28 de nov. de 2011

COLUNA DA PROFESSORA MARIA JOANA: “Peço sinceras desculpas à população e ao governo brasileiro”


Disse o cidadão norte-americano George Buck, presidente da subsidiária da Chevron no Brasil, 16 dias depois do início vazamento de óleo na bacia de Campos. Mas não falou quando vai pagar a multa...
Buck afirmou na audiência em Brasília “que temos um profundo respeito pelo Brasil, pelo povo brasileiro, pelo meio ambiente, pelas leis e instituições deste país.”
"Vamos continuar com nosso plano de reação até que não haja nenhuma gota na superfície. […] Consideramos que uma só gota na superfície é inaceitável." Infelizmente, a encrenca produzida pela Chevron não é algo que possa ser resolvido com pedidos e exposição de desculpas.
Do lado brasileiro, somente 16 dias após o início do vazamento de óleo no litoral do Rio, a Agência Nacional do Petróleo decidiu suspender as atividades de perfuração da empresa americana Chevron no Brasil. A ANP considerou negligentes as ações da companhia durante o acidente. O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu realizar auditoria, em caráter de emergência, na Petrobras, sócia da Chevron no campo do vazamento, e na ANP, para apurar responsabilidades sobre o acidente.
De acordo com as informações prestadas pela Chevron à ANP, houve um erro no cálculo da pressão do poço, o que fez com que se abrisse uma fissura de cerca de 300 metros de extensão, por onde vazou o óleo. Se um erro desses acontece no pós-sal, territórios razoavelmente conhecidos pelas petroleiras podem imaginar o que poderia acontecer no ainda desconhecido mundo do pré-sal.
Para o oceonógrafo David Zee “É preciso aliar a ousadia do desenvolvimento com a prudência da precaução. Monitorar vazamentos de petróleo no mar é como analisar outro planeta.
De acordo com o perito responsável por averiguar o vazamento de petróleo no Campo de Frade, a 150 km da costa do Espírito Santo, ainda é impossível saber quanto óleo vazou no mar e, portanto, quais serão os danos para o meio ambiente. Zee explica que, 48 horas depois do acidente, “um grande número de embarcações deveria cercar o óleo para retirá-lo do mar. Mas isso não aconteceu”.
Disse que a Chevron não seguiu os quatro itens do plano de estratégia e emergência individual, fundamental para todas as empresas que exploram petróleo em águas brasileiras. “Em vez de a empresa seguir a sequência, ela pulou imediatamente para o último deles, e passou a dispersar o óleo no mar”. David Zee esclarece que crime ambiental é inafiançável e a possível multa de 150 milhões que a Chevron terá de pagar aos órgãos ambientais brasileiros tem, para a companhia, o mesmo valor que “dois reais para nós”. “Para se ter uma idéia, 150 milhões representa 50 minutos de faturamento da empresa, ou seja, representa 1% dos investimentos que ela fez para a produção de petróleo na Bacia do Frade”.
O Brasil, terra do sol abundante, promessa de energia solar,aeólica limpa, renovável precisa muito mais que desculpas de exploradores de petróleo(em extinção), com todos os seus perigos e riscos ambientais....
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br

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