“Que Maria nos ajude a nos converter de um deus dos milagres ao
milagre de Deus, que é Jesus Cristo”. O Papa Francisco, no Angelus do IV
Domingo do Tempo Comum (31 Jan) refletiu sobre a pouca fé daqueles que
necessitam de milagres para acreditar e advertiu para a tentação de considerar
a religião “como um investimento humano”, que leva à negociar com Deus,
buscando o próprio interesse.
Inspirado na
narrativa de apa ressaltou as palavras
de Jesus de que “nenhum profeta é bem recebido em sua terra”, após deparar-se
com as murmurações de seus conterrâneos que queriam vê-lo realizar prodígios e
milagres. Ao não fazer isto, “sentem-se ofendidos e querem jogá-lo no
precipício”. “A narrativa de Lucas – explica Francisco – revela a tentação à
qual o homem religioso está sempre exposto”:
"Esta passagem do evangelista Lucas não é simplesmente a
narrativa de uma discussão entre companheiros, como às vezes acontece também
nos nossos bairros, suscitada por invejas e por ciúmes, mas revela uma tentação
à qual o homem religioso está sempre exposto – todos nós estamos expostos - e
da qual é necessário tomar distância com decisão: a tentação de considerar a
religião como um investimento humano e, por consequência, começar a “fazer
contratos” com Deus, buscando o próprio interesse”.
Pelo contrário – observa – “na verdadeira religião trata-se de
acolher a revelação de um Deus que é Pai e que tem cuidado por cada uma de suas
criaturas, mesmo daquela menor e insignificante aos olhos dos homens”:
“Precisamente nisto consiste o ministério profético de Jesus: em
anunciar que nenhuma condição humana pode constituir motivo de exclusão –
nenhuma condição humana pode ser motivo de exclusão - do coração do Pai e que o
único privilégio aos olhos de Deus é o de não ter privilégios. O único
privilégio aos olhos de Deus é o de não ter privilégios, de não ter padrinhos,
de estar abandonados nas suas mãos”.
O Santo Padre reitera que o “hoje” do “cumprimento das
Escrituras” recorda a todos a necessidade da salvação trazida por Jesus à
humanidade:
“Deus vem ao encontro dos homens e das mulheres de todos os
tempos e lugares, na situação concreta em que estes se encontram. Vem também ao
nosso encontro. É sempre ele que dá o primeiro passo: vem visitar-nos com a sua
misericórdia, levantar-nos da poeira dos nossos pecados, vem estender-nos a mão
para tirar-nos do abismo em que o nosso orgulho nos fez cair, e nos convida a
acolher a consoladora verdade do Evangelho e a caminhar pelo caminho do bem.
Mas é sempre ele que vem nos encontrar, nos procurar”.
Ao concluir, Francisco recorda que Maria também estava na
Sinagoga, e ao ver “Jesus antes admirado, depois desafiado, depois insultado,
ameaçado de morte”, tem uma “pequena antecipação” daquilo que sofrerá na cruz:
“Em seu coração, pleno de fé, ela guardava cada coisa. Que ela
nos ajude a nos converter de um deus dos milagres ao milagre de Deus, que é
Jesus Cristo”.
Após a oração do Angelus, o Papa dedicou sua oração ao doentes
de hanseníase, cujo Dia Mundial é celebrado este domingo.
Francisco, ladeado por dois adolescentes, também saudou os
inúmeros jovens da Ação Católica presentes na Praça São Pedro, na sua “caravana
de paz”. Uma jovenzinha leu uma mensagem agradecendo ao Papa - o “maquinista do
trem” em que viajam – e contou da iniciativa da coleta realizada em favor dos
migrantes jovens como eles. Ao final, foram soltos balões coloridos na praça. Rádio Vaticano.
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