"Sou uma pessoa de hábitos simples mas de natureza complexa. Apreciador da boemia - embora ultimamente viva muito pouco dentro dela - meu maior prazer está na música e nos encontros musicais com pequenos grupos de amigos e músicos", conta o empresário e músico mourãoense, ex-seminarista Fausto Jacques de Almeida, conhecidíssimo como o “Elvis Cover”.
QUEM É FAUSTO JACQUES DE ALMEIDA? Sou um cosmopolita católico de 44 anos, nascido no Hospital e Maternidade São José na bela cidade de Campo Mourão em um dia 19 de janeiro de 1978. Sou filho de Dirceu de Almeida e Rosângela Maria de Almeida, e tenho duas irmãs: Franciele Jaqueline de Almeida e Fabíola Cristina de Almeida. Sou pai de Nicole e há 8 anos sou casado com Priscila Brusamolim de Almeida.
COMO SE DEFINE? Sou uma pessoa de hábitos simples mas de natureza complexa. Apreciador da boemia - embora ultimamente viva muito pouco dentro dela - meu maior prazer está na música e nos encontros musicais com pequenos grupos de amigos e músicos.
ONDE FOI SUA INFÂNCIA? Meu pai foi funcionário do DER/PR por 38 anos (de 1975 a 2013, ano em que se aposentou). Por conta do seu trabalho moramos de
1980 a 1985 em Goioerê, de onde tenho poucas lembranças devido a tenra idade. Em 1985 retornamos a Campo Mourão, e fomos morar na Colônia do DER (no final da Rua Pitanga entre a Perimetral Tancredo Neves e o Jardim Copacabana). Ali passei minha infância toda brincando na rua de casa (que é uma rua sem saída) e no campinho de bola do DER.ONDE ESTUDOU E QUE CURSOS FEZ? O primário eu estudei na Escola Municipal Bento Mussurunga. O ensino médio e o segundo grau no Colégio Estadual, porém o segundo ano do segundo grau fiz no
Colégio Olavo Bilac de Peabiru (Foto) porque eu era seminarista na época e os padres resolveram que os seminaristas deveriam passar pela experiência de estudar aquele ano em Peabiru mesmo (1995). Em 2004 ingressei no curso de Letras da então Fecilcam, fiz o primeiro ano certinho, fui aprovado em todas as matérias, mas no segundo ano tive dificuldade de acompanhar as aulas devido às muitas viagens que minha profissão de músico me impunha e acabei desistindo do curso. Tentei umas três vezes, iniciava o segundo ano, mas logo vinham as viagens e acabava não conseguindo acompanhar as aulas. Em 1992 fiz curso de “Datilografia e Auxiliar de Escritório” no Senac. No ramo da música estudei violão e canto popular na Casa da Cultura de 1988 a 1993, e de 1994 a 1997 passei a estudar Canto Lírico na escola Centro Musical Som Maior com a saudosa maestrina Sônia Márcia Cardoso França (foto). Em 1998 tive a oportunidade de fazer algumas aulas de canto em Bergamo, na Itália.COMO FOI A SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? Desde 2002 tenho uma empresa de comunicação visual e sinalização viária. Fabricamos placas de todos os tipos, desde placas publicitárias até placas de sinalização de trânsito, banners, adesivos, e também sinalização viária horizontal (pintura de faixas, estacionamentos, ruas e estradas).
E A SUA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA? Iniciei meu trabalho como músico com 14 para 15 anos, e foi meio que por acaso. Estudava violão e me apresentava em recitais e eventos da Casa da Cultura. Havia uma prova da gincana da Arcam em que uma moça vestida de havaiana iria dançar uma música do Elvis Presley chamada It’s Now Or Never, e queriam alguém para cantar ao vivo. Então, foram atrás do Marcelo Morais (filho do Anísio Morais), só que ele não poderia ir, então ele (que já me conhecia dessas apresentações na Casa da Cultura) me indicou para a tarefa. Ele disse ao Eliseu Felipe Hoffman (foto - ele era um dos coordenadores na época, de uma das equipes da Gincana Hawaiana da Arcam), que não sabia onde eu morava, mas que meu pai trabalhava no DER. Assim, o Eliseu foi no DER se informar onde morava o "Dirceu do DER", que tinha um filho que cantava Elvis Presley. Foi meu primeiro cachê. Daí em diante comecei a ser chamado para me apresentar em festas e eventos, e assim já se vão 30 anos.
