27 de out. de 2013

ENTREVISTA DE DOMINGO: Sérgio Luiz Panceri

O homenageado desta semana na ENTREVISTA DE DOMINGO é agricultor, cooperativista, gaúcho de Caxias do Sul e mourãoense de coração desde o ano de 1956: Sérgio Luiz Panceri. 
Na noite de 25 de outubro ele entrou para a história tendo recebido o título de Cidadão Honorário de Campo Mourão, proposto pelo vereador Luiz Alfredo da Cunha Bernardo e aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal de Campo Mourão. 
Torcedor apaixonado do Juventude e do Grêmio, foi jogador de futebol, esporte da sua preferência. Dedicado, inteligente, sábio, de bom papo e argumentos, cooperativista e profissional, seo Sérgio teve uma atuação importante no desenvolvimento do cooperativismo de nossa região, que tornou-se referência a nível Brasil e mundo. Na ENTREVISTA DE DOMINGO ele recebe esta singela homenagem, contando um pouco da sua história com dezenas de imagens de sua vida pessoal, familiar e profissional. Seo Sérgio, é uma honraria justa e merecida, que é agraciado. Seus familiares, amigos e companheiros estão felizes por esta conquista. Parabéns Seo Sérgio! Os meus efusivos agradecimentos à família pelo apoio e colaboração desta inesquecível ENTREVISTA DE DOMINGO com Sérgio Luiz Panceri, o mais novo Cidadão Mourãoense.

ONDE O SENHOR NASCEU, CONTE UM POUCO DA SUA HISTÓRIA. Sou Sérgio Luiz Panceri, nasci em Caxias do Sul (foto), no Rio Grande do Sul, em 30 de abril de 1934, portanto tenho 79 anos. 

Sou o primeiro filho de Antonieta Casali e Carlos Panceri. Vivi em Caxias do Sul até dezembro de 1939, minha mãe teve ainda mais duas filhas (Marisa e
Ivete). Em dezembro de 1939, mudamos para Rio Bonito – que a partir de 1948 passou a ser chamar Tangará, em Santa Catarina -  a pedido do meu avô Luiz Panceri, que queria reunir a família para tocar uma tecelagem (Tecelagem de Seda e Rayon Panceri e Ltda). Carlos Panceri assumiu então a gerência da tecelagem.
A RELIGIOSIDADE ERA MUITO FORTE NA FAMÍLIA DO SENHOR? Sim, a minha mãe era muito religiosa e frequentava a missa regularmente.
Ela passou aos filhos os bons ensinamentos da Igreja. Fiz a primeira comunhão em 1942, fui coroinha na Igreja de Santo Antonio de Rio Bonito.
Em 18 de fevereiro de 1844 minha mãe faleceu de “Tifo”, deixando três filhos pequenos. Fiquei morando com meu pai em Rio Bonito e minhas irmãs foram morar com as tias em Caxias do Sul. O meu pai casou-se novamente em 1945 com a senhora Olga  e então, as irmãs voltaram para Rio Bonito. Desse casamento, tive mais três irmãos - Marivone, Alexandre e Roberto.
ONDE ESTUDOU E QUANDO COMEÇOU A TRABALHAR? Até  dezembro de 1952 voltei a morar em Caxias do Sul, onde fiquei residindo com minha avó Maria Sartori Casali e fiz a Escola Normal no ginásio Estadual da Escola Normal Duque de Caxias.
Comecei a trabalhar 
(fazer um bico) nos sábados a tarde no estádio do Juventude (Alfredo Jaconi) 
ajudando na limpeza do setor das  arquibancadas antes das partidas. 
