Ao ler o livro do jornalista Eloy Olinto Setti sobre a história dos 40 anos da Coamo, fiz uma viagem ao passado. Vieram a memória tantos momentos bons vividos nos anos 70 quando aqui chegamos, colocando nossa esperança nesta terra. Um outdoor na entrada da única estrada asfaltada anunciava que era o maior entroncamento rodoviário, obra do visionário prefeito Horácio Amaral. Mas onde estavam as outras ”rodovias”?
Eram então, estradas de terra perigosas, barrentas na chuva, empoeiradas no sol... assim como a cidade, devido ao pouco asfalto que tinha. Lembro-me das tempestades de pó vermelho produzidas no tempo das terras reviradas pelos tratores, que atormentavam a todas nós, donas de casa. E ainda tinha a fuligem das queimadas nas terras que estavam sendo abertas, destocadas , anunciando o fim do ciclo da madeira. E veio o ciclo da cultura do café, do algodão que empregavam milhares de trabalhadores. Infelizmente, a geada, o preço, a política econômica inviabilizou o plantio, o êxodo rural esvaziou o campo e encheu as periferias das cidades...
Mas a “sujeira” desta terra rocha que fez muitas esposas sonharem ir embora, não foi nada perto do que os maridos agricultores passaram. A tão desejada e abençoada chuva ( para as mulheres, hora de faxina na casa) trazia também o medo da erosão, de ver o ”sítio ir abaixo”. Quando vinha chuva pesada era um desespero para os agricultores que viam suas propriedades sendo lavadas pela enxurrada, a terra boa indo embora, os plantios perdidos, as erosões ferindo a terra, os rios sendo assoreados...
As sementes que nasciam na terra ácida competiam com as ervas daninhas, com as pombinhas e aí o tormento era achar gente, os bóia frias para carpir o mato, soltar foguetes para espantar as pombas. Mesmo assim na hora da colheita, a lavoura estava “suja”, dificultando o trabalho, colhedeiras velhas ”embuchando”, quebrando a toda hora, causando mais perdas ao pequeno e difícil lucro. Na época da fundação da Coamo, a produtividade na região era baixíssima, em torno de 70 sacos de soja por alqueire, 150 sacas de milho. O valor do alqueire de terra era em torno de Cr$100,00 (=R$541,00)
Entregar a produção era outro problema: dias de espera em filas intermináveis de até 5 km..., produtos secados no asfalto por falta de secador. E olhe que a produção era pequena. Em 1972 a Coamo tinha apenas um armazém de 2.250 metros quadrados e outro inflável para 45.000 sacos. Em 1971 o faturamento não chegou aos 7 milhões de cruzeiros, mas já foram distribuídas 98.951,00 de sobras.
Que diferença nesta safra 2009/2010: 91 milhões de sacas de produto, 5,5 milhões de toneladas, 3,8% do produto nacional, recebidos nas 113 unidades da Coamo, quase 2 milhões por dia, sem filas, faturamento global de 4,67 bilhões, sobras de 106 milhões. Hoje os cooperados não precisam mais assinar notas promissórias para garantir o financiamento pelo BRDE do primeiro armazém como fizeram os fundadores e olha que são 63 obras em andamento, investimentos de 200 milhões em 2010. Capitalizada, hoje a cooperativa pode devolver o capital os cooperados, em vida, “a sua aposentadoria especial” a partir dos 65 anos.
Hoje as terras supervalorizadas, vendidas na moeda “soja”, chegando a 1500, 2000 sacos/alqueire dependendo da região. A crescente produtividade da soja- até 207 sacos/alqueire , milho 450/550 sacos/alqueire é perseguida com afinco, resultado de pesquisa em todos os campos, investimentos desde o preparo da terra, da semente, do plantio à colheita, correção do solo, adubação, rotação de cultura e principalmente o plantio direto, a grande revolução no campo e a assistência técnica.
O campo desenvolveu e as cidades também. O que cantava com os alunos nos anos 70 e não entedia muito bem, tornou-se realidade: “No centro oeste do Paraná, em região outrora hostil, um município hoje há que honra e orgulha o Brasil. Campo Mourão, modelo do Paraná, lindo torrão, mais lindo de quantos há. Teu povo bom e hospitaleiro, tuas riquezas sem igual, simbolizam o celeiro da grandeza nacional”.
As visões proféticas do professor Martelo, do prefeito Horácio Amaral, do idealizador e fundador da Coamo Aroldo Galassini se concretizaram: já são cinco rodovias asfaltadas nos unindo a todo Brasil, levando o nome de Campo Mourão as riquezas produzidas e industrializadas neste “celeiro nacional” para o mundo através de vendas diretas à clientes da Europa pela Coamo Internacional...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC.
