8 de nov. de 2011

COLUNA DO PROF. MACIEL: Clarinha, singularidade humana


... Deveria chamar-te claridade pelo modo espontâneo, franco e aberto com que encheste de cor meu mundo escuro...” Vinícius Moraes
O desfechar da vida é a marcante e definitiva despedida, última de todas. As despedidas são intencionais ou do destino, breves, longas, intensas, reveladoras ou misteriosas. O tempo indica o quanto elas são ou não determinantes. A última despedida reúne ou aparta todas as demais.
No dia oito de setembro deste ano, ao terminar a minha fala para os pequenos estudantes e os pais deles, além dos professores e funcionários da Escola Municipal Constantino Lisboa de Medeiros, agradecendo a todos e olhando no relógio para não me atrasar nas aulas que ainda ministraria naquela noite no Colégio Estadual Campo Mourão, cumprimentei e me despedi da professora Clarinha Wencel Casemiro. Acompanhada do esposo Osvaldo, foi a última vez que eu a vi com vida. Clarinha demonstrava naquele momento com a própria presença, a crença na educação capaz de proporcionar positivamente todo ser humano. Senti-me honrado. Entretanto, não deixei de refletir, ainda que não quisesse, que se avizinhava a despedida derradeira, agora lastimável e inevitavelmente concreta.
Quando a conheci a então diretora da Escola do Alto Alegre só tinha ouvido falarem muito bem dela. E sempre apenas ouvi o enaltecimento abundante a respeito da figura humana e da profissional capaz e dedicada. À época como secretário municipal da educação e da cultura mourãoense, supunha que Clarinha fosse um modo carinhoso pelo qual todos a chamavam, seguramente um justificado afeto. Clarinha era mesmo o nome de batismo e não existiria outro melhor que coubesse a ela.
Clara a vista de todos. Da claridade, o ser que emite ou reflete luz, portanto, ilumina e é iluminado. Claro como fácil de entender. Clarinha como expressão diminuta da palavra nominada e empregada como manifestação de chamamento carinhoso, qualidade do clarear, brilhar.
O raiar da morte é principiado na última aparição do sol, a luz anunciando o horizonte do infinito, a hora sempre profundamente indesejável e inelutável do adeus. A despedida faz-nos homenagear o ente querido. O deslinde de uma vida nos dá o estro para fazer menções verdadeiras e singulares de alguém tão importante que prosseguirá guiando como uma luz, Clarinha a se multiplicar nos incontáveis e notáveis exemplos da professora a escrever limpidamente a letra cursiva e pedagógica no quadro das tantas salas que atuou com envolvimento profissional, o tratar a todos seus alunos como se fossem filhos, com comprometimento, paciência, entusiasmo e ofertando um saber que lhes desse mais do que conhecimento, e sim o sentido de vida.
Clarinha tinha trajetória dinâmica da professora que trabalhava o dia todo e depois à noite era estudante, tendo concluído brilhantemente nível superior. A esposa e mãe dedicada, gentil, esmerada de um amor incondicional ao marido Osvaldo, filhos Adriana, Felipe e Luana e demais familiares pesarosos, com eles se somam o sentimento do luto dos muitos alunos de várias épocas, dos colegas de magistério. Juntam-se também os que a admiravam como ministra da igreja, católica convicta tinha sempre a palavra e as obras da fé, o conforto fraternal e zeloso.
A trajetória de vida da Clarinha, digna e humana, passou ser a claridade do céu, perene.
Fases de Fazer Frases
Nem tudo que é preciso é preciso. Precisamente não?
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
O Supremo Tribunal Federal – STF deu a última palavra, é crime sujeito a detenção, mesmo que o motorista não provoque risco a outras pessoas. A pena é de seis meses a três anos. A Justiça nesse tema vem ao encontro de uma cada vez maior pressão da sociedade pelos casos impunes, notadamente aqueles que se recusam ao exame do bafômetro, mesmo que visivelmente embriagados.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Toda conta paga pelo poder público é paga pelo contribuinte. E tem contas que não deveriam ser pagas por nós e por ele. Bem faz o INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social que começou a ajuizar ações de cobrança para receber o que teve que pagar de contas hospitalares ou de pensões em face dos acidentes ocasionados pela culpa devida das pessoas que agora terão que arcar. O Instituto paga por ano – nós claro que arcamos com impostos – oito bilhões de reais! Nem carece tecer maiores comentários, é muito dinheiro e sobretudo pessoas que perdem ou têm vidas mutiladas a um custo em dinheiro, que deve ser pago por quem causou dolosamente o dano.
Reminiscências em Preto e Branco
Desnudar os pés. Caminhar na terra crua, sentir húmos, folhas, verdes, secas. Andar primivitamente em direção do ser em si rebrotado, humanamente vivo a saborear o fruto colhido, sugado do suco do sulco.

NOTA DO BLOG: a imagem de Clarinha neste Post foi registrada por este Blog em evento realizado na comunidade Alto Alegre.
José Eugênio Maciel é mourãoense, filho de pioneiros, sociólogo, professor, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras.

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