“Ai de quem ama/ Quanta tristeza/ Há nesta vida/
Só incerteza/ Só
despedida/ Amar é triste/ O que é que existe?/ O
amor/Ama. canta/
Sofre tanta/ Tanta
saudade/ Do seu carinho/ Quanta saudade/ Amar
sozinho/ Ai de quem ama/ Vive dizendo/Adeus, adeus. Vinicius de Moraes.
GRINGO, O FIM DA PARTIDA
É como se
ele saísse da quadra, do campo. Foi para o vestiário De lá rumou numa nuvem que
veio buscá-lo. Noutras vezes o céu mandou trazê-lo, mas o deixaram ficar “mais
um pouco”. Foi ficando, certamente para o bem, próprio, da família, colegas de
profissão e muitos amigos que lotariam qualquer grande praça esportiva.
O
coração acelerado dava vazão às intensas emoções que ele era capaz de
vivenciar, transmitir, receber. Com a família ou no trabalho foi um homem centrado,
e assim foi, ao atender prontamente um atleta em Francisco Beltrão, nos Jogos
Abertos do Paraná, o coração para de bater.
É
o coração de tanta gente a pulsar de tristeza, de ter que continuar sem a
alegria dele.
O público,
torcedores de todas as cores levantam, sentam, se olham, indagam, onde ele
está? Aplaudem, gritam o nome dele, agitam bandeiras. O ovacionar cede para
silêncio gélido, profundo.
Como o
jogo, a competição, de um modo ou de outra maneira, tem que prosseguir, a
delegação de Campo Mourão resolveu continuar nos Jogos para oferecer-lhe tal
preito.
Sem deixar
o sotaque latino, castelhano do Uruguai (nascido em Montevidéu), por aqui
chegou nestas plagas, se abrasileirou, virou mourãoense, Nestor Fernandez Carrera, o Gringo, 62
anos, morreu domingo passado, dia 22.
AMANI, O GRITO QUE NÃO SILENCIARÁ
Agosto, 29,
em Peabiru, ao encerrar a solenidade da posse dos novos integrantes da AML –
Academia Mourãoense de Letras, entre o auditório da Casa da Cultura e o da
Biblioteca Municipal, Amani Spachinski e eu iniciamos um diálogo que, hábito
arraigado, para mim sempre foi fonte de grande aprendizado. Na conversa falava
dele para ele, fatos que justificavam a minha admiração e respeito pelo
sacerdócio dele (o significado não se restringe ao sacral), de ser esmerado na
condução de esposo, pai, avô e nos afazeres idealistas, comprometimento com a
cultura e educação tão bem expressos nos textos da prosa e nos versos poéticos,
nas palestras, na motivação humana em todos os sentidos. Ele atentamente ouvia,
sorria, brilhavam os olhos, que marejados ficaram. Pausadamente Amani dissera o
que reiterava com enorme convicção e orgulho, que era um homem feliz, a começar
pela família que tinha, suas origens e o quanto ela foi a base mais sólida, nela
incluindo os amigos que tinha, e os amigos da sua família eram os deles
também.
Não lhe
fazia favor algum e, mais até do que elogio merecido ao ser humano
extraordinário que foi, era meu latente que, aliás, me fazia tão bem ao
enaltecer o venerado amigo.
Ao produzir
este texto, em meio ao vórtice da surpreendente despedida, coube-me a delicada
missão de falar em nome da Academia Mourãoense de Letras. Tive que conter
emoção e lágrimas para poder falar, homenageá-lo. Ao olhar o corpo sem vida,
divisar a querida esposa dele, a professora Rita, o filho e familiares, é como
se todos chorassem por mim, junto com os
acadêmicos que ali compareciam. Enfatizei no velório que Amani levava
com ele o muito de nós, e nós a reter o bem bom que nos tornamos provenientes
do Amani. Vai o amigo a deixar mais que saudade da ausência insubstituível,
ficam as mais robustas rememorações que serão sempre grandiosos motivos de
evocação à magnitude que sempre foi e a continuar pela história biográfica,
tê-lo como amigo foi sempre o privilégio.
O famoso
grito dele sempre que existia uma reunião, ecoa agora, ele finalizava: “eu amo
vocês!” Nós também! Ele passou a ser saudade no dia 25, aos 63 anos.
Fases de Fazer Frases
O
desalinho não acaba ao trajar roupa de linho.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Antes
de tudo é o nada?
Reminiscências em Preto e Branco
O esquecimento
da dor a diminui, remediada pelo tempo.
José Eugênio Maciel escreve aos domingos no jornal Tribuna do Interior e sua coluna é postada neste BLOG. Maciel é mourãoense, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras e do Centro de Letras do Paraná.
Nenhum comentário:
Postar um comentário