Eram então, estradas de terra perigosas, barrentas na chuva, empoeiradas no sol... assim como a cidade, devido ao pouco asfalto que tinha. Lembro-me das tempestades de pó vermelho produzidas no tempo das terras reviradas pelos tratores, que atormentavam a todas nós, donas de casa. E ainda tinha a fuligem das queimadas nas terras que estavam sendo abertas, destocadas , anunciando o fim do ciclo da madeira. E veio o ciclo da cultura do café, do algodão que empregavam milhares de trabalhadores. Infelizmente, a geada, o preço, a política econômica inviabilizou o plantio, o êxodo rural esvaziou o campo e encheu as periferias das cidades...
Mas a “sujeira” desta terra rocha que fez muitas esposas sonharem ir embora, não foi nada perto do que os maridos agricultores passaram. A tão desejada e abençoada chuva ( para as mulheres, hora de faxina na casa) trazia também o medo da erosão, de ver o ”sítio ir abaixo”. Quando vinha chuva pesada era um desespero para os agricultores que viam suas propriedades sendo lavadas pela enxurrada, a terra boa indo embora, os plantios perdidos, as erosões ferindo a terra, os rios sendo assoreados...
As sementes que nasciam na terra ácida competiam com as ervas daninhas, com as pombinhas e aí o tormento era achar gente, os bóia frias para carpir o mato, soltar foguetes para espantar as pombas. Mesmo assim na hora da colheita, a lavoura estava “suja”, dificultando o trabalho, colhedeiras velhas ”embuchando”, quebrando a toda hora, causando mais perdas ao pequeno e difícil lucro. Na época da fundação da Coamo, a produtividade na região era baixíssima, em torno de 70 sacos de soja por alqueire, 150 sacas de milho. O valor do alqueire de terra era em torno de Cr$100,00 (=R$541,00)
Entregar a produção era outro problema: dias de espera em filas intermináveis de até 5 km..., produtos secados no asfalto por falta de secador. E olhe que a produção era pequena. Em 1972 a Coamo tinha apenas um armazém de 2.250 metros quadrados e outro inflável para 45.000 sacos. Em 1971 o faturamento não chegou aos 7 milhões de cruzeiros, mas já foram distribuídas 98.951,00 de sobras.
Que diferença nesta safra 2009/2010: 91 milhões de sacas de produto, 5,5 milhões de toneladas, 3,8% do produto nacional, recebidos nas 113 unidades da Coamo, quase 2 milhões por dia, sem filas, faturamento global de 4,67 bilhões, sobras de 106 milhões. Hoje os cooperados não precisam mais assinar notas promissórias para garantir o financiamento pelo BRDE do primeiro armazém como fizeram os fundadores e olha que são 63 obras em andamento, investimentos de 200 milhões em 2010. Capitalizada, hoje a cooperativa pode devolver o capital os cooperados, em vida, “a sua aposentadoria especial” a partir dos 65 anos.
Hoje as terras supervalorizadas, vendidas na moeda “soja”, chegando a 1500, 2000 sacos/alqueire dependendo da região. A crescente produtividade da soja- até 207 sacos/alqueire , milho 450/550 sacos/alqueire é perseguida com afinco, resultado de pesquisa em todos os campos, investimentos desde o preparo da terra, da semente, do plantio à colheita, correção do solo, adubação, rotação de cultura e principalmente o plantio direto, a grande revolução no campo e a assistência técnica.
O campo desenvolveu e as cidades também. O que cantava com os alunos nos anos 70 e não entedia muito bem, tornou-se realidade: “No centro oeste do Paraná, em região outrora hostil, um município hoje há que honra e orgulha o Brasil. Campo Mourão, modelo do Paraná, lindo torrão, mais lindo de quantos há. Teu povo bom e hospitaleiro, tuas riquezas sem igual, simbolizam o celeiro da grandeza nacional”.
As visões proféticas do professor Martelo, do prefeito Horácio Amaral, do idealizador e fundador da Coamo Aroldo Galassini se concretizaram: já são cinco rodovias asfaltadas nos unindo a todo Brasil, levando o nome de Campo Mourão as riquezas produzidas e industrializadas neste “celeiro nacional” para o mundo através de vendas diretas à clientes da Europa pela Coamo Internacional...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC.
É, parece que foi ontem quando pensamos no tempo que passou, mas percebemos o passar dos anos quando percebemos o trabalho realizado e através dele, as conquistas, inúmeras, gigantes, que nos trazem privilégios.
ResponderExcluirQue bom viver neste momento.
grande abraço e muito obrigada