Como remuneração, eu recebia o ingresso para assistir os jogos. Com o passar do tempo iniciei treinando e acabei fazendo parte do time. 
Eu também jogava com o time da escola Normal Duque de Caxias onde fomos vice-campeões olímpicos dos times da cidade em agosto de 1952.
E O PRIMEIRO EMPREGO? Foi em 1948, tinha 14 anos completo. Estudava na parte da manhã e à tarde trabalhava na Tecelagem onde era auxiliar na seção de estamparia.
E OS ESTUDOS? Em janeiro de 1953, com 18 anos, mudamos para Lages em Santa Catarina junto com minha família, e iniciei os estudos de Contabilidade. Nas férias, eu saia de viagem com os tios Panceri para fazer venda de uvas em Londrina, Ourinhos e Maringá).
Em 17 de dezembro de 1955 me formei Técnico em Contabilidade pela Escola Técnica de Comércio Santo Antônio.
COMO FOI A VINDA PARA CAMPO MOURÃO? Foi em 1956 que vim para Campo Mourão trabalhar com os empreendimentos do senhor  Aldo Casali. Trabalhei com a família Casali, não só como contador, mas também, fazendo e aprendendo todo serviço que se apresentasse como torneiro, soldador, ferreiro e, posteriormente, atuei na área do comercio de peças e acessórios.
Em maio de 1961 participei como sócio na fundação da Ferragem Casali Ltda como sócio majoritário o tio, amigo e apoiador Aldo Casali. Lembro que também fez parte da sociedade o amigo Miguel Antunes de Oliveira, o “Tio Miguel”. Em 1967, por iniciativa de Aldo Casali, o grupo fundou a  Pedreira Santa Maria, mais tarde Casali e Cia  Ltda.”
COMO SURGIU O ROMANCE COM A DONA DORNÉLIA? O romance com a dona Dornélia surgiu no final de 1959, quando nos conhecemos. Namoramos cerca de um ano e meio e nos  casamos em 05 de maio de 1961 na Catedral São José, que na época ainda estava sendo erguida em torno da antiga catedral de madeira.
COMO FOI A COMEMORAÇÃO DO CASAMENTO? Foi marcada pela participação da família toda, todos ajudaram como podiam: uns matando e depenando os frangos, outros querendo inventar mais uma sobremesa como o cunhado Alberto, que despejou de uma só vez 05 quilos de sagu em uma panela.  Foi uma correria danada atrás de mais panelas e vinho para abrigar tanto sagu. O almoço foi marcado para às 10 horas e às 11 horas partimos em avião para nossa viagem de núpcias com destino a Porto Alegre.
O NASCIMENTO DAS FILHAS FOI PLANEJADO? Como casados tínhamos casa própria mas com muitas parcelas de material de construção para pagar e combinamos que teríamos filhos  dentro de dois anos ou mais após o casamento. No entanto, nove meses depois em janeiro de 1962  nasceu nossa primeira filha (Izabel), em dezembro do mesmo ano (1962), nasceu Inêz.
Em fevereiro de 1966 chegou para completar à família, a filha caçula (Ivete). Foram anos de muito sacrifício, a chegada das filhas fortaleceu ainda mais os laços entre eu e a minha esposa, que sempre teve mútuo afeto e cumplicidade.
O SENHOR SEMPRE FOI ESPORTISTA. PARA QUAL TIME TORCE? CHEGOU A JOGAR EM CAMPO MOURÃO?  Torço para dois times (Juventude e Grêmio). 

