“Que tempos são estes, em que é necessário defender o óbvio?”Bertoldo Brecht
Ulysses Guimarães afirmou, “a única coisa que mete medo em
político é o povo nas ruas”. E o medo foi tanto que o primeiro momento ante as
manifestações foi a reação violenta com balas de borracha. Subestimar o povo se
caracterizou pela intenção de não negociar e manter o aumento das passagens
então concedido por Geraldo Alckmim (PSDB) e por Fernando Haddad (PT),
respectivamente governador e prefeito de São Paulo. Tiveram que voltar
atrás e não só cancelaram a elevação do preço como baixaram o valor das tarifas,
o mesmo ocorrendo nas capitais brasileiras.
Vivemos um dos mais importantes momentos históricos do País, superior as
manifestações, a campanha Diretas-já!, o Fora Collor! que foram de intensa mobilização social, superados pelas manifestações
atuais. O momento agora tem um fator que diferencia profundamente dos
anteriores, o de ter se dado de maneira absolutamente espontânea, inicialmente
pelas redes sociais e na medida em que o povo comparecia as ruas, mais pessoas
foram se juntando em enormes contingentes. Além dos grandes centros urbanos, se
espraiaram protestos e revindicações em passeatas e concentrações pelo interior
do Brasil e Campo Mourão vivenciou também o seu maior encontro do povo com ele
mesmo, nas ruas, tudo para dizer “basta!”.
Inicialmente atônitos e acuados – pouquíssimos por prudência – os
ocupantes dos três poderes ficaram em silêncio perplexo, tentando compreender
algo de novo e sem ter uma resposta a dar. E quando se manifestaram, disseram o
óbvio, como a presidente Dilma (PT), ao se pronunciar colocando a questão sobre
os protestos, que eram legítimos e se posicionando contrário ao vandalismo.
Ficou no óbvio, dando até a impressão que a situação não era bem com ela.
O que preponderou é o desejo latente de se exigir do Estado que
efetivamente seja ele capaz de promover o bem-estar social, dando respostas
efetivas às demandas tais como saúde e educação. Não se imaginava – nem por sonho – que se criticassem tanto os gastos e
o mau uso do dinheiro público na construção de estádios para a Copa das
Confederações e para a Copa do mundo do ano que vem. Apaixonado por futebol,
que faz parte da cultura brasileira, o povo demonstrou cabal senso crítico
quanto ao que é prioridade. Num dos cartazes estava escrito: “Quando o seu
filho ficar doente, leve-o ao estádio”.
O recado foi para os políticos e para todos os Partidos, e é evidente
que o sentimento majoritário está centrado na falta de representatividade
legítima, uma vez que após o resultado das urnas muitos viram as costas para o
povo ou se acomodam nos palácios. A critica põe todos ante à incredulidade ou
desconfiança claras, embora seja preciso não descuidar para não generalizar. O
povo não quis associar-se a este ou aquele partido, sendo contra as bandeiras
deles. Por enquanto ninguém é mais dono do povo.
Os reflexos iniciais são positivos, a PEC 37 foi rejeitada, o
Supremo Tribunal Federal determinou finalmente a prisão de um deputado corrupto
– que a Câmara poderia já tê-lo cassado de há muito por decoro parlamentar, mas
nem sequer examinou o tema. O Congresso anunciou o fim do voto secreto para a
cassação de parlamentares e a corrupção será agora enquadrada como crime
hediondo. O medo e a pressão caminham juntos, seja pelo temor das ruas, seja pelas
eleições do ano que vem.
Legislativo, Executivo e Judiciário se apressaram em apresentar suas
agendas, mas é preciso advertir, a pauta há de ser feita pelo povo.
Fases de Fazer Frases
Tem quem não faça ideia o quanto a ideia faz.
Olhos, Vistos do Cotidiano ((I)
Faltam 10 dias para os 25 anos desta Coluna. O registro histórico será
antecipado do dia 10 de julho (quarta) para o domingo que vem, sete. O melhor
registro quem pode realizar é o público leitor, e todas as manifestações serão
bem-vindas, inclusive críticas discordantes.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Dando sequências as manifestações elogiosas, registro as seguintes, de
Campo Mourão: “Cada vez que leio
a sua coluna, passo um tempo, quase uma fase, de fazer frases, nem quero pensar
o quanto, mas minhas reminiscências em preto e branco, a falta do preto no
branco da sua coluna me fará. Prefiro pensar que começaremos a contagem
proativa de mais de 25 anos de Coluna e poder dizer adiante: não estive nem com
o Estive, mas tive Maciel nas páginas da Tribuna”, palavras da Lídia Mizote. Ivete Sakuno escreveu: “Excelente! Parabéns, Maciel!!”. Também sinteticamente Clodoaldo Boneto concluiu: “Não é para qualquer um, parabéns!”.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
“Justa homenagem, justo ao tempo na justeza dos
dizeres”, escreveu Claito
Macedo. Estter Ribeiro de Moraes: “Parabéns, 'bodas de prata', que venham
outros 25 anos”. E Silvana Valéria:
“Parabéns e sucesso sempre!”.
Olhos, Vistos do Cotidiano (IV)
De Maringá escreveu Wilson “Chibiu” Gomes. Ao elogiar os meus saudosos
pais e informar ser leitor assíduo desta Coluna, escreveu: “você é escritor criativo, inteligente, educado. Espero que outros 25
anos venham depois”. “Da mineira
Contagem, Regiane Silva Fonteneles registrou: Você alia elegância, ênfase,
humor, seriedade, tudo com um conhecimento típico de um mestre das palavras,
que você bem emprega ao verbalizar ou na produção dos seus maravilhosos textos”. De Goioerê, Raimundo Nascimento Pereira, nascido em Exu, Pernambuco
afirmou ter ficado comovido pelo texto desta Coluna por ocasião do centenário
de Luiz Gonzaga, o “rei do Baião”: “Achava que você
fosse um intelectual que não apreciava a música nordestina. Fiquei seu
fã”.
Reminiscências em Preto e Branco
Nem sempre quando é tempo de escrever se tem tempo para escrever; tudo
se circunscreve. José Eugênio Maciel, mourãoense, professor, sociólogo,
advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras e do Centro de Letras do
Paraná.
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