4 de fev. de 2013

COLUNA DA PROFESSORA MARIA JOANA: Por quê?


Por quê?
Nesta semana nossa vida foi invadida por uma série de perguntas sem respostas diante da tragédia que vitimou centenas de jovens em Santa Maria.
A jornalista Eliane Cantanhede listou uma série de Por quês?
“Por que aviões que comportam 300, 400 passageiros têm seis portas, mas a boate Kiss, com capacidade para mil pessoas, tem uma única saída? Por que não há, ou não havia, saídas de emergência nem válvulas de escape para fumaça?”
 “Por que o sinalizador Sputnik, que atinge até quatro metros de altura e só é permitido para áreas externas, vinha sendo usado pela banda "Gurizada Fandangueira" em ambientes fechados, inclusive na Kiss? 
“Por que os seguranças não tinham nem sequer walkie-talkies para trocar informações sobre a gravidade e liberar imediatamente a única saída?” 
“Por que o músico e um segurança tentaram acionar o vital extintor de incêndio e ele não funcionou? Estava quebrado? Vencido? Só havia um?
“Por que não havia uma equipe de brigadistas que pudessem reagir rapidamente para apagar o fogo, controlar o pânico e evacuar o prédio?”
Poderíamos elencar inúmeros outros por quês: -Por que os engenheiros, arquitetos que projetaram as reformas desta (e outras tantos lugares públicos) boate encaixotaram as janelas deixando uma única porta de saída? E porque usaram uma forração tão inflamável e tóxica?
Por que a tragédia semelhante ocorrida em Buenos Aires em 2004, deixando 194 mortos não serviu de exemplo e de proibição do uso de pirotecnia em shows em ambiente fechados? Por que...
Mas o por que mais triste, a dúvida mais cruel da jornalista e de todos nós é: “E como o poder público, que autoriza e fiscaliza, não viu?”
E o jogo de empurra empurra do levantamento dos culpados continua diariamente a bombardear nossa vida.
Já o jornalista Jânio de Freitas mostra a incapacidade do “O poder público não é capaz nem de remediar os riscos de tragédia que estão por toda parte nas cidades. Não só nas casas noturnas e soturnas. Também nos prédios altos, em centros comerciais, no fogaréu dos restaurantes, em ginásios esportivos, lugares de diversão, por toda parte. Não se pode crer que esse imenso mundo de riscos e imprevistos venha a ser fiscalizado pelo poder público. A falta de pessoal, o despreparo, a corrupção desmentem que o poder público seja poder fiscalizador”.
Mas pelo menos neste momento o poder público está acionando todos os meios de controle, fiscalização de outros locais como a boate Kiss visando evitar que a tragédia volte a acontecer...
E quem pode consolar os que ficam?Justiça... vingança não trará ninguém de volta para casa... Para os que crêem resta o consolo de que os que partiram chegaram ao porto final de sua curta viagem pela vida onde são muito bem recebidos como nos diz Leonardo Boff em sua crônica “Em memória aos mortos de Santa Maria”.” E vão ao encontro do passageiro, o abraçam e o beijam. E se alegram porque fez uma travessia feliz. Não perguntam pelos temores que teve nem pelos riscos que quase o afogaram. O importante é que chegou apesar de todas as aflições. Chegou ao porto feliz.
Assim é com todos os que morrem. O decisivo não é sob que condições partiram e saíram deste mar da vida, mas como chegaram e o fato de que finalmente chegaram. E quando chegam, caem, bem-aventurados, nos braços de Deus-Pai-e-Mãe de infinita bondade para o abraço infinito da paz. Ele os esperava com saudades, pois são seus filhos e filhas queridos  navegando fora de casa.
Tudo passou. Já não precisam mais navegar, enfrentar ondas e vencê-las. Alegram-se por estarem em casa, no Reino da vida sem fim. E assim viverão para sempre pelos séculos dos séculos.”
Que a Fé seja o consolo dos que ainda estão viajando...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br 

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