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20 de ago. de 2012
COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: 40 anos de transformação
As comemorações dos 40 da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Campo Mourão -AEACM- nos levaram a uma viagem ao passado. Avivaram a memória tantos momentos bons vividos nos anos 70 quando aqui chegamos, colocando nossa esperança nesta terra. Um outdoor na entrada da única estrada asfaltada anunciava que era o maior entroncamento rodoviário, obra do visionário prefeito Horácio Amaral. Mas onde estavam as outras ”rodovias”?
Eram então, estradas de terra, perigosas, barrentas na chuva, empoeiradas no sol... assim como a cidade, devido ao pouco asfalto que tinha. Lembro-me das tempestades de pó vermelho produzidas no tempo das terras reviradas pelos tratores, que atormentavam a todas nós, donas de casa. E ainda tinha a fuligem das queimadas nas terras que estavam sendo abertas, destocadas, anunciando o fim do ciclo da madeira. E veio o ciclo da cultura do café, do algodão que empregavam milhares de trabalhadores. Infelizmente, a geada, o preço, a política econômica inviabilizou o plantio, o êxodo rural esvaziou o campo e encheu as periferias das cidades...
Mas a “sujeira” desta terra rocha, que fez muitas esposas sonharem ir embora, não foi nada perto do que os maridos agricultores passaram. A tão desejada e abençoada chuva (para as mulheres, hora de faxina na casa) trazia também o medo da erosão, de ver o ”sítio ir abaixo”. Quando vinha chuva pesada era um desespero para os agricultores que viam suas propriedades sendo lavadas pela enxurrada, a terra boa indo embora, os plantios perdidos, as erosões ferindo a terra, os rios sendo assoreados...
As sementes que nasciam na terra ácida competiam com as ervas daninhas, com as pombinhas e aí o tormento era achar gente, os bóia frias para carpir o mato, soltar foguetes para espantar as pombas. Mesmo assim na hora da colheita, a lavoura estava “suja”, dificultando o trabalho, colhedeiras velhas ”embuchando”, quebrando a toda hora, causando mais perdas ao pequeno e difícil lucro. A produtividade na região era baixíssima, em torno de 70 sacos de soja por alqueire, 150 sacas de milho. O valor do alqueire de terra era em torno de Cr$100,00 (R$541,00). Entregar a produção era outro problema: dias de espera em filas intermináveis de até 5 km..., produtos secados no asfalto por falta de secador. E olhe que a produção era pequena.
Hoje as terras estão corrigidas, cuidadas, coma produção entre as melhores do mundo, supervalorizadas, vendidas na moeda “soja”, chegando a 1500, 2000 sacos/alqueire dependendo da região. A crescente produtividade da soja- até 207 sacos/alqueire, milho 450/550 sacos/alqueire é perseguida com afinco pelos agricultores, resultado de pesquisa em todos os campos, investimentos desde o preparo da terra, da semente, do plantio à colheita, correção do solo, adubação, rotação de cultura e principalmente o plantio direto, a grande revolução no campo e a assistência técnica dos inúmeros Engenheiros Agrônomos. São eles os grandes responsáveis pela grande transformação ocorrida nesta região. Eram apenas 15 a 40 anos trás e agora são centenas buscando soluções para melhorar sempre a agricultura.
O campo desenvolveu e as cidades também. O que cantava com os alunos nos anos 70 e não entedia muito bem, tornou-se realidade: “No centro oeste do Paraná, em região outrora hostil, um município hoje há que honra e orgulha o Brasil. Campo Mourão, modelo do Paraná, lindo torrão, mais lindo de quantos há. Teu povo bom e hospitaleiro, tuas riquezas sem igual, simbolizam o celeiro da grandeza nacional”.
As visões proféticas do professor Martelo, do prefeito Horácio Amaral, de tantos pioneiros e agrônomos que acreditaram no potencial desta terra se concretizaram: já são cinco rodovias asfaltadas nos unindo a todo Brasil, levando o nome de Campo Mourão e as riquezas produzidas e industrializadas neste “celeiro nacional”, para o mundo. Parabéns a todos os engenheiros agrônomos que trabalharam na transformação desta terra nestes 40 anos pela AEACM. Obrigado pelos 40 anos de dedicação e trabalho na produção de alimentos e no cuidado com o maior patrimônio de nossa gente: terra, água. Que Deus os ilumine e nos dê o tempo propício para que a semente jogada na terra, cresça forte e continue a produzir muitos frutos!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, fundadora da cadeira 26 que tem Túlio Vargas como patrono; graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC.
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