reduzir em três dias semanais as atividades. Com isso economizo com combustível. Moro em Campo Mourão e minha empresa está em Peabiru, mas com esse arranjo tenho a opção de atender meus pacientes que moram em Campo Mourão em meu apartamento (em um consultório temporário em um dos quartos disponíveis) Essa é a estratégia que está dando certo.

O QUE LEVA A GOSTAR DA SUA PROFISSÃO? Tratar a alma das pessoas, não tem palavras pra descrever. Saber que, em algumas horas do seu tempo, você pode fazer toda diferença na vida de alguém é imensurável. O sentimento que fica é: “Estou realmente fazendo a diferença a serviço da vida”!

COMO É A EXPERIÊNCIA DE VIVER ESTE TEMPO DE PANDEMIA? Uma experiência sem precedentes. Estamos sofrendo por uma série de motivos. O isolamento social pode trazer sérias consequências. Isso é fato, porém
necessário. Mesmo assim as pessoas continuam se aglomerando, o vírus se multiplicando e pessoas estão morrendo.  
Se por um lado estamos sofrendo com as perdas de amigos e até familiares e, com a economia cada vez mais comprometida em consequência do lokdown: O desemprego, em contrapartida é um momento de grande reflexão.  O poder de um abraço, o quanto aquela pessoa que negligenciamos por nenhuma razão justificável faz falta perto de nós.  Estamos vivendo um tempo de rever conceitos e atitudes. Os atendimentos terapêuticos se multiplicaram. Estou atendendo os pacientes remotamente, também no presencial, desde que possível. Tenho alguns em outros estados e até um, em outro país! Reinventar-se se faz necessário em tempos de pandemia. 

O QUE MAIS TE MOTIVA NA ÁREA DE
EDUCAÇÃO?
 Como membro da Associação dos Escritores de Campo Mourão e região, participo de alguns projetos nas escolas estaduais.

 O QUE MUDOU NA SUA VIDA COM O ADVENTO DA TECNOLOGIA? Praticamente tudo mudou. A vida sem tecnologia na atualidade, não funciona, principalmente na comunicação. Tudo está acessível, tudo acontece num simples apertar de botão. A facilidade que temos hoje para escrever textos e até livros, não se compara, quando tudo era manuscrito com caneta e papel.

QUAIS SÃO OS DESAFIOS PARA SUA PROFISSÃO? Em qualquer área de atuação, existem grandes desafios. Estar atualizado com o que acontece no mundo é importante, porém estar atento à realidade da sua própria aldeia é fundamental. Ter a sensibilidade para ouvir as pessoas, suas queixas e opiniões. 

QUAL DECISÃO MARCOU A HISTÓRIA DA SUA VIDA?  Em 2002, resolvi fazer um curso de pintura em tela, logo que
consegui produzir um bom acervo, comuniquei à minha professora de artes, Joice Queiroga, o desejo de fazer uma exposição de telas que, de pronto me apoiou. Qual foi a nossa surpresa, eu consegui negociar e vender vinte e três telas. 

Com o valor apurado, fiz a minha primeira viagem à Europa. O nome da exposição “DESCOBRINDO ARTE”.  Nos anos seguintes, “FAZENDO ARTE”. “SOMANDO ARTE”, além da exposição das obras de arte, lancei o livro “Amizade.com”. 

Voltar estudar aos 50, sem dúvida alguma, também foi
uma das maiores conquistas da minha vida. Chegar pra cursar Jornalismo com um livro já publicado foi um grande feito, enaltecido pelos professores de Comunicação Social. Durante o curso publiquei mais três títulos, e ainda publiquei meu Artigo Científico, sobre Jornalismo Rural, em uma Revista Virtual.