COMO É A SUA ROTINA? Em novembro de 2021 entreguei o ponto comercial onde tinha a empresa instalada e a trouxe à minha casa para diminuir despesas e otimizar meu tempo. Assim nunca chego atrasado (risos). Quando tenho algum trabalho em andamento levanto às 7h30 e cumpro a jornada do horário comercial como se fosse funcionário de alguém. Todos os dias no fim da tarde saio para fazer uma hora de caminhada, percorro 6 km em marcha rápida através de caminhos aleatórios pelasruas e avenidas da cidade. Ao retornar da caminhada, no início da noite reservo uma horinha para estudar violão, exercitar a voz e cantar um pouco. Depois de jantar ouço música, leio livros ou faço pesquisas musicais na internet. Aos domingos eu e minha esposa vamos almoçar na casa dos meus pais, pois a correria do dia-a-dia não nos permite estar presente o tanto quanto gostaríamos.
O QUE LEVA A GOSTAR DA SUA PROFISSÃO? Como músico, o que mais gosto é de sentir o carinho e a admiração das pessoas. Poder tocar o coração das pessoas, despertar nas pessoas sentimentos e
lembranças através do canto é uma sensação maravilhosa e muito gratificante. Algumas vezes as pessoas vão às lágrimas ouvindo determinada música em algumas ocasiões. O maior desafio deste ano acredito que seja enfrentar a crise econômica que assola não somente o nosso país, mas o mundo todo.SER MÚSICO É JEITO OU DOM? Assim como em tudo na vida 90% é dom. Se não tiver dom, não tem jeito. Vai ser um profissional ruim (ou mediano, se conseguir se empenhar ao máximo). 90% de inspiração e 10% de transpiração.
QUANDO SURGIU A IDÉIA DE SER ELVIS COVER? Diz-se por aí que querer é poder, se isso for verdade então qualquer um pode ser o que quiser, até artista; agora, se não tiver o dom, vai ser um artista ruim (risos). A ideia de ser Elvis Cover surgiu para ser um evento pontual, não era para ter tido uma continuidade. Eu e os professores de música do Centro Musical Som Maior tivemos a ideia de montar um show para apresentar no Teatro Municipal, como queríamos um tema para desenvolver essa apresentação, acabei sugerindo que fosse um “Tributo a Elvis” (de quem eu já era fã desde os dez anos de idade).Os músicos gostaram da ideia e fizemos a apresentação, que era para ser única e pontual, porém o resultado foi tão positivo que o próprio público começou a nos cobrar uma sequência de shows. Inclusive, houve vários convites para que nos apresentássemos em festas, e eventos públicos e privados. A “coisa toda” foi acontecendo sozinha, não era nosso intuito ficar trabalhando em cima do nome do Elvis, mas o público pedia. Até hoje em dia, inclusive, quando penso comigo: vou parar de fazer o Cover do Elvis, sempre surge um convite “irrecusável” na sequência e tenho que revogar minha decisão de não mais fazer o papel de Elvis cover.
QUAIS SUAS CONQUISTAS COMO ARTISTA? Como artista diria que minha maior conquista foi a aceitação do público de Curitiba, cidade que tem a fama de ser o termômetro de aceitação nacional: reza a lenda que se você for aplaudido pelo público de Curitiba, será
aplaudido em qualquer lugar do país. Houve um período da minha vida que estava indo me apresentar em Curitiba 2 ou 3 vezes por mês!, isso aconteceu entre 2010 e 2014. Foram muitos os eventos que participei na capital nessa época: jantares casamentos, formaturas, exposições, eventos corporativos... Depois de 2014 tive que me dedicar mais a minha empresa e fui deixando as viagens e apresentações de lado, e passei a me dedicar mais a empresa e meus clientes do ramo de sinalização (dá menos trabalho e exige viagens menos longas e menos cansativas). Quanto as dificuldades elas são muitas. Como em qualquer profissão a pessoa tem que ser competente, se preparar e acreditar em si. Com certeza, vale muito a pena, pois as alegrias são proporcionais as dificuldades. Como artistas exemplos, além dos já citados Elvis e Belchior, posso elencar alguns artistas brasileiros de quem sou super fã, como Luiz Gonzaga, Gonzaguinha, Rolando Boldrin, Cartola, Raimundo Fagner, Wander Lee, Geraldo Azevedo, Dominguinhos, Oswaldo Montenegro, Alceu Valença, Ney Matogrosso, Almir Sater e Renato Teixeira.COMO FOI O PERÍODO DE PANDEMIA? Perdemos muito com a pandemia, não há dúvida, mas houve gente que aproveitou o
momento para se reinventar, a necessidade fez a criatividade aflorar em alguns casos. Para o ramo musical foi uma catástrofe total, pois não havia eventos, nem festas e muitas casas, bares e centro de eventos fecharam e os músicos que tinham somente a música como "ganha pão" sofreram horrores. Mas pior que o prejuízo econômico foram as vidas de entes queridos que se perderam. Acho que o principal legado que ficou foram os ensinamentos de empatia e solidariedade para com nosso próximo e a consciência de quão efêmera é a vida humana.MELHOR
EQUIPE ONDE TRABALHOU OU CONVIVEU? Os professores de música do Centro
Musical Som Maior com os quais convivi de 1997 a 2004. Juntos trabalhamos
ensinando música na escola, formamos a banda para me acompanhar nos shows
Tributo a Elvis que apresentamos em diversos lugares, e também acompanhando os
calouros do Festicam (Festival de Música da Arcam) uma vez, mas não me lembro o
ano em que isso se deu (algo entre o final dos anos 90 e início dos anos 2000).
