"Assim que minha
primeira neta nasceu, comecei a escrever literatura infantil, mas neste
período, eu escondia minhas histórias, que só vieram a publico em 1992", conta a professora e escritora Benedita Lima Cristófoli, fundadora da cadeira 13 da Academia Mourãoense de Letras, com ingresso em 23 de maio de 2003, tendo como patrono da cadeira o padre Pedro Poleto.
Na década de 1980 tão logo retornou de alguns anos em Tocantins, ela iniciou a faculdade e pode realizar um grande
sonho, que era se formar em Pedagogia na Faculdade
Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam).
"A Minha família é o que me motiva a viver todos os
dias e a literatura é a minha grande paixão. Adoro viajar, conhecer lugares
novos, comidas diferentes e novas culturas", diz Benedita, homenageada neste último fim de semana de setembro de 2019 no BLOG DO ILIVALDO DUARTE na tradicional
ENTREVISTA DE DOMINGO.
Confira um pouco da sua história de vida repleta de desafios e determinação, mas com muitos sonhos realizados.
QUEM É BENEDITA CRISTÓFOLI? Sou Benedita Lima Cristófoli,
filha de Silvério Pacheco Lima e Avelina Francisca do Carmo. Nasci em Luz, uma cidade mineira, na região central na microrregião de Bom Despacho, em 28 de setembro de 1938.
NOTA DO BLOG?
A história de Luz se inicia por volta de 1780 e tem origem no conflito existente
entre dois grandes fazendeiros, descendentes de bandeirantes paulistas, em
relação à linha divisória de suas terras.
Para que a questão fosse resolvida a contento, a
esposa de um deles fez uma promessa à Nossa Senhora da Luz.
Certa manhã, conforme combinaram, os fazendeiros
(Coronel Cocais e Coronel Camargos) partem, cada um de sua residência e
cavalgam, um em direção ao outro, até se encontrarem próximo ao ribeirão Jorge
Pequeno. No local do encontro, fixam o marco divisório e, mandam erigir uma
capela em devoção à padroeira Nossa Senhora da Luz. Nas proximidades do local,
havia um olho d'água, represado por um aterro que abastecia o pequeno povoado
formado em volta da capela, o que explica a origem do nome Nossa Senhora da Luz
do Aterrado que lhe foi dado. O ciclo de progresso tem início com a implantação
do bispado do Aterrado.
O município se instala em 1923, adotando a denominação de Luz.
Catedral Diocesana
Nossa Senhora da Luz
Em estilo neo-gótico, a
Catedral foi inaugurada em 21 de setembro de 1941. A Catedral de Luz é um dos
mais notáveis e majestosos monumentos católicos erguidos no estado de Minas
Gerais. Dominando a cidade, lá do alto, a sua torre em agulha, de 60 metros de
altura, rasga o espaço. Dom Manoel, em seu grande senso estético, adaptou de
uma maquete da Basílica de São Pedro, de Roma, a futura Catedral, e com
extraordinária perseverança, desajudados de maiores conhecimentos técnicos,
ergueu essa obra que não cansa a gente de admirar a harmonia de suas linhas, na
suave luz coada através dos vitrais coloridos.
Santuário Nossa Senhora de Fátima
É o mais antigo templo religioso construído no território
da atual cidade de Luz, no local onde supostamente existiu a antiga Capelinha,
erguida por volta de 1813 em honra a Nossa Senhora da Luz, como reconhecimento
do milagre de apaziguar a desavença de dois fazendeiros, “Cocais e Camargos”,
tornou-se Matriz da Paróquia do Aterrado em 02 de maio de 1856. Reconstruída em
1914, foi elevada à dignidade de Catedral Diocesana (a primeira) em 1918 e
ampliada em 1920. Inaugurada a nova Catedral (1941), o templo foi sagrado
Santuário de Nossa Senhora de Fátima (o segundo do mundo), em 1946. Sofreu
considerável redução de tamanho em 1950 e, após, inúmeras reformas, que
descaracterizaram seu estilo, foi reinaugurado em 18 de outubro de 2002, depois
de séria restauração que procurou retomar a sua originalidade.
Palácio Episcopal da Assumpção
Sede administrativa da Diocese de Luz, o “Paço da
Assumpção”, mais conhecido por Palácio Episcopal, é destinado a funcionar como
residência oficial do Bispo Diocesano. Foi projetado, em sóbrio estilo
greco-romano, pelo Padre Joaquim das Neves Parreiras, a partir da criação do
Bispado de Aterrado (hoje Luz), em 1918. Inaugurado em 10 de abril de 1921 com
a chegada e posse do primeiro Bispo, Dom Manoel Nunes Coelho, teve seu
imponente torreão retirado na década de 1930 e reconstruído em 1986, por Dom
Belchior Joaquim da Silva Neto, segundo Bispo. O nome da edificação, “Paço da
Assumpção”, está artisticamente gravado nos ladrilhos de sua entrada principal.