COMO FOI SUA ENTRADA NA ACADEMIA MOURÃOENSE DE LETRAS? Meu patrono é Constantino Lisboa de Medeiros e a fundadora da cadeira número 6 é  Elza Paulino de Morais, sou primeira ocupante desta cadeira com muito orgulho. Tive o prazer de entrar na Academia Mourãoense de Letras  (AML), a convite do então presidente Jair Elias dos Santos Junior, gestões (2012/2014 e 2014/2016). Na gestão seguinte, presidida pela Confreira Ester de Abreu Piacentini, fui convidada a fazer parte da diretoria como primeira secretária. Em parceria com o secretário geral, Ilivaldo Duarte de Campos, organizamos vários eventos de posses e homenagens, que somaram muitas alegrias também registradas nessa viagem tão peculiar. 

QUANTAS OBRAS ESCRITAS? São quatro livros publicados, e um artigo científico (em uma revista virtual) Sobre Jornalismo Rural. Considero minha primeira obra, (Quando a Vida Ensina) a mais importante por ser a história da minha vida narrada dos 17 aos 50 anos. O quinto, “Quando A Vida Ensina e a gente Aprende” já está a caminho.

O QUE É O MUNDO DAS LETRAS? Um mundo mágico que eu aprendi admirar desde a infância. Fazer parte da Instituição AML. É sem dúvida uma grande honra. - abaixo, ao lado do confrade Arleto Rocha, na posse do Centro de Letras do Paraná.

ESCREVER É JEITO OU DOM?  No prefácio do meu terceiro livro: Fauna Universitária, a jornalista e minha professora na matéria (Jornalismo Impresso), Ana Cláudia Valério
escreveu: “O dom de escrever é uma arte e uma ciência. Arte, porque alguns têm o dom das palavras, de lidar com elas. Sabe conduzir o leitor até o final do seu livro, amarrando-o de tal forma que não consegue parar de ler. Ciência, porque a habilidade da escrita pode ser estudada e desenvolvida, através da leitura e da prática em escrever”. Assim sendo, além de agradecida pelas palavras da minha mestra, em que se refere a minha forma de escrever, concordo totalmente e, faço minha suas palavras.

TRÊS PERSONALIDADES EM CAMPO MOURÃO.  José Aroldo Gallassini – Pelo brilhante trabalho realizado em nossa região como líder do cooperativismo no Brasil. (Em nossa propriedade na região de Mamborê,(1969)  já contávamos com seu conhecimento, (Acarpa); Dona Jacira Bueno Machado (foto abaixo) – Por sua incrível lição de vida, no acolhimento às crianças carentes e seus familiares.  Exemplo de solidariedade, amor e resiliência; Ester de Abreu Piacentini – Pelo exemplo de determinação e força. Esta mulher me representa!

QUAL FOI A MELHOR TURMA ONDE TRABALHOU OU CONVIVEU?  Agecin - Agência de publicidade e comunicação do Centro Universitário (FAG) onde cursei Comunicação Social com ênfase em Jornalismo em Cascavel. Onde fiz estágio e vivi a experiência de receber instruções de jovens com a idade do meu filho caçula, mas com conhecimento suficiente para suprir todas as minhas ignorâncias tecnológicas no mundo virtual. 

QUEM É EXEMPLO E POR QUÊ? Jesus Cristo, um exemplo de amor, do que o mundo mais carece.

QUAL SEU ESPORTE PREFERIDO?
Gosto dos radicais da natureza: rapel, montanhismo, tirolesa, cachoeiras, trilhas selvagens e até mesmo as caminhadas urbanas. Também não dispenso um bom treino no mínimo três vezes por semana. Isso me dá energia e vitalidade que preciso!

TIME DO CORAÇÃO? Não tenho preferência. Na minha família somos ecléticos em tudo. A liberdade de expressão carinhosamente cultivada é levada a sério. O pai das crianças é Santista, o primogênito torce para o São Paulo, o filho caçula é Corintiano. Então pra evitar eu fiquei imparcial nesse quesito, pra evitar confusão.

QUAL O MELHOR TIME QUE JÁ VIU JOGAR? Nenhum em particular. Acredito que, cada um tem seu momento, ora se destaca e faz bonito na fita, ora acaba surpreendido por rebaixamento.

