20 de fev. de 2010

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: Economia e vida!


Começou dia 17 de fevereiro, Quarta-feira de Cinzas, a Campanha da Fraternidade de 2010, que levará a 50 mil comunidades cristãs de todo país, o tema Economia e Vida, colocando a ética cristã em guerra com o espírito do capitalismo. A mobilização tem como alvo o modelo econômico vigente que coloca o lucro acima das pessoas e como mote o versículo de Mateus segundo o qual não se pode servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo. Na mira de bispos, pastores e reverendos figuram inimigos como a ânsia desenfreada por lucro, o agronegócio, o capital especulativo, o consumismo e o sistema financeiro internacional.

A campanha terá um caráter ecumênico, participam, além da Igreja Católica, representada pela CNBB, outras quatro denominações religiosas: Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Presbiteriana Unida do Brasil.Igreja Sírian Ortodoxa de Antioquia que pertencem ao Conic (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil). A campanha deste ano tem um caráter utópico, tendo como objetivo substituir o modelo econômico baseado no lucro por um outro, voltado para o bem-estar das pessoas. Em lugar dos bancos, da globalização, do agronegócio e da movimentação de capitais, entram em cena cooperativas, redes solidárias, agricultura familiar e iniciativas de microcrédito.
Repleta de pontos de vistas polêmicos, a campanha foi recebida com ressalvas por muitos e deve causar polêmica. Muitos compartilham da ideia de que a economia tem de estar a serviço do homem e se juntam à crítica à ganância e ao individualismo, mas fazem restrições a alguns pontos, como a demonização do lucro, o ataque ao agronegócio e à globalização. O Brasil não pode prescindir do agronegócio, como não pode prescindir da agricultura familiar.

Há uma mensagem em tom de crítica à política econômica adotada sob Lula. O texto-base inclui críticas à crescente dívida interna do país, às altas taxas de juros, à elevada carga tributária, ao sistema financeiro internacional e até ao PAC.No trecho dedicado à divida interna, o texto da campanha anota, por exemplo:“Apesar dos gastos com juros e amortizações da dívida pública consumirem mais de 30% dos recursos orçamentários do país, essas dívidas não param de crescer”. Com textos e gráficos, o material do evento propõe a conscientização sobre alguns temas econômicos que são pouco conhecidos por grande parte da população.O documento sustenta a tese de que a dívida limita a capacidade do governo de destinar verbas aos investimentos sociais.

A campanha será deliberadamente associada às eleições de 2010. Deseja-se levar as comunicades cristãs a refletir sobre a necessidade de cobrar mudanças. O frade católico Carlos Josaphat, da ordem dos dominicanos, acrescenta que um dos objetivos da campanha é estimular os cristãos a abandonar a passividade.Deseja-se, segundo ele, combater a omissão da comunidade religiosa em relação ao que chama de uso perverso das ferramentas da economia.

Ouça-se o que diz o secretário-geral do Conic, Luiz Alberto Barbosa, um reverendo da Igreja Anglicana:“Escutamos o discurso oficial de que o país caminha para ser a quinta economia do mundo. Mas é preciso perguntar...:”“...Se o cenário é tão bom, onde estão os recursos? Ainda temos quase 40 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza e não há trabalho e saúde para todos”.
Maria Joana Titton Calderari – graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br

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