Para o filósofo, escritor, palestrante e professor universitário Mario Sergio Cortella, o isolamento social tem trazido à tona memórias da juventude. No início dos anos 70, aos 18 anos de idade e em busca de uma experiência religiosa mais intensa, o então estudante de filosofia decidiu viver três anos enclausurado em um convento da Ordem dos Carmelitas Descalços.
-"Se nós não dermos conta, enquanto nação, do cuidado com aqueles que são mais vitimados pela ausência de recursos financeiros, de emprego decente, de alimentação, de uma moradia saudável, se nós não cuidarmos disso desde agora haverá um aprofundamento desses fossos", alerta o acadêmico, que defende que um dos papéis da filosofia é iluminar o caminho sobre os perigos em tempos de angústia como o atual.
Adepto do "otimismo crítico", como ele define, Cortella diz que a pandemia levanta questionamentos éticos a todos os brasileiros sobre como foi possível que a situação chegasse a tal ponto.
-"A questão não é só eu chegar ao final desse túnel escuro que é a pandemia, e ali respirar aliviado porque eu o atravessei. É como é que eu chegarei? Se eu chegarei com decência, se eu chegarei com a ideia de que mereci mesmo atravessar e lá chegar, ou se chegarei envergonhado", afirma.
-"Para que eu não tenha nenhuma vergonha de deixar de fazer o que eu deveria ter feito, de ter esquecido que eu poderia ter feito, e mais do que tudo, aquilo que é parte de uma solidariedade que neste momento não pode de modo algum ser só retórica, 'estamos juntos!', 'estou com você!'. Como é que é isso no cotidiano?", questiona. Fonte BBC News Brasil.
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