JOGO RÁPIDO

ÉTICA:  Conjunto de valores e princípios utilizados em
nossa conduta, indispensável na
busca do entendimento de interação entre os seres humanos.

 MÚSICA: A Lista (Osvaldo Montenegro).

 AUTOR:  Jorge Amado (O Baiano de Itabuna).

 LIVRO: O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry).

 CAMPO MOURÃO NA SUA VIDA: Minha cidade do coração, onde pretendo viver pelo o resto da vida.

CAMPO MOURÃO HOJE: Em crescimento.

CAMPO MOURÃO SERÁ? Uma cidade com grande potencial econômico e desenvolvimento Sociocultural, desde que, bem-administrada.

FAMÍLIA: Nosso porto seguro, nosso bem maior!

 RELIGIÃO: Cristã

SAUDADES... DE QUEM E DO QUÊ? Da minha primeira infância.  Do meu pai.

COMO PENSA QUE OS OUTROS TE VEEM?  Não apenas acho, tenho certeza: uma pessoa de energia positiva, verdadeira, determinada de bem com a vida, atenciosa com as pessoas.

UMA ESPERANÇA. Envelhecer com saúde.

UM SONHO. Um mundo sem violência, onde as pessoas se respeitem.

 UM "GOLAÇO" QUE MARCOU NA SUA VIDA E COMEMOROU MUITO. Foram três golaços: quando lancei o livro Fauna Universitária na Bienal do Livro em São Paulo (ano de 2014); quando conheci os estúdios da Rede Globo e, na ocasião acompanhei os bastidores da gravação de três programas do Jô Soares e quando conclui o curso superior em Comunicação Social e Jornalismo.  Um sonho adiado por 35 anos.

QUE LEGADOS GOSTARIA DE DEIXAR PARA OS OUTROS? “Tudo é possível para aquele que acredita”! Somos energia
pura, por isso a Lei do retorno confere que, viver com dignidade e respeito ao próximo é primordial. Compartilhando conhecimento e experiências na mais pura intenção de  que, tudo é possível para quem ousa sonhar focando no trabalho para realizar o que deseja.

SE PUDESSE VOLTAR NO TEMPO, O QUÊ JAMAIS TERIA FEITO? Não me arrependo de nada, pode até parecer pretensioso da minha parte, mas faria tudo de novo!  - O que não deu certo, levo pra vida como aprendizado e lições. Do que deu certo, eu guardo as boas lembranças!


O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA É.....
o meu melhor 
momento. O presente será sempre o meu melhor momento. É no agora que foco todas as minhas energias, sempre procurando zerar qualquer ressentimento em relação ao passado, só assim estarei inteira de corpo e alma, na missão de estar em paz comigo mesma.

QUAL PROJETO AINDA GOSTARIA DE REALIZAR?   Publicar um livro sobre Relacionamentos Virtuais (Com estudo de casos).

QUAL VIAGEM GOSTARIA DE FAZER E PAÍS A CONHECER? Gostaria de conhecer a Grécia.

 SER CONVIDADA PARA ESTA ENTREVISTA DE DOMINGO ?
Uma espera desejada, que muito me alegrou.  Um privilégio que me proporcionou o prazer em viajar no tempo da minha História!

 RECADO AOS LEITORES. Sigam este blog, e para encerrar posto meu texto "A Viagem".

A VIAGEM

Depois de viajar no tempo
Buscando recomeçar,
Avançar sem desistir,
Vejo a vida com outro olhar.
 
Crescer foi inevitável,
 E, as dores improváveis,
Que nem sabia existir.
Do sentimento profundo,
Na interferência do outro
Persisti mesmo que torto
O que me fez prosseguir.
 
E, sem olhar para trás,
Viajei outros caminhos.
Aprendi e fui capaz,
Pisoteando espinhos.
Isso me fez refletir,
Sem temor avaliar,
Se flores ou solidão,
Valeu a pena tentar.  -  Por Giselta Silva Veiga, que 
voltou aos estudos e buscou seu espaço como jornalista, escritora e artista plástica. É membro da Academia Mourãoense de Letras.

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