30 de jan. de 2010

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: “ Não é tempo de perder a ESPERANÇA!”


Terminamos 2009 com muitas esperanças frustradas… Mais uma Conferência do Clima perdida, mais uma denúncia de novos mensalões banalizada e sem punição, mais uma série de atos políticos, decretos em benefício de poucos, assinados, votados no apagar das luzes do ano… E 2010 começou com a natureza dando novos avisos de que o desequilíbrio climático está acentuando os extremos: chuvas torrenciais, desmoronamentos, mortes por um lado e a seca, falta de água potável de outro. O excesso de calor no hemisfério Sul e de frio glacial hemisfério Norte… Terremotos… Brasileiros mortos no Haiti… O mundo perde uma embaixadora da esperança: Zilda Arns!
Mas ”não é tempo de perder a esperança” declarou o irmão de Zilda, Dom Evaristo. A semente plantada na Pastoral da Criança florescerá cada vez mais. Assim também a consciência ecológica cresce sempre mais. É das telas dos cinemas que vem mais uma vez uma denúncia, uma esperança. O filme de maior sucesso neste ano- Avatar- é uma ficção científica com uma profunda mensagem a todos nós humanos, que vai muito além da beleza de suas imagens em terceira dimensão e da alta tecnologia com que foi produzido. Na história, o planeta virgem de Pandora é colonizado pelos humanos, comprometidos com a extração de um mineral preciosíssimo, o unobtânio (leia-se: petróleo, urânio, diamantes etc.…), do seu subsolo, sem importar-se com a destruição da natureza, dos seus habitan tes. Não percebem que a maior riqueza deste planeta é o conhecimento, o modo de vida de seus habitantes, os Na'vi, seres primitivos de três metros de altura, de pele azul luminescente.
Uma narrativa baseada, enfim, sobre a história colonial de um planeta que todos conhecemos muito bem se temos uma consciência histórica. Fala da exploração da terra alheia – sejam os diamantes na África do Sul, o petróleo no Oriente Médio, o ouro a prata sul-americano do século XV, a Amazônia de hoje. Recursos naturais que provocam a cobiça humana a despeito das populações indígenas. É a história da humanidade desde sempre, que, se pudéssemos, repetiríamos o modelo em mundos extraterrestres.
O imperialismo denunciado em Avatar é uma referência a todas as conquistas do mundo com o genocídio de seus habitantes que existiram e existem em tantas partes do mundo. "Combateremos o terrorismo com o terror!", exclama o coronel em Avatar e exclamam muitos dirigentes do mundo em todas as guerras e conquistas. Mas os "apaches" azuis de Cameron não são vítimas, na realidade, eles não têm nenhuma intenção de se deixar submeter. E nos descobrimos torcendo por eles…
Avatar expõe a monstruosidade, o lado perverso do ser humano que destrói um mundo em perfeita harmonia, com uma brutalidade chocante, mostrando até onde o homem é capaz de chegar para ganhar dinheiro. Atinge fundo a nossa consciência ecológica e propõe uma discussão sobre o futuro do planeta Terra. Como na mitologia não soubemos cuidar de nosso presente, abrimos a caixa de Pandora, liberando todos os males, as pragas que atingem o homem, restando apenas à esperança. A terra é a nossa caixa de Pandora. Se não cuidarmos dela, será nosso fim. Precisamos abrir os olhos e reaprender a ver. Quando a princesa diz ao adaptar Sully ”Eu vejo você”, ela não apenas vê, mas sente, percebe e respeita o outro.
Temos que reaprender com os Na´vi a apreciar o equilíbrio e harmonia da natureza, se conectar com ela, buscar entendê-la antes que ela seja destruída. É essencial aprender a coabitar com ela em um equilíbrio diferente, que determinará a nossa própria sobrevivência. Quando a indígena afirma que matamos nossa mãe, diz aquilo que inevitavelmente ocorrerá se não soubermos mudar. A toda hora vemos a degradação do meio ambiente, da terra e do mar, a morte dos corais, o derretimento das geleiras, e as CONSEQUÊNCIAS SOBRE A VIDA HUMANA. Somos responsáveis por esse sistema econômico excludente, perverso baseado no lucro e crescimento ilimitado, vendo a natureza como um detalhe, uma barreira ao desenvolvimento. Sabemos que, se continuar assim, os filhos dos nossos filhos não poderão conhecer o mundo como nós o vemos hoje. Vamos abrir os olhos!!! Ainda há ESPERANÇA!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br

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