COMO FOI SUA INFÂNCIA? Meu pai era agricultor e faleceu muito
cedo, deixando as responsabilidades do lar e da fazenda para minha mãe, que
logo se casou novamente com José Joaquim de Araújo - pessoa que foi como um
verdadeiro pai e despertou em mim a vontade de conhecer histórias novas, com os
contos narrados para os filhos e enteados nos fins das tardes na fazenda.
Passei minha
infância na fazenda dos meus pais. Tenho saudades daquele tempo, pois foi o
melhor da minha vida. Daria tudo para voltar ao passado, mesmo que fosse por
alguns momentos. O primeiro e o segundo ano escolar foram na escola de Sumaré e
os últimos em Luz. Aos 17 anos de idade fui para Belo Horizonte aprender
costura com minha tia Dolores.
QUANDO VEIO PARA A REGIÃO DE CAMPO MOURÃO? Nos anos 60 (1961) meus pais venderam a fazenda e
nos mudamos para o Paraná, para Pinhalão, hoje Farol. Lecionei três anos no
município de Araruna, mas assim que me casei tive que abandonar esta profissão
de educadora. Tive 6 filhos, dos quais 2 faleceram nos primeiros dias de
nascimento. Tenho 11 netos e 9 bisnetos.
COMO COMEÇOU A ESCREVER? Assim que minha primeira
neta nasceu, comecei a escrever literatura infantil. Mas neste período, eu
escondia minhas histórias, que só vieram a publico em 1992. Hoje tenho 7 livros
publicados, vários contos e 5 livros em projeto.
EM CAMPO MOURÃO REALIZOU UM GRANDE SONHO? Passei alguns anos de
minha vida no estado do Tocantins e, assim que me separei, retornei a Campo
Mourão e pude realizar um grande sonho: ter uma formação acadêmica. Em 2005 me
formei em Pedagogia na Fecilcam.
COMO ENTROU A YOGA NA SUA VIDA? Quando me formei,
foi neste período que iniciei minhas práticas de Yoga e hoje, faço minha
especialização em yoga no instituto Nanak em Curitiba. Gosto muito de fazer
longas caminhadas, praticar yoga pela manhã e fazer musculação sempre que
consigo. O esporte me ajuda a manter minha cabeça e meu corpo em harmonia.
A SUA FAMÍLIA SEMPRE DEU APOIO NOS SEUS PROJETOS? A Minha
família é o que me motiva a viver todos os dias e a literatura é a minha grande
paixão.
Adoro viajar, conhecer lugares novos, comidas diferentes e novas
culturas.
Também cozinho sempre, e dizem por aí que sou uma ótima cozinheira. Acho
que é porque cozinho com o coração.
E O GOSTO PELA LEITURA, COMO COMEÇOU? Para
educar da melhor forma possível seus filhos, era preciso mais informação, foi
então que decidiu procurar pela primeira vez, a biblioteca municipal, onde a
princípio buscava livros pedagógicos, mas não tardou a encontrar os romances e
também a filosofia. E, neste período encontrou seu grande amor pela leitura,
que o acompanha até hoje.
SUA IDA PARA TOCANTINS MUDOU SUA
VIDA? Em 1986,
juntamente com o meu então esposo nos mudamos para Tocantins, e
foi neste estado que, motivada pelas saudades dos filhos e dos netos, escrevi o
meu primeiro livro de literatura
infantil com o título "O desenho do céu". Em janeiro de 1990 surgiu o
romance “O Mistério das Rosas Vermelhas”. Em 1997 lancei “O Reencontro” na Bienal do Livro, no Rio de
Janeiro e também no Colégio Estadual Professor João de Oliveira Gomes, onde
cursei o Magistério. Participei das antologias "Caminhos In
Versos", da Associação Mourãoense dos Escritores, da Academia Mourãoense
de Letras: "Expressões em Prosa e Versos". No ano 2000, no concurso Novos
Escritores do Cone Sul divulguei as minhas obras, dando destaque ao conto
"O vale das borboletas".
QUANDO RETORNOU PARA CAMPO MOURÃO? Foi em 1995 que voltei as minhas raízes, com a
separação do seu casamento. E quatro anos depois pude realizar um grande sonho,
que era concluir o ensino superior: me formei em Pedagogia na Faculdade
Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão (Fecilcam). E não parei mais, fiz
especialização em educação de Jovens e Adultos no projeto EJA, e tive a grande
felicidade de ensinar a ler e a escrever a diversas pessoas que não tiveram a
oportunidade de aprender quando eram jovens.
CITE UM LEGADO? Sempre procurei ser uma mãe dedicada,
alfabetizei meus filhos e na base de muito amor, buscando torna-los pessoas de
bem, comprometidos com a vida e com as pessoas a sua volta.
TEM MUITOS SONHOS? Tenho sonhos e planos para o futuro,
como terminar minha formação em yoga e passar esta experiência adiante. Também
finalizar os livros que estou escrevendo, aliás, penso em escrever até os
últimos dias de minha vida.
NOTA DO BLOG: Parabéns Benedita pelos seus 81 anos bem vividos. Muita luz, sabedoria e projetos ainda pela frente. Quem é de Luz será sempre feliz e fará os outros bem felizes. Viva!
Parabéns Benedita! Uma vida bem vivida, de amor à família e à literatura.
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