17 de mai. de 2011

COLUNA DO PROFº MACIEL: DIVA, A SABER



DIVA, A SABER
“A imortalidade de que reveste a natureza humana,
faz o homem sempre presente.
Presente pela amizade que conquistou,
Presente pelo exemplo que legou.
Sempre presente porque ‘educou’”.
Michel Wolle
A professora Diva Camargo deixou grandes lições, lições que não ficaram no quadro, não estão nos apontamentos dos livros ou repousaram nas anotações feitas por aqueles que ela ensinou. O aprendizado maior foi o saber que ganhou espaço relevante na memória do coração dos seus alunos.

Ao tomar conhecimento da morte da ilustre professora Diva, imediatamente veio a lembrança algumas expressões bem estampadas no seu rosto, a serenidade era uma delas. Mesmo com todo o conhecimento e experiência professorais, ela estava sempre disposta a alargar o horizonte do saber próprio e imediatamente o fazia para compartilhar em sala de aula e com os colegas do magistério. Tal serenidade permitiu-lhe, aliás, com acentuada peculiaridade, ter a autoridade para conduzir as aulas atraindo para si naturalmente à atenção para as explicações, sempre claras, seguras, didáticas.
Com os olhos e expressão de ternura, fora sempre atenciosa a manifestação dos estudantes, ouvia-lhes atentamente pautando-se na condição de professora ou de um ser humano amigo. No cotidiano do seu mister amealhava amizades que até mesmo só puderam perceber e reconhecer a importância de tal convivência quando já não mais eram seus alunos. A mesma sensação agora, porém definitiva, doída, marcadamente irreversível diante da perda.
A professora Diva desde o momento em que merecidamente se aposentou, começou a fazer falta por causa de um grande e cristalino valor bem próprio dela e da educação que recebeu, a conduta ética. A moral como base de valores irrenunciáveis, em sala de aula ou em qualquer outra situação, era a mesma figura humana ou profissional, a ética do respeito, a ética no cumprimento dos deveres, a ética no trato com as pessoas, sempre franca, a lisura ao se dirigir as suas classes, a ética da clareza. Ela faz falta à medida que a chamada modernidade social privilegiadora do individualismo egoísta e o ter como ostentação, Diva era o ser humano como ser e o ser como humano, um valor que infelizmente não tem mais a relevância que outrora precisaria ter.
Professora Diva, você leva junto de ti esta última homenagem quando nem todas as luzes hão de se apagar, muito menos definitivamente. O iluminar prossegue clareando a caminhada de uma jornada que tem que prosseguir mesmo sem a sua presença física. Continuarás a ser diva que sabia o que ensinava e ensinava com o saber próprio dos mestres.
Fases de Fazer Frases
A vida é uma incompletude a nos marcar inteiramente.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Na sede da APP – Sindicato, enquanto não tinha iniciado a manifestação dos professores pela imediata implantação do Piso Nacional do Magistério, eu observava juntamente com alguns colegas um cartaz publicitário contendo a planta geral da cidade de Campo Mourão, todas as vias e os nomes dos bairros. O cartaz conta com importantes patrocinadores que lá inseriram o nome das suas empresas. Pois bem, olhando as fotografias que preenchiam o espaço, tem uma lá que não é da nossa cidade, mas de alguma outra. Evidentemente que houve um grande engano. O gozado é que ninguém deve ter notado, nem mesmo os que fizeram ou patrocinaram o referido cartaz. E, em tom de brincadeira, cá com os meus botões, “mania” que professor tem de ensinar e também ensinar tendo que corrigir!
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
E por falar em corrigir, a pintura no asfalto informando ser espaço reservado para o estacionamento dos condutores de veículos que sejam portadores de necessidades especiais, foi feita sem a colocação do acento agudo da palavra físico. E quem achar que acento não é tão importante assim, então não o coloque, por exemplo, na palavra cágado.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
O presidente mais longevo do Brasil morreu no dia 15 de maio de 1966, aos 98 anos. Tendo quase chegado aos cem anos, Venceslau Brás Pereira Gomes pôde em vida receber muitas homenagens, notadamente a denominação de cidades, como a pequena paranaense Wenceslau Brás. Mineiro nascido em Itajubá, onde faleceu, ocupou praticamente os mais importantes cargos da política mineira e depois brasileira. A formação de advogado respeitado e bom orador contribuíram muito, inclusive para ser eleito vice-presidente da República, na chapa de Hermes da Fonseca.
O que chama a atenção é o fato de ter se candidatado posteriormente a presidente. Mas, se poucos conhecem a biografia dele, em qualquer pesquisa pelo menos algum fato todos se lembrarão do candidato que ele derrotou, conhecido não por causa daquela disputa, mas um nome que está entre as pessoas mais inteligentes e influentes que o Brasil já teve, o mestre Rui Barbosa. Venceslau Brás derrotou Rui Barbosa e chegou à presidência em 1914, governando o País até 1918. Venceslau fez 532.107 votos, contra apenas 47.782. O baiano Rui não foi páreo para a já conhecida política café com leite, que consistia na alternância do poder entre paulistas (produtores de café) e mineiros (produtores de leite) no comando do Brasil.

José Eugênio Maciel é professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras.

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