27 de jul. de 2013

PROFESSORA MARIA JOANA: “Pai Francisco, obrigado por estar aqui”.

Com estas palavras o papa foi saudado na pobre, simples, humilde, esquecida e desconhecida comunidade de Varginha, em Manguinhos, conhecida como a faixa de Gaza da região, pacificada há um ano apenas. Construída em cima de um antigo lixão aterrado até hoje só aparecia nas colunas policiais com as notícias dos conflitos armados, das enchentes. Desde que foi escolhida para ser visitada, a pedido do papa, passou a ser lembrada pelo poder público, recebendo asfalto, luz, coleta de lixo, limpeza nas ruas, pelo menos naquelas onde o papa passaria... Mas recebeu muitos mais que benefícios-direitos materiais. ”Deus se fez presente nesta comunidade” “Fomos visitados pelo doce Cristo na terra” disse o jovem que o saudou.
E o papa retribuiu todo carinho recebido: “Que bom estar aqui com vocês” Falou que o seu desejo era “bater em cada porta da casa de cada brasileiro, dizer bom dia, receber um copo de água fresca, pedir um cafezinho, falar como um amigo, ouvir o coração de cada um... Mas o Brasil é tão grande e não é possível bater a todas as portas...”.
Mas, com o seu sorriso meigo, ele está batendo no coração de cada um dos que tem cumprimentado acenado, nas famílias de cada criança que tem beijado carinhosamente. Com suas palavras simples e fortes tem batido no coração e na consciência de quem o ouve. Nem a chuva, nem o frio tem espantado, desanimado os milhares de jovens que estão em todo Rio, em todos os lugares por onde passa o pastor com cheiro do seu rebanho.
Estou encantada com o Papa Francisco, com o bispo de Roma, desde a sua primeira aparição no balcão do Vaticano como seu carinhoso “Buona sera”, o seu humilde convite à oração, o seu permanente e incisivo pedido “Rezem por mim, não se esqueçam, eu necessito...”.E o encanto só cresce na medida em que acompanho seus passos, suas palavras, sua vida desde então. Tenho lido, assistido tudo que posso sobre suas ações nestes quatro meses de papado.
Ao vê-lo embarcar carregando sua própria valise, dispensando todas as mordomias e facilidades do cargo, imaginei como seria sua presença aqui no Brasil. Na chegada entristeceu-me os primeiros cumprimentos serem para os políticos ali enfileirados para as fotos, esquecidos de seu passado não tão distante... Entristeceu-me as palavras da presidenta falando dos feitos de seu partido, surda aos gritos das ruas que ainda ecoam em cada brasileiro... Mas o papa que cumpriu as obrigações protocolares de um chefe de estado não foi o mesmo que encontramos nas ruas, ao lado do povo, para delírio deste e desespero dos seguranças. E é este papa-povo que nos encanta cada vez mais.
Ainda nem começou sua participação oficial na Jornada Mundial da Juventude, mas por onde ele passou já deixou muitas marcas de Fé, Esperança, Alegria. Em Aparecida pediu para “Conservar a esperança, Deixar Deus te surpreender e viver Feliz". Com os jovens em recuperação da dependência repetiu o pedido: “Não deixem que lhe tirem a esperança”.
 Na comunidade de Varginha repetiu: “Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo”. (...) “Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês. Levo a cada um no meu coração e faço minhas as intenções que vocês carregam no seu íntimo: os agradecimentos pelas alegrias, os pedidos de ajuda nas dificuldades, o desejo de consolação nos momentos de tristeza e sofrimento. Tudo isso confio à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com grande carinho lhes concedo a minha Bênção.”
 Que Deus o proteja, abençoe, ilumine seus passos pai Francisco. Que seu pedido feito aos jovens conterrâneos argentinos se realize e a alegria que enche o Rio nesta JMJ transborde para as ruas do mundo todo.
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br


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