15 de out. de 2013

COLUNA JOSÉ EUGÊNIO MACIEL: É mais fácil vender blusa de lã no deserto do que livros

“Poesia é quando uma emoção encontra seu pensamento  e o pensamento encontra palavras” Robert Frost
Sei que foram muitas, perdi a conta o quanto de vezes que citei a famosa frase do escritor Monteiro Lobado. De novo é oportuno: “Um país se faz com homens e livros”. E é a primeira vez que me atrevo a uma conclusão quanto ao dizer do autor do “Sítio do Pica-Pau Amarelo”: O Brasil é feito por poucos e desfeito por muitos.
O título desta Coluna não é uma força de expressão, é realidade. Entre muitos dados para demonstrar que a maioria dos brasileiros não leu um livro sequer, convém citar, 75% jamais entrou em uma biblioteca, ou seja, de cada dez brasileiros mais do que sete sabe que existe – quando existe – uma biblioteca no lugar onde mora. Em tal levantamento feito, “Retratos da leitura no Brasil”, a média de leitura por pessoa não é superior a quatro livros por ano. Além disso, os que leem são obrigados por causa da exigência escolar. Caso a iniciativa seja própria do brasileiro, espontânea, os dados são estarrecedores: um livro por ano!
Independentemente dos propósitos e metodologias, o que não falta são projetos, programas, iniciativa objetivando criar, promover e oferecer meios para a leitura, criar o hábito. Infelizmente os resultados são pífios. Sem preconceito, uma comparação: Tem brasileiro que frequenta bar a vida inteira sem nunca entrar em uma biblioteca. Abundantemente irá brindar com o copo uma bebida alcoólica e irá morrer sem ter pegado em um livro, abrir e lê-lo.             
Como estou longe do deserto, Saara, por exemplo, e não tenho jeito algum para vender qualquer coisa por lá e o meu “deserto” é o Brasil que mais não lê do que lê, faço aqui o meu convite aberto para todos mesmo: no próximo dia 26, às 11 horas na Biblioteca Municipal de Campo Mourão, na “Estação da Luz”, eu e o Gilmar Cardoso iremos lançar o nosso livro de poesias “Juntos... Poesia nossa de cada dia”. Graças ao convite primeiramente e que depois se tornou uma intimação por parte do fraterno amigo Gilmar que eu estou enveredando por tal caminho. A presença do caro leitor será uma grande honra no nosso lançamento.
Mesmo que seja menos difícil – ou até mesmo fácil – vender blusa de lã no deserto, tenho o desafio de vender o nosso livro para todo aquele que faça parte da exceção ou que venha a deixar o lado dos que jamais leram.     
Frases de Fazer frases (I)
Uso fluir para usufruir. E uso o fruto para usufruto.
Fases de Fazer Frases (II)
A vida é de contornos necessários para que ela não seja de transtornos.
Fases de Fazer Frases (III)
Fora a estética, não são os dentes que fazem belo um sorriso. É a alma do bom humor.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Depois do troca-troca partidário, tema da última Coluna, convém lembrar dois ditados: “Lagartixa não vira jacaré” e “minhoca não vira cobra”.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Recentemente, após ter sido tema principal desta Coluna, registrei o fato de ele ter enviado mensagem para agradecer. A morte do Darcy Deitos nos deixa grandes lições, principalmente em termos políticos, aliás, cada vez mais raro, o de trilhar o caminho que some a vocação pública com o sentimento de legitimidade popular.    
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Como o tema principal da Coluna é sobre o fato da maioria dos brasileiros não ler nada nem carece de pesquisa, é notório, constatação que não requer o esforço, rememoro uma situação vivida por mim há anos. Não irei citar pormenores.  Compareci ao lançamento de um livro tendo chegado no horário, como é o meu costume. Não tinha ninguém, mas, como o brasileiro usa relógio só para verificar as horas sem respeitá-las como deveria, considerei normal não ter ninguém ainda.
... O tempo foi passando... Continuava apenas eu e a pessoa... E nada de chegar que fosse apenas e tão somente uma pessoa. Fui solidário. Fiquei com a pessoa naquele momento tão frustrante para ela e para mim, dada à situação, típica de um Brasil que não lê.
A partir de então, se convidado, não deixo de comparecer ou de justificar a minha ausência, pois sei que vender blusa de lã é sempre menos difícil.   
 Reminiscências em Preto e Branco (III)
Ainda a fazer referência ao Brasil que não lê, pode-se observar a sala de estar da maioria das residências. O principal objeto é o televisor, destaque de tal cômodo, e já não se usa instantes, seja por que os aparelhos são bem fininhos e podem ser pendurados, mas por que não precisa lugar para colocar livros, uma vez que eles não fazem parte da vida da maioria. 
José Eugênio Maciel, professor, escritor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras e do Centro de Letras do Paraná.

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