Em 1962 fui convidado a fazer parte do time da Cama Patente nos jogos de final de semana em Campo Mourão. O futebol sempre foi o meu esporte favorito.

COMO ERAM A CONVIVÊNCIA COM AS FILHAS? Muito boa, ensinei minhas filhas a brincar com pipas, estilingues, andar a cavalo, a trocar os pneus de carro, a encher os cartuchos da espingarda e tiro ao alvo. Ensinei essas coisas que pai ensina para os filhos e no meu caso, ensinei para as filhas).
COMO SURGIU O SONHO DE SER AGRICULTOR? O sonho de tornar agricultor também foi se realizando, com alguns tropeços, pois a vida de agricultor tem surpresas do plantio à colheita, e às vezes essas surpresas podem ser responsáveis por grandes frustrações e leva um tempo, até que o agricultor se refaça.

Principalmente para quem está iniciando na atividade. Mas com o tempo e a persistência, vem as compensações, e em anos de boa safra, é possível a realização de alguns sonhos.
O SENHOR TEVE PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE? Sim, sempre tive isso em mente ajudar e colaborar com os outros. Sempre participei ativamente do Rotary, sou um dos sócios-fundadores do Rotary Campo Mourão em 1969, ao lado de José Aroldo Gallassini, Ademar Batista de Mello, Luiz Massaretto, Vicente Urbano Leite, Nelsinho Teodoro de Oliveira e Manoel do Nascimento, o “Maneco do Farmácia”.
 Assumi a presidência do Rotary Club de Campo Mourão na gestão 1981/82 e minha esposa Dornélia assumiu a Casa da amizade (Associação das Senhoras Rotarianas)  em duas gestões. Recebi do Rotary as Comendas “Emílio Germani” e “Paul Harris Fellow”.
COMO FOI A ENTRADA DO SENHOR NA COAMO E NO COOPERATIVISMO? No final do ano de 1974 fui convidado pelo amigo e companheiro José Aroldo Gallassini  para fazer parte da chapa encabeçada por ele, para disputar a Diretoria da Coamo.
Fomos eleitos em 18 de janeiro de 1975 e modéstia à parte fizemos um grande trabalho. Permaneci trabalhando na diretoria da Coamo por 33 anos.
Estive na criação da Credicoamo em 17 de novembro de 1989, onde também fui diretor administrativo da Credicoamo no período entre 1996 a 2006. 
Fui diretor da Ocepar entre os anos de 2003 e 2007 e recebi homenagem das cooperativas paranaenses em reconhecimento à minha contribuição ao sistema cooperativo. 
Também  lembro com orgulho que recebi em 09 de abril de 2008 o título de Cidadão Honorário do Município de Moreira Sales, no Noroeste do Paraná. 
E por inúmeras vezes como vice-presidente da Coamo recebi em nome da diretoria 
o prêmio “A Granja do Ano” oferecido pela revista A Granja, em Esteio (RS).
COMO FOI A HOMENAGEM RECEBIDA PELA COAMO QUANDO DA SUA SAÍDA DA DIRETORIA? Foi em 15
de Fevereiro de 2008, quando recebi homenagem em nome dos cooperados, diretoria e funcionários da Coamo como agricultor, cooperativista e amigo de diretoria, pelos meus 33 anos de dedicação,  trabalho, profissionalismo e apoio na construção da Coamo e do Cooperativismo brasileiro. Fiz grandes amigos dentro e fora da Coamo. 
A CHEGADA DOS NETOS MUDOU A VIDA DO SENHOR? A chegada dos meus netos trouxe muitas alegrias e mesmo com a correria e atribulações, como avô, sempre dei atenção aos meus netos estando presente e procurando repassar exemplos de coragem, trabalho e honestidade.
QUAL A MAIOR PREOCUPAÇÃO DO SENHOR EM RELAÇÃO À FAMÍLIA? Quando completei 75 anos fui
homenageado, em 30 de abril de 2009. Em 05 de maio de 2011, completei com a dona Dornélia  50 anos de casados, os quais  comemoramos as Bodas do Ouro com nossos familiares e amigos. Uma preocupação é oferecer o melhor estudo aos jovens da família, pois acredito que o saber é o maior bem que um homem pode deixar aos seus descendentes.  Meu desejo  é idêntico a de todo homem de família, que almeja o melhor para seus entes e quer vê-los como pessoas honradas, prosperando com dignidade e respeito ao próximo.
VAPT-VUPT
ÉTICA É.... ser coerente em todas as coisas que pratica, e sempre deve ser praticada para o desenvolvimento das pessoas e para o bem comum.
A CAMPO MOURÃO DO PRESENTE É ...muito bonita, teve um pulo muito grande nos últimos 10 anos.
A CAMPO MOURÃO DO FUTURO SERÁ!!! Uma cidade em franco progresso, com o impulso das faculdades e das novas indústrias.
MÚSICA... romântica
RELIGIÃO...Católico
UM SONHO....Com quase 80 anos, sonho ver meus familiares bem, felizes, e progredindo.
COMO DEFINE A NOITE EM QUE RECEBEU O TÍTULO DE CIDADÃO HONORÁRIO EM CM? Foi muito boa, inesquecível, senti-me muito honrado e feliz. Não imaginava que fosse tudo aquilo. 
SENTIMENTO DE RECEBER ESTA HOMENAGEM? É Gratificante, por dever de consciência, devo dizer que, se durante minha caminhada, alguma atividade ou trabalho surgiram algum mérito aos olhos da comunidade e que merecessem distinção, tenho que dividi-la com àqueles que comigo conviveram e que ainda convivem.  A todos a minha gratidão, pois foram os grandes apoiadores de toda iniciativa conjunta que eventualmente produziram frutos.
QUAL O SEU RECADO AOS LEITORES DESSA ENTREVISTA DE DOMINGO? Em especial, agradeço a Deus, este pai poderoso que nos encoraja a trabalhar para que tenhamos uma sociedade cada vez melhor e mais justa. Desejo que a benção de Deus ilumine a todos. Estou com quase 80 anos, dos quais 57 anos em Campo Mourão, é uma vida bem vivida, que pretendo vivê-la por muitos anos. Amo esta cidade e desejo muitas felicidades e sucesso a todos. Muito obrigado.

Um comentário:

  1. Exemplo de vida do amigo Sérgio Luiz Panceri, narrada pelo confrade Ilivaldo. Mais uma prova de que os frutos aparecem quando se prepara a terra, escolhe a semente e cultiva com amor. Peço a Deus que continue abençoando a todos!

    Prof. Agnaldo Feitoza

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