13 de dez. de 2010

COUNA DO PROFº MACIEL: Valdir, o tempo que naão se perde


“E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor”.
(Mateus 9:36)

Ubiratã parou. A cidade que ele sempre desejava e lutava para o pulsar do progresso e o impulsionar do desenvolvimento viveu o irromper de uma parada dolorida, do luto inconsolável silencioso entremeado pelas manifestações de choro ante a perda e das homenagens caracterizadas pela gratidão.
Valdir Aparecido D’Alécio foi um homem de estatura física pequena, a ponto de, conforme a ocasião, visualmente seria preciso reparar bem para identificá-lo. Napoleão Bonaparte e Alexandre, o grande, fazem parte da história pelas incursões e batalhas que enfrentaram ou foram protagonistas. Tanto o francês quanto o russo foram homens de mediana estatura física, mas sabiam engendrar grandes realizações assim como promoverem pequenos atos de gestos com grandeza.
Valdir tinha o ímpeto das batalhas estóicas e heróicas, do sonho que não se restringia ao contemplativo, traçava rumos, estabelecia prumos, se agigantava em favor da sua gente, da sua terra, da Ubiratã real e da ideal. Neste sentido, dimensionar a perda do Valdir é refletir sobre o ser humano esposo, pai, avô, esteio da moral e do afeto familiares; o ser político, líder que tinha na mente os melhores horizontes e a trajetória do caminhar em ação para as conquistas coletivas. Fora sempre o construtor de um novo tempo onde a prosperidade não fosse a riqueza material em si mesma muito menos aquela acumulada egoisticamente, mas a prosperidade do ser humano como indivíduo e como ser social sempre diferente do que fosse, em constante mutação para o melhor, pela fé e pela fraternidade.
Se contrapondo ao populismo dos coroneis de então, ao se tornar prefeito iniciou uma Administração pública (1989-1992) como prefeito humanista, fruto de um planejamento moderno que propiciou a integração dos cidadãos, do “campo com a cidade”, costumava enfatizar. O poder para ele era no seu todo para ser exercido como instrumentalização voltada para o bem-estar, longe das vaidades, dos privilégios e da promoção pessoal.
Era mestre em analisar fatos, se antecipar a eles, notadamente na plêiade complexa e dinâmica da política nos contextos mais diversos, em termos de Brasil, do Paraná, da nossa região, além naturalmente da sua cidade. A leitura e a produção de textos que eram publicados nos meios de comunicação pelos quais também falava aos ouvintes, traziam sempre a mensagem sensata, sincera, eloquente ou serena quando fosse a o ocasião, sabia falar com a mesma capacidade com que sabia ouvir, era bom de prosa, genioso, de bom humor próprio das pessoas simples, típica dos mestres que eram respeitados pelo caráter e não por algum tipo de imposição.
Éramos amigos, frequentemente fazia aqui neste espaço transcrições ao que ele comentava da Coluna, sempre o enaltecendo como amigo dos mais importantes e de longa data. E, entre as lembranças, ao final de 2000, a pedido do Valdir fui convidado a falar para um recinto lotado da AABB de Ubiratã, o processo eleitoral já ganhava os seus contornos, o filho dele, o hoje prefeito Fábio de Oliveira D’Alécio, seria eleito vice-prefeito, se unindo na mesma chapa de Arnaldo Sucupira. O gesto de desprendimento dos D’Alécio seria fundamental para a vitória, o interesse e a devoção pela cidade falaram mais alto. Naquela ocasião falei da nossa amizade, assim como recentemente, quando o Fábio, hoje prefeito, mais precisamente no lançamento do PEDU – Plano de Desenvolvimento de Ubiratã.
Naquele momento, publicamente rememorei a amizade, a grande admiração pelo Valdir. Ao falar como palestrante convidado para um auditório repleto e atento, que aplaudiu entusiástica e espontaneamente quando fiz referência a ele, pelo tudo que representava e há de continuar representando na vida do povo e na memória histórica, o ilustre companheiro, um gigante edificador com sabedoria, arrojo, ética e espírito público, cuja singularidade agora é herança exemplar bem-vinda no inteiro vigor do próprio e vívido legado.
Fases de Fazer Frases (I)
O fim da vida é quando o tempo já foi sem que desejássemos nos despedir dele.
Fases de Fazer Frases (II)
Ainda é preferível os pobres de espírito aos miseráveis da espiritualidade.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
“Transferências de padres geram polêmica na igreja”, foi a manchete da Tribuna na última sexta. O que dizer? Ainda é cedo. De concreto é que está mudando a cor da Catedral e jamais Campo Mourão vivenciou a hierarquia e ética sendo extrapoladas ou pela falta, pelo excesso ou ausência de bom senso e clareza.
A propósito, empregando aqui uma ambigüidade: Não é fácil ser bispo: tanto no sentido de quem já o é, mesmo falando outras línguas; quanto quem alucinadamente tenta ser, até aqui sem sucesso algum. Relembro uma frase escrita há tempos em Fases de Fazer Frases: Nem tudo que é curial vem da cúria.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
A respeito do texto principal da Coluna passada, registro as manifestações da professora aposentada Hermínia Perdoncini, que, ao ler o texto, teve a sensação de me dizer para eu ligar do fixo para o celular que eu não encontrava, após muita procura. O contador Darci Casarim, leitor assíduo e perspicaz nos comentários, ao me ver domingo cedo perguntou se eu já tinha encontrado ou se ainda carecia procurar.
O engraçado é que no citado texto afirmei que só não iria procurar na geladeira, forno ou na saboneteira por considerar absurdo. Pois bem, o meu primo Celso Alves me contou ter esquecido certa vez o celular dele dentro da geladeira! Bem... sem comentários.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Ao comprar um moderno avião, o presidente Lula ganhou apelido dado pelo povo para a aeronave, o “aerolula”. A presidente eleita pretende comprar outro avião ainda melhor e já tem apelido. “Aerodilma”? Não! Um apelido mais simples e direto: “vassoura”.
Reminiscências em Preto e Branco
“É fácil como painel de jipe. Eis um gostoso ditado popular. Só não entenderá quem não conhece jipe antigo. Agora, quem conhece, sabe que é fácil!
José Eugênio Maciel escreve aos domingos na Tribuna. É sociólogo, professor, advogado, colnista e membro da Academia Mourãoense de Letras.

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