QUEM É EXEMPLO? Todas as pessoas que citei durante esta entrevista são exemplos. Meus pais são exemplos, minha esposa é um exemplo. Para não ser injusto com eles, vou citar como exemplo Belchior e vou dizer o por quê: pela sua genialidade
musical e poética e por ter sido extremamente verdadeiro para consigo próprio. Embora fosse famoso e reconhecido, quando se encheu de sustentar o sistema ao qual alimentava - e tendo visto que não conseguiria se desvencilhar desse sistema - a menos que fosse embora para longe viver uma vida incógnita e contemplativa, não perdeu a oportunidade, e deixou tudo para trás partindo em busca de uma nova vida. Admiro muito essa coragem. Ele percorreu o caminho reverso: era muito famoso e gozava de uma vida confortável de classe média alta, mas foi embora atrás de seu sossego no anonimato. Normalmente as pessoas correm atrás de fama e dinheiro, mas ele fez o caminho ao contrário.QUAL SEU ESPORTE PREFERIDO? Gosto de assistir aos jogos de futebol quando joga a nossa seleção brasileira.
TIME DO CORAÇÃO E ÍDOLO? Não assisto aos jogos dos times, mas respeito muito e admiro a história de ídolos como Zico, por exemplo (a quem tive o prazer de conhecer pessoalmente, e de quem recebi elogios relativo à minha apresentação no jantar que lhe foi oferecido na Arcam quando ele esteve em nossa cidade para inaugurar o Centro de Futebol Zico.- Na imagem, Zico sendo entrevistado pelo repórter Ilivaldo Duarte, na inauguração do Centro de Futebol com seu nome em Campo Mourão. Ao fundo, o ex-jogador Reinaldo, do Flamengo.
QUAL O MELHOR TIME QUE JÁ VIU JOGAR? Acredito que a seleção que nos trouxe a Copa do Mundo dos EUA em 1994 (pela televisão).
ÉTICA É? uma daquelas coisas que todo mundo sabe o que é, mas que não é fácil de se explicar quando alguém pergunta (risos).
MÚSICA? Para Beethoven (foto), “a música é o vínculo que une a vida do espírito a vida dos sentidos; a melodia é a vida sensível da poesia”. Para Nietzsche “sem música a vida não faria sentido”. Eu concordo com ambos.
https://www.youtube.com/watch?v=W-fFHeTX70Q - (O melhor de Beethoven)AUTOR? Eu sou aficionado por biografias, acho que
tenho umas 50 obras biográficas, no caso de romances gosto das obras de Morris West, Jean M. Auel, Antoine de Saint-Exupéry, Paulo Coelho, Jô Soares e Chico Anysio.
LIVRO? Os Filhos da Terra (série composta
por 6 livros da escritora norte americana Jean M. Auel) e também Os Últimos
Dias de Pompéia (do escritor inglês Edward Bulwer-Lytton).
FAMÍLIA É? Vou me valer de uma frase do Victor Hugo para responder a essa pergunta: Família é a maior fonte de felicidade que há na vida, é saber que alguém nos ama; que nos ama pelo que somos ou, melhor, que nos ama apesar do que somos.
RELIGIÃO? É o elo de ligação que nos aproxima da divindade criadora. Acredito que não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, mas sim somos seres espirituais vivendo uma experiência humana. Assim sendo, a religião é a ponte de conexão entre essas duas existências.
SAUDADES. DE QUEM E DO QUÊ? Saudade dos meus avós, e dos meus 15 anos quando a vida era muito mais leve (risos).
UMA ESPERANÇA? De que o nosso país venha a ser no futuro um país mais justo, com mais oportunidades e menos desigualdade.
UM SONHO? Ganhar na mega-sena e viver apenas para viajar, conhecer lugares e assistir a shows pelo resto da vida.
UM
“GOLAÇO” QUE MARCOU NA SUA VIDA E COMEMOROU MUITO? A aquisição da casa
própria.
