19 de dez. de 2009

COLUNA DO NERY THOMÉ: Vale a pena pedir um pouco de cautela ao Papai Noel


Presentear é uma tradição antiga das festas natalinas, lembrando os primeiros presentes recebidos pelo menino Jesus dos três reis magos. Séculos mais tarde, surge a figura do Papai Noel, que, segundo contam, foi inspirado num homem chamado Nicolau, transformado posteriormente em santo, por ajudar pessoas pobres deixando saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas. De lá até se tornar um grande sucesso publicitário, que espalhou seu encanto por todo o mundo, foi um processo rápido e irreversível, fazendo a alegria das crianças, e, por que não, de adultos, até hoje.
Inspiradas nesse espírito, dentro de poucos dias, milhões de pessoas estarão (se já não estão) nas ruas de nossas cidades, dispostas a gastar parte, todo ou até mais que a parcela do 13º salário em seus presentes de Natal. Há também uma boa porção de consumidores ávidos para “torrar” muito mais do que podem, comprometendo boa parcela de seus rendimentos futuros e já prestes a iniciar o ano de 2010 atolados em dívidas.
Os meios televisivos, é claro, colaboram com tal atitude, impulsionando, incentivando o gasto em excesso. As lojas, os shoppings e as ruas estão lotadas de homens, mulheres e até crianças dispostos a fazer das festas de final de ano um verdadeiro festival de gastos.
Todos sabemos que esta é a melhor data para o comércio brasileiro, impulsionando a economia e até a geração de empregos, embora a maioria seja apenas para o período temporário.
Não estou querendo afirmar que as pessoas deveriam esquecer as compras de final de ano e passar a data tão importante para os brasileiros completamente em branco. Mas, como diz o ditado, nem tanto ao céu, nem tanto à terra.
O excesso de consumo é tanto que é não é preciso ser economista para prever as notícias que irão figurar nos principais meios de comunicação nas primeiras semanas de 2010: aumento da inadimplência, desemprego em alta, endividamento nos cartões de crédito recorde.
É impossível não ser envolvido pelo sentimento das festas de final de ano, ruas enfeitadas, lojas ricamente decoradas, apresentações natalinas aqui e ali. Mas a cautela é, talvez, a principal recomendação para quem sai às ruas, mesmo porque, sem querer jogar água fria nos hábitos consumistas de todos, é preciso estar atento a alguns detalhes importantes.
Início do ano, as despesas tendem a aumentar, com impostos como IPVA, IPTU, entre outros. Há ainda, gastos com material escolar, uniforme das crianças, aumento das mensalidades escolares, entre outras despesas que, quando somadas, podem causar um rombo no orçamento de qualquer um.
Vivemos num mundo planejado para o incentivo ao consumo, ao endividamento e, num país onde o acesso ao crédito é tão caro, os perigos ainda são maiores para quem, embalado pelos bons sentimentos que nos invadem nos últimos dias do ano, esquecem do que vem pela frente.
Portanto, meu desejo é um Natal repleto de paz, alegria, amizade e saúde para todos, sem dores de cabeça, insônia e preocupações daqueles que se endividam demais. Quem sabe valha a pena pedir cautela de presente ao Papai Noel.
Nery José Thomé é engenheiro agrônomo e jornalista, escreve aos sábados neste BLOG.

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