Chegamos ao final do mês de outubro que nos deu muitas oportunidades para refletirmos sobre a instabilidade da vida e a fragilidade humana, com tantos vendavais, tornados, alagamentos, tsunamis, incêndios, além de tanta violência humana e insegurança total. Neste fim de semana prolongado teremos mais momentos iluminadores que podem acordar àqueles que se endeusam, se consideram imortais e acima de todos os julgamentos e punições humanas... Quem sabe possam lembrar-se de todos os que por esta vida já passaram e independente das posses, dos cargos, do poder exercido todos eles “passaram para outra vida” e foram julgados não pelas urnas, nem pelo povo ou pelos vizinhos e familiares, mas por Aquele que conhece todos os desejos de nosso coração.
Infelizmente vivemos num mundo aonde a busca desenfreada do poder, status, aparência, prazer tem sido levada ao extremo e as pessoas pagam qualquer preço para chegar e manter-se “lá” não importando os meios que tenham que usar. E a consciência que lhe dita os limites entre o certo e o errado fica acobertado pela regra do “fim justifica os meios”. Todas as justificativas são usadas para explicar suas ações, apelando até mesmo para Deus, Jesus ou quem mais seja necessário. Para “ter governabilidade”os governantes podem vender sua alma ao diabo, trair um pouco, ter um curinga na manga e um plano B na cabeça, mentir, exagerar, ter duas ou quantas caras precisarem, fazer alianças com todo tipo de gente...
Cada vez mais o presidente revela a sua face dupla, mostrando que não resistiu ao poder ao conquistar o Palácio do Planalto. O candidato símbolo das mudanças, da defesa da ética, da depuração dos costumes mostra sua outra face e as cumplicidades com o partido que não ia roubar nem deixar ninguém fazê-lo, mas fez o mensalão, ressuscitou Sarney e companheiros, tem desmoralizado o Congresso que usa todos os meios para barrar as CPIs, encobrir a verdade e garantir a eleição da sucessora com que já está em plena campanha eleitoral chamada de”fiscalização de obras”.
Diz que não é campanha, mas todo mundo sabe que é. Também o acordo eleitoral com o PMDB que garantiu a permanência do Sarney foi explicada pelo presidente de outro modo. “A manutenção do Sarney era questão de segurança institucional” “A queda do Sarney era o único espaço de poder que a oposição tinha. Iam fazer um inferno neste país”.
Podemos até julgar os outros pela nossa própria maneira de agir, pensar. Assim, se agimos na ilegalidade, no jeitinho brasileiro, costumamos achar que todos fazem da mesma maneira, que ninguém é sério, ético, trabalhador, responsável... Mas nivelar até Jesus pelos nossos atos é terrível. “Qualquer um que ganhar as eleições, pode ser o maior xiita deste país ou o maior direitista, ele não conseguirá montar o governo fora da realidade política. Entre o que se quer e o que se pode fazer tem uma diferença do tamanho do oceano Atlântico. Quem ganhar a Presidência amanhã terá de fazer quase a mesma composição, porque este é o espectro político brasileiro. Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão" – Luiz Inácio Lula da Silva.
Muito bem analisou o jornalista Clóvis Rossi dizendo que “Se Frei Betto, o confessor ou ex-confessor de Lula, tivesse ensinado seu amigo direitinho, o presidente aprenderia que Cristo foi crucificado justamente porque não fez coalizão com os Judas da vida”. E o presidente da CNBB D. Dimas Lara Barbosa, fez a seguinte observação: "Judas era um discípulo de Jesus. Mas Jesus não fez aliança com fariseus e saduceus." Ele explicou que fariseus são "pessoas que parecem uma coisa por fora, mas por dentro são outra". Nos textos do Evangelho eles aparecem como adversários de Jesus, que os critica, sobretudo por sua hipocrisia e avareza
Os fariseus e saduceus formavam dois grupos com grande força política e religiosa em Israel na época em que Cristo viveu. Os saduceus, segundo o Dicionário de Termos Religiosos e Afins, da Editora Santuário, constituíam um partido com "ideologia conservadora e oportunista, de sorte que se acomodavam ao poder dominante, neste caso a Roma". De acordo com a mesma fonte, os dois grupos contribuíram de forma decisiva para a condenação de Cristo à morte. E, apesar de ser a única certeza de nossa vida, qual o governante, o partido que quer morrer, ser crucificado???
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br
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