“A Maria cantada por Milton Nascimento, representa muito bem a força da(s) mulher (es) que, por mais dificuldades que passe, “mistura a dor a alegria”, “ri quando deve chorar”, sabem que” é preciso ter manha, graça, sonho sempre “e” possui a estranha mania de ter FÉ NA VIDA” tão própria das mulheres. Maria e todas as mulheres merecem “viver a amar “como todas as mulheres do planeta” independente de raça, cor, classe social, religião.
Olhando os noticiários especialmente nestas datas dedicadas à mulher, vemos que a desigualdade, a exploração, a violência continuam oprimindo e colocando a mulher como cidadã de categoria inferior. Mulheres continuam sendo vítimas do tráfico de mulheres para a prostituição, cárcere privado, crianças traficadas e vendidas como objeto, ex-amante e mãe de seu filho morta e jogada aos cães... para não pagar a indenização pedida...
Como mulher, mãe de três filhas mulheres, avó de um neto e duas netas, sinto que a luta, muita vezes silenciosas das nossas mães, das nossas antepassadas não acabou. Ao longo da história, mulheres se propuseram a fazer uma transformação, mudando a separação de sexos do mundo, lutando por melhores condições de vida e de trabalho, revolucionando a maneira de estar no mundo. É uma luta irrenunciável e intransferível de todas nós, mulheres, que contribuirá para um futuro diferente da humanidade.
Por isso vemos como sinal de avanço uma mulher na presidência pela a primeira da história do Brasil. Não está lá por ser “mulher sombra” de algum homem, esposa de..., ou viúva de... , ou indicada por..., ou filha do rei... Que ela não seja mais uma mulher “mão de ferro” na administração, mas possa usar o seu modo feminino de governar, de cuidar da grande “casa” TERRA, neste mundo CONSTRUÍDO por governos nascidos à sombra do poder masculino, racional, competitivo, dominador, excludente. Mesmo governantes como Margareth Thatcher, Golda Meir aprenderam desde cedo a serem “mulheres de ferro”, governarem como homens, segundo a lógica racional do poder do mais forte. Quando veremos o coração, a intuição estar à frente das grandes decisões para salvar a humanidade???
Como cristãs, admiramos o exemplo de Jesus Cristo, que na sua pregação e prática, revelou valores femininos em radical oposição à ordem estabelecida exclusivamente racional-masculina de seu tempo. Não fez uma pregação explicita de libertação da mulher, mas o princípio libertador de sua mensagem foi destinado aos pobres aos excluídos, marginalizados, oprimidos.
As mulheres, mais do que outras pessoas, se incluem nesta classe - eram social e religiosamente discriminadas, primeiro por não serem circuncidadas e, por isso, não pertencerem propriamente à Aliança com Deus, depois pelos rigorosos preceitos de purificação a que estava obrigadas devido a sua condição de mulher. Também porque personificavam Eva com toda a carga de "culpa pelo pecado". Um rabino chegou a escrever que o homem devia dar graças a Deus, todos os dias, por três coisas: por não ter nascido gentio, por não ser mulher e por não pertencer aos ignorantes da lei.
A mensagem libertária de seu filho Jesus Cristo, em sua pregação e sua prática, revelou valores femininos, em radical oposição à ordem estabelecida de seu tempo, exclusivamente racional-masculina. A essência de sua pregação: o AMOR AO PRÓXIMO, a abertura ao outro, o serviço, transcende a todas as diferenças e discriminações de raça, sexo, religião, ordem social. Com Jesus, a mulher emerge como pessoa e filha de Deus. “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher“. (Gn 1,27).
Precisamos arrumar a casa para nossos filhos, netos... Cabe à mulher participar deste projeto de construção, abertura, transformação e libertação. Ela será uma presença real no mundo, na medida em que se afirmar conscientemente como valor intemporal e se integrar no mundo como fermento, contribuindo assim para a construção de uma civilização do AMOR-o Reino de Deus. Sem ela jamais será possível um mundo novo radicalmente livre, humano e solidário.
Cabe às mulheres entrar, participar, empurrar as portas fechadas e, como sempre, juntar os destroços, limpar o lixo e arrumar a CASA-TERRA-MUNDO, pois “a mão que balança o berço é a mão que governa o mundo”. Parabéns a todas que fazem a sua parte...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br
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