Meu falecido papai era um apaixonado por futebol, fez parte da diretoria do antigo AERM (Associação Esportiva Recreativa Mourãoense), foi comentarista da Rádio Colméia e cronista da Tribuna do Interior (escrevendo não necessariamente sobre futebol). Tudo aí em Campo Mourão.
Embora sua paixão por um time fosse bem maior pelo Botafogo, sabia como ninguém ter suas preferencias em vários estados, por exemplo, no sul, gostava do Internacional, gostava também do Santos (salvo engano da minha parte) e por ai ia seguindo e sabendo coisas que só quem vivencia e presta atenção nos eventos. “Este jogador foi revelado no time tal e também já jogou naquele e no outro time”, era comum ouvir dele sempre que os times apresentavam suas novas contratações.
No Paraná, o Operário, lá de Ponta Grossa, lugar que morou e por lá viveram (e vivem) parte da sua família, mas também tinha o antigo Operário, que virou Colorado e mais tarde o Paraná Clube.
E uma coisa era certa, se estivesse passando na TV um jogo entre um time grande, contra um time pequeno, ele sempre era inclinado a torcer pelo time menor.
Uma das cenas recorrentes em minha memória era quando terminava a novela, que ele por companheirismo assistia com minha querida mamãe, e então ia até a tv (não existiam ainda tv com controle remoto) e mudava de canal até encontrar algum que estivesse transmitindo algum jogo (em especial nas tradicionais quartas feiras).
Às vezes, quando acidentalmente passávamos pela sala, em especial para ir para o quarto, atrapalhávamos sua visão por alguns instantes, ele sempre protestava. E o mais divertido era quando algum de nós (em especial os pequenos) parasse e perguntasse quanto estava o jogo, ele respondia: “Senta aí e assiste”. Este sim era Seo Eloy, o meu pai.
Só que mesmo sendo um apaixonado pelos times, pelo esporte, era uma pessoa contida em suas comemorações, discreto até nisso, esboçava seu belo sorriso, mas não ficava gritando ou pulando feito um macaco de circo.
Isso sem contar que adorava acompanhar as partidas não transmitidas pela tv, usando o velho rádio de cabeceira, o caderno esportivo dos jornais e boa e velha loteria (que nunca ganhou) que sempre apostava uns trocados.
Não fiquei tão apaixonado assim por futebol, inclusive nem torço por time algum, mas meus outros irmãos seguiram com seus times. O Egídio, eterno torcedor da Portuguesa, O Elio segue com o Santos, José Eugênio e o Enio com o Internacional. E vê-los, torcendo por seus times é ver um pouquinho do nosso pai em seus olhos e sorrisos quando vibram por seus times e até mesmo quando sofrem com suas derrotas.
Euro Maciel, corneteiro de plantão, mourãoense de nascença, curitibano por necessidade:http://euromaciel.wordpress. com
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