5 de ago. de 2011

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: Começou o declínio do Império?



É muito cedo para afirmar, mas o modelo econômico dos Estados Unidos, com sérios problemas, parece ter encontrado seu limite e se encaminha para um doloroso ajuste Parece que nada mais resta para os norte-americanos do que um cenário de austeridade que questiona o seu estilo de vida e alimenta riscos de tensões sociais e políticas. A economia precisava de mais estímulo fiscal, não o fim da transfusão de sangue: as famílias estão endividadas demais para gastar, há desempregados demais, as empresas temem, pois, investir.
E para nós brasileiros, que tanto sonhamos “ser como eles” restam muitas lições
... Também nós fomos incentivados a gastar, consumir, comprar, nossos governos gastam mais que arrecadam, (e gastam mal, perdem recursos para a corrupção...) querem compensar com aumentos de impostos, temos muitos programas sociais, muitos dos quais eleitoreiros, os partidos também colocam a luta pelo poder acima dos interesses da nação...
A beira do abismo, um acordo entre democratas e republicanos na Câmara dos Deputados elevou o limite da dívida pública em US$ 2,1 trilhões, para que governo norte-americano tenha condições de honrar compromissos financeiros, como o pagamento de salário de servidores e de juros aos credores internacionais. Obama obteve uma vitória parcial na tentativa de sanar a maior economia do mundo encontrando resistência até entre os colegas de partido. Além da batalha para evitar o calote, a Casa Branca tem outro grave problema: a iminente recessão. O pessimismo com uma desaceleração nos EUA se disseminou pelos mercados, que registraram uma queda generalizada nas bolsas. O atoleiro da economia americana coloca em xeque o dólar como refúgio seguro, os grandes investidores estrangeiros, começando pela China, Japão, Alemanha e Grã-Bret anha olham com desconfiança a emissão de títulos do Tesouro americanos. Durante trinta anos, os Estados Unidos subsidiaram o crédito não apenas do aumento do consumo das famílias – que se endividaram enquanto caia sua renda e agora já não podem pagar suas dívidas e tampouco continuar se endividando ou consumido –, como também um imenso gasto militar para estender o seu poder por todo o planeta para proteger os interesses estratégicos estadunidenses e de suas empresas e investimentos. O déficit fiscal dos EUA que aumentou com Bush está associado ao gasto militares passou de 371 a 735 bilhões entre 2000 e 2008 e aos cortes de impostos para os ricos.
Com as crises houve a transferência para a área social necessária para atender parcialmente o desemprego e a pobreza, os bancos e empresas em dificuldades aumentaram o gasto público com Bush e Obama. Para piorar, a recessão reduziu a arrecadação de impostos em 2008 e 2009, agravando o déficit fiscal. As receitas do governo federal em 2010 chegaram apenas a três quartos de suas despesas, o déficit acumulado e o aumento contínuo da dívida pública, que desde maio excedeu o máximo autorizado pelo Congresso chegou a 14,3 trilhões dólares.
A contenção dos gastos do governo na Europa e nos EUA vai tirar ainda mais sangue das economias anêmicas, pois o principal mercado dos Estados Unidos que é a União Européia também se encontra com problemas e a principal moeda contra a qual o dólar precisa se enfraquecer, que é euro, tampouco consegue “ficar de pé”, e até mesmo a sua sobrevivência está ameaçada. Tudo isso configura um terreno de fortes turbulências no sistema monetário internacional que atinge o Brasil.
O cabo de guerra que se instalou nos Estados Unidos entre o Executivo (dominado pelos democratas) e o Legislativo (dominado pelos republicanos) para a aprovação do aumento do endividamento público é um jogo político de alto risco, mas com altíssimo prêmio: o resultado da eleição presidencial de 2012. Quando o jogo do poder é colocado em primeiro plano, colocando em risco a credibilidade do país algo muito sério está acontecendo...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. Maria Joana, quais são as soluções de imediato?
    Quais medidas devem ser tomadas?

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