OLHANDO NO FILME DA SUA VIDA, O QUE VOCÊ TERIA FEITO? Teria me dedicado aos estudos e a passar em algum concurso público (pela estabilidade que oferece).
CAMPO MOURÃO NA SUA VIDA? É a cidade onde eu nasci, onde escolhi viver, é o melhor lugar do mundo.
UM SHOW NA SUA VIDA? Não dá para citar apenas um ou dois, pois foram tantos shows que tive a oportunidade e o privilégio de assistir e posso dizer sem medo de errar que nenhum deles me decepcionou. Um dos que mais me impressionou e que não posso deixar de mencionar foi quando assisti à ópera “La Fille Du Régiment” (do compositor italiano Gaetano Donizetti) no maravilhoso teatro Alla Scala (em Milão), que é uma das casas de ópera mais famosas do mundo. A beleza, o glamour e a imponência desse teatro é por si só um espetáculo. Também assisti à monumental ópera “Aida” (do também compositor italiano Giuseppe Verdi) no épico anfiteatro romano Arena de Verona (em Verona, na Itália) - fabuloso, inaugurado por volta do ano 30 D.C. Ainda na Itália assisti dois shows que me impressionaram bastante, um do Vasco Rossi (em Reggio Emilia, no ano de 1996), e o outro da Fiorella Mannoia (em Bergamo, no ano de 2007). Já no Brasil, o show que mais me impressionou foi assistir Gilberto Gil & Milton Nascimento juntos na histórica casa de shows carioca Canecão (no ano de 2001).
QUAL PROJETO GOSTARIA DE REALIZAR? Gostaria de fazer um CD com músicas autorais. Até tenho algumas composições próprias, mas me falta tempo para aplicar (e dinheiro para pagar) por uma produção desse tipo.
QUAL VIAGEM GOSTARIA DE FAZER? Gostaria muito de ir a Memphis (capital do estado norte-americano do Tennessee). Memphis é o berço do Rock ‘N Roll e também a cidade onde Elvis escolheu para viver. A casa do Elvis está localizada num subúrbio de Memphis: sua famosa mansão chamada Graceland é onde Elvis viveu (e morreu). Na casa (misto de museu e mausoléu) estão expostos objetos pessoais, roupas, carros, aviões, e no jardim dos fundos, os túmulos de Elvis, seus pais, sua avó paterna e seu neto.
QUE LEGADOS GOSTARIA DE DEIXAR PARA OS OUTROS? Gostaria de ser lembrado pelo meu canto, e
acho que de fato serei, pois tive o privilégio de participar de incontáveis eventos de suma importância na vida das pessoas como por exemplo casamentos, bodas, aniversários, homenagens, lançamento de obras literárias e coisas do gênero. Não poucas vezes pude testemunhar a emoção em forma de lágrimas e sorrisos, aplausos e ovações, que através do meu canto pude inflamar nas pessoas.O QUE MAIS GOSTOU E GOSTA DE FAZER PROFISSIONALMENTE? Gosto muito de viajar, conhecer lugares novos, conhecer pessoas novas, e isso minhas duas profissões me oportunizam realizar. Não nasci para cumprir horário trancado em um escritório ou uma loja. Gosto de estar sempre indo realizar meus trabalhos ou apresentações em locais e cidades diferentes.
O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA É... O momento atual é o mais importante, pois o passado já foi vivido, e o futuro é uma incerteza, portanto o momento atual é como a nomenclatura já diz: O momento presente é de fato um presente.
COMO OS OUTROS TE VEEM? Esta é sem dúvida uma pergunta capciosa, pois depende muito da ótica do analista, da empatia. Aqueles que não me conhecem bem podem me achar arrogante ou antipático, pois tenho minha própria leitura de mundo (desenvolvida e acurada através de anos de uma existência cheia de alegrias e sofrimentos, de emoções e decepções - como todo mundo). As mazelas da vida endurece um pouco a gente, mas aqueles que me conhecem ao menos um pouquinho, sabem que sou uma pessoa maravilhosa (risos).
QUE PERGUNTA NÃO FOI FEITA E GOSTARIA DE TER RESPONDIDO? O falecido ator e diretor Antônio Abujamra apresentou um programa de entrevistas na TV Cultura chamado Provocações (o programa durou 15 anos, de 2000 a 2015). No final da entrevista, Abu perguntava ao entrevistado: “o que é a vida?” Quando insatisfeito com a resposta do convidado, Abujamra perguntava bruscamente mais uma vez: “o que é a vida?”. Pois bem, eu gostaria que você tivesse me feito essa pergunta desde que eu soubesse a resposta - o que não é o caso - portanto, fico feliz que você não me tenha perguntado (risos).
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