8 de jan. de 2021

O PRIMEIRO FOTÓGRAFO mourãoense: José Luiz Arana


Segundo relatos do jornalista e historiador Wille Bathke Júnior, o primeiro fotógrafo em Campo Mourão foi José Luiz Arana. Ele nasceu em Ponta Grossa no dia 24 de abril de 1934, sendo filho do fotógrafo Ozório Arana e de Maria Milich. A esposa, Alina Zaleski nasceu no município de Ivaí, dia 15 de abril de 1921. Filha do comerciante e agrimensor Eugênio Zaleski e de Sofia Zaleski.
Eles eram também pioneiros mourãoenses, proprietários do Hotel Central, o primeiro na cidade, além de responsável pelo traçado urbano da área central de Campo Mourão.

1940 – A exemplo da família Zaleski, a família Arana também veio de Ponta Grossa – PR. José Arana contava nessa época, com 16 anos e seu primeiro ofício em Campo Mourão foi o de estafeta (correio) e transporte de mercadorias em carroção coberto com tolda. O trajeto que fazia, em média uma vez por mês, ida e volta, demorava 30 dias, com tempo bom.  

Aspectos – Entre os anos 30 e meados de 40 a vila de Campo Mourão não tinha mais que cinco ou 10 ranchos de pau-a-pique, bem distantes um do outro. A maioria era de posseiros, aventureiros e pioneiros que por aqui passaram ou se fixaram no afã de tirar frutos da terra e proporcionar um futuro melhor às suas famílias. 

O povoamento, desta forma, resultou em um emaranhado de estreitas estradas e carreadores por onde as pessoas se deslocavam a pé, a cavalo, em carroças e nos 'chiques’e 'cantantes'  carros-de-bois, os mais importantes daqueles tempos. 

Não havia estrada oficial e não se vislumbrava uma cidade no então vasto cerrado mourãoense onde a caça era abundante e os perigos também, por causa do sertão desconhecido, falta de recursos e de assistência medicinal, sem remédios ou médicos. Muitos pioneiros, crianças e mulheres com males difíceis de curar com benzimento e remédios caseiros, tinham que ser transportadas em carroças ou a cavalo até Guarapuava e, a maioria, morria pelos caminhos dada a demora dos deslocamentos que duravam semanas e até meses para se atingir o destino, a partir do nascente Campos do Mourão. 

Da mesma forma, as compras de subsistência, eram feitas em Guarapuava, com a mesma demora e imprevistos. O maior entrave nas longas viagens eram as chuvas e as cheias dos rios. As caravanas, ou pessoas, ficavam ilhadas, pois não existiam pontes. As travessias eram feitas por dentro dos rios, em suas partes mais rasas e de corredeiras mansas, conhecidas por lajeados.

José Luiz Arana, por dezenas de vezes, viu-se diante desses desafios e enfrentou todo tipo de transtorno nas suas lides de transportes de mercadorias e de malotes postais, em carroções de tração animal, de Guarapuava a Campo Mourão e vice-versa. 

As correspondência, a partir de 1940, eram deixadas em caixa de papelão redonda (chapéus ramezoni) no balcão da Casa Iracema, na esquina da Av. Irmãos Pereira com a R. Brasil ou no armazém Santo Antonio da dona Margarida Wakin, na esquina da Av, Índio Bandeira com a R. São Paulo, ao lado do Ponto 1 de táxi.

Paisagem – O que se avistava, onde hoje está Campo Mourão, bairros e conjuntos residenciais era um imenso descampado, um capim nativo de altura média e muitas espécies de árvores retorcidas, de casca grossa, entremeadas de macega e arbustos, a maioria frutíferos, tais quais a guabirova, pitanga, cereja, araticum, araçá, amoras e capota. Essas frutinhas eram abundantes nos dois últimos meses do ano, e alimentavam grandes colônias de saúvas, lagartos, tatus, cobras e lagartixas verdes, além das lebres e dos veados campeiros conhecidos por cambutãs. Tinha muito inhambu e muitas perdizes que piavam bonito no amanhecer e ao entardecer. Na beiras dos rios, em torno dos campos do cerrado, era comum ver bandos de capivaras e pares de antas com suas crias, pastando e chafurdando na água limpa.



Texto de Wille Bathke Júnior

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